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sábado, janeiro 21, 2017

LAWRENCE OF ARABIA (1962)

LAWRENCE DA ARÁBIA
Um Filme de DAVID LEAN



Com Peter O'Toole, Alec Guinness, Anthony Quinn, Jack Hawkins, Omar Sharif, José Ferrer, Anthony Quayle, Claude Rains, Arthur Kennedy, etc.

GB / 216 min / COR / 16X9 (2.20:1)

Estreia em INGLATERRA a 10/12/1962
(Londres, Royal World Premiere)
Estreia em PORTUGAL a 28/11/1963

Jackson Bentley: "What attracts you personally to the desert?"
T.E. Lawrence: "It's clean"

Se há filmes aos quais se associa a impossibilidade de serem feitos de novo hoje em dia, "Lawrence of Arabia" é certamente um dos melhores exemplos. O próprio Steven Spielberg que, como se sabe, tem o céu como limite, reconhece que, mesmo com toda a moderna tecnologia, seriam precisos mais de 250 milhões de dólares para produzir algo semelhante. E de qualquer modo não valeria a pena pois nunca teria a grandeza do original, que ele mesmo considera o melhor filme jamais realizado.

Classificado em 5º lugar na tabela do American Film Institute dos melhores 100 filmes de sempre, este épico incomparável é fruto da persistência e teimosia de David Lean, inglês nascido em Surrey no dia 25 de Março de 1908 (viria a falecer em Londres, a 16 de Abril de 1991), e que começou por trabalhar na montagem de filmes, durante toda a década de trinta. Depois, e a partir de 1942, realizou 16 longas metragens, destacando-se "Brief Encounter / Breve Encontro" (1946), "Oliver Twist" (1948), "The Bridge on the River Kwai / A Ponte do Rio Kwai" (1957), "Doctor Zhivago / Doutor Jivago" (1965), "Ryan's Daughter / A Filha de Ryan" (1970) e "A Passage to India / Passagem Para a India" (1984). Mas "Lawrence of Arabia", que dirigiu aos 54 anos, permanecerá sem dúvida como a sua coroa de glória.


Omar Sharif, um dos emblemáticos actores do filme, interroga-se ainda hoje como foi possível conseguir realizar-se tal empreendimento: «imagino-me no papel do produtor do filme e vir alguém dizer-me que queria investir uma data de dinheiro num projecto de cerca de quatro horas, sem estrelas, sem mulheres e nenhuma história de amor, sem grande acção também e inteiramente passado no deserto, por entre árabes e camelos... Com certeza que levava uma corrida!». Mas felizmente tal não aconteceu com David Lean, por culpa talvez dos 7 Oscars que o seu último filme também recebera.


"Lawrence of Arabia" é um filme que, pelo menos uma vez, deveria ser visto no grande écran de uma sala escura (este ano passou uma cópia digital numa das salas do El Corte Inglês). Só assim se poderá usufruir de toda a sua grandiosidade. Hoje considero-me um privilegiado por ter vivido esse momento único no início da década de 70, quando da reposição do filme em todo o mundo. Apesar de já então se encontrar amputado em cerca de meia hora. Mas mesmo assim, assistir ao vivo, no esplendor dos 70 mm de uma grande sala de cinema (hoje em dia uma impossibilidade estabelecida) foi sem dúvida uma excitante e inesquecível experiência.

É que "Lawrence of Arabia" não é apenas um filme biográfico ou de aventuras, muito embora contenha esses elementos. Acima de tudo, é um filme que usa o deserto como palco de emoções, cativando os espectadores a ponto deles se entregarem totalmente ao puro prazer sensorial de ver e sentir o impacto do vento ou do sol abrasador nas dunas. E isto é algo que não se pode descrever por palavras, tal como não se pode explicar o amor que por vezes sentimos por uma pessoa em especial; e neste caso é o deserto essa outra pessoa, o objecto da nossa paixão.

Acrescente-se agora a memorável música de Maurice Jarre e temos essa paixão elevada aos píncaros do sublime e do êxtase. É esta a razão pela qual as pessoas não se lembram do filme por elementos narrativos; recordam antes uma série de momentos visuais, cuja magia perdura na memória do filme: o apagar de um fósforo a originar o nascer do sol no deserto; a aproximação de uma silhueta no horizonte, como se de uma miragem se tratasse; a travessia do deserto de Nefud; o espectacular ataque a Akaba; o descarrilamento do comboio; a entrada de Lawrence no bar dos oficiais..., e a sequência mais bela - o resgate de Gasim por Lawrence - aqui tudo se conjuga na perfeição. Oberve-se a importância capital da música: começa titubeante, indecisa, a ilustrar a dúvida de Farraj sobre a veracidade da silhueta que mal se distingue ao longe (será ou não uma miragem mais?). Depois, e à medida que a dúvida se transforma em certeza, a música vai crescendo também, até acompanhar o galope desenfreado das duas montadas e os gritos de alegria dos dois homens na iminência do reencontro. É por cenas destas, sem qualquer diálogo, puramente cinemática, que se reconhece a genialidade dos grandes artistas. E David Lean foi sem dúvida um dos maiores.

