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segunda-feira, março 04, 2024

ucraniana CCXXIX - porque votarei no PCP

Votarei no domingo, 10 de Março de 2024, no PCP, o único com representação parlamentar que neste momento histórico não me envergonhou. 

Tenho várias razões para votar no PCP, e outras tantas para não votar. Sou um cidadão livre, voto como me apetece. Já votei em vários partidos e também votei em branco. Exerço a minha liberdade, só não deixo de ir às urnas.

A minha decisão está tomada desde que estas eleições foram anunciadas, e prende-se com a guerra na Ucrânia, entre dois imperialismos, e a postura de menorização do país, subserviência e leviandade crassa ignorante de praticamente todas as outras formações concorrentes e dos órgãos de soberania portugueses, que fizeram deste país um mero capacho dos interesses da administração americana, dominada pela rapacidade do complexo militar-industrial dos Estados Unidos. Mais que um capacho, uma excrescência, uma espécie de Hotentócia (o vocábulo é queirosiano...), a quem ninguém liga nenhuma, uma coisa ridícula. 

Um país como Portugal, a caminho dos novecentos anos, com uma forte ligação atlântica aos países que emergiram do seu império e com um património histórico e simbólico ímpar -- uma língua, uma literatura, uma cultura popular --, submete-se à pirataria alheia sem um pingo de vergonha nem brio.

Sou o primeiro a reconhecer os condicionalismos da nossa situação geopolítica de vizinhança com os Estados Unidos (ao contrário de outros, que porventura achariam que a Rússia iria tolerar indefinidamente as investidas e provocações dos patifes da cia e do pentágono), com quem deveremos manter boas relações -- mas de onde está excluída a vassalagem de protectorado que tem caracterizado a política (?) portuguesa, pelo menos desde a destruição da Iugoslávia. 

Se a minha posição não é totalmente coincidente com a do PCP, que acho moderada, só aqui vi uma atitude que chamasse nomes aos bois. Por isso, foram fustigados pelo que disseram e pelo que não disseram, pelo analfabetos e prostitutas da política e do comentariado, que visceralmente me enojam.

Gostaria que o PCP tivesse uma boa votação nestas eleições, mas para mim isso é secundário, pois o país está e estará nas mãos dos mesmos. O que me interessa é mesmo tomar posição, e ela aqui está. 

quarta-feira, junho 21, 2023

não é preciso chamar nazi ao Zelensky, porque ele não precisa (ucranianas CXCIV)

O nazismo foi a perfeita encarnação do Mal na História contemporânea, em maior grau ainda, pela sua selectividade espúria, do que a escravatura praticada em larga escala com destino às plantações das Américas (o ser humano tratado como mercadoria), os genocídios índio e arménio (atavismo territorial primitivo, no fundo à Gengis Khan), para não falar doutro departamento, o terror estalinista, todo um outro departamento. A depravação moral de Hitler e sicários (um sicariato que se estendeu, infelizmente, a milhares de alemães e povos vizinhos), que o fascista Mussolini quase passa por moderado e o chefe Salazar quase por democrata. O nazismo é único no Ocidente contemporâneo e não vale a pena equipará-lo com qualquer outro sistema de poder.

É por isso que me parece contraproducente o PCP enveredar por essa retórica de Putin (de quem aliás o partido tanto se preocupa em dissociar-se). E não é o único: lembremos Pedro Doares, na recente convenção nacional do Bloco de Esquerda, chamando neonazi ao Zelensky. No entanto, foi neste caso uma hiperbolização salutar, pois, mesmo para quem não é nem gosta do BE, como é o meu caso, causava vergonha e embaraço vê-lo alinhado com a nato ou com o Chega.

Dito isto, também não se pode escamotear a presença, o poder e a influência da extrema-direita neofascista e porventura neonazi em todo o processo que conduziu à guerra que decorre entre os Estados Unidos e a Rússia na Ucrânia.

A CIA, aliás, e beneméritas agremiações americanas congéneres às ordens do Pentágono e do complexo militar-industrial norte-americano (não, obviamente, do taralhouco do Joe Biden), gostam muito de recrutar e branquear este género de delinquentes. Veja-se o caso Navalny: independentemente de tresandar a homem-de-mão, foi membro do partido do Jirinóvsky que deus tem. Ou seja: o rebotalho, o lumpen político e social que a implosão da União Soviétiva excretou.

