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sexta-feira, novembro 16, 2018

O Pescador sem Anzol...


Ao ler a crónica de hoje de Nuno Camarneiro no "Diário de Notícias" lembrei-me de um homem singular que cirandou pelas margens do Tejo, à procura de poemas, disfarçado de pescador.

Só os amigos chegados é que sabiam que ele não usava anzol na ponta da linha, apenas uma chumbada, para se exercitar de vez enquanto, a fazer lançamentos para o meio do rio...

E era uma alegria para ele voltar para casa aparentemente sem pesca, mas com um ou outro poema...

Quando era confrontado com a sua alma de "fingidor", acrescentava com alguma lata: «Eu até nem gosto de peixe...»

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, outubro 30, 2017

Uma "Tribo" Especial do Tejo...

No domingo de manhã o Ginjal estava cheio de pescadores (sem contar com o concurso de pesca do "Liberdade"...). Mesmo o Rio estava com mais pequenas embarcações do que é normal, lá para o meio. Provavelmente era dia de "peixe"...

Fui andando e já no cais do Olho de Boi deparei com uma cena digna de ser filmada. Um casal de meia idade estava à pesca e quando passei o homem estava entretido a "limpar" a beira do cais. Ia chamando nomes aos colegas que deixavam por ali bocados de trapos velhos, garrafas e sapos de plástico, ao mesmo tempo que ia empurrando lixo com as botas, para as águas do Tejo.

Estive quase tentado a chamar-lhe a atenção, mas não quis estragar o passeio da manhã. Limitei-me a abanar a cabeça, sem deixar de sentir o olhar desconfiado da mulher do pescador cravado no meu rosto (não sei quem são, nem se pagam alguma renda para estarem ali, sei apenas que agem como se as imediações da antiga fábrica da Companhia Portuguesa de Pesca fossem sua propriedade).

Embora esteja longe de ser inédito, não gostei nada de ver mais um elemento da "tribo" - que devia estar na primeira fila para proteger o Rio -, a contribuir para a sua transformação em "esgoto"...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, dezembro 26, 2016

Sesimbra de Hoje e de Ontem

Hoje passei por Sesimbra.

É sempre agradável passar por esta Terra de pescadores, que sempre soube receber os visitantes (tal como a Nazaré...) apostando no turismo de uma forma simples, com os parcos meios existentes.

Nas duas Vilas era comum parte dos seus habitantes alugarem as suas casas no Verão, para quem vinha passar férias, mesmo que isso significasse terem de dormir em qualquer barração, durante os meses de Julho e Agosto...

Felizmente tudo mudou e hoje há uma aposta mais sólida no turismo, sendo a par da pesca, a principal actividade desta bonita terra, que até tem uma "praia da califórnia"...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, abril 13, 2016

Tempo de Pescadores de Água Doce

Este tempo estranho, com bocados de Inverno que se misturam com a Primavera e até com o Verão (que já queima quando ficamos demasiado tempo ao Sol...), atrai bastantes pescadores à beira Tejo, pelo menos na sua margem esquerda.

Normalmente são homens de meia idade, muito metidos consigo próprios, que fingem ter atenção apenas para as águas, que mudam constantemente de cor.

Aqueles que são mais faladores, juntam-se em bandos. É pelas suas palavras é possível descobrir que alguns são mais entendidos que outros na arte, ou pelo menos fingem... ao ponto de dizerem qual é o sitio exacto onde "está a dar peixe".

E é mesmo verdade. Falamos do tempo, quando não temos mais nada para dizer.

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Memórias Salgadas


Nas vilas e cidades piscatórias, apesar da pesca já não ser o que era, ainda se encontram muitas mulheres de negro. Muito mais que noutro lugar qualquer.

Hoje são muito menos os barcos que vão para o mar e as famílias de pescadores de verdade começam a ser uma raridade. O que até nem é muito mau para os homens, ao ponto de fingirem que agora é mais fácil chegarem a velhos...

As regras impostas pela Europa - que continua a dar-nos com uma mão para nos tirar com outra -, no início foram um alívio para as mulheres com filhos e maridos, sem se lembrarem na possibilidade destes um dia qualquer pensarem em emigrar para Espanha, para completarem as tripulações galegas. Isso acontece porque uma boa parte deles, diz não saber fazer mais nada. 

Mesmo os mais velhos, entretidos a fazer barcos em miniatura e outras peçinhas de artesanato para turistas, ainda sentem a terra a empurrá-los para o mar, como se esta fosse a sua única hipótese de sustento. Os mais corajosos e desbocados falam da liberdade com mágoa, sabem que partir para o mar é um desafio, sempre foi. Mas o pior é saberem que as ondas são mais livres que os pescadores.

Fingem querer voltar para o mar, mas é mentira. Querem viver e sabem que o mar é tantas coisas, até o cemitério das gentes que o desafiam,  especialmente quando ele está alvoraçado.

O óleo é de Michiel Schrijver.