A única desculpa que a Direita tem para este ataque de tosse pelo projectado monumento a Vasco Gonçalves, da autoria do grande Siza Vieira, é a circunstância de tratar-se de um protagonista da história recente (tal como Salazar -- cujo centro interpretativo em Santa Comba Dão, enquadrado por historiadores insuspeitos defendo e defenderei). Uma história com feridas recentes, paixões ainda à flor da pele.
Só que... A figura de Vasco Gonçalves agigantou-se de tal forma no tempo em que lhe coube agir -- os dicionários passaram a registar o termo "gonçalvismo" -- que os meses em que governou, nos idos de 1974-1975, acabam por ser um dos períodos mais significativos dum estado e de uma nação a cumprir 900 anos em 2028.
Ainda hoje passei os olhos -- tão em diagonal que só tenho uma vaga ideia do título -- por um textículo do inefável Camilo Lourenço, a luminária que disse algures que a História não interessava para nada... (um retrato deste país básico, iletrado, primário -- parece que tem milhares de seguidores nas "redes"...), que obviamnte se manifestava e tentava condicionar Carlos Moedas -- como, de resto, é o seu direito num país livre.
Só que... (outra vez), isto ultrapassa totalmente Carlos Moedas, os proponenentes e os opositores do que está em causa. Acreditem que daqui a 200 ou 500 anos, os manuais e os livros de História de Portugal irão falar de Vasco Gonçalves e do gonçalvismo -- período charneira e apaixonante que não é para simplismo e para simplórios -- e ninguém irá saber quem foi por exemplo Mota Pinto. Ou Guterres, Ou Durão Barroso. Ou Sócrates. Ou Passos Coelho -- a não ser os eruditos que estudam o período.
Resumindo: um monumento -- estátua, busto, memorial, o que seja -- a Vasco Gonçalves com o traço de Álvaro Siza Vieira? É como se já lá estivesse, meus caros, agora ou mais adiante.