Mostrar mensagens com a etiqueta Liberdade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Liberdade. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, janeiro 15, 2025

Tantas coisas que não pensamos (e outras tantas que não contamos)...


Acho que as maiores diferenças entre nós, todos, homens e mulheres, está na forma de pensarmos.

Pensamos quase sempre coisas diferentes, e muitas delas (diria mesmo, quase todas), ficam-se apenas pelas nossas cabeças. Pois é, não somos assim tão iguais, como nos querem fazer crer.

São aquelas coisas que se sentem e não se dizem, por isto ou por aquilo.

Pensei nisso, poucos minutos depois de assistir ao começo de uma discussão sobre o "fazerem-se ou não se fazerem filhos", entre um casal, que se aproximava vertiginosamente dos quarenta anos.

Naquela "mesa de ideias", éramos sete e só dois tínhamos filhos. Eu com apenas dois, parecia quase um "fenómeno do entroncamento". A Inês tinha uma miúda, já adolescente. Os outros deviam ter imensas desculpas para não quererem aumentar a população mundial, mas acabámos por ficar todos em silêncio, com algum receio de que aquela conversa chegasse aos lugares, onde existem placas com sentidos únicos.

Mas não se foi tão longe, o Rui limitou-se a dizer que se fosse mulher, há muito que tinha filhos. A Clara começou a rir-se e depois disse: «Pois é. É uma pena, nunca conseguirmos ser iguais. Adorava que os homens também pudessem ter filhos, períodos, enxaquecas e consultas de ginecologia.»

Começámos todos a rir, inclusive o Rui. E a conversa ficou por ali. 

Voltámos ao trabalho.

Quando vinha para casa acabei a pensar no assunto. Era uma coisa tão óbvia, que nunca me fez confusão na cabeça, mesmo que fosse estranha. 

Eram as mulheres que determinavam o aumento da população no nosso país e no mundo e ponto final. 

Embora raramente fosse uma opção solitária, à verdade é que eram elas as únicas que podiam ter filhos e tinham sempre a última palavra sobre o assunto, mesmo que fingissem que não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, janeiro 13, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (dois)


Os abusos da liberdade, esse bem de todos e para todos, são práticas comuns tanto das classes mais altas como das mais baixas. Como de costume é a chamada "classe média", que faz o equilíbrio das coisas.

As camadas mais baixas da sociedade, normalmente iletradas, acabaram por ser as grandes vítimas desta situação, embora também tenham alguma responsabilidade pela forma como sobrevivem, por começarem a usar e a abusar de uma "manha" (que contínua a vingar nos seus "territórios"...): aos direitos dizem sempre sim e aos deveres dizem sempre que podem, não.

Por serem "pobrezinhos" acham que tem de ser o Estado a dar-lhes tudo, desde casa à alimentação, e claro, ainda algumas moedas (rendimento mínimo...), para o tabaco e a bica.

Claro que se limitam a fazer o mesmo que muitos empresários (esses mesmo que se fingem competentes e bem sucedidos, que normalmente vivem em mansões ou palacetes e não em bairros sociais...) - fazem: alimentarem-se e viverem às custas das "tetas do poder", como muito desenhou há mais de um século, o grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Quando estes se queixam dos trabalhadores (dizem que "não querem trabalhar"), para não lhes aumentarem os salários baixos, fazem o seu número, e depois tentam ver se cai mais algum dinheiro do poder...

Parece que isto não tem nada a ver com a liberdade, mas tem, porque o mau uso que se lhe dá, começa logo nestes pequenos grande pormenores, em que tanto o "pobre" como o "rico", usam e abusam de um Estado, que é sempre encarado como a melhor solução para resolver os seus problemas.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 12, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (um)


Acho que os grandes problemas da sociedade actual são a forma como se entende a liberdade, seja em casa, na escola ou na rua.

E devo dizer, desde já, que nesse aspecto as redes sociais não têm grande coisa a ver com o assunto.

Houve mudanças enormes nos últimos cinquenta anos no nosso país, mas nem todas foram bem definidas, reguladas e aceites pelo comum dos mortais. 