Uma referência final a Peter O'Toole, que tem aqui um início fulgurante de carreira, com um papel à medida de toda uma vida. Este Irlandês nascido em County Galway (a 2 de Agosto de 1932) mas educado em Leeds, Inglaterra, teve na década de 60 os seus anos de glória no cinema, depois de doze anos passados nos palcos de teatros, nos quais se iniciou com apenas 17 anos; frequentou a Royal Academy of Dramatic Arts, onde teve por colegas Alan Bates, Richard Harris ou Albert Finney. Filmes como "Becket" (1964), "Lord Jim" (1965), "What's New, Pussycat / Que há de Novo, Gatinha?" (1965), "How To Steel a Million / Como Roubar Um Milhão" (1966), "Night of the Generals / A Noite dos Generais" (1969), "The Lion in Winter / O Leão no Inverno" (1969), "Goodbye Mr. Chips / Adeus Mr. Chips" (1969) ou ainda "Man of La Mancha / O Homem da Mancha" (1972), ficarão para sempre associados às magníficas interpretações de O'Toole, que conseguia estar à vontade em qualquer tipo de papel. Nomeado 8 vezes para o Oscar, nunca conseguiu levar para a casa a almejada estatueta, apesar de ser considerado um dos melhores actores da sua geração. Nos Globos de Ouro a sorte sorriu-lhe mais: ganhou aquele prémio por três vezes (nos filmes "Becket", "The Lion in Winter" e "Goodbye Mr. Chips"), num total de oito nomeações. Na déada de 70 problemas de alcool quase que lhe arruinaram de vez a carreira e a própria vida. Conseguiu sobreviver, apesar dos múltiplos tratamentos a que foi submetido lhe terem acabado para sempre com a beleza da juventude, tão bem captada naqueles filmes. Viria a falecer em Londres, a 14 de Dezembro de 2013. Tinha 81 anos.

CURIOSIDADES:

- Quando o filme se estreou, em Dezembro de 62, apresentava uma metragem original de 222 minutos. Pouco tempo depois foram cortados cerca de 20 minutos. Em 1971, quando da primeira reposição, mais 15 minutos foram retirados, sendo esta a versão que foi sendo apresentada nas duas décadas seguintes. Apenas em 1989 se procedeu a uma restauração do filme, que ficou com uma metragem final de 216 minutos. Esta restauração foi levada a cabo por Robert A. Harris, com a colaboração de Martin Scorsese e Steven Spielberg, além do próprio David Lean. Para a gravação de novos diálogos (devido ao mau estado ou mesmo à inexistência dos mesmos em cenas adicionais descobertas) foram de novo chamados os actores principais.

- Vencedor de 7 Oscars: Filme, Realização, Direcção Artística, Fotografia, Montagem, Som e Banda Sonora
Nomeado para mais 3 Oscars: Argumento-Adaptado, Actor Principal (Peter O'Toole) e Actor Secundário (Omar Sharif)
Vencedor de 4 Globos de Ouro: Filme dramático, Realização, Cinematografia e Actor Secundário (Omar Sharif)

- David Lean pretendia o actor Albert Finney para o papel de Lawrence; mas Katharine Hepburn convenceu o produtor Sam Spiegel a contratar Peter O'Toole.


- Apesar da sua longa duração, é um dos raros filmes onde não existe qualquer papel falado por uma mulher.


- Enquanto rodava as cenas de sabotagem dos comboios, a equipa de filmagens encontrou destroços dos verdadeiros comboios que Lawrence fez explodir.


- David Lean tem uma curta aparição como o motociclista que grita para Lawrence "Who are you?", do outro lado do canal do Suez.

- Marlon Brando não aceitou o papel de Lawrence por se ter comprometido em desempenhar Fletcher Christian no filme "Mutiny on the Bounty".

- A interpretação de Peter O'Toole foi considerada pela revista Premiere o melhor desempenho de todos os tempos.

