Mostrar mensagens com a etiqueta Religião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Religião. Mostrar todas as mensagens

domingo, novembro 17, 2024

"Vinde a mim, pobrezinhos do mundo..."


Os dias disto e daquilo, sobrepõem-se cada vez mais. Hoje era  dia mundial de pelo menos três coisas diferentes. Apenas vou falar de uma delas, por esta continuar a ser um dos nossos maiores flagelos sociais: a pobreza.

Depois dos tristes anos da "troika" (com o nosso Governo a ir ainda mais longe que essa gente...), o fosso entre ricos e pobres, em vez de diminuir, foi aumentando. Haverá várias explicações para isso acontecer, mas hoje nem me quero focar muito no "capitalismo selvagem" ou nas "más políticas sociais" de um partido, que de socialista só tem o nome, muito menos do seu sucedâneo, que nunca escondeu ao que vem.

Quero falar sim de toda uma indústria que tem florescido em volta dos "pobrezinhos" (sem meter no mesmo saco as associações de voluntários que tentam mesmo ajudar as pessoas...), que gosta de "coitadinhos" e se esforça para roubar a dignidade ao ser humano. 

Indústria que tem a seu lado uma igreja quase moribunda, que também sempre fez a sua "luta" em redor dos "pobrezinhos", e claro, as grandes famílias do poder, que sempre gostaram de distribuir esmolas. Com algumas "esposas do regime" a voltarem a ter a sua "corte de pobrezinhos" a quem dão "pão e agasalhos", e claro, a fazerem o respectivo sorteio, para terem um "pobrezinho" na mesa de Natal...

É por estas pequenas grandes coisas, que se percebe que crescemos muito pouco, como seres humanos. Tenho cada vez mais vergonha de viver numa sociedade que se alimenta e alimenta este "mundo dos coitadinhos", que prefere dar esmolas em vez do pagamento justo pelo trabalho.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, novembro 01, 2024

O Dia da Procissão de Cacilhas (sem procissão...)


Desci até Cacilhas com o objectivo de carregar o passe e acabei por me cruzar com os primeiros preparativos para a habitual procissão anual, que devia sair daí a minutos da Igreja da Localidade Ribeirinha.

A Fanfarra dos Bombeiros desfilava e animava a Rua Cândido dos Reis com a sua música. Já quase no seu final os vários vendedores de castanhas e de farturas, preparavam-se para satisfazer as gentes que daí a nada iriam encher a rua e o largo...

Foi quando caíram os primeiros pingos, sem que o Sol fugisse ou quisesse dar tréguas ao mau tempo. O costume era haver uma pausa do mau tempo, enquanto a procissão passava pelas ruas de Cacilhas.

Mas cada vez percebemos menos o tempo (a tragédia do Sul de Espanha, é um bom exemplo...). E, apesar de todos os preparativos, a procissão não saiu mesmo à rua... 

Até tivemos direito a uns trovões e tudo...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas - ainda com Sol...)


sábado, agosto 17, 2024

Os Homens, os Deuses e as Religiões...


Tinha ido falar com aquele Padre, por razões que passavam ligeiramente ao lado da religião. Era a história que me interessava, saber mais coisas sobre um acontecimento, ao mesmo tempo que aproveitava para conhecer melhor duas ou três pessoas. 

Claro que não me pude afastar do caminho de Deus, até porque se diz que ele está em toda a parte (é nesta parte que quase todos pensamos que anda distraído, basta olharmos para o que acontece em Gaza...).

Foi uma conversa muito útil, e não só em termos históricos. No campo religioso, não estava à espera de tanta abertura e lucidez.

Foi ele que disse que andamos errados há quase dois mil anos, de parte a parte. Tanto de quem diz ter "procuração de Deus" como de quem "frequenta os templos". Eu estava ali, como se não pertencesse a nenhum desses dois mundos. Era um "perdido"... Mas percebi a mensagem.

Quando vinha a caminho de casa (não apanho logo transportes públicos, faço sempre alguns quilómetros a pé, onde tenho espaço e tempo para reflectir sobre as coisas...), vi tudo com mais clareza. 