A necessidade de mudança foi tal, que levantou logo outras questões (ainda durante o PREC...), que foram agravadas pela falta de cultura democrática, normal, para quem tinha vivido quase meio século em ditadura. Além do poder repressivo, abusava-se do "respeitinho", imposto pela generalidade das autoridades e das instituições.

Infelizmente, tanto no seio da família, como na escola ou na vida em comunidade, nunca se conseguiu encontrar o caminho certo para a tal liberdade, que se alimenta tanto de direitos como de deveres. Foi bom abolirmos o "respeitinho", mas foi muito mau deixarmos de respeitar o outro, como alguém igual a nós, nos tais direitos e deveres, que quando cumpridos, são a grande marca das sociedades mais bem sucedidas, social e economicamente.

Facilitou-se demasiado o caminho e chegámos a um tempo em que tudo parece "estar em crise". Mas é uma crise que parece interminável e dura há praticamente duas décadas e se tem agudizado (aí sim, com o apoio das redes sociais, onde tudo parece ser permitido...)...

Mas eu continuo a pensar que tudo começa e acaba no uso que damos à boa da Liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



quinta-feira, janeiro 09, 2025

As mulheres, a direita (dos extremos) e a liberdade


Sei que não devia, mas faz-me bastante confusão, ver mulheres, aparentemente normais, fazerem parte de partidos da extrema-direita. Partidos que passam o tempo a defender coisas que as diminuem como pessoas e cidadãs, intrometendo-se com a sua própria dignidade e liberdade pessoal.

Até posso acreditar que algumas queiram voltar aos velhos tempos, em que a uma boa parte das mulheres, estava-lhes apenas reservado  o papel "mães" e "donas de casa". Mas não deixo de achar isso, no mínimo, estranho.

Isto de se gostar demasiado da liberdade, tem cada vez mais coisas que se lhe digam... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 25, 2024

O 25 de Novembro foi apenas um Golpe Militar Democrático, e não uma Revolução!


É preciso recordar que esta direita e extrema-direita, que nunca gostou de Abril (pudera, uma boa parte deles perderam uma série de regalias, perceberam que afinal eram pessoas como as outras, apesar dos privilégios que os rodeavam...), não esteve directamente ligada ao golpe militar, de 25 de Novembro de 1975.

Nesses tempos conturbados os fascistas - disfarçados de democratas conservadores -, andavam mais entretidos a incendiar sedes do PCP  e a serem protagonistas de ataques bombistas, em toda a região Norte (alguns dos quais mortais), que em preparar golpes militares democráticos.

Claro que, dia após dia, iam sonhando com a possibilidade de voltar ao poder, apostando em dividir o território português ao meio, ficando com todo o Norte do Tejo (como se a democracia não tivesse atravessado o rio...), porque o presente fazia-lhes doer. Gostavam era do país dos pobrezinhos e coitadinhos, a quem davam esmolas, para onde caminhamos, há mais de uma década...

Voltando ao 25 de Novembro, foi um golpe militar democrático, protagonizado pelo "Grupo dos Nove" (liderado por Vasco Lourenço e Melo Antunes) e pelo Presidente da República, Costa Gomes, com o apoio efectivo do PS, por intermédio de Mário Soares, que esteve sempre na primeira linha deste combate pela democracia (ao contrário dos representantes do PSD e do CDS, que hoje querem ser protagonistas...). Este golpe pretendia acabar com os excessos esquerdistas, que estavam a tornar o país ingovernável e a dividir cada vez mais os militares. 

Felizmente foi uma acção militar bem sucedida, quase sem sangue derramado, que teve Ramalho Eanes como o seu comandante operacional.

É preciso dizer que, esta comemoração, não passa de mais uma farsa, de uma direita que tenta alterar a história, como se isso fosse possível. 

E claro, também quer voltar ao "passado". Mas isso depende de todos nós e não apenas deles...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, novembro 16, 2024

Fingimos que não, mas já anda por aí um mundo diferente...


Penso que é a primeira vez que escolho a resposta a um comentário, como título de um texto por aqui, no "Largo".

