Um filme de FRANCIS FORD COPPOLA
Com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan,
Robert Duvall, Richard S. Castellano, Diane Keaton, Talia Shire, Sterling
Hayden, Al Lettieri, John Marley, John Cazale, etc.
USA / 180 m / COR / 16X9
(1.85:1)
Estreia nos EUA: 11/3/1972 (NY)
Estreia em Portugal: 24/10/1972
(Lisboa, cinemas Berna, Tivoli e Vox)
Estreia em Moçambique: 14/1/1973
(LM, teatro Manuel Rodrigues)
«I'm gonna make him an offer he can't refuse»
O
PADRINHO – Parte II
Um filme de FRANCIS FORD COPPOLA
Com Al Pacino, Robert De Niro,
Robert Duvall, Diane Keaton, John Cazale, Talia Shire, Lee Strasberg, Michael
V. Gazzo, G.D. Spradlin, etc.
USA / 220 m / COR / 16X9
(1.85:1)
Estreia nos EUA: 3/12/1974 (San Francisco)
Estreia em Portugal: 14/10/1977
(Lisboa, cinema Eden)
«Keep your friends close, but your enemies closer»
O
PADRINHO – Parte III
Um filme de FRANCIS FORD COPPOLA
Com Al Pacino, Diane Keaton,
Talia Shire, Andy Garcia, Eli Wallach, Joe Mantegna, Sofia Coppola, George
Hamilton, Bridget Fonda, Raf Vallone, etc.
USA / 162 m / COR / 16X9
(1.85:1)
Estreia nos EUA: 20/12/1990
(California)
Estreia em Portugal : 15/03/1991
«Real power can't be given. It must be taken»
No ano em que se vão celebrar os 50 anos da estreia internacional de "The Godfather" - 11 de Março de 1972, em New York; 24 de Outubro em Portugal Continental - o canal televisivo AXN passou ontem, logo no primeiro dia do ano e numa maratona de cerca de 9 horas (como sempre tiveram o despudor de cortar os créditos finais), a trilogia completa. Meio século é muito tempo, uma vida inteira, mas está longe de se esgotar. A cada visionamento (e eu já levo algumas dezenas), há sempre algo a descobrir. É assim o cinema dos grandes mestres, é assim o cinema de Francis Ford Coppola: rico, profundo, atravessado por mil matizes, que têm sempre o condão de nos encantar. Com o passar dos anos, a saga do "Padrinho" ultrapassou o simples estatuto fílmico para se enraizar como um ícone na cultura americana do século XX e não só. Um pouco por todo o lado se escreveram, e continuam a escrever, críticas, livros, teses sobre os filmes e sobre o impacto e influência por eles desencadeados. As citações e alegorias são permanentes e não é preciso ser-se cinéfilo para se sentir uma admiração sem limites por estas obras de arte de Coppola.
A minha
estreia pessoal ocorreu no Cine 1000, em Johannesburg, no dia 6 de Outubro de
1972, uma sexta-feira. Apesar de não ter entendido muita coisa (dadas as minhas
limitações da língua inglesa na altura), ficou-me desde logo a força das
imagens na retina. Passados três meses revi o filme no Teatro Manuel Rodrigues,
em Lourenço Marques (a 19 de Janeiro de 1973), agora já devidamente legendado. «I believe in America. America has made my fortune». Assim começa, com estas
palavras que vêm do escuro, "The
Godfather". A longa sequência inicial do filme é uma das introduções mais
inquietantes da história do cinema, sobretudo para quem vê o filme pela
primeira vez. Alternando entre a luz aberta dos exteriores e o tom rembrandtiano dos interiores, essa longa
sequência, a do casamento da filha de Don Vito Corleone, tem uma concepção
musical cujo movimento mais intensamente emotivo é o do encadeado que nos faz
passar da pose de fotografia de família ao plano em que Don Vito conduz a noiva
para a pista de baile, num gesto que prefigura já a dança.
