Mostrar mensagens com a etiqueta andrew lincoln. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta andrew lincoln. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, setembro 11, 2015

LOVE ACTUALLY (2003)

O AMOR ACONTECE
Um filme de RICHARD CURTIS



Com Hugh Grant, Colin Firth, Liam Neeson, Emma Thompson, Lúcia Moniz, Martine McCutcheon, Bill Nighy, Andrew Lincoln, Laura Linney, Alan Rickman, Billy Bob Thornton, Heike Makatsch, Rowan Atkinson, Joanna Page, Martin Freeman, etc.

UK-US-FRANCE / 135 min / COR / 
16X9 (2.35:1)

Estreia no CANADÁ: 7/9/2003 (Toronto Festival)
Estreia nos EUA: 6/11/2003
Estreia em PORTUGAL: 14/11/2003


“Four Weddings And A Funeral” (1994), “Notting Hill” (1999), “Bridget Jones’s Diary” (2001): três comédias românticas muito populares, cujos enredos beneficiaram, e muito, da escrita da mesma pessoa: o argumentista e produtor neo-zelandês Richard Curtis (nascido em Wellington, a 8 de Novembro de 1956, mas naturalizado britânico), que aqui se aventurava no seu primeiro filme como realizador. Voltaria depois a dirigir mais duas comédias (onde, como habitualmente, assina os respectivos argumentos): “The Boat That Rocked” (2009) e “About Time” (2013), sem que nenhuma delas conseguisse atingir o brilhantismo desta sua estreia. Passaram-se entretanto 12 anos e “Love Actually” parece cada vez mais condenado a partilhar o lugar que até agora só “It’s A Wonderful Life” (1946) tinha legítimo acesso: o do filme natalício por excelência. Cinquenta e sete anos separam estas duas pérolas do cinema. E por isso, “Love Actually” ainda é capaz de ser preterido a favor do filme de Capra. Mas daqui a mais meio século, quem sabe o que acontecerá? Eu já não estarei por cá para o comprovar, mas acredito que nessa altura seja muito difícil eleger entre os dois o companheiro ideal para um dia de Natal. A solução, provavelmente, será optar-se por uma sessão dupla…


“Love Actually” é uma delícia de filme, uma autêntica festa dos sentidos, na qual podemos participar sózinhos ou (bem) acompanhados: o resultado será sempre a mesma sensação de felicidade. Como escreveu o meu querido amigo Sérgio Vaz no seu blogue 50 anos de filmes”, «é um dos melhores filmes que já foram feitos na história. É para se rever sempre que a gente se sentir triste, angustiado, desesperançado, achando que a humanidade é uma invenção que não deu certo (…) É um filme inteligente, feito para maiores de idade. É absolutamente cheio de simpatia pelas pessoas, com aquele olhar com que, no auge do flower power, do faça amor não faça guerra, Donovan pedia para que as pessoas enxergassem os outros seres humanos, seus pequenos erros, falhas, defeitos, imprecisões, dúvidas – be not hard for life is short and nothing is given to men.»


Mas afinal de que trata “Love Actually”, para ser assim um filme tão especial? De muitas coisas, de muitas situações, incluídas numa dezena de histórias paralelas, que ocorrem em Londres, nas semanas que antecedem a quadra natalícia. É o aspirante a estrela rock (Billy Nighy) que promete actuar nu na televisão caso a sua canção (uma versão natalícia de “Love Is All Around”, tema popularizado nos anos 60 pelo grupo britânico The Troggs) chegue a nº 1 do hit-parade (e não é que chega mesmo?): é o casal à beira da infidelidade conjugal (Emma Thompson e Alan Rickman), devido ao assédio sexual que a boazona da secretária (Heike Makatsch) do marido lhe vai fazendo descaradamente; um escritor (Colin Firth) que depois de apanhar a mulher em flagrante com o próprio irmão, se retira para o campo, vindo depois a apaixonar-se pela empregada portuguesa (Lúcia Moniz); um viúvo recente (Liam Neeson), que procura ajudar o pequeno enteado (Thomas Sangster) na conquista das atenções de uma garota americana; o tímido padrinho de casamento (Andrew Lincoln, que sete anos mais tarde viria a encarnar a personagem principal da série de grande sucesso “The Walking Dead”) que morre de amores pela noiva (Keira Knightley) do seu melhor amigo (a declaração silenciosa de amor, apenas com recurso a cartazes, é um dos pontos altos do filme); a dupla de actores de filmes pornográficos (Martin Freeman e Joanna Page) que sentem dificuldades em iniciarem um relacionamento amoroso; a empregada de uma editora (Laura Linney) que troca o colega de trabalho (Rodrigo Santoro) para prestar assistência a um irmão demente; o garanhão (Kris Marshall) que parte para os Estados Unidos em busca do maior número possível de americanas fogozas; o primeiro-ministro britânico (Hugh Grant) que manda o presidente americano foder-se e se apaixona pela sua gerente de catering (Martine McCutcheon).


