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quarta-feira, janeiro 31, 2024

preparem-se que vêm aí os russos! - ucranianas CCXXI

Hoje, à hora do almoço, televisão do restaurante sintonizada na RTP3, canal estatal, entro ao mesmo tempo que o José Estaline. Campainhas soam. Ainda ontem no carro, ouvira, na rádio Observador, um dos vários bufarinheiros do Pentágono que para aí peroram (ou exibem a incompetência) dizer que, tratando-se a Rússia de uma potência agressiva, a Europa tinha de rearmar-se, isto para não haver  surpresas numa possível invasão, até porque um bufarinheiro sénior europeu alertava para uma próxima guerra entre a Nato e a Rússia.

A propósito da agressividade russa, não ocorreu ao bufarinheiro falar da provocação da Geórgia, quando Putin assistia ao Jogos Olímpicos de Pequim, nem na golpada na Ucrânia: o que ele e outros como ele pretendem é preparar as mentes para uma de duas, ou ambas, até: uma, justificar dessa forma os gastos militares; a possibilidade de um confronto na Europa, no quadro da eleição de Trump, que adoptará uma política isolacionista ou virada para o Pacífico.

Estava a entrar no restaurante e percebi que havia coisa, ainda para mais agora que as imagens mostravam a invasão soviética de Budapeste '56, seguida da de Praga '69, com as imagens de Dubcek -- um dos meus heróis, como sempre digo quando o menciono ou escrevo o seu nome. Mais um bocado, claro, Putin, inevitavelmente, e a mensagem -- subliminar para os ignorantes da aldeia: vêm o perigo?, a ameaça?, a necessidade de canalizar fundos para o complexo militar-industrial?... Aliás, o bufarinheiro de ontem dizia-o claramente: é preciso fazer ver ás pessoas etct., etc.

Fui ver se havia alguma efeméride sobre a revolta de Budapeste ou a Primavera de Praga que me estivesse a escapar. Não há, é claro; é apenas a Televisão do estado português a entrar obedientemente no processo de sensibilização ou de lavagem cerebral, melhor dizendo.   

Por outro lado, é notável como indirectamente assumem o fracasso da sua política trágica relativamente á Ucrânia, a sua derrota em toda a linha, a sua incompetência, desonestidade e vigarice. Quem os ouvia há meses e quem os ouve agora, aterrorizados com a Rússia na falta receada do próximo patrão americano. Que pulhas, que bandalhos!


terça-feira, setembro 13, 2022

uma guerra stalinista, segundo um general da nato (ucranianas CXXIV)

 O major-general Isidro Morais Pereira, comentador da guerra, apresentado como ex-representante de Portugal na Nato, não tem, neste particular, deixado os seus créditos por mãos alheias. No outro dia, compungido com a destruição provocada pela guerra, disse que os russos levam a cabo uma "guerra stalinista" na Ucrânia, pelo volume de destruição infligido. Dando de barato ao major-general a bestialidade da guerra, e recordando que as malfeitorias infligidas pelo Zé Estaline aos alemães na II Guerra foram para baixo de um décimo da que foi exercida por Hitler a todos os povos da União Soviética (russos e ucranianos à cabeça), o lamento do general suscita-me duas observações: a primeira prende-se com a orografia do território, insusceptível de confronto em campo aberto, em especial quando a desproporção de meios é grande, sendo, portanto, nas cidades e ao seu redor que as refregas acontecem; em segundo lugar, esqueceu-se de que a defesa ucraniana colocou o arsenal bélico dentro, em cima e em torno dos edifícios, ocasionando aquelas imagens de civis usados como escudos humanos, que a insuspeita Amnistia Internacional denunciou, para raiva dos propagandistas do "Ocidente alargado" -- uma maneira de os comentadeiros se referirem aos Estados Unidos sem lhe dizerem o nome.

Acho também extremamente cómico este general Nato, intelectualmente propulsionado pelos nossos (deles) valores, que, como sabemos, são muito democráticos, e até liberais... Nem é preciso recordar a liberalidade com que despejaram napalm no Vietname, faz meio século; ainda há pouco levaram a democracy (os nossos, deles, valores) aos iraquianos chacinados.

Podemos chamar muitos nomes ao Putin (eu, nem por isso, até ver): que tem um nacionalismo distorcido, que é ditador ou mesmo um mauzão (esquecendo-nos que ele salvou a Rússia da debâcle e está a prevenir hoje voltar ao caos dos tempos de Ieltsin -- mas isso é outra história, certamente contestável e com sombras várias). O que não se pode dizer do Putin é que ele invadiu a Ucrânia para rapinar as riquezas do país, como os democráticos e liberais americanos fizeram no Iraque.  Esses arautos do "Mundo Livre" -- criminosos de guerra -- ainda mexem e têm nome, sendo Biden, volto a lembrar, com o seu voto favorável à invasão, no mínimo cúmplice e co-responsável moral pela miséria de que foram agentes, o crime mais hediondo de que fomos testemunhas. 

A Guerra da Ucrânia, perversa, como todas as guerras, não tem mais nem menos valor do que a guerra no Tigré (em África) ou no Iémen (na Ásia), que estão aí a decorrer na indiferença de todos.  O resto é conversa fiada é para tolinhos.

quarta-feira, agosto 31, 2022

Gorbachev, nome de liberdade

 

Última grande figura do século passado, pegou numa União Soviética em perda após a retirada do Afeganistão, incapaz de acompanhar os Estados Unidos na chamada "guerra das estrelas", acaba por ser o homem que dá a Liberdade aos russos (e a outros povos) -- russos que transitaram do jugo do assassino apatetado Nicolau II para o dos assassinos sectários (e revolucionários profissionais) Lenine e Trostky, culminando no grande sátrapa José Estaline. Os testemunhos são às centenas; a mim, ficou-me o de Milovan Djilas, braço-direito de Tito, e depois também ele dissidente do titismo, para aquilatar do satrapismo do velho Zé dos Bigodes.