Não sei se haverá um tempo em que as religiões deixem de funcionar como "capas" ou "toldos" de protecção (estas foram duas das palavras, simples, usadas pelo "homem de Deus"...), que usamos sobretudo para ficarmos mais resguardados e protegidos, e não para nos tornarmos melhores pessoas.

Voltei a sorrir, tal como tinha feito na parte final da nossa conversa, quando ele disse que não há nenhuma religião que nos ensine a fazer o mal ao próximo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, junho 16, 2024

O mundo com "coitadinhos" e com a "gente que só tem direitos"...


Nunca percebi muito bem a quem é que interessa um estado exageradamente assistencialista, como é cada vez mais o nosso. O problema é que à medida que vou procurando respostas, vou descobrindo interesses onde não esperava. Mas a vida é isso...

Sei que quanto mais nos viramos para a direita (a mais clássica, não a liberal...), mais se faz sentir a filosofia de um mundo com "coitadinhos", como se o mundo fosse mais bonito com pobrezinhos e estropiados. Também sei que os socialistas contribuíram para "este estado de coisas", ao evitarem resolver alguns problemas sociais que careciam de alguma urgência, roubando a dignidade a cada vez mais pessoas...

E também se mantém a ligação ao catolicismo mais conservador, que gosta que exista a "esmola", quase como instituição, alimentando a fábula de que os ricos à medida que vão distribuindo umas moeditas aos pobres, "compram" o seu espaço no céu...

Normalmente quem recebe rendimentos mínimos e afins, são as franjas que cresceram (e habitam...) em meios mais pobres, muitos, mesmo jovens, nunca chegaram a terminar o secundário. O mais curioso é a sua filosofia de vida: fazer o mínimo possível e sacar o mais possível ao estado, à igreja ou seja a quem for (fazem da pedincha um modo de vida e são capazes de ir buscas alimentos ao máximo de instituições que puderem, muitas vezes para os venderem, obrigando a que sejam criados sistemas burocráticos, que não permitam estes abusos completamente egoístas). Ou seja, fazem da "esperteza" um modo de vida (só que nós não somos todos estúpidos, como eles pensam...).

E por muito que queiramos proteger ou ajudar esta gente, rapidamente percebemos que não pertencemos a este mundo, onde as pessoas, por serem "pobrezinhas" (às vezes até parece que gostam deste estatuto...), pensam que só têm direitos e nada de deveres...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, abril 09, 2024

Abril lembra-nos que a Liberdade é outra coisa...


Ontem visitei um amigo, que quase que não sai de casa, que é das pessoas mais honestas e autênticas que conheço. Tem um defeito e uma qualidade (depende sempre do ponto de vista...), que é ser comunista.

Mas antes de ser comunista, é um Amigo, e dos melhores...

Apesar da sua "ortodoxia" (é daqueles que será Comunista até ao fim dos seus dias), nunca achou piada às "cassetes" e ao quase "coro das velhas", ditados pelo Partido, como se todos fossem obrigados a dizer e a pensar as mesmas coisas.

Uma das melhores provas de amizade que me deu foi a minha defesa que fez numa reunião partidária (nunca falámos sobre isso, foi uma terceira pessoa que me contou o que aconteceu...), quando numa homenagem pública a um grande almadense (o professor Alberto de Araújo), as pessoas que estavam na mesa, quiseram trasnformá-la um comício político do PCP. E no final, levantaram-se todas e ergueram o punho fechado e começaram a gritar: "PCP, PCP, PCP" (a excepção fui eu e uma jovem jornalista que estava a meu lado, ficámos ambos sentados, em silêncio, a olhar um para o outro...).

Nem se pode falar de um acto de coragem (embora nunca fosse uma "maria vai com as outras"). Fui de tal forma surpreendido por aquela reacção colectiva, que me senti a mais naquele filme... e fiquei sentado. E ainda bem que o fiz (algumas pessoas podem ter começado a olhar-me de lado na rua, mas sai dali sem qualquer problema de consciência).

Como devem calcular, houve até quem quase me chamasse "fascista" nessa reunião. Foi por me conhecer bem, que este Amigo fez a minha defesa. O seu argumento mais contundente foi: "Se ele não pertence ao Partido, por que razão é que se deveria ter levantado?" E conseguiu silenciar alguns dos meus "inimigos de estimação"...

