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segunda-feira, julho 01, 2019

WILL PENNY (1967)

WILL PENNY
Um Filme de TOM GRIES

Com Charlton Heston, Joan Hackett, Donald Pleasence, Lee Majors, Bruce Dern, Ben Johnson, Slim Pickens, etc.

EUA / 108 min / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia na GB (Londres) a 14/12/1967
Estreia nos EUA a 10/4/1968
Estreia em MOÇAMBIQUE (LM, Teatro Manuel Rodrigues) a 27/4/1969



Depois de terem, durante muitos anos, cantado a epopeia da descoberta do Oeste, os americanos resolveram-se a escrever-lhe a história. Entre a epopeia e a história tal-qual foi vivida, no seu dia-a-dia quotidiano, começou a debater-se o western realmente ianque. Os realizadores começaram a aprofundar a descrição serena de um Oeste nem sempre grandioso, nem sempre heróico, nem sempre jovem. "Will Penny" prolonga o caminho aberto por Ford, Mann e Peckinpah, indo ao encontro do cowboy solitário, desiludido e velho (Will Penny tem 50 anos e recusa o amor que se lhe oferece, por medo, por impossibilidade, mas também porque se sente um homem ultrapassado). Em "Will Penny" não existe acção épica, nem violência explosiva, não há grandes cometimentos nem façanhas a imortalizar. Tom Gries preferiu a tudo isso um bom naco de paisagen inóspita, com neve, frio e vento, preferiu os sorrisos, as pequenas dores, as desilusões diárias, as fraquezas consentidas. Às violentas cenas de pancadaria usuais, preferiu a luta corpo a corpo, imprecisa, incaracterística e desgastante. À luta com as mãos (perguntam a Will Penny: «tu não sabes combater com as mãos?...»), antepõe-lhe a eficácia de uma frigideira na cabeça ou de um pontapé na cara. Ao jovem combativo e vitorioso (que concretiza o ideal americano) prefere Gries o velho sem família, ressequido por dentro e por fora. Ao happy-end possível (e que até nem escandalizaria, nas circunstâncias em que termina o filme) prefere o desencontro irreversível, a solidão conscientemente assumida. Ao brilhantismo gritante de tantos e tantos exemplos prefere Tom Gries (que com 45 anos de idade, aqui se estreava no cinema, vindo da TV) o documentarismo escrupuloso, feito de pequenos apontamentos, de pormenores, de elementos dispersos.


Para a realização deste filme simples, Tom Gries (1922-1977) rodeou-se de uma óptima equipa de trabalho: um fotógrafo esplêndido, Lucien Ballard (1904-1988), de um músico inspirado, David Raksin (1912-2004) e de um grupo de intérpretes notáveis, com Charlton Heston (1923-2008) a compor, uma vez mais, uma figura vigorosa, entrelaçada de nervos e emoção. Mesmo os seus muitos detractores (por razões essencialmente políticas, note-se) tiveram sempre muita dificuldade em não reconhecer os méritos óbvios desse actor incontornável que durante toda a sua brilhante carreira se desdobrou de filme para filme, com uma versatilidade verdadeiramente invulgar. Ao seu lado, Donald Pleasence (1919-1995) compõe uma personagem memorável, um pregador homicida e louco, e Joan Hackett, uma actriz que morreu muito cedo, apenas com 49 anos (1934-1983) completa o trio principal com a sua habitual presença muito pouco convencional e sempre perfeccionista. "Will Penny", no final da sua visualização, irá entusiasmar os apreciadores do bom cinema, daquele que é sinónimo de inteligência, maturidade estilística e fluência narrativa, que o guardarão na memória durante muitos e bons anos. Ao contrário dos fãs dos westerns tradicionais, onde imperam a violência epidérmica e os efeitos imediatos e fáceis, que rapidamente terão tendência a esquecê-lo.


CURIOSIDADES:

- «The script for "Will Penny" was one of the best I ever read. It made a marvelous westen», referiu um dia Charlton Heston, que nunca escondeu a sua preferência por este filme, de entre toda a sua filmografia.

- Bruce Dern referiu a propósito de ter trabalhado com Heston neste filme: «I got to really like the guy. A lot of people told me that I wouldn't like him, but I liked him, and he tried very hard. I mean, "Will Penny" is far and away the best thing he's ever done.»

- Eva Marie Saint e Lee Remick recusaram o papel de Catherine Allen.

- O argumento é baseado no episódio "Line Camp" (também dirigido por Tom Gries) da série televisiva "The Westerner" (criada por Sam Peckinpah em 1960).

LOBBY CARDS:

terça-feira, fevereiro 22, 2011

THE GETAWAY (1972)

TIRO DE ESCAPE




Um filme de SAM PECKINPAH


Com Steve McQueen, Ali MacGraw, Ben Johnson, Sally Struthers, Al Lettieri, Slim Pickens, Richard Bright


EUA / 122 min / COR / 16X9 (1.85:1)


Estreia nos EUA a 13/12/1972
Estreia em Portugal a 24/4/1973
Estreia em Moçambique a 20/10/1974
(LM, Teatro Manuel Rodrigues)


Adaptado de um romance de Michael Thomson, com argumento de Walter Hill, “The Getaway” é um clássico dos filmes de acção, mil vezes copiado mas nunca igualado. Inclusivé a escusada versão feita em 1993 com a dupla Alec Baldwin e Kim Basinger e realizada por Roger Donaldson fica mal na fotografia, pois o cinema não é equipamento informático ou de laboratório, onde se possa a belo prazer fazer cópias de um negativo original. Donaldson não é Peckinpah e sobretudo Baldwin não é McQueen. São estas pequenas aberrações que nos fazem pensar na pobreza de ideias que povoam as mentes de quem teria por obrigação desenvolver temas de interesse para o cinema actual e não se limitar a copiar o incopiável.