Isso aconteceu por estar a pensar em coisas próximas, que acabaram por me levar a comentar desta forma: «Fingimos que não, mas já anda por aí um mundo diferente...»

Muitas vezes, estamos tão próximos das transições, que passamos por elas sem olhar para elas, mesmo quando quase "nos tocam"...

Do que não tenho qualquer dúvida, é que, o que vem aí, em vez de nos facilitar a vida, só a irá complicar mais. E não estou apenas a falar da "inteligência artificial" (que será de grande utilidade para quem não gosta de pensar e criar, pela sua própria cabeça...). 

O que é mais incompreensível, para mim, é reparar que há demasiados países na europa a suspirarem por "salazares", "hitleres" e "stalines"...

Será que esta gente anda toda com medo da liberdade (dos outros, claro)? Ou será que estão cansados desta (falsa) democracia?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, setembro 25, 2024

O medo que as pessoas parecem ter, em serem "iguais aos outros"...


Não é um problema de agora, talvez até faça parte da essência humana. 

Talvez até seja eu que esteja errado (tal como o meu avô paterno parece que esteve a vida toda...). Mas como fui educado, entre outras coisas, com uma frase muito simples, de que não era mais nem menos que ninguém, esse foi um dos valores que procurei transmitir aos meus filhos.

Não é por alguém ganhar 100 vezes mais que eu, que têm mais direitos como cidadão, que eu. Tem sim, quanto muito, demasiados meios para combater a tal "igualdade" que faz parte da nossa Constituição...

Mas nem sequer vou falar destas pessoas. Vou sim, falar de quem vive pior que eu, ganha menos dinheiro que eu. E mesmo assim, tem medo da palavra "igualdade"... 

São estas contradições humanas que nunca irei perceber. Tal como o meu avô não percebia, muito menos o meu pai...

Esta é também uma das explicações para que um país demasiado desigual, em que a maior parte das pessoas recebem salários inferiores a mil e quinhentos euros, tenha colocado no poder um partido do centro-direita, que se puder, não têm qualquer problema em privatizar uma boa parte da saúde e da educação, privilegiando os seus filhos (é o que se passa com o IRS jovem...), que querem que sejam mais "iguais" que os outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 23, 2024

Três traços comuns...


Escrevo muitas vezes sobre os meus amigos, mas por serem coisas pessoais, ficam quase esquecidas mas minhas espécies de diários (são dezenas de cadernos...).

Publico aqui uma ou outra coisa, mas são quase sempre "suaves", nunca vou ao "osso". 

E hoje, para não variar, faço o mesmo.

Durante anos e anos, pensei que o meu Pai era o homem mais livre do mundo (muito graças ao amor e generosidade da minha Mãe, que o deixava fazer o que queria e ser quem era...).

Mas hoje quando penso em Liberdade, daquela que a sua defesa e luta, davam prisão, sinto que alguns dos bons amigos que conheci em Almada, podem não ter sido tão livres como o Pai, mas amavam-na muito mais que ele... e as coisas em que se meteram para a defender antes e depois de Abril...

Claro que nem todos foram - e são comunistas (mas a maioria é) -, poucos foram presos, mas nenhum escapou de ter ficha na PIDE, de ser incomodado no trabalho, nas associações e até nas ruas.

Quando temos amigos como o Henrique, o Fernando, o Orlando, o Carlos (é quase um colectivo, são quatro...), o Chico, o Jaime, o Zé ou o Mário, tornamo-nos, naturalmente, melhores pessoas.

Com tudo isto quase que me esquecia de referir os seus três traços comuns: a Dignidade, a Generosidade, e claro, a Liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, junho 11, 2024

A tentação de erguer muros...


O Ginjal está longe de ser "uma terra de ninguém", mesmo assim tem sido um espaço fértil em ocupações, de imigrantes de mais de uma nacionalidade. Um dos barrações, onde esteve alojado o Clube Náutico de Almada foi ocupado por "pseudo-artistas", que andam ao "lixo" pelas ruas da cidade, provavelmente quando esta dorme e criaram uma espécie de "quermesse", com livros, quadros, fotografias e mil e uma bugigangas, que devem vender à melhor oferta.

