A questão israelo-palestina foi um problema criado pela má consciência do Ocidente -- desde a primeira perseguição aos judeus, em Inglaterra, no Século XII, quando Ricardo Coração-de-Leão pretendeu sacar dinheiro fácil para financiar a sua Cruzada, até ao Holocausto da Alemanha de Hitler e seus nazis. Pelo meio histórias de horror, com a expulsão em Espanha e depois em Portugal (Século XV -- D. Manuel I a ceder contrariado aos fanáticos Reis Católicos, em troca da mão da filha), passando pela prática dos pogroms, na Rússia, na Ucrânia, na Polónia. A decência da tolerância, nesses séculos passados, só morava nas antigas Províncias Unidas (os Países Baixos) e entre os turcos do Império Otomano. ao compreensível sionismo do Século XIX, a Inglaterra, a maior potência da época, responde com a Declaração Balfour (1917). Como acontecera décadas antes na Conferência de Berlim (1884-85), as potências imperiais traçaram fronteiras sem que a existência dos indígenas lhe passasse pela cabeça. Era o apogeu do Euromundo e da sua "missão civilizadora", como paternalisticamente se designava o domínio colonial.
Israel está hoje numa posição muito mais débil que há um ano, por causa de lideranças de oportunistas políticos -- Netanyahú, também cada vez mais extremista -- e dos fanáticos nacionalistas e religiosos que o sustentam. A legitimidade da sua existência enquanto estado independente está politicamente posta em causa, quando a um massacre nefando reage com a brutalidade bíblica que se sabe. Eu, que tanto admirei o estado de Israel, deixei de ter ânimo para defender o indefensável -- um estado liderado por bandidos, teocratas e dementes perigosos.
Mas os palestinos estão também mais enfraquecidos, sem liderança credível, entre outros fanáticos religiosos e os restos da OLP / Fatah, comprada pelo Ocidente. A Palestina precisava de um Gandhi ou de um Mandela. talvez precise mesmo de um Barghouti, há 22 anos nos cárceres israelitas.
Fui ler a minha primeira reacção, a quente. Confirmo tudo, e ainda mais.