- Em 2007 o American Film Institute classificou "Lawrence of Arabia" no 5º lugar da lista dos Melhores Filmes de Sempre (e em nº 1 do género épico)


  POSTERS

A BANDA-SONORA:

segunda-feira, abril 25, 2011

PORTFOLIO - "BARABBAS" (1961)

BARABBAS (1961)

BARRABÁS




Um filme de RICHARD FLEISCHER


Com Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy, Katy Jurado, Harry Andrews, Vittorio Gassman, Jack Palance, Ernest Borgnine, Valentina Cortese


ITÁLIA / 137 min / COR / 16X9 (2.20:1)


Estreia em ITÁLIA a 23/12/1961
Estreia nos EUA a 10/10/1962


Normalmente, quando chegam as festividades pascais, e apesar do meu profundo e inabalável ateísmo, apetece-me sempre ver um filme bíblico. Desta vez o eleito foi este “Barabbas”, uma história de ficção baseada numa passagem do Novo Testamento: Pôncio Pilatos, que estava um pouco renitente em mandar crucificar um homem aparentemente tão inofensivo como Jesus Cristo, resolve recorrer a uma tradição pascal (em que o povo de Jerusalém podia decidir a libertação de um dos condenados à morte), na esperança de que assim pudesse poupar a vida do nazareno. Enganou-se nas suas conjecturas – o povo escolheu libertar antes o ladrão e criminoso Barrabás.

Baseado na novela homónima do ecritor sueco Pär Lagerkvist (1891-1974), esta produção italiana de Dino de Laurentis relata a história desse homem. Uma história sombria e algo depressiva, interpretada por um leque de excelentes actores, de onde se destacam Jack Palance (no papel de Torvald, o sádico instrutor dos gladiadores) e, obviamente, Anthony Quinn, numa das personagens mais carismáticas de toda a sua brilhante carreira. Uma referência especial aos italianos Vittorio Gassman (como Sahak, o companheiro forçado de Barrabás) e a bela Silvana Mangano (no papel de Rachel, a prostituta convertida que será apedrejada até à morte). De todo o principal elenco deste filme, apenas o actor Ernest Borgnine se encontra ainda vivo, com a bonita idade de 94 anos

Depois dos episódios da crucificação, Barrabás voltará à vida de todos os dias, ou seja, ao crime e à ladroagem. Uma vez mais capturado, é enviado para as minas de enxofre, onde o trabalho desumano equivale practicamente a uma sentença de morte. Mas Barrabás consegue sobreviver, após vinte longos anos de cativeiro. Conhece Sahak, um cristão a ele acorrentado, que lhe revela a hedionda reputação do seu nome e o que ele significa no meio dos seguidores da nova religião – é mais uma acha para o tormento que acompanhou Barrabás durante todos aqueles anos.

No seguimento de um abatimento de terras, os dois homens são resgatados por um senador romano (devido a um pedido da mulher que os considera amuletos de sorte por terem sobrevido), que os leva para Roma para serem gladiadores. Shalak virá a sacrificar-se pelas suas crenças mas Barrabás sobrevive uma vez mais na arena: é-lhe concedida a liberdade pelo imperador após ter saído vencedor do combate com o cruel Torvald. Barrabás desenterra o corpo de Sahak e leva-o para junto dos seus correligionários. Entretanto deflagra o incêndio de Roma, sendo a respectiva responsabilidade atribuída aos cristãos. Barrabás vê nisso a possibilidade de se redimir do passado e resolve ajudar na propagação do fogo. Apanhado pelos guardas romanos, virá a ser crucificado como incendiário.

Numa altura em que não se sonhava sequer com as infindáveis possibilidades tecnológicas de hoje, Richard Fleischer conseguiu realizar um magnífico trabalho (que envolveu muitos milhares de figurantes) com recurso a parcos meios. As melhores cenas são sem dúvida as que decorrem na arena de Roma (aquela gargalhada de Torvald ficará para sempre associada a este filme e ao actor Jack Palance) e que provam aos apreciadores do género que este tipo de filmes não se iniciou com o “Gladiador”. Mas o que não falta em “Barabbas” são cenas memoráveis, desde a crucificação inicial ao incêndio de Roma, passando pelo colapso nas minas de enxofre. E a sequência de que nunca mais me esqueci, desde que vi o filme em criança pela primeira vez, é a do apedrejamento de Rachel na pedreira.

“Barabbas” teve a sua primeira apresentação em Itália no Natal de 1961, um ano depois do “Spartacus” de Kubrick se ter estreado nos EUA, e quando na memória de todos ainda se perfilava a grandiosidade de “Ben-Hur” (1959), épico orçamentado em 16 milhões de dólares. Ficando muito aquém dos orçamentos desses dois filmes, “Barabbas” não se pode por isso comparar-se-lhes, funcionando antes como uma espécie de filme B do género. De qualquer modo, e dentro das suas naturais limitações (e fraquezas) – sobretudo ao nível do argumento - consegue ser um filme ainda bastante interessante a cinquenta anos de distância.


CURIOSIDADES:

- O eclipse solar filmado durante a crucificação de Cristo aconteceu mesmo, tendo inclusivé obrigado a atrasos nas filmagens de modo a poder ser captado para o filme.




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