Sejamos claros: “Love Actually” está cheio de imprecisões, de coisas que nunca aconteceriam na vida real. Alguma vez um primeiro-ministro iria de porta em porta em busca da funcionária pela qual se sentia atraído? Ou dois actores de filmes pornográficos teriam qualquer problema em fornicar fora dos estúdios? Alguma mulher deitaria tudo a perder com o homem que deseja, só para cuidar do irmão? Após conseguir atingir o estrelato, algum cantor iria passar o Natal a sós com o amigo de longa data? E a caricatura que o filme faz dos portugueses, tem algum cabimento? Mas a verdade…, a verdade é que deitamos tudo isso para trás das costas, trocamos o inverosímil pelo prazer que o filme nos faz sentir, pelo optimismo que extravasa. Por uma vez, queremos acreditar que, apesar de todas aquelas complicações amorosas, tudo acaba bem, e que o mundo é mesmo assim. Não é nada, bem o sabemos, mas o que é que isso importa?


CURIOSIDADES:

- As filmagens no aeroporto de Heathrow (início e final do filme) foram feitas sem recurso a quaisquer figurantes, durante uma semana. A inclusão dos vários sketches foi devidamente autorizada pelas pessoas envolvidas.

- Durante uma conferência de imprensa, Hugh Grant volta-se para o presidente dos Estados Unidos e atira-lhe um sonoro Fuck-off. Tony Blair, na altura o verdadeiro primeiro ministro britânico, foi questionado sobre a situação, tendo respondido: «I know there’s a bit of us that would like me to do a Hugh Grant in “Love Actually” and tell America where to get off. But the difference between a good film and real life is that in real life there’s the next day, the next year, the next lifetime to contemplate the ruinous consequences of easy applause»

- O DVD do filme foi o video mais alugado em Inglaterra em 2004.

- O personagem de Liam Neeson, Daniel, que perde a mulher ainda jovem, é vidrado na Claudia Schiffer. Em tom de brincadeira até diz que uma das condições que a mulher lhe impôs para ir ao funeral dela, era que fosse acompanhado pela supermodelo. Quase no fim do filme, após a festa de Natal, Daniel trava conhecimento com a mãe de um colega do enteado, mostrando interesse num eventual caso futuro. Ora, quem interpreta esse papel é precisamente Claudia Schiffer, que recebeu 200 mil libras apenas por essa pequena aparição.


- Emma Thompson e Hugh Grant são irmãos no filme. Mas já foram amantes no filme “Sensibilidade e Bom Senso” (1995)

- Bill Nighy ganhou o BAFTA para o melhor actor secundário. Emma Thompson também foi nomeada para a categoria de melhor actriz secundária, mas viria a perder para Renée Zellweger em “Cold Mountain”. O filme teve ainda duas nomeações para os Globos de Ouro, nas categorias de melhor comédia ou musical e melhor argumento (Richard Curtis). Ver outros prémios aqui.

- A banda-sonora de “Love Actually” está recheada de belas canções, destacando-se (indicam-se os intérpretes entre parênteses): “All You Need Is Love” (Lynden David Hall), “Turn Me On” (Norah Jones), “Songbird” (Eva Cassidy), “Both Sides Now” (Joni Mitchell), “White Christmas” (Otis Redding), “All I Want For Christmas Is You” (Olivia Olson), “God Only Knows” (Beach Boys), e, claro, “Christmas Is All Around” (Bill Nighy).

PORTFOLIO: