Mostrar mensagens com a etiqueta Lugares. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lugares. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, outubro 15, 2024

O melhor do mundo continuam a ser as pessoas (as boas, claro)


Apesar de sentir que existem aqui e ali, algumas mudanças, gente que gosta de meter o humanismo no bolso, continuo a acreditar que o melhor do mundo, continuam a ser as pessoas...

Pode haver aqui alguma poesia, e claro, um olhar sobre a melhor da nossa natureza. Continuo a ser do clube dos optimistas, mesmo que os ventos soprem cada vez mais forte, no sentido contrário.

Tudo isto porque a minha filhota está na fase estágios, que a preparam para a profissão. A mãe insistia que havia um lugar mais moderno, com melhores condições. Ela, muito bem, disse que era ela que escolhia onde queria estar. Nestas escolhas, o que ela dava mais importância era às pessoas que ia encontrar e não à modernidade dos espaços.

Normalmente não me meto nestas discussões, até por saber que ela vai crescer com o "bom" e o "mau", que apanhar à frente.

Não lhe disse, mas eu também continuo a dar preferência às pessoas, em detrimento dos lugares...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, outubro 14, 2024

Esta Lisboa, que está cada vez mais presa ao mapa das "cidades-cinema" e das cidades-museu"...


Ontem, quando regressava a casa, de cacilheiro, pensei que Lisboa era cada vez mais, uma das várias "cidades-cinema" europeias,  vocacionadas para se fazerem filmes, tirarem fotografias, enquanto se saboreia um pastel de nata, tudo coisas que fazem as maravilhas dos asiáticos, dos americanos, e claro, também dos europeus, de várias latitudes. 

A Europa está cheia de cidades apetecíveis para estes "realizadores" e fotógrafos" amadores, como Paris, Roma, Barcelona, Veneza, Florença, Berlim ou Londres. Mas estes lugares (se excluirmos Veneza e Florença...) além de estarem organizados para  continuarem a receber turistas, esforçam-se por ter vida própria, com os seus habitantes a quererem ser muito mais que meros figurantes, como estão a querer transformar os lisboetas, não deixam de estar em perigo.

É perigoso deixarmo-nos "prender" pelos nossos passados, por muito gloriosos que eles sejam, fazer com que as nossas vidas fiquem cada vez mais dependentes das "cidades-museu", o lado A das "cidades-cinema"...

E entretanto chegámos a Cacilhas.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, setembro 29, 2024

Mesmo quando crescemos e vivemos vidas diferentes, podemos não ser assim tão diferentes...


Estava a ouvi-la e a pensar, que, mesmo quando crescemos e vivemos vidas diferentes, podemos não ser assim tão diferentes...

As nossas geografias físicas e humanas saltaram para a mesa, eu que na infância e adolescência, só mudei de casa uma vez, quando passámos de uma casa de renda para casa própria. Se a mudança de casa foi boa, a de bairro nem por isso... Mesmo que nunca nos afastássemos muito dos nossos amigos que lá ficaram. Graças às nossas bicicletas, a viagem entre bairros tornava-se curta, mesmo que ficassem em pontos opostos da cidade.

Ela mudava de casa, quase ano sim ano não. O mais curioso era ela gostar disso... Falou-me de ainda pequenita, gostar de ser a primeira a entrar nas novas casas e percorrê-las lés a lés, ficando parada nas janelas, a ver o que se passava lá fora... O pai fora militar e isso levava-a a mudar de cidade com a tal frequência. 

Hoje vive na mesma casa há mais de vinte anos, mas apetece-lhe mudar, muitas vezes. É por isso que muda os móveis e os quadros de sítio, pelo menos uma vez por ano. E sente uma nostalgia boa quando se recorda das pessoas e dos lugares que conheceu, como se tivesse ficado com um bocadinho de cada um deles dentro de si...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)



quinta-feira, setembro 19, 2024

Os "fora da lei", que são tão perigosos como os incendiários...


Vou falar pela última vez dos incêndios, pelo menos nos tempos mais próximos.

Incomoda-me bastante que se continue a falar das alterações climáticas, do abandono do interior ou da falta de ordenamento florestal, quando há culpados, gente com responsabilidade, que devia fazer cumprir a  lei, e não o faz.