Isto para dizer que a União Soviética, com o seu gulag, a sua polícia política, a sua censura, os seus apparatchiks, e respectivos privilégios foi uma traição a qualquer ideia de emancipação humana. Poderão avançar, aqueles que julgam que somos parvos, com a justificação da constante sabotagem e guerra a que a URSS foi sujeita; está bem, mas não chamem àquilo comunismo ou socialismo.

(Obviamente que não quero com isto cantar loas ao capitalismo de putedo americano, onde tudo se compra e vende, sendo o presidente de turno o guarda-livros dos proxenetas daquele bordel.)

Gorbachev, sim, grande figura, ainda que empurrado pelas circunstâncias. Ele e Putin criticavam-se mutuamente, mas Gorbachev sabia que, mal ou bem, Putin tomara para si o desígnio de defender a sua pátria, que é o que está precisamente a fazer. Muito interessante a última entrevista de Gorbachev à BBC -- aliás, apoiou Medvedev na anexação do território russo da Crimeia. 

sábado, agosto 13, 2022

o atentado a Salman Rushdie

 só mostra o que todos sabíamos: uma vez lançado o anátema, a sanção que o acompanha só se esvai com a morte, o que significa que, se escapar desta, a sua vida continuará a correr perigo. 

Religiões à solta só conhecem a linguagem da força, triste facto. Infelizmente, isto já não vai lá invertendo as políticas de direita, como dizem alguns. Mas como deter largos milhares de fanatizados e as suas armas brancas ou veículos tornados máquinas de morte? 

Como já não estamos no tempo do Pombal, que mandava executar quem lhe fizesse frente e ameaçava o papa; nem no do Joaquim António de Aguiar, o liberal "Mata Frades"; nem se admite agora o achincalho da República, ou o que o Zé Estaline fez na União Soviética, transformando igrejas em garagens (um homem prático) ou, ainda, o controlo férreo das confissões como se processa na China -- como lidar com estes selvagens? Dialogar sobre quê, se há com eles uma raiva e um sentimento de humilhação que se lhes cola à pele e ao nome, e que sublimam com estes actos irracionais, consequência de um profundo mal estar existencial?  Ainda por cima camuflados no seio de uma comunidade ela própria dividida em face destas acções? Como se lida com isto? Rebentar com Israel? Não me parece exequível, nem desejável. Mostrar (ao menos) equidistância na questão palestiniana? E o resto?... Nós por cá ainda vamos indo; franceses, belgas, alemães, etc. estão metidos num molho de bróculos. 

segunda-feira, agosto 01, 2022

alucinações televisivas: a tudóloga, o sonso e a cabeça do major-general (ucranianas CXVI)

1. Inês Pedrosa, escritora e tudóloga, afirmou que a Nato já deveria ter intervindo na Ucrânia, nem se lembrando ou querendo saber que a aliança é alegadamente defensiva, e que por isso nunca haveria uma base jurídica -- que aqui entre nós não é para as grande potências: os russos não quiseram saber do Direito Internacional, quando se sentiram ameaçados na Ucrânia, nem os Estados Unidos, quando pretenderam pilhar o Iraque. Mas o descabelo é tal que passa por cima de uma mais que evidente III Guerra Mundial, como observou Raquel Varela, e bem, sendo que, para Pedrosa já lá estamos. Não percebe nada. Se estivéssemos já em III Guerra Mundial, ela não estaria ali sentada no estúdio a dizer asneiras.

2. Com a RTP, Vítor Gonçalves agraciou-nos com uma entrevista à conhecida jornalista Anne Applebaum, apresentada também como "historiadora". Nem para jornalista serve, quanto mais historiadora. O pretexto era o Holodomor, mas o propósito era fazer a identificação de Putin com Stálin, debitando toda a propaganda pentagonal. Ouvi dizer que a RTP anda à rasca de dinheiro, e vais gastar tempo e a minha paciência com merdas destas? Foda-se. Parecia a Cândida Pinto quando foi enviada da estação no início da guerra: estar lá ou estar em Lisboa seria a mesma coisa, pois também ela debitava vastamente a propaganda preparada pelo Pentágono para os seus bonecos. Ser jornalista não é isto, nem nada que se pareça. E um pormenor: Gonçalves, na introdução, referiu-se a Stálin como sendo russo, e não georgiano. Uma leitura benévola, alivitraria que o homem se enganou e terá querido dizer "soviético", mas eu não acredito, a minha benevolência já se esgotou há muito.

