«Com seu sorriso sardónico e o olhar enviesado, não hesitou em responder-me: / -- Eu cá só lá vi pedras, carros, automóveis, cavalgaduras e gente!» Avelino de Almeida, «Como o sol bailou ao meio-dia em Fátima», O Século, 15-IV-1917 § «Sinto-me perdido num cortejo de sombras. Stelio, Foscarina, Francesca de Rimini, as virgens, a Gioconda, aglomeram-se, à minha volta, em multidão. Sinto em mim, de mãos postas, todas as imagens do poeta. Esta hora silenciosa é, para mim, a cidade morta de Gabriel... / Abre-se uma porta.» António Ferro, «O"Século" ouve Gabriel D'Annunzio», O Século, 7-XII-1920 § «Levanto-me, envergo pela primeira vez o meu uniforme de soldado português e em menos de meia hora fico pronto para a primeira viagem ao front. Toma-se à pressa uma pequena refeição matutina. Depois, é a abalada rápida, sob a chuva miúda e fria que não deixa de cair, para o campo de batalha do Somme -- esse cemitério imenso onde foram sepultadas pela artilharia britânica vilas e aldeias, das quais não existe nada hoje, absolutamente nada.» Adelino Mendes, «A cidade d'Albert», A Capital, 29-III-1917
segunda-feira, setembro 09, 2024
sábado, agosto 03, 2024
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«Uma noite fria, cortante. Há espadas no luar... Na larga praça, o palácio do governo, branco, tumular espectral, ergue-se, nos meus olhos como uma esfinge. Subo a escadaria, subo, subo muito, subo até D'Annunzio. Corrado Zoli -- o amigo do poeta -- acompanha-me. Eu não o vejo, porém.» António Ferro, O «Século» ouve Gabriel D'Annunzio», O Século, 7-XII-1920) § «Ourém, 13 de Outubro / Ao saltar, após demorada viagem, pelas dezasseis horas de ontem, na estação do Chão de Maçãs, onde se apearam também pessoas religiosas vindas de longes terras para assistir ao "milagre", perguntei, de chofre, a um rapazote do "char-à-bancs" da carreira se já tinha visto a Senhora.» Avelino de Almeida, «Como o sol bailou ao meio-dia em Fátima», O Século, 15-X-1917 § «16 de Março -- Às 7 horas da manhã, a ordenança do capitão I... bate à porta do meu quarto e obriga-me a interromper o sono que principiara meia dúzia de horas antes. Tenho a impressão de que chove. Da rua vem uma luz quase lúgubre -- a luz frouxa e polida das grandes madrugadas de inverno.» Adelino Mendes, «A cidade d'Albert», A Capital, 29-III-1917
In jacinto Baptista e António Valdemar, Repórteres e Reportagens de Primeira Página, vol. II, 1910-1926, Lisboa, Assembleia da República, s.d.