"The
Godfather" está povoado destes pequenos instantes em que se parece sentir
a elevação poética das coisas domésticas. Coppola põe neles a mais romântica
sinceridade emocional. Mas o cineasta sente-se obrigado a disfarçar o que seja emoção subjectiva. Deve, portanto,
universalizar as emoções, atribuindo-lhes um prolongamento metafísico ou
racional: vai, por isso, procurar convencer-nos de que a mola real destes
rituais, dos beijos que os homens trocam, das mãos que se afloram provocando o
rubor dos pintores renascentistas, só pode ser a ambição do poder. "The
Godfather" transforma-se então num Macbeth
moderno, em que recorrem as mesmas imagens: sangue e morte, escuridão e insónia.
Lembro ao acaso: a aterradora impertinência da cabeça do cavalo sob um lençol;
a genial montagem do atentado contra Don Vito; o assassínio retórico de Sony; o
lúgubre deslizar do personagem de Michael para o sonambulismo, depois da vigília
ao pai no hospital.
"The Godfather,
Part II" não tem essa poesia escandalosamente simples, como se tivesse
deixada lá por acaso. É o filme de um cineasta que acaba de perder a juventude
e chegou à idade da experiência. Não admira que nele a poesia ceda o lugar ao
ensaio: "The Godfather, Part II" quer ser a análise do percurso implacável
e brutal de um homem obsessionado com o seu próprio poder. Mas mesmo este modo
de o definir é ainda uma concessão ao romanesco. Não é só o conceito do Poder
ou o exercício pragmático da autoridade, mas igualmente uma teia de fundo de
corrupção política e as estruturas económicas e sociais do capitalismo, que o
filme toma por objecto.
"The Godfather,
Part II" começa no grande plano do rosto de Michael. Começa onde acabava o
primeiro filme, no beijo de vassalagem que alguém depõe na mão de Michael. Depois,
os personagens saem e fica, soberana, a imagem da cadeira vazia. Todo o
posterior desenvolvimento está, em potência, nesta imagem-conceito. Do primeiro
para o segundo filme assiste-se a uma mudança (melhor seria dizer, ao
aparecimento) da perspectiva moral. Num jogo de rigorosas equivalências, de um
filme a outro passa-se de um tempo antigo, esplendidamente anacrónico e
afectivo, a um tempo moderno, em que a vontade domina, mesmo quando a mecânica
de conspiração em que nele assentam as relações humanas nos faça lembrar o que
fictícia ou autenticamente tenha sido o pior do Império Romano.
Na teia dessas
conspirações, a solidão é menos do que humana e não pára de se expandir. Não há
exemplo mais acabado de loner na obra
de Copolla do que Michael Corleone. Em "The Godfather" o assunto era
a morte do pai. Em "The Godfather, Part II" é o espectáculo da solidão
do filho: uma solidão que pretende demonstrar pelo absurdo a inutilidade do
poder, uma solidão que exprime, como o auto-retrato de Van Gogh, um profundo
desejo de comunicação com os seus semelhantes.
Por norma, existe a
tendência de se considerar a 3ª parte como o “patinho feio” da trilogia. Nada
de mais erróneo. Sem esse epílogo ficaria sempre um vazio, a sensação da
história incompleta. E basta recordar aquela montagem final, ao som da Cavalleria Rusticana (vinte minutos que
deveriam constar do programa curricular de qualquer curso de cinema), para
compreendermos estar em presença de uma jóia rara. À semelhança, aliás, do que
já acontecia nas duas primeiras partes, nomeadamente na segunda (talvez a mais
perfeita de todas), em que a técnica do flashback
é elevada à arte suprema de bem contar uma história, a qual vai alternando a
actualidade (fim dos anos 50, durante a pré-revolução cubana) com os anos 20
(inícios da imigração maciça italiana para os EUA). Vamos assistindo à tomada
do poder por parte de Michael Corleone (Al Pacino), enquanto, paralelamente,
nos é mostrada a ascendência do pai, Vito Corleone (Robert De Niro), que no
primeiro episódio da saga (localizado entre 1945 e 1955) seria, como se sabe,
interpretado por Marlon Brando. Coppola chegou a afirmar que a razão base de
ter feito o segundo filme foi exactamente o desejo de mostrar as vivências de
um pai e de um filho em simultâneo, como se elas acontecessem na mesma época.
O filme de 1972 iria
constituir um êxito sem precedentes, que ajudou a catapultar as carreiras de
Coppola e Al Pacino, ao mesmo tempo que Brando voltava a ocupar o lugar que por
mérito próprio sempre lhe pertencera: o do melhor actor da sua geração. Até
Mario Puzo, que tinha escrito o romance original, não escondeu que o tinha
feito a pensar em Brando na personagem de Vito Corleone. Os produtores, no
entanto, não lhe queriam dar ouvidos, uma vez que o célebre actor tinha
recentemente acumulado uma série de reveses comerciais, já para não falar na
sua personalidade, difícil e conflituosa. Avançaram com vários nomes, entre os
quais os de Edward G. Robinson e de Laurence Olivier, mas Coppola convenceu
Brando a sujeitar-se a um teste, cujo resultado acabou de vez com as reservas
dos homens da Paramount, os quais, ainda assim, exigiram que Brando trabalhasse
por um pequeno cachet (100 mil dólares) e uma percentagem dos lucros. Uma
decisão que se tornaria extremamente lucrativa para o actor, que posteriormente
viria a usufruir de mais de 15 milhões de dólares, dado o grande êxito do
filme.
A família siciliana,
retratada por Puzo e filmada por Coppola, vai mais além da tradicional família
ligada por laços sanguíneos. Nela são de igual modo englobados os chamados
“afilhados”, pessoas com problemas sobretudo do foro legal, a quem falha a
ajuda das instituições. É por isso que procuram Don Vito, um homem poderoso,
com as mesmas origens e raízes culturais, com o qual estabelecem laços de
vassalagem, originando desse modo a coesão social tipicamente italiana, baseada
na ajuda mútua e tráfico de influências. Mas ao redor da família Corleone
existem outras famílias de idênticas características, todas elas interessadas
em tomar as rédeas do poder e serem mais poderosas umas do que outras. E será
essa rivalidade que estará na origem dos ajustes
de contas sangrentos que irão ocorrer ao longo de toda a saga.
Contrariamente ao
que possa parecer, a personagem central da trilogia não é Vito Corleone, mas
sim o filho mais novo, Michael Corleone. É ele o real protagonista da obra, é à
roda dele que tudo gira. Começa timidamente, como o herói de guerra que não se
quer envolver nos negócios da família, mas o passar dos anos vai-lhe pouco a
pouco moldando a personalidade. É forçado a defender o pai, a matar por ele e,
contra todas as expectativas e ambições pessoais, a suceder-lhe na defesa
intransigente da família, sempre colocada acima de tudo e de todos. Com uma
excepção, a do irmão Fredo (John Cazale), o qual não será perdoado pelo facto
de se ter envolvido em negócios contra os interesses familiares, que quase
resultariam no assassinato do próprio Michael Corleone.
Estamos já no segundo
filme, com um Michael cada vez mais duro, mais insensível e mais obstinado na expansão
e consolidação do império da família Corleone, mesmo que isso se traduza na
desagregação dos principais elementos dessa mesma família. Michael vai perdendo
tudo à sua volta: a mãe, por razões naturais; a mulher, que aborta apenas com o
intuito de interromper a linhagem familiar; o irmão, que ele próprio manda
assassinar. Apenas a irmã, Connie (Talia Shire), parece estar firme junto dele, mas
provavelmente mais por medo do que por amor fraternal. A segunda parte de “The
Godfather” termina envolvida num manto de tristeza, com um Michael sentado no
jardim, sózinho, absorto nos seus pensamentos, que mais não são do que os seus próprios fantasmas.
Inicialmente
concebida para se chamar “A morte de Michael Corleone” (título que desagradou
aos produtores), a 3ª parte do “Padrinho” foi realizada 16 anos depois, com
Coppola a defini-la mais como um epílogo aos dois primeiros filmes. Vamos
encontrar um Michael Corleone precocemente envelhecido, mais sereno, embora
carregando o peso do seu passado, que tenta de novo
assumir uma posição de legitimidade, e ao mesmo tempo encontrar a redenção dos
seus pecados junto à Igreja católica. Com esse intuito delega no sobrinho
Vincent (Andy Garcia) toda a responsabilidade, em troca dele renunciar aos
encantos da filha Mary (Sofia Coppola). Vincent torna-se assim o novo Don, com
direito ao beija-mão e a plenos poderes, os quais não hesita em usar para levar
a cabo um novo ajuste de contas com
todos os que se lhe atravessam no caminho.
