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2014-08-25

Pretexto - Maria Alberta Meneres

Por que não cai a noite, de uma vez?
— Custa viver assim aos encontrões!
Já sei de cor os passos que me cercam,
o silêncio que pede pelas ruas,
e o desenho de todos os portões.

Por que não cai a noite, de uma vez?
— Irritam-me estas horas penduradas
como frutos maduros que não tombam.

(E dentro em mim, ninguém vem desfazer
o novelo das tardes enroladas.)

Maria Alberta Rovisco Garcia Menéres de Melo e Castro nasceu em Mafamude, Vila Nova de Gaia a 25 de Agosto de 1930.

Ler da mesma autoria:
Água-Memória
Entre a sombra e a noite
Por entre o crepitar dos automóveis
Os dois irmãos

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2011-08-25

Água-Memória - Maria Alberta Menéres

Que súbita alegria me tortura
alegria tão bela e estranha
tão inquieta
tão densa de pressentimentos?
Que vento nos meus nervos
que temporal lá fora
que alegria tão pura, quase medo ao silêncio?

Pára a chuva nas árvores
pára a chuva nos gestos,
interiores contornos
divisíveis distâncias
ultrapassáveis gritos
que alegria no inverno,
que montanha esperada ou inesperado canto?

Poema extraído daqui

Maria Alberta Rovisco Garcia Menéres de Melo e Castro nasceu em Mafamude, Vila Nova de Gaia a 25 de Agosto de 1930.

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2010-08-25

Maria Alberta Meneres nasceu há 80 anos : Os dois irmãos

Eu conheço dois meninos
que em tudo são diferentes.
Se um diz: "Dói-me o nariz!"
o outro diz: "Ai, meus dentes!"

Se um quer brincar em casa,
o outro foge para o monte;
e se este a casa regressa,
já o outro foi para a fonte.

É difícil conviver
com tanta contradição.
Quando um diz:"Oh, que calor!",
"Que frio!" - diz o irmão.

Mas quando a noitinha chega
com suas doces passadas,
pedem à mãe que lhes conte
histórias de Bruxas e Fadas.

E quando o sono esvoaça
por sobre o dia acabado,
dizem "Boa noite, mãe!"
e adormecem lado a lado.


Conto Estrelas em Ti, Campo das Letras

Maria Alberta Rovisco Garcia Menéres de Melo e Castro (Vila Nova de Gaia, 25 de Agosto de 1930)

Ler do mesmo autor: Entre a sombra e a noite
Por entre o crepitar dos automóveis

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2009-08-25

Por entre o crepitar dos automóveis - Maria Alberta Menéres, no 79º. aniversário da poetisa

Trânsito Por entre o crepitar dos automóveis - imagem de tráfego

Por entre o crepitar dos automóveis
o bulício inquebrável da cidade
o relincho das nuvens quando imóveis
me oferecem na garupa a liberdade,

por entre o que hoje sei e nunca sei
deste abrupto silêncio que me invade
sem que uma nesga azul do que inventei
deixe de ser mentira ou ser verdade,

pudera um dia alguém ter leve imagem
de mim que fico e parto sem vontade
ao sabor de um destino de viagem,

pudera eu querer parar em minha idade,
aperceber-me enfim da percentagem
que sobrando me está de eternidade.


Extraído de Cem Sonetos Portugueses, selecção, organização e intyrodução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar

Maria Alberta Rovisco Garcia Menéres de Melo e Castro (Vila Nova de Gaia, 25 de Agosto de 1930)

Ler do mesmo autor: Entre a sombra e a noite

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2008-08-25

Entre a sombra e a noite - Maria Alberta Menéres

foto daqui

Entre a sombra e a noite há um submisso instante
de preparação.
Aberto espaço onde aves não cantam,
imaculado, instantâneo refúgio.
Entre a sombra e a noite, único passo!

— E é serena e frágil a presença
dos nossos vultos passageiros
isolados na própria condição.

Onde nada se move, uma estrela suspensa.

E tão inutilmente despedaço o encanto,
e tão súbita me vem uma tristeza antiga,
que entre a sombra e a noite encontro o meu refúgio
— o intocável, único espaço.

in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama, Organização de Alberto da Costa e Slva e Alexei Bueno, Lacerda Editores

Maria Alberta Rovisco Garcia Meneres de Melo e Castro (n. em Vila Nova de Gaia, em 25 de Agosto de 1930).

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