Só entrei naquele espaço logo no início, quando ainda estava aberto e eles ocupavam um espaço mais recatado. Pouco tempo depois começaram a colocar madeiras nas janelas e portas improvisadas, tornando o que era aparentemente público (abandonado, mesmo com donos...) em privado. Nunca liguei muito a este comportamento, que é mais normal do que parece. Quem ocupa, tenta tornar esses espaços seus...

Mas o que estranhei foi terem erguido agora, um muro em cimento, num espaço antes aberto (será para terem também o seu quintal "reservado"?)... 

Pois é... Mesmo quem vive às vezes preso entre muros, por muito que clame pela liberdade, assim que pode, faz também o seu murozito de estimação...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, junho 04, 2024

Sabia que ser pai era muitas coisas...


Eu sabia que somos amigos de formas diferentes. Isso acontece porque sentimos e olhamos as coisas também de forma diferente.

Também sabia que nos tornamos íntimos de alguém, quando lhes começamos a contra coisas que não contamos aos outros, mesmo quando são família.

Foi por isso que nem estranhei que o Valentim me começasse a falar do filho que perdera, daquela forma. Nunca fora tão longe. Até falou das suas visitas ao Casal Ventoso, para lhe comprar o que o corpo lhe pedia. Foi quase dentro de um sussurro que reviveu o dia que o encontrou, com uma seringa presa a um dos braços.  Estava com os olhos abertos, a olhar para o infinito, com um ar que quase parecia feliz... 

Foi quando os seus olhos ficaram brilhantes e o silêncio tomou conta da mesa onde almoçávamos.

Sabe que falhou em alguma coisa. Mas ainda não percebeu onde. Falou-me em excesso de amor dele e da companheira. E também em excesso da liberdade. Deixou-o desde cedo viver a vida que queria viver, mesmo quando ele ainda não sabia bem o que queria...

Pensava que ser pai era, sobretudo, isso. Talvez estivesse enganado.

Não fui capaz de dizer nada. Sabia que ser pai era muitas coisas, mas as que ele dera ao filho, eram as melhores que algum pai podia dar a um filho: Amor e Liberdade, Talvez devesse ter dito isso. 

Talvez...

As pessoas precisam de falar, precisam de contar, precisam de tentar compreender, mesmo o que parece incompreensível. Foi o que pensei depois de nos termos separado na esquina do costume, com as recomendações dele à minha família como continuam a fazer os antigos.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, maio 03, 2024

Neste dia em que se festeja a "Liberdade de Imprensa", a minha homenagem a todos os que querem ser os primeiros a "estar lá"...


Podia falar de muitas coisas, até porque a Liberdade de Imprensa, nunca esteve tanto em risco, como nos nossos dias. Se por um lado as redes sociais tentam ocupar o espaço que não lhes pertence, por outro, os novos donos dos jornais, televisões e rádios, querem tudo, menos serem pluralistas.

Mas prefiro falar dos muitos "heróis" que desafiam quase tudo, até a lei da física, para conseguirem ser os primeiros a "estar lá".

Sei que além de ser muito perigoso, é extremamente viciante, ser repórter de guerra (com caneta ou com máquina fotográfica...). Sei por conversas que tive com um ou outro "maluco", capaz de deixar tudo para trás para cobrir qualquer conflito armado, que a última coisa que é preocupante, é o perigo...

Parece contraditório, mas muitas vezes dou por mim a pensar que, quase tudo em nós é contraditório.

Infelizmente são um alvo fácil, e quando caem, raramente se lhes dá a atenção e o devido valor (as medalhas póstumas não contam, porque não servem para nada), por tudo o que fazem, com o objectivo peregrino de nos oferecerem o melhor "retrato" do que se está a passar, algures, num país distante de nós, pintado de vermelho e de cinzento...

(Fotografia de Luís Eme - desenho da Rosarllete - Laranjeiro)


quarta-feira, maio 01, 2024

É preciso ter memória e lutar contra os "vampiros", todos os dias...