Mas onde eu queria chegar, é ao ponto que mais me afasta do PCP. Curiosamente, é o mesmo que me afasta da Igreja Católica: o seu tom de superioridade em relação ao resto da sociedade, agirem como se eles fosse os "bons" e os outros fossem "os maus" (em quase tudo...). 

Quem ama a Liberdade e conhece o Mundo, sabe que isso não existe, sabe que há gente boa e má por todo o lado, e ainda bem.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, março 26, 2024

O bem e o mal (dentro e fora dos filmes), com e sem triunfos...


Se a vida cada vez é mais estranha, não se deve esperar que os filmes ou as peças de teatro, sejam muito diferentes. Mas nem é sobre isso que vou escrever.

Estou a deitar jornais fora e fixo a frase do realizador Victor Erice: «Reivindico o cinema da minha infância, que acabava com o triunfo do bem e do castigo do mal.» 

Fico a pensar na realidade e sinto que nunca foi bem assim. O mundo foi quase sempre dominado pelo "mal", mesmo que este se gostasse de disfarçar de "bom rapaz", durante séculos.

Quando leio a separação das coisas, entre o bem e o mal, a primeira coisa em que penso é nas religiões. Não consigo fugir dos homens das "igrejas", que faziam exactamente o contrário do que pregavam, sem se darem ao trabalho de dizerem para "olharmos" para o que eles diziam e não para o que faziam... 

Mesmo sem entrar nas suas práticas mais pecaminosas e reprováveis, ficando-me apenas pela sua postura em relação aos poderes (especialmente o político), que abraçavam com deleite, por defenderem ambos a sua opulência, a ignorância do povo e a existência de um "mundo com milagres", fico sempre de "pé atrás". 

Desconfio sempre de coisas que falam do triunfo do bem e do castigo do mal, especialmente das da minha infância...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, novembro 03, 2023

Os interesses económicos e políticos e a falta de respeito pelas questões culturais e religiosas...


A única explicação que encontro para  a existência de posições tão contraditórias - dos políticos dos principais países da Europa e do  Mundo -, são os habituais interesses económicos e políticos, que costumam passar por cima de tudo, inclusive da história, da religião e da cultura das nações.

Só assim é que se compreende que países democráticos sejam capazes de fingir que algumas ditaduras são democracias e que os direitos humanos não são iguais para todos, nos cinco continentes.

Claro que a discriminação das minorias do Oriente está, e sempre esteve bem presente no Ocidente, independentemente das alianças que se foram fazendo ao longo dos tempos. 

Isso acontece porque, de parte a parte, nunca se respeitaram as tradições, os costumes, os credos e até a própria história das nações e dos seus povos. Nunca se criaram condições para que fosse possível viver em comum, respeitando as diferenças, tanto no Ocidente como no Oriente.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, setembro 05, 2023

A gargalhada rara do "rei dos azares"...


Não lhe sei explicar o porquê, nem tenho vontade. Acho que ninguém sabe.

Mas ele insiste em ser o "rei dos azares". Tudo de mal que está a acontecer no mundo (em dimensões reduzidas, claro), espera-o à porta.

Quanto menos dinheiro tem, mais complicações lhe aparecem na vida. Entre outras coisas, diz que quando o carro "morrer" não volta a ter outro. Em relação à casa e aos problemas domésticos que todos enfrentamos, já o ouvi um dia falar da "sorte" dos sem abrigo, que não pagam renda, água, luz, muito menos arranjos aos "vigaristas" dos canalizadores ou electricistas.

Não lhe disse, por saber que não ia mudar nada. Mas sei que se ele tivesse uma perspectiva mais optimista em relação à vida,  alguns problemas eram capazes de se deixar de colar à sua pele.

O único conselho que lhe dei, foi que devia mudar-se para uma aldeia, daquelas que ainda têm um prior, capaz de curar todos os males do mundo. De certeza que ele benzia-o, assim como ao carro e à casa. O único senão era ter de rezar algumas centenas de vezes a "Avé-maria" e o "Padre-nosso". 