3. Cereja no topo do bolo: o major-general Arnaut Moreira, que sempre fez suas as palavras da propaganda, afirmou -- na sua "humilde opinião": se a Rússia não for travada na Ucrânia, "atenção ao Báltico!" Ora o major-general sabe que um ataque a um país da Nato será um ataque a todos, satisfazendo-se assim a vontade da tudóloga Inês Pedrosa. Mas ao contrário desta, o major-general até pesca disto, por isso assalta-me a pergunta: onde estava a cabeça do major-general? 

terça-feira, março 08, 2022

coisas que fascinam: os grandes corações e mais notas (ucranianas XXXIX)

1. Parece que fui desconectado por uma entidade que exibe o seu grande coração e atributos solidários cheios de azul e amarelo e imagens lacrimosas pela Ucrânia. (Vamos acreditar que aquilo é sincero e não uma artificiosa demonstração de empatia para ficar bem, vamos acreditar.) Há simplismos que não percebem que o não vir para aqui chorar, ou fazê-lo muito pouco, e procurar ver por detrás das imagens e das mensagens insidiosas não é compactuar com a guerra, mas procurar pensar, sem fazer figura de parvo ou, pior, de aldrabão. De qualquer modo. aliviado por se me despegarem os idiotas úteis e os campeões dos sentimentos pios. Lerem aqui que a actual guerra ocorre entre a Rússia e os Estados Unidos, com o povo ucraniano a servir de carme para canhão, deve ser demais.

2. Zelensky, dirigindo-se ao parlamento inglês, volta a destratar a NATO, e é bem feito. Diz que lhe prometeram aviões de combate, o que só reforça a minha suspeita de que a cúpula ucraniana foi ludibriada pelos  do costume.

3. Por falar em vigaristas, o sec. de estado americano é desmentido hoje pela Polónia, que nega ceder qualquer base para aviões pilotados por ucranianos intervirem na guerra. Ele tinha estado ontem na fronteira com o homólogo ucraniano, dizendo depois que ia ver se os migs polacos podiam sair da Roménia ou da Bukgária. Percebem-se agora as invectivas de Zelensky no parlamento inglês, que aplaudiu de pé, depois de o presidente ter chamado ao países da NATO, por outras palavras, medrosos e mentirosos.

4. A retórica da guerra nuclear e do maior envolvimento militar da NATO, que até agora se  limitou a criar as condições para o conflito, é muito perigosa. A da Ucrânia e a dos que a manobraram passa por aí. Nos últimos dias, quando ligo o computador, aparece um push alusivo à guerra. Hoje dizia qualquer coisa como isto "Ukraine is fighting for the world". Ou seja, há gente mesmo interessada na escalada; não lhes basta o aumento dos orçamentos militares cujo destino será os seus bolsos.

5. Pela primeira vez ouvi ontem o que todos quantos acompanham estes assuntos têm obrigação de saber: que a Geórgia atacou militarmente a Federação Russa quando Putin estava assistir à abertura dos Jogos Olímpicos de Verão, em Pequim. Disse-o João Soares. Até agora só ouvira o contrário, e garanto que já começava a duvidar da minha memória. Mas ouvi "especialistas" afirmarem o contrário (incompetentes ou aldrabões?). A Geórgia atacar militarmente a Rússia, não sei se estão a ver. Quem lhes terá aquecido as costas? A resposta foi a que se conhece, os tanques russos passeando-se pela cidade onde nasceu o Zé Estaline.

6. Antes que alguém se exalte: uma coisa não justifica a outra, porém alguém se lembra de se falar das crianças de Bagdad nos telejornais quando os americanos matavam aos milhares por causa das armas de destruição maciça que o Durão Barroso viu (uma legítima defesa, já se vê)? Pois não. Os inocentes que são mortos nesta guerra não servem apenas para todos mostrarmos que somos solidários (alguns, efectivamente são, os que vão para o terreno auxiliar); servem também para alimentar a propaganda, para que a guerra continue, uns quantos se encherem e inocentes com as vidas destruídas.

7. Ainda não li nem ouvi, mas disseram-me que o Zelensky (por quem, por vezes, nutro simpatia) disse que já não fazia questão de entrar na NATO, como exigiam os americanos. Foi preciso destruírem metade do país?... 

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

seis parágrafos sem paciência a propósito da Ucrânia

1. Terça de manhã, na Rádio Observador, o major-general Carlos Branco. Oh, tanto que há a dizer. Eu punha uma série de comentadores de meia-tigela numa prova de ditado, com orelhas de burro.

2. o José Rodrigues dos Santos em piruetas e pliês junto do mapa da região, depois de, com guinchos de terror, dizer que Putin citou Lenine e Stálin, não percebendo que era uma crítica que ele -- bem ou mal -- estava a fazer a ambos, como criadores da Ucrânia como entidade política.

3. Calado há algum tempo, o Chega pronunciou-se, acusando a UE de frouxidão. Propõe-se o envio voluntário do Ventura para o leste da Ucrânia, com o camuflado de brinde da campanha eleitoral. (Mas o Putin não era de extrema-direita? Pelo menos foi o que ouvi afirmar a um antigo membro de berloque de esquerda...)

4. Não tenho seguido as reacções dos partidos. Só sei que o PCP está cheio de razão, o resto é conversa fiada para entreter os indígenas e Washignton ouvir,

5. O Biden, esse querido velhinho, indignado com o ultraje russo de reconhecer a "independência" dos separatistas, esquecendo-se do cadastro que o país tem com a criação de Kosovos, que o comportado MNE Luís Amado foi obrigado a reconhecer -- sem esquecer essa linda entidade política chamada Bósnia-Herzegovina, que nunca em tempo algum alguma vez fora país ou nação. Há quantas décadas estão lá os capacetes azuis para que eles não se matem? É que antes eles viviam todos juntos, casavam-se entre si, como se passa(va) na Ucrânia. 