Voltando ao Zelensky: na mais benigna das hipóteses, foi um líder que hipotecou o próprio país ao ser incapaz de estabelecer um status quo com os russos do Donbass. Não é o único culpado? Não será; mas sujeitou-se a servir os interesses de uma potência global interessada em neutralizar a Rússia. Se perder a guerra, como parece irá perdê-la, ninguém lhe perdoará; se a ganhar, admitamos a hipótese académica, o custo será de tal modo elevado, que alguém irá perguntar-lhe se não teria sido preferível ter-se batido por uma solução que teria por base os Acordos de Minsk. É que -- e nisto o PCP tem toda a razão -- a guerra não começou no ano passado, como dizem para aí os intrujões -- cujo mentor é, recorde-se, Boris Johnson (um Nobel da Paz para ele) --, com a invasão da Rússia pela Ucrânia.     

quinta-feira, setembro 01, 2022

do risco da sinceridade

Um dos riscos de escrever o que se pensa, como aconteceu no post abaixo, é poder ser confundido com vendidos, cuja associação me provoca náuseas. O facto de eu ser totalmente crítico do bolchevismo, não significa que não sinta muita estima -- e nalguns casos até amor -- por gente do PCP, nada de confusões. Seria para mim repugnante estar no mesmo comboio que o serafins saudade do bolsar comentarial a propósito da Festa do Avante!, à qual não irei porque tenho o Guincho à minha espera. O cartaz deste ano é notável; quem me dera lá estar.

quinta-feira, abril 07, 2022

queriam a nato, não queriam? então tomem lá (ucranianas LXII)

Tenho sido parcimonioso com Zelensky. Goste-se ou não, ele e a família arriscam a vida, e eu aprecio gente corajosa. Ou seja, mostrou estar à altura da situação, e isso merece-me respeito. Mas isto, que não é pouco, acaba já aqui. Por razões que não sei descortinar, Zelensky é também alguém que faz o trabalho sujo dos Estados Unidos e, como tal, co-responsável político pelo que se passa na Ucrânia. 

Aliás, a cúpula política Ucraniana, é preciso repetir tantas vezes quantas as necessárias, pôs o seu povo em risco e arrastou-o para uma guerra que lhes escapa, como qualquer um, se quiser, pode ver. O papel grosseiro dos americanos é cada vez mais indisfarçável: os convites à Finlândia e à Suécia, países historicamente neutrais para participarem nas reuniões da Nato, e agora à Ucrânia; a fita que estão a fazer com a comissão dos direitos humanos, quando se estão a borrifar para os mesmos (não pertence a Arábia Saudita essa comissão?); e agora (fora tudo o resto) a hilariante birra com o G20: como não conseguem condicionar a China e a Índia dizem que não vão se a Rússia estiver presente. É para rir, apesar de tudo.

O PCP. Então o PCP iria aprovar a ida ao Parlamento de um governante que proíbe o PC da Ucrânia, fora as perseguições étnicas etc., a que a Europa dos "nossos valores" fecha os olhos quando convém? (Um dia destes tenho de fazer o paralelo das atitudes relativamente à Catalunha e à Ucrânia -- nunca tive paciência para vigaristas). O que seria se o PCP aprovasse a ida ao Parlamento de um indivíduo que é instrumento da Nato e além disso preside a um estado que ilegalizou o PC de lá?... Drogam-se, ou só se fazem de estúpidos?  

ucranianas

quarta-feira, março 02, 2022

Ucrânia: elogio do PCP

 Como já aqui escrevi, a posição do PCP é impecável sobre o contexto político da guerra na Ucrânia, independentemente doutras considerações ideológicas, e cujo comunicado inicial se pode ler aqui; e este parágrafo é irrepreensível:

"O PCP salienta que o agravamento da situação é indissociável da perigosa estratégia de tensão e confrontação promovida pelos EUA, a NATO e a UE contra a Rússia, que passa pelo contínuo alargamento da NATO e o reforço do seu dispositivo militar ofensivo junto às fronteiras daquele país, e em que insere a instrumentalização da Ucrânia, desde o golpe de estado de 2014, com o recurso a grupos fascistas, e que levou à imposição de um regime xenófobo e belicista, cuja violenta acção é responsável pelo agravamento de fracturas e divisões naquele país."

Se algum pecado tiver, será por defeito. Embora para o cidadão comum, a leste destas matérias, possa parecer críptico, qualquer observador honesto sabe que este parágrafo é correctíssimo (e, de resto escrito em bom português, e sem usar o aborto ortográfico). O mais, é pura desonestidade intelectual, vigarice, analfabetismo jornalístico funcional.

segunda-feira, junho 15, 2020

Racismo

Padre António Vieira,
por Candido Portinari
Exceptuando o caso dos ciganos (e que excepção...) e os seis nazis que andam para aí a passear a sua  miséria mental e que serão sempre anulados quando o Estado o quiser fazer, não há em Portugal racismo relativamente a outras etnias. Isto pode estragar a conversa a muita gente que quer ganhar notoriedade à custa de uma clivagem artificial, mas essa é a realidade de quem não se deixa embalar por exaltações adolescentes. O chamado racismo estrutural, expressão arranjada para cobrir o logro intelectual, é económico e classista. Tem que ver com a pobreza e não com a cor da pele. Claro que tudo isto tem muito que se lhe diga, mas nem sou a pessoa indicada nem este é o lugar para.
Já agora, a posição do PCP é lapidar: "Sobre a vandalização do monumento ao Padre António Vieira". O resto é folclore, e do péssimo.