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2017-04-06

Ser e Não Ser - José Bonifácio

Se te procuro, fujo de avistar-te
e, se te quero, evito mais querer-te;
desejo quase... quase aborrecer-te,
e, se te fujo, estás em toda parte.

Distante, corro logo a procurar-te
e perco a voz e fico mudo ao ver-te;
se me lembro de ti, tento esquecer-te
e se te esqueço, cuido mais amar-te.

O pensamento assim partido ao meio
e o coração assim também partido,
Chamo-te e fujo, quero-te e receio.

Morto por ti, eu vivo dividido;
entre o meu e o teu ser sinto-me alheio
e, sem saber de mim, vivo perdido!


José Bonifácio Ribeiro de Andrada Machado e Silva nasceu em Santos (SP) a 13 de junho de 1763 e faleceu em Niterói (RJ) a 6 de Abril de 1838. Bacharelou-se em Direito Civil e Filosofia Natural pela universidade de Coimbra e doutorou-se em 20 de junho de 1801. Entretanto, recebera uma bolsa de estudo (1790), que lhe permitiu viajar, durante uma década, por França, Alemanha, Itália, Inglaterra e Escandinávia, onde frequentou universidades, museus, bibliotecas, instituições científicas, laboratórios, minas e instalações fabris de fundição de metais, e contactou os maiores sábios, desde Lavoisier a Alexandre von Humboldt, tornando-se assim um naturalista, mineralogista e geólogo de reputação internacional. Dominava, aliás, meia-dúzia de línguas. Leccionou Geognosia e Metalurgia na universidade onde se formara, chegou a tenente-coronel do batalhão académico durante as invasões francesas, foi intendente da polícia no Porto e secretário da Academia Real das Ciências de Lisboa (1812/1819). Nesta última data, regressou ao Brasil e, em 1822, era Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas conheceu o exílio em França, de 1823 a 1829. Foi então que aproveitou para publicar os seus poemas, sob o pseudónimo de Américo Elísio, «Poesias Avulsas» (Bordéus 1825), revelando-se um autor de transição entre o Arcadismo e o Romantismo. Devido à sua acção no domínio político, é considerado o Patriarca da Independência Brasileira.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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2012-04-06

Saudade I - José Bonifácio

Eu já tive em belos tempos
Alguns sonhos de criança;
Já pendurei nas estrelas
A minha verde esperança;
Já recolhi pelo mundo
Muita suave lembrança.

Sonhava então - e que sonhos
Minha mente acalentaram?!
Que visões tão feiticeiras
Minhas noites embalaram?!
Como eram puros os raios
De meus dias que passaram?!

Tinha um anjo de olhos negros,
Um anjo puro e inocente,
Um anjo que me matava
Só c'um olhar - de repente,
- Olhar que batia na alma,
Raio de luz transparente!

Quando ela ria, e que riso?!
Quando chorava - que pranto?!
Quando rezava, que prece!
E nessa prece que encanto?!
Quando soltava os cabelos,
Como esparzia quebranto!

Por entre o chorão das campas
Minhas visões se ocultaram;
Meus pobres versos perdidos
Todos, todos acabaram;
De tantas rosas brilhantes
Só folhas secas ficaram!

José Bonifácio de Andrada Machado e Silva nasceu em Santos, em 13 de junho de 1763, faleceu em 6 de abril de 1838, na cidade de Niterói.

Ler do mesmo autor no Nothingandall:
Ser e Não Ser

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2011-06-13

Ser e Não Ser - José Bonifácio

Se te procuro, fujo de avistar-te
e, se te quero, evito mais querer-te;
desejo quase... quase aborrecer-te,
e, se te fujo, estás em toda parte.

Distante, corro logo a procurar-te
e perco a voz e fico mudo ao ver-te;
se me lembro de ti, tento esquecer-te
e se te esqueço, cuido mais amar-te.

O pensamento assim partido ao meio
e o coração assim também partido,
Chamo-te e fujo, quero-te e receio.

Morto por ti, eu vivo dividido;
entre o meu e o teu ser sinto-me alheio
e, sem saber de mim, vivo perdido!


José Bonifácio Ribeiro de Andrada Machado e Silva nasceu em Santos (SP) a 13 de junho de 1763 e faleceu em Niterói (RJ) a 6 de Abril de 1838. Bacharelou-se em Direito Civil e Filosofia Natural pela universidade de Coimbra e doutorou-se em 20 de junho de 1801. Entretanto, recebera uma bolsa de estudo (1790), que lhe permitiu viajar, durante uma década, por França, Alemanha, Itália, Inglaterra e Escandinávia, onde frequentou universidades, museus, bibliotecas, instituições científicas, laboratórios, minas e instalações fabris de fundição de metais, e contactou os maiores sábios, desde Lavoisier a Alexandre von Humboldt, tornando-se assim um naturalista, mineralogista e geólogo de reputação internacional. Dominava, aliás, meia-dúzia de línguas. Leccionou Geognosia e Metalurgia na universidade onde se formara, chegou a tenente-coronel do batalhão académico durante as invasões francesas, foi intendente da polícia no Porto e secretário da Academia Real das Ciências de Lisboa (1812/1819). Nesta última data, regressou ao Brasil e, em 1822, era Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas conheceu o exílio em França, de 1823 a 1829. Foi então que aproveitou para publicar os seus poemas, sob o pseudónimo de Américo Elísio, «Poesias Avulsas» (Bordéus 1825), revelando-se um autor de transição entre o Arcadismo e o Romantismo. Devido à sua acção no domínio político, é considerado o Patriarca da Independência Brasileira.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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2007-06-15

Ser e Não Ser - José Bonifácio

Se te procuro, fujo de avistar-te
e, se te quero, evito mais querer-te;
desejo quase... quase aborrecer-te,
e, se te fujo, estás em toda parte.

Distante, corro logo a procurar-te
e perco a voz e fico mudo ao ver-te;
se me lembro de ti, tento esquecer-te
e se te esqueço, cuido mais amar-te.

O pensamento assim partido ao meio
e o coração assim também partido,
Chamo-te e fujo, quero-te e receio.

Morto por ti, eu vivo dividido;
entre o meu e o teu ser sinto-me alheio
e, sem saber de mim, vivo perdido!

José Bonifácio Ribeiro de Andrada Machado e Silva (n. em Santos, São Paulo a 13 Jun 1763; m. em Niterói, Rio de Janeiro a 6 de Abril de 1838)

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