Os incêndios só chegaram às povoações porque não foi feita a limpeza nos terrenos próximos, alguns dos quais nem sequer deviam existir, porque depois de 2017, foram aprovadas várias leis que delimitam as áreas de floresta ou matas, tanto junto às localidades como junto às estradas.

Infelizmente, o habitual facilitismo português faz com que não se cumpra a lei. A GNR fecha os olhos e não multa, nem obriga as pessoas a limparem os seus terrenos, os autarcas das Juntas de Freguesia, assobiam para o ar e fingem não perceber o risco em que colocam os habitantes de aldeias e vilas, que vivem no meio da natureza. 

Quando  surgem situações climáticas completamente anómalas, com temperatura a mais, humidade a menos e demasiado vento, o fogo transforma-se num verdadeiro pesadelo, quase sempre incontrolável. 

Mas isto não deve fazer com que se esqueçam os dramas humanos, que poderiam ter sido evitados. Para que tal acontecesse, bastava que se cumprisse a lei e se fizesse a prevenção tão necessária...

Embora pouca gente fale deles, estes "fora da lei", são tão perigosos como os incendiários.

(Fotografia de Luís Eme - Oeste)


terça-feira, setembro 10, 2024

«Quando os anos passam por nós, sem nos apercebermos, é quase um descanso.»


Falava da pergunta cada vez mais recorrente, quando almoço com a minha Mãe e o meu Irmão (especialmente dele...), «Sabes quem é que eu vi e que perguntou por ti?»

Se for uma pessoa relativamente próxima, não demoro muito tempo a "chegar lá". Mas há vezes que nem sequer lá chego (isto acontece mais com a Mãe, que anda muito mais para trás no tempo. Sem se aperceber, fala da nossa Aldeia e do Bairro onde crescemos como se continuássemos  por lá, mas na infância...). 

É quando percebo que afinal a minha memória visual não é assim tão boa como penso (se bem que há casos de pessoas que não vejo há quarenta e cinquenta anos...). Sim, sai das Caldas com 18 anos, embora nunca me afastasse demasiado, as "visitas de médico" não são iguais ao "viver diariamente" num lugar...

Contava estas coisas ao Carlos, que fingia ler o jornal (tantas vezes que é a única pessoa que encontro a ler "notícias de papel"...) e que me disse: «Quando os anos passam por nós, sem nos apercebermos, é quase um descanso.»

Como de costume, ele deixou algo de enigmático a pairar no ar e na nossa mesa, antes de eu o deixar "preso" aos seus dois vícios, na esplanada do senhor Manel, os cigarros e os jornais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 30, 2024

«Então isto é que é o Mar!...»


Ouvia-a e pensava que, há coisas que nunca vamos entender, por várias razões, desde morarmos no país ou na região errada, ou algo ainda mais enigmático: nunca termos vivido numa ilha...

Cada frase que ela dizia trazia o Mar lá dentro. 

E lá voltei eu a pensar... O mar para mim era um elemento natural, devo-o ter conhecido tão cedo (ao colo, de certeza...) que ele faz parte de mim desde sempre.

Lá veio a sorte à baila. Sim, tinhas razão, isso só aconteceu porque nasci a menos de uma dúzia de quilómetros do Mar. Não tive de esperar pelo fim da infância ou adolescência, para fazer a pergunta fatal: «Então isto é que é o Mar!...»

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


quarta-feira, junho 05, 2024

«Sempre que vires a porta aberta, entra...»


O portão exterior estava aberto e entrei, subi as escadas, fiquei por ali, a ver as vistas do terraço. A porta do atelier também estava aberta, ouvia-se música de rádio no interior, fiquei indeciso, se devia tocar no batente da porta ou não.

Passava por ali, dezenas de vezes, mas raramente encontrava o portão aberto. E nessas raras vezes, nunca subi...

Felizmente bati e ouvi uma voz no interior, que me disse para esperar. Quando  o Mestre me viu, recebeu-me com grande alegria, desculpou-se pela desarrumação, que se fazia notar, logo ali no hall de entrada, como se isso tivesse alguma importância.

E começámos a falar (aliás ele começou a falar...), do significado das peças e dos objectos artísticos que nos davam as boas vindas naquele espaço. E claro das fotografias e diplomas (cada um deles também com uma história pessoal...). 

Era também a história de uma vida...