Estranhamente soltou uma gargalhada das grandes, coisa rara nele. E depois mandou-me ir "encher de pulgas".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 04, 2023

Os "seres cantantes" e os "velhos de cacilhas"...


Passam por nós seres cantantes, um ou outro embrulhado em bandeiras que identificam as suas origens, que alegra estes dias quentes, repletos de santidade.

Não me embalo nem me incomodo com estas cantorias e alegria alheia.

A "velha do restelo" que me acompanha diz, «que pena na segunda-feira voltar a ser tudo como era...» 

Há mais ironia que vontade de parar este tempo que, entre outras coisas, deu férias aos ministros e secretários de estado que adoram enfiar os pés nos buracos das estradas...

Eu sei que ela tem razão mas mantenho-me em silêncio, a olhar esta multidão quase jovem, que junta a calma e a alegria ao ruído, sem fazer tremer as calçadas.

Antes de subirmos à cidade, assistimos ao embarque  lento de uma multidão de gente de todas as cores e raças no cacilheiro.

Penso que agora sim, imitamos os "velhos do restelo", mesmo que sejamos apenas "velhos de Cacilhas", cativos no cais, à espera dos dias normais de Agosto nas cidades. 

Ao contrário das calçadas, o cacilheiro, sim, deve abanar com tanta gente e tanta canção por metro quadrado...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, agosto 01, 2023

Cristão, sim, Católico, não...


Hoje cruzei-me com dezenas de peregrinos pelas ruas de Almada. Não foi muito difícil de perceber que não pertenço aquele mundo.

Enquanto regressava a casa fui visualizando a minha caminhada lenta de afastamento da religião católica, desde a adolescência. Senti desde cedo que não fazia qualquer sentido pertencer a uma religião que por muito que falasse dos "pobrezinhos", preferia a companhia dos ricos e poderosos.

Mas não deixa de ser curioso, que o episódio que ditou o meu "divórcio", tenha tido a intervenção directa de um padre... 

Mais por tradição (e alguma pressão dos avós...) que por outra coisa, os meus dois filhos foram baptizados. Na preparação do baptismo do meu filho mais velho, o padre fez uma coisa ligeiramente rasteira, disse que só baptizava o meu filho se eu e a minha esposa casássemos pela Igreja. Eu não me fiquei e respondi-lhe à letra, dizendo que era eu e a minha esposa que decidíamos se devíamos ou não casar pela igreja, não era ele. E acrescentei que se não quisesse baptizar o meu filho, havia mais igrejas e mais padres no Concelho.  

Esta conversa foi "remédio santo". O padre não voltou a falar em "casamento" e o baptizado realizou-se sem qualquer incidente na Igreja de Cacilhas. Mas eu percebi, de uma forma que considero definitiva, que não tinha nada a ver com aquele credo.

Poderá parecer estranho, mas continuo a sentir-me Cristão. Continuo a olhar para Jesus Cristo como o maior exemplo de humanismo no nosso Planeta. Ao contrário da Religião Católica, Ele, na sua curta passagem terrestre, esteve sempre ao lado dos mais pobres, dos mais fracos e desprotegidos...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, julho 11, 2023

A "sintomatologia" continua presente em quase todos os poderes...


Depois de acabar de ler "Levantado do Chão" de José Saramago, tinha pensado escrever algumas linhas sobre o livro, por aqui. Até que hoje decidi deixar por aqui a minha opinião.

Mesmo que não seja o grande livro de Saramago, é uma obra bastante significativa, pois foi ela que lhe deu  a "consistência",  a "vontade" e o "balanço", decisivos no seu invejável percurso literário, até ao Nobel.

Sei que li o "Levantado do Chão" tarde demais (quase 43 anos depois da sua primeira edição...), e por isso detectei vários defeitos, que antes poderiam ter escapado, como a doutrina comunista, exagerada, embora tudo aquilo tenha acontecido mesmo no Alentejo. Hoje volta a falar-se demasiado em "escravidão", e eu não consigo olhar de outra forma, para o tratamento que era dado aos trabalhadores dos campos alentejanos (e de todos os campos do país)...