6. Cada vez tenho menos paciência para ouvir comentadores incapazes e políticos sonsos, Eu percebo que o cidadão comum não tenha possibilidade de analisar a situação.  Mas que dizer desta patota antiputinista primária, secundária e pavloviana? Parece que ele não deixa as criancinhas russas serem expostas a parvoíces como a ideologia de género na escola, entre outros atentados à inteligência; deve ser por isso que lhe têm tanta sede nos Estados Unidos e aqui na parvónia.

segunda-feira, janeiro 03, 2022

diário de leitura

«É o caso que o meu amigo António Fróis, antes de partir para Helsinki, onde foi pôr-se ao lado dos finlandeses (este não se nega a combater na Finlândia), e na previsão de qualquer desenlace desastroso, deixou nas minhas mãos um grande número dos seus poemas, confiando-me também o encargo de os publicar, se o considerasse oportuno.» 

Jaime Cortesão, carta a Luís da Câmara Reys, Biarritz, 6-III-1940 (13 Cartas do Cativeiro e do Exílio (1940), edição de Alberto Pedroso)

Este António Fróis, autor de Missa da Meia Noite (Lisboa, Seara Nova,1940), era o próprio Cortesão a fazer de Eça e Fradique. Fróis estava a combater os soviéticos na Finlândia, que levaram que contar dos finlandeses. Stálin já tinha purgado a tropa, receoso das altas patentes, sátrapa a olhar para a sombra. Alberto Pedroso informa que Câmara Reys não fazia ideia de que Fróis era um alter ego de Cortesão.


sábado, dezembro 04, 2021

fachos de esquerda

Parece que a palavra Natal é para desaparecer, sendo substituída por "festividades". E o que festejam as festividades? O Pai Natal? Também. E o nascimento de Cristo, igualmente, figura e acontecimento basilar da nossa civilização, sejamos crentes ou ateus. Aliás, a personagem histórica de Jesus Cristo foi sempre um ícone revolucionário para a esquerda, algo que estas caricaturas esquecem, se é que alguma vez pensaram nisso.

Mais valia que esta comissária maltesa, de cujo nome me esqueci, oriunda do Partido Trabalhista (que deve estar minado, como o PS daqui), e que parece não ter mais nada importante para fazer, se empenhasse em realçar outros aspectos culturais, inclusivamente festivos, de comunidades diversas presentes na Europa (isso sim, seria a verdadeira inclusão), em vez de procurar apagar, fazer desaparecer. Que estúpida, que estúpida.

O que esta bicharada não percebe é que a questão não está em suprimir ou apagar. Podiam aprender com os Estados Unidos, que com os seus muitos defeitos, é um exemplo para a relativização da questão religiosa, remetendo-a ao seu devido lugar, o da consciência individual. O Stálin também quis apagar a Igreja, transformando templo em garagens. Após setenta anos de comunismo totalitário, ela é hoje poderosíssima na Rússia.  Pensam estes pobres que mudando nomes fazem desaparecer a coisa.

Fachos de esquerda, feliz expressão que li não sei onde, a propósito de um assunto do mesmo género.  São os mesmos pidescos que querem reescrever os livros do Mark Twain e do Monteiro Lobato, que mandam retirar quadros dos museus porque exibem mulheres nuas, que queimam livros do Tintin Fachos de esquerda, que alimentam os fachos originais, mas mais perigosos, porque parecem ser dos nossos. Mas não são.

sexta-feira, abril 02, 2021

« Ilya Eremburg e eu chegamos silenciosos de uma conversa com figuras gradas nos altos escalões

a propósito de nosso amigo Jan Drda, atendendo pedido que ele me fez em Praga de onde venho para receber o Prêmio Internacional Estaline da Paz: o prêmio me credencia.»

Jorge Amado, «(Moscovo, 1952 -- Os desmemoriados)» Navegação de Cabotagem (1992)


Trata-se do primeiro fragmento destas memórias propositadamente desconjuntadas, que se lêem dum trago. Leio-o também como um aviso à navegação por ocasião da debâcle soviética, para quantos pudessem andar à cata de episódios sórdidos relacionados com o Partido -- a maiúscula e o sentido de compromisso mantêm-se. O mal-estar concentracionário do pesadelo estalinista -- é difícil imaginar algo tão avesso ao tropicalismo solar de Jorge Amado -- está bem vincado, não pelo que diz, mas pelo que transpira; não há nada mais desonroso do que ser considerado como um trânsfuga; e depois Jorge Amado, por generosidade ingénua e voluntarismo, foi um arauto desastrado desse mesmo estalinismo; e ele não o nega. Felizmente a sua obra em geral vale muito mais que isso; mesmo quando errado, esteve sempre do lado certo no que respeita ao seu Brasil. E é esse Brasil miscigenado, violento, alegre, injusto, brutal em tudo o que tem de bom e de mau; são obras-primas do romance como Mar Morto (1936), Gabriela, Cravo e Canela (1958) -- resposta elevadíssima do ponto de vista literário e ideológico a todos quanto, depois de O Mundo da Paz (um desastre propagandístico de louvação a Stalin, 1951) ou Os Subterrâneos da Liberdade (1954), veio clamar que Jorge se tinha aburguesado; se tal sucedeu ou não, é assaz irrelevante para o escritor, que é o que interessa; todavia se houve coisa de que ele se não absteve foi o de travar, sempre, o bom combateTenda dos Milagres (1969) -- o primeiro que li, e parece que o seu preferido -- aí está para o demonstrar; a propósito do qual um crítico exigente exarou: "Jorge Amado em estado de graça".

fragmento para ler aqui. 

quarta-feira, março 31, 2021

Louçã não é maluco

 Francisco Louçã, que é conhecido por ter um enorme sentido de humor, semelhante ao de uma caixa de sapatos, lembrou-se de gozar com uma deputada municipal do PPM, num voto que defendia a equiparação do comunismo ao nazismo, algo que eu contesto, como já escrevi aqui.

