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terça-feira, janeiro 08, 2019

Uma Coisa em que Somos Bons...


Apesar de existir por aí muito boa gente que gosta de nos retratar, em alguns esboços "fadisteiros", vestidos de cores escuras, e misturados com a tristeza e melancolia, penso que estão ligeiramente enganados.

Provavelmente já fizemos parte desse "retrato", mas isso aconteceu num tempo especial, em que quase todos os dias nos roubavam coisas e não tínhamos grandes motivos para sorrir (sim, falo do período de 1926 a 1974...). Estávamos "viúvos" da liberdade...

Hoje, não somos exactamente aquele povo que foi retratado por um político holandês (do Sol, das mulheres fáceis e das bebidas fortes...). Sim, ele não pode, nem deve, confundir os seus amigos governantes e empresários, com o povo português. 

Mas continuamos a ter uma característica muito nossa: somos capazes de nos rir de nós próprios. Explico isto com dois bons exemplos: a criação pelo grande Rafael Bordalo Pinheiro do já centenário Zé Povinho, que ainda "anda aí para as curvas", e a popularidade do teatro de revista, durante a ditadura.

As palavras são tramadas, queria colocar por aqui, uma simples transcrição, que também fala de nós como povo, da tal capacidade de nos rirmos de nós próprios e de invenção, ao mesmo tempo que mostra que olhamos com  bonomia (se calhar demasiada...), para os políticos,  hábeis na oratória e na manipulação de dados, como é o caso do nosso actual primeiro-ministro.

Mas vamos lá à anedota que recebi por e-mail:

"O Custo de Vida"

- Tem a palavra o Senhor Deputado do BE.
- Senhor Primeiro-ministro, isto está de tal maneira, que até as raparigas licenciadas, têm de se prostituir para sobreviver.
O Senhor Primeiro-ministro com o seu sorriso, responde:
- Lá está o Senhor Deputado a inverter tudo, o que se passa é que o nosso sistema de ensino está tão bom, que até as prostitutas hoje são licenciadas...

Eu sei que devíamos ser mais exigentes com esta "gente", mas não é das coisas piores, esta criatividade e capacidade de nos rirmos de nós próprios.

(Fotografia de Luís Eme - uma parede alegre do Barreiro)


sexta-feira, junho 03, 2016

A Piscina do Isaque e dos Amigos

Hoje quando passava no Jardim do Almada, reparei em vários jovens que aproveitavam para se refrescar no tanque com repuxo, que fica junto aos paineis de azulejo de Manuel Cargaleiro.

A miudagem estava muito divertida, foi quando pedi ao Isaque (um míudo de cor que andou na primária com a minha filhota) se lhe podia tirar uma fotografia.

Ele acenou-me que sim, com o seu sorriso traquina, divertido a dar banho a um dos amigos...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Esquecido do Carnaval


Se não visse uns miúdos vestidos como se fossem para um baile de máscaras nas suas escolas, nem me lembrava que estamos no carnaval.

Contei isto ao café, assumindo que estava a ficar velho. Do outro lado disseram que eram apenas sinais de maturidade, de quem já não tem muita vontade de viver a fingir nem de se meter em "carnavais".

Também disse que não tinha achado piada ver um miúdo fardado de polícia. Embora soubesse que isso aconteceu porque olhamos sempre para o outro pelo nosso prisma do "mundo". E como eu me vestiria mais facilmente de ladrão que de "chui"... 

Mas há sempre a possibilidade do pai ou o avô serem polícias e de ele sentir um orgulho enorme em se vestir desta maneira...

(Óleo de Pablo Picasso)

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Uma Memória Deliciosa


Hoje lembrei-me de ti, ao ver um casal de pequenotes a caminhar na rua, ele a fingir dar-lhe pouca confiança e ela a não parar de o perseguir e de se meter com ele.

Sorri para dentro de mim, ao lembrar-me que também não queria que me desses a mão quando andávamos os dois na rua. Só o podíamos fazer no quintal do nosso prédio. Como se ter uma namorada em tão tenra idade fosse tudo menos um motivo de orgulho...

Foi quando pensei que nós homens e mulheres, andamos por cá há já tantos anos (uns bons milhares...) e ainda não aprendemos a lidar com as nossas diferenças, e a amar com naturalidade...

(Óleo de Dima Dimitriev)

terça-feira, novembro 11, 2014

Até a Chuva Pode ser Uma Diversão


Quando ainda habitamos no mundo das crianças, a vida é quase sempre uma diversão.

Até mesmo os dias chuvosos podem ser motivo para uma série de disparates, que nos obrigam a repreender os nossos filhos, mesmo que nos venha a memória o mesmo género de parvoeiras praticados na meninice.

Digo isto porque no regresso a casa, a minha filhota conseguiu meter as botas em mais de meia dúzia de poças de água. E de certeza que não foi apenas distracção...

