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segunda-feira, novembro 14, 2011

CHAMADA MISTERIOSA (1979)

WHEN A STRANGER CALLS




Um filme de FRED WALTON




Com Charles Durning, Carol Kane, Colen Dewhurst, Tony Bleckley, Rachel Roberts, Ron O'Neal


EUA /  97 min / COR / 16X9 (1.85:1)


Estreia nos EUA a 12/10/1979 (NY)
Estreia em PORTUGAL a 18/6/1982
(Lisboa, cinema Xenon)
Curt Duncan: «Have you checked the children?»

“When a Stranger Calls / Chamada Misteriosa”, de Fred Walton, é um filme que joga com alguns elementos já relativamente explorados, em termos de filmes de terror psicológico, mas que o faz com alguma desenvoltura e inte­resse. Trata-se, mais uma vez, do caso de um desconhecido que faz chamadas telefónicas provocando o pânico nos seus ouvintes. Este esquema estrutura-se, porém, de uma forma algo diferente em relação a obras anteriores (como essa admi­rável “Experiment In Terror / Uma voz na escuridão”, de Blake Edwards, ou a ines­quecível “Dia M For Murder / Chamada Para a Morte” de Hitchcock). Senão, vejamos.
Um casal contrata uma baby sitter para tomar conta dos dois filhos que ficam a dormir num quarto do 2.° andar, enquanto eles vão jantar fora. Deixam as recomendações do costume: o número do telefone do restaurante, as horas a que pensam chegar, pedindo a Jill (Carol Kane) que esta não acorde as crianças, pois demorariam a voltar a adormecer. E assim se faz. Jill fica a estudar cá por baixo, até que sucessivas chamadas a inquietam: «Já foi ver as crianças?», pergunta-lhe uma voz, que logo desliga. Jill tenta falar com os donos da casa, mas estes já tinham saído do restaurante, e depois informa a Polícia, que não dá muita importância ao caso. Diariamente, são às dezenas os casos de desconhecidos que importunam estranhos pelo telefone. Há que manter a calma e aguardar, mas Jill fica cada vez mais atemorizada. A Polícia pede-lhe então que ela aguente o desconhecido no próximo telefonema até que localizem donde provém a chamada, o que Jill faz. Mas a revelação é medonha: o telefonema do desconhecido é feito do interior dessa mesma casa, possivelmente do andar de cima, talvez até do quarto das crianças.
Jill foge, mas as duas crianças tinham já tido uma morte horrorosa. Curt Duncan (Tony Beckley), o assassino, havia-se mesmo banhado no seu sangue. A Polícia chega, comandada por John Clifford (Charles Durning), a tempo ainda de deitar a mão ao criminoso. Julgado, é condenado a cumprir a pena num hospício, por se revelar um caso patológico. Alguns anos depois, dá-se a fuga. Clifford, então já detective particular, é contratado pelo pais das duas crianças para recuperar o assassino e assim impedir novos crimes. Clifford faz desse caso o caso da sua vida. Entrega-se por completo à perseguição de Curt, seguindo-lhe as pistas pelo bas-fond de Nova lorque. Depois de várias peripécias, a sequência inicial vai repetir-se. Agora é Jill que janta fora com o marido e deixa os filhos entregues a uma baby sitter. No restaurante, recebe a mensagem que a coloca à beira do colapso: «Sabes o que aconteceu aos teus filhos»?
Dentro deste esquema, o filme desenvolve-se de forma sóbria, mas segura, com grande eficácia na criação de climas. Ao contrário de outras obras, onde o assassino permanece desconhecido durante todo o filme, até à derradeira imagem, neste, Curt revela-se-nos logo que foge do hospício, tornando-se uma figura com quem o espectador convive a partir daí. A estrutura da narrativa assenta então numa montagem para­lela que nos permite conhecer os passos de perseguidor e perseguido, até que ambos se confundem. Este processo nar­rativo tem, à partida, algumas desvantagens na manutenção de “suspense” (manter a ameaça com um rosto desconhecido é processo mais fácil para criar a expectativa junto do público, dado que qualquer rosto pode ser “o” rosto, portanto todos são suspeitos), mas Fred Walton, se bem que não resolva sempre bem as dificuldades do guião, acaba por assinar uma obra sólida e interessante, onde não há uma única cena sangrenta, onde tudo nos é sugerido, ganhando todavia a película uma intensidade dramática indesmentível. Uma boa surpresa, para o que terá concorrido a excelente interpretação de Charles Durning, Carol Kane, Tony Bleckley e Colben Dewhurst(Lauro António in "Diário de Notícias", Junho de 1982)                                                  



NOTA: Em 2006 foi feito um remake deste filme, com Camilla Belle e Tommy Flanagan nos principais papeis