A circunstância de haver um grau de natureza diferente entre nazismo e comunismo, não significa que passe a ser legítimo branquear as patifarias do Stálin, que foi um monstro, nem sequer as do Lenine e muito menos as malfeitorias do Trostky. Não se branqueie o bolchevismo, que eu para esse peditório não dou; como não dou para esse outro, que é o de branquear o nazismo com comparações espúrias. 

No entanto, concedo uma sensibilidade especial a Aline Hall de Beuvink, dada a sua ascendência ucraniana. Mas comparar ambos não é objectivo nem verdadeiro. O bolchevismo em acção traduziu-se pela tomada do poder de uma clique não olhando a meios -- o trivial, portanto. O nazismo, entre outras lindezas, tratou de exterminar duas etnias. E a verdade é que o sucessor do dito Stálin, georgiano, foi Krushtchev, ucraniano, que fez todo o seu percurso a lamber as botas do outro.

Um colunista da Rádio Observador, Alberto Gonçalves, que costumo ouvir no carro, esta segunda-feira pegou nesta intervenção de Louçã num jornal da Sic-Notícias desta sexta-feira, obrigando-me a ir vê-lo. E, na verdade, é terrível: Louçã tenta ter gracinha à conta de um genocídio (e parece que manipulou as imagens, é pelo menos a acusação que lhe é feita). O cronista, nessa segunda-feira, ciente de que à figura falta qualquer sentimento de empatia objectiva pela pessoa concreta (é mais fácil simpatizarmos com as grande abstracções) chamou-lhe sòciopata e maluco. Ora eu creio que Louçã não é maluco.

quinta-feira, julho 09, 2020

o caso Rita Rato, desconfianças e bocas da reacção

Chamam-me a atenção para o bruaá no Facebook sobre a nomeação de Rita Rato para directora do Museu do Aljube. Não me apetece nada andar ao tiro ao comunista, quando há anos que apanhamos com a tralha neoliberal e assistimos aos fascistas de ocasião (ou seja, aqueles que se prestam a tudo o que o lumpen cívico quiser), bolsarem para o meio da rua.

Depois do "museu das descobertas" -- não há descobertas mas, em bom português, Descobrimentos, e com maiúscula e que devem ser celebrados criticamente, apesar dos analfabetos da margem esquerda --, depois do propalado museu que, com a cagunfa do costume, já deve estar, com a viola no saco e metido na gaveta --; depois da gritaria com o Museu Salazar ou Centro Interpretativo, projecto liderado por historiadores à prova de bala, que deu brado porque a História é um pormenor para uma determinada concepção política do mundo, incluindo os que se dizem historiadores; agora, o Museu do Aljube.

Independentemente do benefício da dúvida que darei à senhora quanto à sua honestidade intelectual -- parece que não sabia bem o que fosse o gulag, etc. -- e esperando, igualmente que, quanto à Resistência ao Salazar, não se fique pelos camaradas e o frete, noblesse oblige, à tralha republicana (e à gente boa também, Seareiros à cabeça), não se esqueça da Resistência dos anarquistas (é verdade, vai hoje na RTP2 um documentário sobre o Emídio Santana…), dos católicos progressistas e até dos monárquicos.
Considero o PCP, dos grandes e médios partidos, o único consistente e politicamente sério; o resto, do Bloco ao CDS, é a pastelaria do costume. Mas a seriedade do PCP no que respeita à História, dispenso-a eu bem. Tenho exemplos para a troca, caso seja preciso, todos nacionais.
Desejo a Rita Rato o maior sucesso. É claro que não precisa de ser historiadora para dirigir o Museu (e ser militante do PCP não é cadastro, antes pelo contrário), precisa tão-só de ser interessada, que qualidades tem-nas, certamente, deixar o cartão do Partido à porta e perceber que há mais mundos, citando o grande José Régio, também ele oposicionista e resistente, aliás duma coragem moral e cívica assinaláveis.
Mas é preciso estar atento, para evitar não só a tentativa de apropriações -- sem deixar de reconhecer o papel do PCP nessa mesma Resistência -- e manipulações da História. Espero, por isso, que Rita Rato desminta todas as desconfianças e cale as bocas da reacção. Porque não me apetece nada dar razão aos observatórios & outros lavatórios.