Mas o que não deixa de ser curioso, é toda a "sintomatologia" do regime de então, continuar presente (especialmente em governos maioritários, está a acontecer a Costa o que aconteceu com Cavaco e Sócrates...).

Transcrevo apenas um parágrafo do livro: «A grande e decisiva arma é a ignorância. É bom, dizia Sigisberto no seu jantar de aniversário, que eles nada saibam, nem ler nem escrever, nem contar nem pensar, que considerem e aceitem que o mundo não pode ser mudado, que este mundo é o único possível, tal como está, que só depois de morrer haverá paraíso, o padre Agamedes que explique isto melhor.»

Faz-me confusão, que os políticos (de ontem e de hoje) gostem tanto de governar para parvos e ignorantes, mas não devia. É tudo mais fácil... Já o papel da igreja, é o que sempre foi. Pobrezinhos destes padres e bispos, devem ter tantas saudades do "tempos dos milagres"...

(Fotografia de Luís Eme - Alentejo)


quarta-feira, abril 26, 2023

Os Católicos e os Outros...


Neste momento está a ser transmitida na SIC, no "Essencial",  uma reportagem sobre a Igreja Católica e os abusos sexuais.

Nada do que estou a ver altera a minha visão sobre esta religião, cuja sobranceria sempre me fez confusão. Não consigo entender porque razão a maior parte dos católicos acha que está mais perto do Céu e de Deus, que o cidadão comum.

Até porque isto não acontece graças à sua prática diária (muitos não passam de uns "filhos da mãe", para não lhes chamar outra coisa...), mas sim à oração e ao pedido de perdão a Deus. E é isso que me incomoda mais nesta gente, que parecem fazer questão de cometer erros para depois serem perdoadas. Não consigo entender esta lógica de errar, pedir perdão, rezar, rezar, até se sentirem a flutuar no "céu". E depois têm o dia ganho.

Não falo de cor, tive uma educação católica, com catequese e missa aos domingos. Quando me consegui "libertar deste fardo" (deveria ter uns 12, 13 anos...), só voltei a presenciar missas em dias de festa (casamentos e baptizados). E é por isso que sinto que a maior parte dos membros do Clero, está mais próxima de Judas ou de Barrabás, que de Jesus Cristo...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, abril 09, 2023

Aquilo que Faz parte do Conjunto da "Missa dos Domingos"...


Não precisei de ver fotografias de infância para me recordar de como a mãe gostava de nos vestir na infância, com roupas iguais (tanto no Verão como no Inverno...), como se eu e o meu irmão fossemos gémeos, apesar da diferença de dois anos e alguns meses.

Não devem existir retratos de casamento em que não estejamos completamente "maninhos"...

Lembrei-me disto com um sorriso. Deve ter sido logo no começo da adolescência que conseguimos acabar com este hábito, de uma forma pacífica. O 25 de Abril também deve ter dado algum contributo (eu tinha onze anos e o meu irmão treze...), e ainda bem.

Às vezes penso que há quase cinquenta anos que não tenho "fato de domingo". Embora isso seja terrivelmente libertador, também me faz pensar que esta coisa de tornarmos os dias todos quase iguais, faz com que muitas vezes sinta que não aproveito os domingos da melhor maneira.

Claro que me causa no mínimo "enfado", ver as pessoas das múltiplas religiões, todas bonitinhas no sétimo dia da semana, preparadas para essa coisa boa nas suas vidas, que chamamos a "missa dos domingos"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, abril 07, 2023

Semana Santa com Sol e Sombra


Tenho a sensação de que a chamada "Semana Santa" é cada vez mais aproveitada pelo turismo e menos pela religião.

Mesmo o chamado "turismo religioso" não tem qualquer hipótese de competir com o "turismo de praia", com estas temperaturas próximas dos trinta graus.

E não há mais gente a aproveitar esta "escapadinha", porque há muitas famílias que não podem mesmo ir para fora e aproveitar o Sol e a beleza das praias e dos campos.

A sombra não paira apenas na Igreja, paira também nas famílias portuguesas, cada vez com mais dificuldades em sobreviver a esta inflacção, que é um "doce" para o capital... 

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sexta-feira, março 24, 2023

Dois "Pedregulhos" no Charco...