Pelo meio aparecia uma descoberta, um acaso local que o levava a questionar amigos historiadores e a folhear livros que poderiam ter respostas... Sim, ele nunca quis ser apenas professor e pintor. Também era investigador, gostava de saber coisas sobre história de arte.

Depois entrei na sala de pintura, que precisava mesmo de arrumação. Mas aquela desordem tinha um brilho especial. De um lado livros nas estantes e no chão, empilhados, de outro desenhos antigos também espalhados pelo chão (à espera de tempo para serem "classificados" e "ordenados"... E na parte central de uma das paredes, panos, pincéis, tintas, que estavam na fase de serem quase um objecto de museu (ou então de irem para o lixo...).

E entretanto era hora de almoço. Despedimo-nos com um abraço. E ele disse, com um ar feliz: «Sempre que vires a porta aberta, entra...»

Fiz sinal que sim, agradado com aquele encontro especial, cheio de histórias, de pessoas e de lugares...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, maio 19, 2024

Uma viagem pelo interior (ir, vir e olhar...)


Na sexta-feira eu e o meu filho fomos (e viemos) à Beira Baixa, numa viagem quase relâmpago, pelas nossas estradas nacionais. 

Não tínhamos decidido se voltávamos no dia seguinte ou no próprio dia, porque levávamos mobiliário, que precisava de ser montado (claro que podia ser montado num outro dia qualquer... e foi isso mesmo que  acabámos por decidir).

Chegámos, abrimos as janelas todas, para que a casa fechada arejasse. Arrumámos as coisas, fizémos uma limpeza ligeira e enquanto comíamos qualquer coisa, trocámos algumas palavras e, sim, nada nos prendia ali, iriamos voltar para a estrada...

Durante a nossa pequena estadia  na aldeia cruzámo-nos com apenas duas pessoas nas ruas. Uma senhora saiu de casa apenas porque eu devo ter feito mais barulho do que devia ao colocar coisas no ecoponto.

Este é o retrato da maior parte das terras do interior. Pequenas localidades, quase abandonadas, que só ganham vida no Verão com o regresso dos emigrantes (de dentro e de fora...), que vêm à "festa" e ficam mais alguns dias, para dar alguma ocupação às casas que ficam fechadas o ano inteiro...

Não sei se existe alguma solução, para a maior parte delas. As mais bonitas e típicas vão tendo o turismo... que embora seja uma ilusão, pois finge apenas que lhes devolve a vida, transforma-as apenas em "museus" para "inglês (francês, espanhol ou português) ver... 

Mas a maioria nem isso têm. Irão caindo no esquecimento, que é a marca do nosso País, há largas dezenas de anos, que apenas parece saber viver perto do mar...

(Fotografia da Beira Baixa)


quinta-feira, maio 09, 2024

Há manhãs assim (ricas em memórias)...


Há manhãs assim, que começam bem cedo (ainda os galos devem estar a esfregar os olhos nas aldeias onde ainda resistem a um tempo que finge ser moderno...).

Recebi a visita de pessoas e lugares, quase a convidarem-me para escrever sobre isto e aquilo (e se escrevi...), a alimentarem a minha vontade interior de dar "luz" a dois projectos.

As memórias são uma coisa... 

Até senti a "companhia" de pessoas que já nem me lembrava da sua existência. Gente boa que me ajudou, de alguma forma, a pensar que Lisboa era muito melhor do que parecia, num primeiro e num segundo olhar...

Quem diria, ainda ontem pensava que estava a "ficar seco" de ideias. 

Afinal parece que não...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sábado, março 16, 2024

Encontrar a "casa vazia"...


Às vezes acontece, quase sem darmos por isso, deixamos fugir o tempo e, quando finalmente regressamos, aos lugares que nos marcaram, encontramos a "casa vazia".

Andamos demasiadas vezes distraídos com outras coisas e esquecemos que à medida que os anos passam por nós, as horas começam a ter menos minutos.

Mesmo sem saber como seria o reencontro, era melhor não encontrar a "casa vazia", era melhor ouvir vozes, sentir que a vida continuava por ali...

Talvez me tivesse enganado no mês. Março começa por éme, mas não é Maio.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, janeiro 15, 2024

Quando a memória brinca connosco...


Com o passar dos anos, sinto que a memória quase que brinca connosco.

Há sítios que sei que nunca visitei, mas mesmo assim, há um ou outro pormenor que me dá a sensação de lá ter estado.