quarta-feira, abril 08, 2020

na estante definitiva

Leitores de Jorge Amado, há-os de três tipos: os que gostam do primeiro Jorge Amado, o autor militante comunista, o que influenciou a primeira geração dos neo-realistas e que caiu fundo em vários modernistas da presença -- quem a leu, sabe que é assim -- e que a partir do progressivo afastamento do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) se aburguesara, tornando-se, inclusivamente uma espécie de propagandista turístico de certas delícias tropicais; outros pelo contrário, acham que este era um panfletário e que o grande escritor é o segundo Jorge Amado. Ambos estão fundamentalmente errados, embora algumas das críticas e ditirambos possam fazer sentido de forma parcelar. A verdade é que no essencial se trata do mesmo Jorge Amado: sim, há uma epígrafe de Karl Marx em Seara Vermelha (1944) e sim, Dona Flor encorna o marido vivo com o marido morto, os três na mesma cama. Sim, O Mundo da Paz é uma intragável mistela propagandística do regime de Stalin e Navegação de Cabotagem  é o renegar da cegueira sem eliminar ou esconder dsse zelo funcionário.
O título charneira, o antes e o depois, dá-se com Gabriela, Cravo e Canela, o romance que se sucede, após quatro anos, a Os Subterrâneos da Liberdade (1954), um louvor ao PCdoB...
Que Gabriela, Cravo e Canela é um romance extraordinário, balzaquiano no melhor sentido da palavra, não há dúvida; resiste a todas as adaptações, por boas ou muito más que sejam. Resiste até a uma miserável capa deste minha edição portuguesa das Publicações Europa-América, quando esta editora a estreara em 1960 -- após a autorização a contragosto de Salazar, que quis ler o que estava em vias de autorizar… --, com uma bela cobertura de António Domingues, e um prefácio de Ferreira de Castro, que só não o escrevera a contragosto porque ditado pela amizade, já então de três décadas, entre ambos.

Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela [1958], 15.ª edição portuguesa, prefácio de Ferreira de Castro, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1978.
Colecção: «Obras de Jorge Amado» #7
Data de posse: Outubro de 1983

domingo, novembro 10, 2019

comunismo e nazismo, uma equiparação idiota, ou o Gulag não é Auschwitz

O tema já tem semanas, mas este post de Jorge Carreira Maia, em que faz muito bem o distinguo entre nazismo e comunismo, levou-me a alinhavar o que segue, na esteira do que ali ficou escrito.

Uma cabazada de eurodeputados maioritariamente de países do antigo Pacto de Varsóvia, e que hoje tão válidas lições de democracia e direitos humanos nos dão, esmagadoramente pertencentes aos grupos conservadores, com meia dúzia de liberais e quatro socialistas, entre os quais uma luminária do PS, subscreveram uma moção, aprovada por esmagadora maioria, que o nazismo / fascismo e o comunismo eram equiparáveis. (Está aqui o pastelão, para quem tiver pachorra; eu não tive, fio-me na imprensa.)

Há ali uma compreensível motivação de ajuste de contas com o passado recente e ressentimento por parte dos países que foram ocupados pelos soviéticos, boa parte deles, de resto, aliados da Alemanha nazi, o que não justifica essa ocupação disfarçada, é claro, e muito menos o esmagamento da insurreição húngara de 1956 ou da Primavera de Praga, liderada pelo eslovaco Alexander Dubceck, um dos meus heróis, secretário-geral do PC checoslovaco, e que bem caro pagou a coragem e audácia à mão dos apparatchiks do Partido.

Então, por que razão comparar nazismo e comunismo é duma estupidez crassa? Não matou o comunismo ainda mais gente que o nazismo? Sim, tal não me oferece dúvidas, atendendo ao tempo que se mantiveram no poder, do sátrapa Stálin (nem falo do megalómano Mao, no psicopata do Pol Pot ou na monarquia comunista norte-coreana, pois são realidades um bocado chinesas para nós -- não os percebemos...). Não foram (e são) o comunismo soviético um monstruoso embuste, que caiu de podre como a URSS e satélites? Sim, o comunismo soviético foi uma vergonha e um embaraço para qualquer pessoa intelectualmente honesta.

No entanto, ah, no entanto, aqui vai o diabo do pormenor: as palavras têm peso e correspondem a ideias. Na esteira do que bem escreveu Jorge Carreira Maia, em especial no segundo parágrafo, o factor da irracionalidade do nazismo, faz com que o mal seja assumido sem ambiguidade, na desumanização dos não-(ditos)arianos; enquanto que, o lastro racionalista do marxismo-leninismo, filho do iluminismo, nunca poderá acomodar qualquer espécie de opressão étnica, nem tal pode ser admitido, sob pena de autodesclassificação, mesmo quando episodicamente o tenham feito, no tempo de Stálin, sob pretextos fantasiosos (a chamada "conspiração judaica" e outras paranóias do Zé dos Bigodes).

Que são ambos regimes totalitários, é indesmentível; que um aponta para o Céu e outro para o Inferno (para os sub-homens, não "arianos"), é-o também. Não há que admirar: o marxismo-leninismo, ao tornar os cidadãos funcionários e dependentes do Estado, criou de imediato as condições para que o sistema criasse entropias que estão na base da sua futura desagregação, que só não se deu mais cedo graças à criação dum estado policial e perversamente repressivo -- a negação e repressão da liberdade como instrumento de manutenção do poder. Dessa funcionalização surgiu o que é previsível e surge sempre nestas circunstâncias: os carreiristas, os oportunistas, os desavergonhados e os alienados inofensivos completamente inseridos no sistema, que viviam a sua vida e achavam que era assim e teria de ser assim para todo o sempre. A RDA, no seu desmoronamento de há trinta anos aí está para comprovar isso e o seu contrário: andava o Muro a cair e ainda havia polícias e burocratas a tentar parar o vento com as mãos. No entanto, prometendo sempre o Sol e as bem-aventuranças neste mundo.

(Claro que no comunismo houve e há muita gente de bem; mas a sua adesão a esse ideário é do domínio da, não do racional; mas, que diabo!, não há gente a  acreditar na existência de "Deus", na imortalidade da alma e coisas assim?...)