Os 50 anos da Revolução de Abril acabaram por banalizar o Primeiro de Maio, cuja comemoração em Liberdade também faz 50 anos e foi festejada em Lisboa de uma forma única, no Estádio que seria baptizado posteriormente, "1.º de Maio" e também em praticamente todas as ruas e avenidas da Capital.

Todos os que a viveram falam de uma "jornada única".

E 50 anos depois desta Festa dos Trabalhadores, é bom recordá-la, por vários motivos, até porque os donos das grandes superfícies comerciais continuam a apostar em levar as pessoas para as suas lojas, retirando-as das ruas festivas, com a oferta de pechinchas, que podem ir das "batatas", passando pelos "sabonetes" e parando no "papel higiénico".

Mas há coisas mais importantes para falar. Provavelmente nunca existiu tanto trabalho precário como nos nossos dias. Sem esquecer a aproximação à "escravidão", se olharmos para as condições que são oferecidas aos estrangeiros que trabalham na agricultura, na pesca, na hotelaria e restauração (com os patrões a serem capazes de dizer que "os portugueses não querem trabalhar", por não aceitarem estas condições miseráveis...). 

Mas como este governo (e o anterior...) preocupa-se mais em andar atrás das "empregadas domésticas" clandestinas, que em acabar com as condições de exploração e miséria em que se vive e trabalha em Portugal. Está tudo dito.

Do que ninguém terá dúvidas, é que é preciso continuar a lutar, até porque se há coisa que sabemos (ou pelo menos devíamos saber...), é que a direita nunca deu nada aos trabalhadores, se esquecermos as migalhas do costume.

Basta recordar que o tão falado "choque fiscal" do Montenegro vai beneficiar sobretudo as grandes empresas, ou seja quem mais tem lucrado nos últimos anos, primeiro com a pandemia depois com as guerras. 

É por isso que é importante não esquecer que, desde Abril de 1974 que os lucros do trabalho nunca estiveram tão mal divididos.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, abril 25, 2024

Todos os caminhos foram dar à Avenida da Liberdade...


Hoje todos os caminhos foram dar à Avenida da Liberdade.

Foi bom cruzar-me com gente feliz de todas as idades e de todos os extratos sociais. É este o espírito do 25 de Abril, a paixão pela democracia e pela Liberdade.

Talvez esta tenha sido a primeira resposta dada pelos portugueses aos fascistas que estão no Parlamento. 

Espero que a segunda seja dada já nas próximas eleições, para o Parlamento Europeu...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, abril 21, 2024

A gente que gosta muito de andar com a palavra liberdade (só) na boca...


Este mundo está cheio de gente que gosta muito de andar com a palavra liberdade na boca, mas que passa a vida a tentar condicionar a liberdade dos outros.

Isto passa-se um pouco por todo o lado. Podia começar pelo interior dos partidos políticos (todos...), passando depois pela mesa dos café e acabando nos campos de futebol.

Os únicos lugares onde normalmente não somos "condicionados" (pelo menos descaradamente), são os espaços onde gastamos as moedas que temos no bolso, desde a mercearia de bairro ao nosso barbeiro (os taxistas não contam, gostam de comer "reis" ao pequeno almoço...).

Talvez seja um problema de interpretação da palavra. 

Talvez pensem que a liberdade é um direito individual (e que seja mais de uns que de outros...) e não colectivo.

Somos um mundo cheio de talvez...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, abril 20, 2024

"As donas de casa não são donas de nada"


Gostei de ler (como de costume...) o artigo de opinião de Susana Peralta, no Público" de ontem, intitulado, "As donas de casa não são donas de nada", em que historiou a vida familiar das avós e tias, que acaba por ser comum a muitos de nós, que descendemos de habitantes das aldeias portugueses, onde por exemplo, a electricidade só chegou depois de Abril...

À mulher estava destinado um papel secundário na sociedade. E isso fazia-se sentir logo no acesso ao ensino primário, que se não era para todos os meninos, menos seria para todas as meninas... E nem vale a pena falarmos do ensino secundário ou da universidade...