Michael Corleone, uma vez mais, não consegue alterar o seu destino e no
fim é a tragédia que se abate sobre os seus entes queridos, lançando-o em
definitivo na solidão, que o acompanhará até ao fim dos seus dias.
Falta mencionar
outra grande referência da trilogia: a sua magnífica banda sonora. Poucos
filmes serão de imediato identificados ao som das primeiras notas musicais dos
diferentes temas musicais: “Love Theme”, “The Godfather Waltz”, “Apollonia”,
“Connie’s Wedding”, etc. Nino Rota (3/12/1911 – 10/4/1979), o compositor fétiche de Fellini e Carmine Coppola
(11/6/1910 – 26/4/1991), o pai do realizador, criaram uma partitura musical
para a eternidade. Ao nível das canções destaca-se “I Have But One Heart”,
interpretada por Al Martino (a personagem de Johnny Fontane) no primeiro filme
e sobretudo a belissima “Promise Me You’ll Remember”, interpretada por Harry
Connick Jr. na última parte.
CURIOSIDADES:
- Francis Ford
Coppola achava que apenas dois actores poderiam interpretar Don Vito Corleone,
Laurence Olivier e Marlon Brando, que considerava serem os dois maiores actores
do mundo, em especial o segundo, que chegou a apelidar de “meu herói”. Opinião
contrária tinham os produtores que preferiam entregar o papel principal a
outros actores, casos de Orson Welles ou Anthony Quinn.
- Talia Shire, que
interpreta Connie Corleone, filha de Don Vito, é irmã de Francis Ford Coppola.
- Antes de Coppola,
Sergio Leone foi convidado para dirigir o filme, mas recusou, pois achava que
uma história que glorificava a máfia não era interessante o suficiente. Mais
tarde, Leone arrependeu-se de o não ter dirigido e acabou fazendo seu próprio
filme de gangsters, “Era Uma Vez na
América”. Peter Bogdanovich também se recusou a dirigir o filme.
- Marlon Brando
queria que o rosto da sua personagem se parecesse com o de um buldogue, pelo
que resolveu encher a boca de algodão ao interpretar o teste que Coppola lhe
pediu. Para as gravações, foram usadas peças feitas por um dentista, que hoje
estão em exposição num museu em Nova York.
- Nos ensaios para a
célebre cena com a cabeça de cavalo, foi usada uma cabeça falsa. No entanto,
para as filmagens, a produção conseguiu uma cabeça verdadeira, que foi
adquirida numa fábrica de alimentos para cães. Segundo o actor John Marley, os seus
gritos de susto foram autênticos, porque não sabia que seria usada uma cabeça verdadeira.
- Como era seu
hábito, Marlon Brando não conseguiu decorar a maioria das suas falas do filme,
tendo espalhado cartões por todo o set
com o texto que deveria interpretar.
- O gato que Vito
Corleone segura foi encontrado por Brando no estúdio e não fazia parte dos
planos do filme tê-lo em cena.
- Apesar de ter
ficado conhecida por interpretar Mary Corleone na última parte da trilogia,
Sofia Coppola, filha de Francis e hoje também cineasta, participou do primeiro
filme. Ela era o bebê de Connie e Carlo (Michael Rizzi), que é baptizado por
Michael Corleone.
- A famosa voz rouca
de Don Vito é inspirada no mafioso Frank Costello, um dos gangsters mais poderosos da história dos EUA. Marlon Brando viu-o
na TV na década de 50 e resolveu imitá-lo.
- Sylvester Stallone
chegou a fazer testes para interpretar os personagens Paulie Gatto e Carlo
Rizzi, mas não foi aprovado. Anos depois, viria a trabalhar com Talia Shire no
clássico “Rocky”. Também Martin Sheen fez testes para interpretar Michael
Corleone, mas não foi aprovado. Ele acabou trabalhando com Coppola e Brando em “Apocalypse
Now”, em 1979.
- Warren Beatty,
Jack Nicholson e Dustin Hoffman foram convidados para interpretar Michael
Corleone, mas recusaram. Alain Delon, Burt Reynolds e Robert Redford foram de
igual modo sugeridos, mas Coppola recusou aceitá-los.
- Os avós maternos
de Al Pacino emigraram da cidade de Corleone, na Sicília, para os Estados
Unidos, assim como Don Vito.
