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terça-feira, abril 11, 2017

um pensamento para os muçulmanos ultrajados

Impressionou-me ver ontem, após os ataques hediondos às igrejas no Egipto, uma velha muçulmana a gritar 'morte ao Daesh', cheia de raiva e indignação, e com ela muitos outros, Quem não for fanático ou autómato de cérebro lavado por aqueles fascistas, sabe que não há fronteiras nem etnias para o mal e o sofrimento. 
A velha muçulmana, digníssima na reacção ao ultraje que todos os seres humanos sofrem ao ver esta série de matanças, lembrou-me outra reacção extraordinária ocorrida já há algum tempo numa capital escandinava: depois de atentados a judeus: jovens muçulmanos radicados nesse país (já não me recordo qual) fizeram um cordão humano em torno da sinagoga da cidade, assegurando protecção a quem a frequentava.

quinta-feira, julho 25, 2013

a democracia e os seus carrascos

Um artigo de Maria João Tomás, investigadora e directora da Casa Árabe em Lisboa, no último JL, elucida sobre o que foi o breve consulado da Irmandade Muçulmana no Egipto. Além da extrema incompetência governamental, traduzida pela degradação das condições de vida da população, cortes de energia intoleráveis, abandalhamento do espaço público no que respeita às condições de higiene e problemas afins, os irmãos muçulmanos entretiveram-se não apenas a perseguir as egípcias, como as turistas que não trajavam segundo os critérios considerados decentes pelos mentecaptos de serviço -- o que deve ter deixado muito satisfeitos os milhares (milhões?...) que vivem do turismo e respectivas famílias... Isto sem contar com discussões importantíssimas visando tapar as Pirâmides e a Esfinge (para evitar a idolatria) ou  as partes pudibundas da estatuária clássica.
A estupidez, exponenciada pelo fanatismo, não podia deixar de ter o efeito que se viu, numa sociedade tutelada desde sempre pelo poder militar. Milhões (36, ao que parece) exigiram o derrube de Morsi. Como escreve a autora, de forma lapidar, «Rapidamente, o povo que neles havia votado, e que podia ser analfabeto mas não era estúpido, se apercebeu que era necessário acção, e que ser um bom muçulmano não dependia de apoiar as decisões atabalhoadas de Morsi [...] Afinal os analfabetos tinham mais sabedoria que os seus professores.»
Para mim, há uma fina linha em que o sistema demo-liberal não pode pactuar com os seus carrascos. Foi um problema com que a Argélia se deparou, já nos longínquos anos 90, quando a Frente Islâmica de Salvação venceu as primeiras eleições democráticas do país. Aí, nem chegaram a tomar posse, por pronta acção das forças armadas.
É claro que isto acarreta um problema de legitimidade democrática. Mas pode a democracia liberal permitir-se fornecer a corda com que a irão enforcar?...

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Egipto, ou viva o poder popular

O que mais me impressionou nestes dias de levantamento popular no Egipto foi não apenas a determinação demonstrada pelos cairotas e restante população contra o regime de Mubarak, mas a civilidade com que o fizeram:  os episódios do Museu do Cairo e da Biblioteca de Alexandria, o exemplo de unidade para além das confissões religiosas, a ausência de bandeiras americanas queimadas, quando se sabia que os EUA foram sustentáculo do regime, como pragmaticamente tiveram de o ser (Obama esteve muito bem, mais uma vez). As mortes foram causadas pelos esbirros do costume. 
A seguir se verá o que vem; mas venha o que vier, tal  não apagará da memória o notabilíssimo exemplo cívico destas semanas na Praça da Liberdade.
(foto: Marco Longari, AFP)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

A TIME tinha razão, de A a Z

O que está a passar-se no Norte de África, Tunísia e depois Egipto, e a alastrar para o Médio Oriente, revoluções facebook, demonstra que a Time teve razão em substituir o Assange dos leitores pelo Zurckerberg da redacção.