É muito importante termos memória (mesmo que exista tanta gente a querer fugir dela, por representar uma vida de pobreza...). Foi por isso que gostei de ler a Susana. Sim, as minhas avós, materna e paterna, também não foram à escola. Mas o mesmo se passou com os meus avôs. Claro que eu sou da geração anterior da economista (devo levar-lhe uns vinte anos de avanço...), os seus avós já são da geração dos meus país, que embora fossem confrontados com os mesmos problemas, puderam lutar mais pela aprendizagem, nem que fosse já "fora de horas" (como ela refere em relação a uma tia...).

Não posso deixar de transcrever a parte final do seu texto, que diz muito do que se avançou e também dos defensores do "estatuto da dona de casa": 

«O enorme contraste entre a minha vida e a das mulheres da geração que me precede na família é revolucionário, no sentido Goldiano e no sentido de Abril. Neste lugar de fala que granjeei, penso muito na voz que elas não tiveram: apesar da inteligência e fino espírito analítico de algumas delas, o país decidiu encerrá-las numa vida de donas de casa na qual, na verdade, não foram donas de nada.
A revolução silenciosa de Claudia Goldin demonstra que a participação de pleno direito das mulheres no mercado de trabalho. é a conquista de um lugar na sociedade, o domínio da fertilidade e a libertação da tarefa de cuidar, que não é paga, nem valorizada. Uma história de poder. As mulheres poderosas metem medo aos machos fracos que as querem mandar para casa.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 19, 2024

A Resistência Almadense e as Bibliotecas Humanas


Voltei a aparecer na sessão da tarde de hoje das "Bibliotecas Humanas" (foi a quarta, é mensal...), cujo tema era a "Resistência Antifascista em Almada", muito graças ao entusiasmo do Luís e do David, os bibliotecários que festejam Abril desta forma, de Janeiro a Dezembro.

Como de costume dizem-se coisas interessantes e pertinentes. Até se questiona o regime actual, que se percebe à légua que se finge mais democrático do que o que é realmente, com novas formas de censura, sem lápis azul, mas com outras subtilezas, próprias deste tempo, cada vez mais estranho.

Já percebi há algum tempo que Almada é um Concelho, que diverge de muitos outros, porque se antecipou vezes demais à história. Foi por isso que falei da sua vocação de resistente, que se mantém bem viva, quase desde a fundação da Nacionalidade, com D. Afonso Henriques. E continuou presente na Crise de 1383, na Restauração de 1640, antecipou o 24 de Julho para 23, na Revolução Liberal, o 5 de Outubro, para 4. E no dia 25 de Abril não antecipou nada, mas saiu descaradamente para a rua, para dar vivas à liberdade, enquanto uma boa parte do país passou este dia agarrado à rádio, fechado em casa...

Ainda bem que somos uma comunidade que, sempre sentiu que tinha mais a ganhar que a perder com as várias Revoluções, que foram mudando o rumo da nossa história.

Nota: Esqueci-me de escrever que no final da sessão cantámos todos a "Grândola Vila Morena" do nosso Zeca e de Abril, em homenagem ao António Policarpo, escritor de Almada, que nos deixara ontem.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 14, 2024

«Não foi para isto que fiz o 25 de Abril!»


O meu único amigo, que foi "Capitão de Abril", era especial. Conversámos sobre muitos episódios que continuavam mal explicadas e outros que não nos deixavam qualquer dúvida, sobre todo o processo revolucionário.

Uma das coisas que mais o irritava, era ouvir, um ou outro camarada de armas, em momentos mais polémicos do nosso país, dizerem: «Não foi para isto que fiz o 25 de Abril!» 

Irritava-o por duas razões, pela exploração do "eu", quando a Revolução foi um Movimento Colectivo, mas sobretudo por saber que as questões mais importante tinham sido resolvidas com o 25 de Abril de 1974.

Ele dizia com um sorriso, que o MFA, além da democracia (que nem sempre é muito palpável), devolveu-nos a Liberdade e a Paz. E só por isso, a tarefa dos Capitães ficou cumprida. 