- Na cena do
atentado a Don Corleone, é possível ver um poster do lutador Jake LaMotta numa
janela. O boxeur foi interpretado por
Robert De Niro em “Ragging Bull”, de Martin Scorsese, em 1980.
- O nome do
tradicional chapéu da Sicília, como os que foram usados pelos guarda-costas de
Michael Corleone, é coppola.
- O actor que
interpreta Luca Brasi, Lenny Montana, estava tão nervoso por contracenar com
Marlon Brando que errou parte da sua fala. A cena em que ele treina o que vai dizer
a Don Corleone, não fazia parte do filme, mas foi incluída na montagem final,
pois Coppola gostou do nervosismo verdadeiro do actor.
- O beijo que Vito
Corleone dá em Johnny Fontane não estava no argumento e foi improvisado por
Marlon Brando. Segundo James Caan, a reacção confusa do actor Al Martino foi
real, pois foi apanhado de surpresa.
- O último trabalho
que Marlon Brando fez antes de morrer foi a dobragem do seu personagem Don
Corleone para o vídeo-game “The
Godfather”, que foi lançado em 2006, dois anos após a morte do actor.
- As filmagens de “The
Godfather” duraram seis meses, mas as cenas com Marlon Brando foram gravadas em
apenas 35 dias, para que ele pudesse cumprir a sua agenda e actuar em “Last
Tango In Paris”, de Bernardo Bertolucci.
- Mario Puzo negou
que o personagem Johnny Fontane foi inspirado em Frank Sinatra. O cantor ficou
furioso na época em que o livro foi lançado e chegou a ofender Puzo quando o
encontrou num restaurante. Mais tarde, Sinatra teria pedido a Coppola para
interpretar Don Corleone no filme, mas o cineasta já tinha a certeza de que o
papel seria de Marlon Brando.
- Coppola enfrentou
tantas dificuldades e críticas durante a rodagem que achou que o filme seria um
fracasso; e, na época do lançamento, viajou com a família para Paris, afim de
não presenciar a decepção que seria nos cinemas. Finalmente, foi convencido por
amigos a voltar para os Estados Unidos, pois o filme havia sido um sucesso.
- “The Godfather”
pode ser considerado o primeiro blockbuster
do cinema. Antes dele, os filmes eram lançados apenas num cinema e nenhuma
outra sala num raio de 80 km poderia exibir o mesmo filme. A partir dele,
várias salas próximas começaram a lançar filmes simultaneamente.
- Numa reunião com a
Paramount, Coppola pediu um Mercedes 600 como prémio, caso o filme atingisse a
marca de 15 milhões de dólares. Os executivos prometeram o carro apenas se o
filme alcançasse os 50 milhões nas bilheterias. Quando o filme facturou 100
milhões de dólares, Coppola e George Lucas foram a uma concessionária da
Mercedes, compraram o carro e enviaram a conta para a Paramount.
- Relativamente a
distinções, e falando apenas dos Óscares de Hollywood, a trilogia obteve um
total de 29 nomeações, das quais 19 se revelaram vencedoras. Assim, em 1973, “The Godfather” obteve 7 Óscares
(Filme, Realizador, Actor principal: Marlon Brando, Argumento adaptado, Actores
secundários: Al Pacino, James Caan e Robert Duvall), tendo sido nomeado para
mais 4 categorias (Guarda-Roupa, Montagem, Som e Música original). Dois anos
depois foi a vez de “The Godfather, Part
II” arrecadar um total de 8 Óscares (Filme, Realizador, Actor principal: Al
Pacino, Actores secundários: Robert De Niro e Michael V. Gazzo, Argumento
adaptado, Direcção artística e cenários, e Música original), tendo concorrido
em mais 3 categorias (Actor secundário: Lee Strasberg, Actriz secundária: Talia
Shire, e Guarda-Roupa). “The Godfather,
Part III” teria um total de 7 nomeações (menos 4 que os filmes anteriores):
Filme, Realizador, Actor secundário (Andy Garcia), e ainda Montagem, Música
Original e Direcção artística e cenários. Não ganhou nenhum Óscar.
- Na cerimónia de
1973, Marlon Brando recusou a estatueta do Oscar em protesto à discriminação
contra os índios americanos feita pela indústria do cinema. O actor enviou uma
atriz que se passou por uma índia apache e recusou o prémio em seu nome durante
a cerimónia.