O fascínio pela água é uma coisa terrível, até mesmo para nós, "crianças grandes", neste dias chuvosos que fingimos odiar...

A fotografia é de Bill Perlmutter.

domingo, novembro 02, 2014

Expressões Quase Tristes


O mundo está cheio de crianças que são obrigadas a crescer rápido demais, sem tempo e espaço para brincar ou receberem os mimos que deviam ter direito (e que as ajudam a ser mais amoráveis pela vida fora...).

Nós que colocamos os nossos filhos quase numa redoma, fingimos desconhecer as histórias de crianças que desde cedo têm de tomar conta dos irmãos (como faziam os nossos, pais e  avós, quando as famílias eram grandes...). De vez enquanto - talvez mais... - aparece num jornal (quase sempre no mesmo) a notícia de um acidente, em que os filhos estavam sozinhos em casa, ao cuidado da irmã ou irmão mais velho. Muitas vezes acabam por ser acidentes fatais, que vão marcar ainda mais as crianças, que estavam a fazer de pai e de mãe...

Depois esta gente cresce e noto que nunca perde as marcas que ficam no rosto (as da alma são menos visíveis...).  Há um peso, uma ausência de expressões e rugas ligadas ao sorriso, que faz que continuem pela vida fora, "velhas" antes de tempo...

São expressões quase tristes, de quem nunca teve grandes motivos para sorrir...

O desenho é de Florian Nicolle.

domingo, agosto 31, 2014

Amanhã já Não há Brinquedos...


O Museu do Brinquedo de Sintra abre hoje pela última vez ao público, depois do Município local deixar de subsidiar esta instituição.

Só espero que os proprietários deste espólio, com mais de 60 mil peças, chegue a acordo com a Câmara Municipal de Lisboa - ou com outra instituição Lisboeta -, para a sua instalação na Capital (num curto espaço de tempo) seja uma realidade, onde terá, sem qualquer dúvida, mais visibilidade e visitantes que em Sintra.

terça-feira, junho 10, 2014

«Portugal é um bocado transexual.»


O Carlos disse-me que Portugal lhe parece ser mais mulher que homem, apesar do seu género masculino.

Eu disse-lhe que não. Se Portugal tivesse características femininas, estávamos muito melhor.

Foi então que ele se saiu com uma das dele, entre sorrisos: «Está bem, então Portugal é  pelo menos um bocado transexual.»

O óleo é de George Kotsonis.

sábado, março 22, 2014

As Árvores e a Poesia


Ontem não escrevi nada por aqui sobre as árvores e sobre a poesia, de propósito.

Não me apeteceu deixar um poema, muito menos meter-me com a natureza, com as plantas, tão maltratadas por muitos de nós, apesar de serem essenciais à vida...

Tinha pensado em escrever sobre a minha relação com elas, por terem entrado em tempos diferentes na minha vida, por razões absolutamente naturais. 

Por ser descendente de agricultores, desde muito cedo me habituei a conviver com a natureza. Excluindo os quinze dias passados na praia, eu e o meu irmão passávamos os mais de dois meses das férias grandes em Salir de Matos, na casa dos meus avós.

À distância de mais de quarenta anos, sinto que o tempo não era barreira para nada, ou seja, tínhamos tempo para tudo...

Além das mil e uma brincadeiras com amigos, visitávamos as fazendas do avó (a Ambrósia, o Arneiro, a Várzea, o Vale da Moira...), onde eu e o meu irmão éramos mais "pisadores" que ajudantes...

O avô era um mestre das coisas da natureza, estava sempre pronto a ensinar-nos e a explicar-nos o ciclo da vida das plantas. E também gostava de nos contar histórias (uma boa parte eram lendas populares que vinham de gerações). Ainda o consigo ver, ele sentado na cadeira da cozinha e nós sentados nas escadas de pedra que davam para a "casa de fora", muito atentos e em silêncio.

Da poesia não encontro um rasto... Camões deve ter sido o primeiro poeta que me foi oferecido, já na escola primária (o Bocage era espalhado de boca em boca, nas anedotas em que era sempre mais esperto que os espanhóis, franceses ou ingleses, mas nesses tempos não fazia ideia que fosse poeta...).

Na secundária conheci mais poetas. Gostava sobretudo da Sophia...

Pessoa descubro-o já no fim da adolescência. Era impossível não ficar deslumbrado com tanto talento "circense". Sim, ele era palhaço, domava leões, fazia malabarismo e também muito ilusionismo. E fazia tudo bem...

Os seja, a natureza foi-me imposta pelas raízes familiares. A poesia não, foi (e continua a ser) descoberta por mim.

Nesta imagem apareço eu e o meu irmão, disfarçados de agricultores, nos finais dos anos 1960, na Ambrósia...

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Temos Medo de Quê?