50 anos depois não tenho dúvidas, de que o Carlos, estava mais que certo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 13, 2024

Como dizia o Poeta Eduardo: isto está tudo ligado (e está mesmo...)


Não deixa de ser curioso, que sejam muitos destes liberais, empresários e gestores, que se dizem defensores da "família tradicional" (há a possibilidade de as suas teorias serem só para os condomínios de luxo onde vivem, desgostosos por oferecerem às esposas todas as condições para lhes darem "um magote" de filhos, e elas não estarem para aí viradas...), quem mais tem contribuído para o empobrecimento da maior parte das famílias portuguesas, pagando ordenados miseráveis aos seus "colaboradores", ao mesmo tempo que lucram milhões.

São eles, os defensores e grandes beneficiados deste capitalismo selvagem (com a tal capa do "liberalismo"), que tem desregulado todos os sectores da nossa sociedade, com a teoria de que o "mercado tudo conserta" (mesmo que cada vez existam mais pobres e miséria à sua volta...), quem mais têm contribuído para que cada vez seja mais complicado constituir famílias (tradicionais ou das outras) e deixar descendentes. Com ordenados baixos, casas caríssimas no mercado, o mais sensato continua a ser dar ouvidos ao "apresentador da obra" em causa, que há uns anitos aconselhou os jovens a emigrarem...

Podem escrever os livros que quiserem, mas se continuarem a pensar apenas nos cinco por cento, que têm rendimentos que lhes permitem alimentar o sonho de ter, no mínimo, um número de filhos que lhes dê o prazer de formar uma equipa de "futebol de cinco", continuam a reduzir o mundo aos seus condomínios fechados, ao mesmo tempo que "expulsam" os nossos jovens para fora do país...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 09, 2024

Abril lembra-nos que a Liberdade é outra coisa...


Ontem visitei um amigo, que quase que não sai de casa, que é das pessoas mais honestas e autênticas que conheço. Tem um defeito e uma qualidade (depende sempre do ponto de vista...), que é ser comunista.

Mas antes de ser comunista, é um Amigo, e dos melhores...

Apesar da sua "ortodoxia" (é daqueles que será Comunista até ao fim dos seus dias), nunca achou piada às "cassetes" e ao quase "coro das velhas", ditados pelo Partido, como se todos fossem obrigados a dizer e a pensar as mesmas coisas.

Uma das melhores provas de amizade que me deu foi a minha defesa que fez numa reunião partidária (nunca falámos sobre isso, foi uma terceira pessoa que me contou o que aconteceu...), quando numa homenagem pública a um grande almadense (o professor Alberto de Araújo), as pessoas que estavam na mesa, quiseram trasnformá-la um comício político do PCP. E no final, levantaram-se todas e ergueram o punho fechado e começaram a gritar: "PCP, PCP, PCP" (a excepção fui eu e uma jovem jornalista que estava a meu lado, ficámos ambos sentados, em silêncio, a olhar um para o outro...).

Nem se pode falar de um acto de coragem (embora nunca fosse uma "maria vai com as outras"). Fui de tal forma surpreendido por aquela reacção colectiva, que me senti a mais naquele filme... e fiquei sentado. E ainda bem que o fiz (algumas pessoas podem ter começado a olhar-me de lado na rua, mas sai dali sem qualquer problema de consciência).

Como devem calcular, houve até quem quase me chamasse "fascista" nessa reunião. Foi por me conhecer bem, que este Amigo fez a minha defesa. O seu argumento mais contundente foi: "Se ele não pertence ao Partido, por que razão é que se deveria ter levantado?" E conseguiu silenciar alguns dos meus "inimigos de estimação"...

Mas onde eu queria chegar, é ao ponto que mais me afasta do PCP. Curiosamente, é o mesmo que me afasta da Igreja Católica: o seu tom de superioridade em relação ao resto da sociedade, agirem como se eles fosse os "bons" e os outros fossem "os maus" (em quase tudo...). 

Quem ama a Liberdade e conhece o Mundo, sabe que isso não existe, sabe que há gente boa e má por todo o lado, e ainda bem.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, março 14, 2024