E também acontece o contrário, lugares que sei que já lá estive, por esta ou aquela razão, fico com dúvidas de já lá ter estado.

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)


segunda-feira, setembro 04, 2023

Talvez o mundo não seja para pessoas inteligentes...


Já pensei mais que uma vez, que este mundo em que vivemos não é para pessoas demasiado inteligentes (e ainda menos para pessoas sensíveis...), mas sim para gente esperta que nem um alho, que vê em cada oportunidade que a vida lhes dá, uma possibilidade de se sair bem e por cima.

Isso tanto me acontece em situações complexas como em situações simples. 

Hoje ao pequeno almoço aconteceu uma coisa tão simples, mas que me disse que mesmo nas coisas mais banais, olhamos para as coisas de forma diferente. A minha filha estava a perguntar onde estavam as canecas depois de abrir a primeira porta do conjunto de armários da cozinha. Disse-lhe que estavam na "terceira". A cabeça dela pensou em prateleiras e colocou-se em bicos de pés a espreitar para cima. Foi quando a sorrir lhe disse que era a terceira porta.

Depois fiquei a pensar que as pessoas inteligentes pensam em demasiadas coisas ao mesmo tempo, não vão directas ao assunto, como os espertalhaços.

Claro que tudo acaba por ser normal. A casa é nova, a cozinha também, e estamos em habituação a tudo, até ao lugar das coisas... Mas mantenho a minha, talvez o mundo não seja para pessoas inteligentes...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Voltar, ou Não, aos Lugares onde Fomos Felizes...


Há sítios que gostamos que não nos cansam, somos mesmo capazes de passar por lá quase todos os dias.

Depois há outros, que nos marcaram de tal forma, que temos medo de lá voltar... É como se tivéssemos medo de não encontrar as coisas que por lá deixámos, nos mesmos sítios.

Hoje voltei a um sítio onde fui feliz e não visitava há mais de quinze anos. De repente estava ali, mas era como se não estivesse. Parecia que estava a ver um filme onde só encontrava o agora, porque já havia poucos sinais do ontem...

Acabei por ficar a pensar que tal como há sítios que ficam quase intactos, se fingirmos não ver a sua decadência... Há outros que são completamente  virados de pernas para o ar, por aquela coisa que chamamos progresso...

(Fotografia de Luís Eme - Mar-Tejo)

 

domingo, novembro 27, 2022

Os Lugares das Nossas Vidas e a Memória...


Uma das coisas mais curiosas que se passam dentro de nós, é a transformação dos lugares. 

À medida que o tempo passa, os lugares onde fomos felizes, vão ganhando qualidades e características, que se começam a afastar da realidade. 

Penso que todos sentimos estas mudanças, é por isso que somos relutantes em voltar a um ou outro lugar especial, das nossas vidas. 

Temos medo de encontrar outra coisa, temos medo de que a "gravação" que fomos fazendo dentro da memória, tenha sido alterada pelo tempo...

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)


domingo, setembro 18, 2022

Dizer Adeus ao Sol no Oeste...


Ontem passei o dia no Oeste.

Foi muito bom rever algumas pessoas e alguns lugares especiais.

E quase ao fim do dia, aconteceu um feliz acaso, que nos proporcionou o prazer de ver o pôr do Sol na agradável Baía de São Martinho...

(Fotografia de Luís Eme - S. Martinho do Porto)


domingo, maio 08, 2022

«Já reparaste na quantidade de bairros sociais que existem no nosso concelho?»


«Já reparaste na quantidade de bairros sociais que existem no nosso concelho?»

A pergunta surgiu quase do nada. E sim, já tinha reparado. 

O difícil era não olhar para a quantidade de bairros, que se chamam "sociais", vá-se lá saber porquê... por existirem em quase todas as freguesias de Almada.

Normalmente são "caixotes de cimento", construídos para alojar pessoas que escolhem (ou são escolhidas...) lugares estranhos para "sobreviverem", onde normalmente falta um pouco de tudo e que depois acabam por ser realojadas nestes espaços (às vezes com anos de espera, dentro de listas).

Quando me perguntaste que tipo de gente vivia nestes lugares, disse que eram pessoas normais. E depois acrescentei: "No meio de um ou outro vagabundo, que finge viver do ar, moram famílias que normalmente trabalham mais e ganham menos dinheiro que nós."