Não deixa de ser curioso, que as duas instituições mais conservadoras e menos democráticas da sociedade portuguesa estejam, de alguma forma, a ser colocadas em causa pela forma como funcionam e como interpretam os acontecimentos.

Falo da Igreja Católica e das Forças Armadas (em particular a Armada, que até tem fama de ser o seu ramo "mais democrático"...) e da reacção aos casos de abusos sexuais e à recusa de 13 marinheiros em embarcaram num navio longe de estar operacional.

O advogado Garcia Pereira, na entrevista que deu hoje ao "DN", foi bastante pertinente na forma como abordou este último caso, assim como o funcionamento da justiça, em geral, no nosso país.

Embora saiba que é necessária a disciplina nas Forças Armadas, as coisas têm mesmo de mudar. De uma forma simplista, a mentira de um oficial continua a valer mais que a verdade de um sargento ou de uma praça. E isso não pode continuar, num Estado de direito.

E quando se fala em obediência, apesar do nosso hino nos convidar a "contra os canhões marchar", não se pode, nem deve, entender esta frase de uma forma literal. Não se pode obedecer "cegamente" a uma ordem. Se um comandante mandar que nos atiremos para um poço, profundo sem água, é evidente que temos todo o direito de a recusar, mesmo que depois possamos ser acusados de insubordinação...

É por isso que espero que estes "dois pedregulhos" atirados ao charco, ajudem estas duas instituições a aproximarem-se da sociedade e a funcionarem de uma forma mais democrática e respeitadora dos direitos humanos.

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


terça-feira, março 07, 2023

A Igreja do Cardeal Clemente não é a mesma do Papa Francisco


Depois de ouvir o que o Cardeal e alguns bispos portugueses disseram, quase a quererem "branquear" os abusos sexuais perpetuados pelos seus pares, fiquei com a sensação de que a nossa Igreja Católica não é a Igreja do Papa Francisco.

E vou ainda mais longe. Se fosse católico praticante, depois das declarações que ouvi, não voltaria a assistir a uma missa ou a outro evento religioso deste credo.

Felizmente, Daniel Sampaio, que fazia parte da Comissão Independente, e sabe bem o que constava no relatório apresentado à Igreja, não teve qualquer problema em chamar "mentiroso" a Dom Manuel Clemente.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, fevereiro 19, 2023

A Perda de Poder e de Influência da Religião Católica na nossa Sociedade


Não tenho grandes dúvidas de que a escolha de uma Comissão Independente para investigar os casos de abusos sexuais perpetuados por elementos do igreja durante séculos, perante os seus seguidores, só foi possível, porque nos últimos anos tem sido notória a perda de poder e de influência da religião católica na nossa sociedade.

Apesar desta perda de poder e de influência, continuamos a ser mais condescendentes do que devíamos para com o catolicismo. Provavelmente isso acontece por uma boa maior parte de nós ter sido ser baptizada e educada segundo as tradições católicas... 

O mais curioso é esta condescendência se estender aos próprios governos, que ao longo dos anos têm contrariado a própria constituição, que não só nos define como um Estado laico como defende a igualdade religiosa.

Com tudo o que aconteceu nos últimos dois meses, é normal que surjam mudanças significativas nos próximos anos. Embora alguns dos seus elementos mais influentes ainda não tenham percebido que as coisas mudaram... É a única explicação que encontro para que o bispo que encomendou um altar de milhões, tenha depois vindo a dizer que o  dito Altar também o tinha "magoado"... Um exemplo pior foi o dado por outro bispo (com muito pouca coisa de lindo...), que depois de tentar menorizar e desvalorizar a investigação aos abusos pela igreja, vem agora dizer que "sofre e chora" pelas vítimas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, janeiro 30, 2023

Deus é Grande, muito Maior que o Palco do Oriente...


Basta pensar na mitologia cristã, para se concluir que se "Deus está em toda a parte", é muito maior que todos os palcos do Mundo, inclusive o que ainda está só no projecto, lá para os confins do Oriente de Lisboa.

Provavelmente, foi a pensar em toda essa "grandiosidade", que a igreja viu com bons olhos a construção de um palco gigantesco, algo com a dimensão do seu mais que tudo. 