Não sei se o "mundo virtual" terá alguma coisa que ver com a perda de autenticidade, e até de identidade, de todos nós. Parece que nos tornámos (ou nos estão a querer tornar...) "máquinas de repetição".

Não basta pensar na mudança dos tempos, que segundo a quase velha cantilena, que atrás destes tempos, outros tempos hão-de vir...

Fico com a sensação de que nos estamos a transformar nuns medrosos e cobardes.

Temos medo de quê?

A ilustração é de Loui Jover.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

O Meu Machismo e Preconceito Revelam-se em Pequenos Nadas


Embora não seja um praticante assíduo do "machismo" e do "preconceito" (até por uma questão de educação, os meus pais nunca foram preconceituosos...), de vez em quando lá reparo em algumas distracções estranhas...

Um exemplo? Quando vejo uma mulher a fumar, esforço-me quase sempre por ver a sua falta de estilo a "cigarrar"...

O óleo é de David Hosie.

quarta-feira, janeiro 02, 2013

A Minha Memória


Apesar de ser o dono deste "largo", sei que a minha memória não é das melhores.

Tenho sim essa coisa boa de conseguir passar para o papel muitas coisas que vivi e outras que ouvi dizer que vivi..

Descubro isso quando me contam alguns episódios da meninice, que estavam completamente esquecidos.

Alguns parecem mais absurdos que outros, como a história que me contaram de uma das muitas perseguições que sofremos, de donos de pomares ou vinhas, quando nos deliciávamos com a sua fruta, sem lhes pedirmos autorização.

Durante uma dessas fugas houve alguém que afirmou que ficou escondido dentro da roupa do espantalho que se metia com as aves, enquanto nós corríamos perseguidos por um homem furioso de forquilha em riste, com vontade de nos furar o que quer que fosse.

Embora achasse estranho, não lhe disse que não. Limitei-me a sorrir, até por saber que não tenho nenhum elefante na memória.

O óleo é de Sergei Aparin.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

A Laranja Mecânica


Na China inventa-se quase tudo.

Deve ter sido por isso que não estranhei a laranja que se deslocava, graças a uns pés metálicos.

Lembrei-me que aquele brinquedo tanto faria sorrir Anthony Burguess como Stanley Kubrick. O primeiro escreveu o romance, em 1962, o segundo realizou o filme dez anos depois.

Nem fazia ideia que "A Laranja Mecânica" (livro...) tinha a minha idade.

Se não fosse a laranja que andava, não fazia estas associações, nem escrevia esta "posta"...

O óleo é de Emanuel Javelid.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Sedução Feminina ao Café


Estava a beber café com o Gui numa das esplanadas do bairro dele, quando passaram três miúdas - com idade para serem nossas filhas -, que não só nos piscaram o olho como ainda comentaram alho do género, de que não éramos nada de deitar fora, entre aqueles risinhos típicos de adolescentes.

Sem se aperceberem, deram-nos logo um bom motivo para "filosofarmos". Concordámos  de imediato que as mulheres têm mais inteligência no corpo que nós, percebem muito mais cedo o "abc" dos jogos de sedução e do próprio sexo.

O Gui disse o óbvio, que crescem mais cedo, com catorze anos já se acham mulheres e nós com a mesma idade, não passamos de putos. 

Depois deslizámos para a sociedade, para a forma como são educadas, até pelo nosso olhar. Nós homens muitas vezes fazemos com que se sintam quase como "montras" ambulantes, é por isso que se começam a produzir e (a seduzir claro...) tão cedo...

Claro que ambos sabíamos que aquela brincadeira das meninas era inocente. Se lhes tivéssemos respondido, provavelmente baixavam os olhos e fugiam a sete pés. Mas pelo menos "adoçou" o café.

O óleo é de Wang Yun Peng.

quinta-feira, maio 31, 2012

Diferenças & Percepções


Uma das maiores diferenças que encontro nos meus filhos é a percepção de que, enquanto ela quer crescer, quer ser mulher num instante, ele não se importa nada de prolongar a meninice, de continuar a brincar com os carrinhos e lego, eternamente...

Claro que esta constatação não é nenhuma novidade. O mundo é mesmo assim, as mulheres nascem a querer crescer mais depressa que nós e conseguem-no, quase sempre...

O óleo é de Suchitra Bhosle.

sábado, maio 05, 2012

Os Aviões de Papel


Achei curioso um dos meus sobrinhos ao falar da sua meninice, lembrar-se de fazermos aviões de papel, que voavam mesmo.

Até explicou à "plateia" divertida qual era o segredo que eu lhe ensinara para os aviões planarem mais no ar.  Mas explicou de forma prática. Foi buscar uma folha de papel A4 e teve a preocupação de criar uma espécie de "planadores" na ponta das asas...

E depois colocou o avião a voar. E como era hábito ele voou mesmo uns metros, não fez um daqueles voos atabalhoados, na direcção do chão...

O óleo é de Giovanni Dalessi.