Uma subtileza, pois, que não interessa nada, aqui no rectângulo, à direita democrática com reserva mental, saudosa do salazarismo e que à boca pequena execra a abrilada, como carinhosamente chama ao 25 de Abril, nem perdoa a descolonização, além de tudo o que cheira a esquerda (ainda ontem vi um pacóvio a torcer-se todo por causa da libertação do Lula e com vergonha de defender o Bolsonaro, que só sabe contar até 9).

Subtileza que de facto o não é; que entra pelos olhos dentro de qualquer pessoa com informação suficiente e tenha por hábito pensar, a diferença abissal entre comunismo (mesmo que soviético, pois há outros) e nazismo; e que chateia ver o PS embarcar em tão más companhias, por desleixo ou estupidez, não interessa. 

Por muito que lhes custe, e, principalmente, por muito que tenha custado ás vítimas, o Gulag não é Auschwitz; há toda uma diferença de escala na maldade e na perversidade, cuja avaliação nunca poderá ser quantitativa. Qualquer pessoa de boa-fé e com dois dedos de testa percebe isso. Quem não percebeu foram as criaturas que votaram a equiparação da pêra rocha com a pirite alentejana. Um mistela intelectual que me lembra uns turistas chineses no restaurante em que costumo almoçar, que misturam azeitonas na mousse de chocolate.

terça-feira, novembro 07, 2017

uma terra sem amos nem apparatchiks

Já não sei quantas vezes aqui escrevi que a melhor vacina que tive para a prevenção do bolchevismo e o comunismo soviético (há outros comunismos) foi a leitura, ainda muito jovem, do Soljenitsin. O Marc Ferro também ajudou, alguns anos depois; e a visão, ainda fresca, da Primavera de Praga -- os tanques do Pacto de Varsóvia contra o povo nas ruas de Praga (o Dubcek é outro dos meus heróis, também já o escrevi, mais de uma vez).
Acontecimento magno da história do século XX, quem o duvida? Revolução mais do que justificada numa autocracia? Igualmente (a execução vil de toda a família imperial não faz esquecer os crimes de Nicolau II e do seu círculo). Que sem ela, as condições de vida dos trabalhadores ocidentais teria sido outra? Parece mais do que evidente. Nunca saberemos que caminho seguiria a Rússia sem a Revolução de Outubro, com Nicolau II ou com Kerensky. Sabemos que Lénin e Trótski tomaram e consolidaram o poder que a Rússia Branca não estava disposta a permitir, tendo, em simultâneo desbaratado os anarquistas de Nestor Makno e outros, nada dispostos a deixarem-se manietar pelos comunistas autoritários, numa velha contenda que vinha do século anterior. E sabemos, também, que a União Soviética, criada em 1922, é uma configuração de Stálin após a eliminação interna dos inimigos, reais ou supostos. É Stálin que torna a Rússia uma superpotência e é com a sua morte, em 1953, que se inicia o declínio. Krushtchev é uma válvula de escape; Brejnev, a sedimentação do estado totalitário e um novo desenvolvimento do imperialismo soviético em taco-a-taco com o americano: Vietname, Iémen do Sul, Angola, Afeganistão, cada um usando(-se) (d)os seus peões. Depois da grotesca parada de senectude ao mais alto nível (Andropov, Tchernenko), Gorbachev foi o homem certo na altura (im)própria. A circunstância de a queda da União Soviética, desmoronando-se de podre, ter ocorrido praticamente sem baixas, é um milagre bem palpável que a Humanidade deve a Gorbachev. Ieltsin (um bebedolas, provavelmente comprado pelos americanos), e Putin, um político frio e superiormente inteligente (muito mais do que gostaria o imperialismo americano -- imperialismo de rapina, como é condição de todos os imperialismos) -- (Ieltisn e Putin) são já protagonistas de outra realidade, que nem por isso deixa de ser herdeira da finada URSS, tal como esta, quando necessário, foi buscar o substrato à alma da Mãe Rússia.       

terça-feira, maio 24, 2016

Os colégios subvencionados, a economia de mercado, os casos de polícia, a juventude do PSD, as agências de comunicação e as estratégias de Passos & Cristas

1. Passos Coelho, com a coerência, rectidão e lisura que o povo lhe reconhece, veio carpir-se pelos professores dos colégios privados que eventualmente fiquem no desemprego. Nem vale a pena referir que, previsivelmente, alguns desses professores serão necessários nas escolas públicas; o que aqui me interessa vincar, mais uma vez, é a vigarice política deste indivíduo, o governante que mais gente mandou para o desemprego, que mais famílias desestruturou desde que há memória. Vergonha na cara, não existe.
2. Economia de mercado. É muito bonita para os outros, mas não serve, quando precisamos de pagar favores.
3. Excelente reportagem no «6.ª às 9», na RTP. Ficámos a saber, em mais um episódio em que o Estado é posto ao serviço dos interesses particulares, que, em várias ocasiões, as escolas públicas foram impedidas de abrir turmas, para as quais tinham disponibilidade, obrigando, de facto, os alunos a inscreverem-se nesses colégios particulares, no outro lado da rua. Há aqui bom trabalho para Ministério Público, PJ, etc.
4. Casos de polícia: isto tresanda a tráfico de influências e corrupção. Também seria bom que alguém denunciasse ao Ministério Público a manipulação (coacção?) que os interessados no actual status quo exercem sobre crianças que vêm para a rua manifestar-se.
5. As agências de comunicação a trabalhar: a JSD, elaborou (boa piada) um cartaz com Mário Nogueira a fazer de Stálin e Tiago Brandão Rodrigues em pose de marioneta. Presumo que boa parte desses meninos pense que o Estaline possa ser um émulo do Darth Vader.. 
6. A ideia que dá é que o PSD, para além de não ter um pensamento, também não tem estrategas, e que tudo está entregue às tais agências de manipulação. Muito me espantaria que a generalidade dos cidadãos veja alguma razoabilidade na subvenção destas escolas, havendo oferta pública. Muitos percebem, mas ao contrário da percepção dessas luminárias que orientam o partido: há alguém a beneficiar ilegitimamente dos favores do Estado, e o PSD aparece a dar-lhes cobertura -- é isso que é apreendido pelos cidadãos. Outra coisa que os portugueses não percebem (ou então percebem-no muito bem) é a propalada ameaça à chamada (e gasta) "liberdade de escolha" -- como se alguém impeça, quem queira e possa, de se inscrever em qualquer colégio, religioso ou laico. É a vigarice posta em marcha pelos interessados.
7. Felizmente, as pessoas não são estúpidas, principalmente quando se trata do seu dinheirinho. Continua, psd, que vais bem. Cristas, apesar das parvoíces que diz, parece ser mais esperta e dramatiza menos.