(Fotografia de Luís Eme - Olho de Boi)


segunda-feira, março 07, 2022

Nem de Propósito...


No fim do dia de sábado achei estranho a presença de meia dúzia de polícias (coisa rara de ver nas ruas...), próximo de um café que visito pelo menos uma ou duas vezes por semana, que estava fechado e com o acesso vedado por duas fitas, uma de cada lado.

Junto à esplanada, com as mesas e cadeiras recolhidas, estava um corpo coberto por uma lona (pelo contorno e pela presença policial, só podia ser um corpo...).

O meu filho disse que só no domingo, já ao fim da tarde, é que o corpo foi recolhido. Não percebo como é que tal foi possível, mas só se pode dever à disponibilidade, ou não, de um médico legista...

Não cheguei a saber quem tinha sido a vítima. Se era homem, mulher, velho, novo, conhecido, desconhecido. Mas achei curioso existirem nas ruas pelo menos três versões sobre o que acontecera (ataque cardíaco, pancada no chão e álcool a mais...), e também sobre o "retrato" da vítima. Só o sexo não variava, era um homem, mas a idade "subia e descia", entre os 40 e os 80...

Se vivêssemos num tempo "sem assunto", era provável ver por ali, pelo menos um repórter do CMTV. E claro, lembrei-me do senhor António e da dona Hortência...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 12, 2022

O que Está Dentro do Olhar...


É... a beleza muitas vezes está mais dentro que fora no nosso olhar.

É por isso que mesmo quando as paisagens ficam pintadas de cinzento, não deixam de ser deslumbrantes... 

(Fotografia de Luís Eme - Serra da Estrela)


sexta-feira, setembro 24, 2021

"Torrão", "Jamaica" e "Outros Paraísos" da Margem Sul...


Eu que gosto de passear pelo Seixal, às vezes pergunto-me porque razão nunca me aproximei do "Jamaica"... Posso dizer o mesmo do "Torrão", que fica entre a Trafaria e a Cova do Vapor. Logo que me é possível mudo de pensamento, por saber que a pergunta é no mínimo hipócrita, pois sei qual é a sua resposta, bem demais... 

A primeira desculpa que me ocorre fixa-se quase sempre nos episódios de violência, comuns a todos os "guettos", para a possibilidade de sairmos de um lugar destes apenas em roupa interior. Mesmo que a maior parte das vezes, estas "cenas", pertençam mais à mais ficção que realidade.

A verdade é outra. Ninguém no seu juízo, gosta de ser  confrontado com a vida difícil, com gente de todas as idades, que consegue sobreviver, dia após dia, em condições degradantes, muito abaixo, daquilo que pensávamos existir no século XXI.

Sei que há muitas pessoas que culpam os próprios moradores, por viverem em autênticas barracas, onde falta de tudo um pouco, menos a raiva e o ódio, por se viver e crescer desta forma. Embora tenham ido morar para ali voluntariamente (com o nosso empurrão invisível...) , culpam tudo e todos, por não conseguirem ter uma vida minimamente decente.

A sua grande reivindicação é ter uma "casinha". Para eles, ter uma casa, mudava tudo nas suas vidas. É apenas mais uma ilusão, que juntam a tantas outras nas suas vidas...

Eles sabem que nada mudará nas suas vidas, enquanto ganharem ordenados miseráveis, que em alguns meses nem sequer são suficientes para alimentarem e vestir os filhos.

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)


quinta-feira, maio 27, 2021

As Palavras que Estão Dentro das Fotografias...


Estava a organizar algumas das fotografias que fui tirando nos últimos dois anos, quando, no meio de tantas imagens descobri uma, que apesar de ter sido tirada pouco tempo antes do "inferno pandémico" que invadiu o mundo, tem muito de simbólico destes tempos.

Sei que nem todas as fotografias conseguem dizer muito, sem palavras (que não precisam de ser mil...). Mas esta "fala" sobre uma mão cheia de coisas que nos marcaram no último ano.

Num primeiro olhar somos logo invadidos pela solidão, pelo abandono e pelo vazio. Mas esta mesa e estas cadeiras, abandonadas num velho pátio, conseguem ser ainda mais reveladoras: "falam" da ausência de pessoas nas mesas de café, onde se conversava, lia o jornal ou simplesmente se olhava em volta, fala da ausência de "mundo"...

Felizmente a vida está a voltar, lentamente...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)