- Para se preparar
para o seu papel, Robert De Niro viveu na Sicília durante 3 meses, onde
aprendeu a falar o dialecto siciliano.
- Em algumas cenas
que tinham lugar nos anos 20, os actores usaram calças com zippers. Alguém reparou nesse pormenor (o zipper ainda não tinha sido inventado nessa altura) e essas cenas
tiveram de ser filmadas de novo.
- Quando o pequeno
Vito chega a Ellis Island, é marcado com um X dentro de um círculo. Isto
acontecia realmente, mas apenas quando se suspeitava que o imigrante tinha um
qualquer defeito mental.
- A data de
nascimento de Vito Corleone é 7 de Dezembro de 1891. Os acontecimentos
descritos na trilogia têm lugar entre 1901 e 1997, ano da morte de Michael Corleone.
- Raf Vallone
interpreta o Papa João Paulo I, que governou a Santa Sé apenas durante 33 dias:
entre 26 de Agosto e 28 de Setembro de 1978 (data da sua morte, em
circunstâncias pouco esclarecedoras, de que aliás o último filme dá conta).
- Pela sua
interpretação em “The Godfather, Part III”, Sofia Coppola foi “distinguida”,
por larga maioria (65% dos votos), com 2 Razzie
Awards (Actriz secundária e Nova actriz), prémios atribuídos aos piores
filmes do ano.
- Depois da rodagem
do primeiro filme, em 1972, Al Pacino e Diane Keaton tiveram um romance durante
alguns anos. A relação acabou pelo facto de Pacino não se querer comprometer
oficialmente. Essa ligação teve relevância na actuação dos dois actores em “The
Godfather, Part III”, devido às suas personagens também se encontrarem
separadas há longos anos.
- A personagem de
Tom Hagen, interpretada por Robert Duvall nos dois primeiros filmes, era para
ser mantida na terceira parte. Mas a Paramount não acedeu à exigência do actor
(que pediu 5 milhões de dólares para retomar o seu papel), e criou um novo
Consiglieri, o advogado B.J. Harrison, que seria interpretado por George
Hamilton. Numa linha de diálogo, explicava-se que Hagen tinha falecido alguns
anos antes.
- Os actores Alec
Baldwin, Matt Dillon, Val Kilmer, Charlie Sheen, Billy Zane e Nicolas Cage,
foram todos equacionados para o papel de Vincent Mancini, que acabou por ser
entregue a Andy Garcia.
- A celebridade dos
filmes da trilogia deveu-se também, em grande parte, à excelência dos diálogos
e sobretudo a algumas expressões:
Bonasera: «I believe in America . America has made my fortune»
Don Corleone: «You look terrible. I want you to eat, I
want you to rest well. And a month from now this Hollywood big shot's gonna give you what you
want»
Johnny Fontane: «Too late. They start shooting in a
week»
Don Corleone: «I'm gonna make him an offer he can't
refuse. Okay? I want you to leave it all to me. Go on, go back to the party»
Michael: «My father is no different than any powerful
man, any man with power, like a president or senator»
Kay: «Do you know how naive you sound, Michael? Presidents
and senators don't have men killed»
Michael: «Oh. Who's being naive, Kay?»
Clemenza: «Leave the gun. Take the cannoli»
Carlo: «In Sicily ,
women are more dangerous than shotguns»
Michael: [speaking to Carlo] «Only don't tell me
you're innocent. Because it insults my intelligence and makes me very angry»
Michael: «My father taught me many things
here - he taught me in this room. He taught me: keep your friends close, but
your enemies closer»
Michael: «I know it was you, Fredo. You broke
my heart. You broke my heart!»
Connie: «Michael, I hated you for so many years. I
think that I did things to myself, to hurt myself so that you'd know - that I
could hurt you. You were just being strong for all of us the way Papa was. And
I forgive you. Can't you forgive Fredo? He's so sweet and helpless without you.
You need me, Michael. I want to take care of you now»
Michael: «Never hate your enemies. It affects
your judgment»
Vincent: «I am your son. Command me in all
things»
Michael: «Give up my daughter. That is the
price you pay for the life you choose»
Michael: «Never let anyone know what you are
thinking»
Mary: «I'll always love you»
Vincenti: «Love somebody else»
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