segunda-feira, julho 28, 2014

28 de Julho de 1914 -- a Grande Guerra começou há cem anos, e assombra-nos.

A pretexto de um assassínio político perpetrado um mês antes, há 100 anos a Áustria-Hungria declarava guerra à Sérvia. Não passou de mero pretexto, porém. A causa da Grande Guerra radica em vários factores, a saber: a disputa imperialista centrada no Velho Continente, através do sistema de alianças, mas com ramificações e palcos extra-europeus, em concorrências territoriais e de supremacia armamentista; e a inconsciência geral, quer do rápido desenvolvimento transnacional do conflito (num ápice a guerra tomou o freio nos dentes), quer dos custos humanos e económicos que iria acarretar -- o que justifica o acolhimento delirante e patético do anúncio do conflito por parte das opiniões públicas.
Conflito, aliás, que não terminaria em 1918, mas em 1945, pois Hitler (e até Stálin) são a um tempo consequência da vertigem ou da deliquescência imperiais e da ganância dos potentados económicos e financeiros.
Hoje, continuamos com um sistema de alianças, em recomposição, o imperialismo é norte-americano, russo, mas agora também chinês, e a cupidez mercantil e argentária está globalizada. Mas ninguém, em seu perfeito juízo, poderá vir para a rua simploriamente saltar e cantar, se... Um  se que nunca será de excluir, por mais absurdo, irracional e indigno, pois nada na animalidade dos homens o garante. Quem tiver dúvidas que olhe para o lado (ou para o espelho, se tiver coragem), e diga se gosta do que vê.



quinta-feira, julho 18, 2013

partidoecologistaportuguês"osverdes"

Essa fraude política aberrante que dá pelo nome de Partido Ecologista "Os Verdes" (!) -- o partido barriga de aluguer, como bem lhe chamou Augusto Santos Silva -- conseguiu a proeza de dar um balão de oxigénio a um Governo mais moribundo que  Mandela. O PC (pois é dele que se trata) que já tinha sido indispensável para colocar Passos & Portas no poder, conseguiu até proporcionar esta tarde um grande discurso a Portas -- a Portas!, cuja credibilidade está pelas ruas da amargura... Que bonito, que bonito que é o PC. O que vale é que os topamos à distância, desde os tempos do camarada Zé Estaline.

terça-feira, janeiro 29, 2013

nazis, estalinistas e direitos dos animais


Tenho visto umas aventesmas (ou abantesmas, para os mais puristas) em transe de indignação com aqueles que defendem os direitos dos animais. Houve até uma luminária que nos chamou directa ou indirectamente nazis, que não sabíamos nada de história, dizia a criatura, e cujo post foi muito convenientemente limpo da blogosfera... O que muita desta gente (não todos é claro) tem em comum é que à sua repulsa pelo cão que terá morto a criança, e para o qual exigem a eliminação -- o que os congregará (não todos, é claro) será a frase do querido líder que tanto os inspirou e para cuja bondade doutrinária nos quiseram converter à força. Dizia o Zé Estaline, por estas ou outras palavras: "a morte de um homem é uma tragédia; a morte de um milhão é estatística"...
Pois fiquem-se lá com a vossa igreja, fiéis ou agnósticos do stalinismo (que também os há, e são crentes maricas), fiquem-se lá com o vosso fervor beato, a vossa mentalidade totalitária,a preto e branco e abissalmente estúpida (como a História o comprovou) e não venham chamar nazis a quem pensa de outra maneira.

quarta-feira, abril 20, 2011

da necessidade de lucidez

Um post da Ana Paula Sena Belo suscitou-me este alinhavo:
Tenho por adquirido que quanto mais instáveis são os tempos, mais necessário se torna fazer uso da razão. A Europa, na década fatídica 1929-1939, deixou-se toldar pela irracionalidade. Mas houve povos (e líderes políticos cheios de defeitos) que se mantiveram razoáveis e lúcidos: os povos do Norte da Europa. E líderes:  de Churchill -- o homem certo na hora certa -- ao rei Haakon VII, da Noruega (ocupada pelos alemães), que ostentava à lapela a estrela de David, solidário com os seus concidadãos judeus. É evidente que também houve líderes do outro lado detentores de grande frieza (Stálin) e frio e competente discernimento (Salazar). Mas para estes não havia cidadãos, mas uma massa que era necessário enquadrar e tutelar.