O alto clero nem sequer parou para pensar, que a sociedade mudou muito, para melhor e para pior. Não é por acaso que nas últimas décadas deixaram de acontecer milagres...

Nem mesmo o bispo que diz (com uma grande lata, diga-se de passagem...), que o preço do palco "magoa", se lembrou que uma boa parte dos portugueses vivem com dificuldades, graças à inflação que se sente em todo o lado. Voltaram a ter de contar todas as moedas, grandes e pequenas, para conseguirem pagar os encargos mensais...

Curioso é ouvir o presidente do Município de Lisboa a utilizar como exemplo o "retorno" de muitos milhões das últimas Jornadas da Juventude, realizadas em Madrid, para justificar os gastos nesta iniciativa. 

Quem não têm a memória curta, sabe que as organizações da Expo98 e do Euro2004, também iriam ter um retorno de milhões....

Só que a realidade é tramada... E quase vinte anos depois, algumas autarquias ainda estão a pagar o preço de terem participado nessa "feira de vaidades", que foi o Campeonato Europeu de Futebol, com a construção de estádios que nunca foram o que deviam ser...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, novembro 13, 2022

O Começo da Manhã de Domingo nas Ruas da Cidade...


Hoje tive de fazer de "taxista" às nove da manhã e descobri uma cidade quase desconhecida...

Gostei de me movimentar nas ruas, praticamente sem carros em circulação, porque além de conduzir, podia olhar à minha volta, sem as preocupações habituais de trânsito.

Foi por isso que reparei que as poucas pessoas com quem me cruzava nos passeios, passeavam os seus cães, para a primeira "libertação" do dia... Também consegui ver um ou outro homem a acender o cigarro, talvez o primeiro ou segundo da manhã (abençoados, que não se rendem a este mundo falsamente "saudável"....).

Outro aspecto curioso, foi ter ficado à espera na estrada (os portugueses gostam de fazer esperar os outros, parando os seus carros no meio das vias...), para que uma família completa, daquelas que ainda têm "roupa de domingo", entrasse na viatura e fossem à sua vida. Deduzi que deviam ir visitar  algum templo religioso.

Fiquei a pensar que esta é uma das poucas virtudes que descubro nas religiões. Faz com que os seus membros ainda tenham o bom hábito de se "apinocarem" para a missa de domingo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

 

quinta-feira, novembro 03, 2022

O "Deus" da Trilogia (ou a traição de séculos a Jesus Cristo)


Não pretendo ser muito exaustivo, mas como disse várias coisas pertinentes (e até discutíveis...) na entrevista com a Teresa, vou continuar de viagem pelo nosso passado recente, para compreender melhor o nosso presente demasiado oscilante.

Acabámos por "desmontar", a trilogia, que continua a ter tanto peso na extrema-direita (basta olhar para este Brasil, tão dividido, onde os apoiantes de Bolsonaro exaltam quase sempre, "Deus, Pátria e Família",  passa-se o mesmo com o líder do Chega...), apostando na ignorância e no misticismo, com as meias-mentiras  do costume.

A primeira coisa que me fez afastar da Igreja Católica foi a "traição" aos princípios humanistas de Jesus Cristo. Ele esteve sempre ao lado dos pobres e desfavorecidos, ao contrário dos papas, bispos e padres deste mundo, que sempre usaram e abusaram do seu poder (os crimes sexuais são apenas uma de muitas manchas que ficam de séculos de exploração e de abusos...).  

Claro que esta "traição" nunca foi foi inocente. Desde cedo perceberam que só poderiam manter o seu "poder divino" e os seus privilégios sociais, se estivessem ao lado dos poderosos. E foi o que fizeram (e fazem...) no mundo inteiro.

Não foi por acaso que a Igreja Católica esteve sempre ao lado de Salazar. E mesmo depois do 25 de Abril, ao perceberem que a democracia só lhes iria retirar poder e desvalorizar o seu papel social, participaram activamente na "contra-revolução", a Norte do Tejo. Até chegaram a aconselhar o voto aos seus fiéis, nas homilias dominicais...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)