“The Getaway” é um thriller intenso, por vezes espectacular, mas acima de tudo feito com precisão por mão de mestre. Com muito humor à mistura, o filme vai alternando as cenas de acção com o envolvimento amoroso do casal McQueen-MacGraw, que nesta altura ia muito para além da simples representação, originando um verdadeira química entre os dois actores. No início o filme esteve para ser protagonizado por Cybill Shepperd e dirigido por Peter Bogdanovich, seu companheiro do início dos anos setenta. Mas Cybill foi substituída por Ali e por causa disso o realizador abandonou de igual modo o projecto. Sam Peckinpah foi contratado, Ali apaixonou-se por McQueen, e deste modo tudo contribuíu para que “The Getaway” tivesse sido feito num clima perfeito.

Existem autênticas cenas de antologia neste filme magnífico. A série de bofetadas com que McQueen contempla uma atónita MacGraw (porque apanhada de surpresa, visto a cena não constar no roteiro e ter sida improvisada por McQueen), a perseguição ao larápio do dinheiro no comboio ou aquela decisão magnânima no final, são as primeiras que me vêm à memória. Mas todo o filme está recheado de bons momentos, excelentemente filmados (parece que em sequência), que fazem de “The Getaway” mais um ponto alto da filmografia de McQueen e Peckinpah. Os dois homens entendiam-se às mil maravilhas – a colaboração entre ambos tinha começado em 1971, durante a rodagem de “Junior Bonner”, razão pela qual McQueen trouxe o realizador para a Paramount – e as suas fortes personalidades nunca foram obstáculo a que pudessem atingir os fins em vista. Houve alguns desentendimentos durante a rodagem, devidos sobretudo ao papel que McQueen também detinha como produtor executivo, mas Peckinpah tinha uma boa aliada em Ali MacGraw que rapidamente reestabelecia a concórdia entre os dois homens.

Muito embora “The Getaway” seja provavelmente o mais atípico filme de Peckinpah, o seu estilo está bem presente nas diferentes velocidades de filmagem ou na matreirice da montagem, em que o realizador joga com a dilatação e contracção do tempo. Veja-se por exemplo a apresentação do filme, onde os cinco anos de clausura de Doc McCoy são sugeridos magistralmente em cinco minutos por um encadeado de flash-backs e de flash-forwards. Privilegiando a construção dramática à simples cronologia, Peckinpah consegue dessa forma revelar-nos em poucos minutos o essencial do passado e da personalidade da personagem sem que uma única linha de diálogo seja proferida. Para isso também contribuiu claramente a interpretação de McQueen que, do seu modo muito especial nos consegue transmitir estados tão antagónicos como a cólera e a depressão por simples expressões faciais.

“The Getaway” foi uma lufada de ar fresco que percorreu este tipo de filmes logo no início dos anos 70. O género precisava de se renovar e, além disso, as carreiras de McQueen e Peckinpah tinham acabado de sofrer um rude golpe com a insipiência e a fraca aceitação de “Junior Bonner”. E se Peckinpah tinha recentemente realizado dois dos seus melhores filmes (“The Wild Bunch” em 1969 e “Straw Dogs” em 1917), McQueen, pelo contrário, não conseguia um grande êxito desde “Bullitt”, em 1968. O enorme êxito de “The Getaway” junto do público (mais de 40 milhões de receitas em todo o mundo) veio reacender o brilho de Steve McQueen, colocando-o de novo no topo dos actores mais populares do planeta.
CURIOSIDADES:

- Ali MacGraw teve de aprender a conduzir e a disparar armas de fogo para desempenhar a personagem de Carol McCoy.

- O escritor Jim Thompson foi contratado logo de início para escrever o argumento do seu próprio livro, no qual o filme é baseado. No entanto Steve McQueen não gostou de algumas passagens, sobretudo do final, que considerava muito depressivo, e resolveu substituí-lo por Walter Hill.

- A música da banda-sonora original tinha sido composta por Jerry Fielding, habitual colaborador de Peckinpah. Mais uma vez McQueen interveio e contratou Quincy Jones, pouco antes do filme estar concluído. Os solos de harmonica adicionais são da autoria de Toots Thielemans.

- Dado o romance que envolveu McQueen e MacGraw, os locais de filmagem (quase todos cenários naturais) eram constantemente invadidos por repórteres, o que frequentemente originava acessos de fúria a McQueen.

- Robert Evans, o produtor da Paramount de quem Ali MacGraw se estava a divorciar, encontrava-se na altura a produzir o filme “The Godfather”. Os actores Richard Bright e Al Lettieri aparecem em ambos os filmes.