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quinta-feira, março 20, 2025

A poesia, entre "pastores e cientistas"...


Sei que há definições para todos os gostos, de algo que não é tão complexo como alguns "poetas", nos querem fazer querer.

Deve ser por isso que gosto tanto do Alberto Caeiro, que deve ter sido criado pelo "Pai", para desmistificar a tal "ciência poética"...

Tal como não gosto dos romances em que os seus autores não conseguem contar uma história, com princípio, meio e fim, também não gosto da poesia, que quase que nos pede que emigremos para Marte, para a conseguirmos entender.

Não é só nos restaurantes duvidosos, que podemos comer "gato por lebre", na literatura, há por ai muitas coisas estranhas, curiosamente, aplaudidas por alguns críticos, que gostam de vestir os tais fatos verdes com antenas, que alguém inventou, com mais graça que outra coisa.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


terça-feira, junho 07, 2022

Um País que não se Reforma e o Poeta que não Escreve apenas Poemas...


Vou voltar ao livro "A Essência do Comércio" de Fernando Pessoa, desta vez por uma questão mais laboral que comercial.

Fernando Pessoa neste pequeno livro também aborda a forma como a sociedade está organizada. Quem o ler, pensa que ele defende as ideias da "Iniciativa Liberal", mas não é bem assim... Ele está sim, farto de país que parece ingovernável. É por isso que é muito importante situarmo-nos no seu tempo (o texto foi escrito em Fevereiro de 1926, ainda na Primeira República, onde se assistiu a quase um "PREC", que foi aquecendo em lume brando, ao longo dos quase 16 anos de "desnorte" governativo, com cada vez mais descontentamento popular, que acabaria por gerar uma ditadura que durou 48 anos...).

Farto de assistir a todo o género de "oportunismos", no seio da administração pública, Pessoa defende uma sociedade com pouco Estado. Claro que ele não lidou com o "capitalismo selvagem" dos nossos dias...

Lá estou eu "a fugir" ao que queria escrever...

Hoje fui às Caldas e numa das artérias da cidade, estavam a arranjar um passeio. Eram dois funcionários que ali estavam a trabalhar (aliás, a fingir...). Como sempre, ainda de manhã, dou uma volta pela cidade. Quase uma hora depois, quando voltei a passar rente ao passeio, vi que estava tudo igual: as ferramentas continuavam encostadas a um muro e os dois trabalhadores também se mantinham na conversa. Voltei a ter de passar pela estrada (tal como todas as pessoas que passavam por ali...) e pensei que estas pessoas, como normalmente não são muito bem pagas, acham que também têm de trabalhar pouco...

Há quase cem anos, Fernando Pessoa, escreveu: «Nenhum homem de verdadeira energia e ambição entra para o serviço fixo do Estado. Não entra porque não há ali caminho para a energia, e muito menos para a ambição.»

Infelizmente não se aprendeu nada em um século. Muitos dos impostos que pagamos são para pagar ordenados na função pública, onde como muito bem diz o Poeta, não há ali caminho para a energia nem para a ambição (eu acrescentava exigência...) e é por isso que continuamos a ser tão mal atendidos em dezenas de serviços públicos. Além de estarem com  cara de quem "precisa de ir ao WC", informam-nos muitas vezes de forma deficiente, obrigando-nos a ter de voltar aos seus serviços... E nem vou falar da saúde, onde os serviços públicos estão muito piores que antes da pandemia. Os médicos e os enfermeiros continuam a achar que temos de esperar pelo menos uma hora, até sermos atendidos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

 

quarta-feira, maio 25, 2022

"A Essência do Comércio" e a Ausência das Revistas nas Salas de Espera...


Quando preciso de ir a qualquer consulta e imagino que vou "esperar", mais que cinco minutos, faço-me sempre acompanhar de um livro, de preferência curto e leve.

E hoje foi uma boa ideia levar "A Essência do Comércio", de Fernando Pessoa, publicada há quase 100 anos (em 1926, na "Revista  de Comércio e Contabilidade"). É um livro de uma actualidade gritante, que teria muito a ensinar a grande parte dos nossos comerciantes (provavelmente o merceeiro da minha rua já leu este pequeno livrinho...). Começa logo com uma lição dada pelos alemães aos ingleses, com o negócio simples dos "ovos quentes" na Índia.

Fernando dá um particular enfase à psicologia, ao conhecimento que devemos ter "do outro". Curiosamente, essa continua a ser a principal lacuna de quem vive do comércio, que centra todas as suas atenções no presente e no lucro imediato (o turismo ainda agrava mais este problema...).

Apesar de ter ficado agradado com este Fernando Pessoa, "mais comercial", achei estranho a ausência de qualquer revista de moda ou de mexericos, que quase todos folheávamos nas salas de espera de clínicas e consultórios.

A pandemia nem poupou os "famosos", que uma boa parte das vezes, não fazia ideia quem eram nem o que faziam, para além de degustarem croquetes e fazer sorrisos cintilantes para os fotógrafos bem acompanhados.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 28, 2021

A "Véspera de Viagem" do Fernando e da Teresa Rita


Há alguns livros que têm um prazer especial em se meterem mais connosco, ao ponto de nos levantarem mais que duas ou três questões, daquelas que achamos pertinentes, ao ponto de nos apetecer encontrar os autores numa esplanada qualquer, para tirarmos a "pulguita" que ficou a saltitar de orelha para orelha. 

Foi o que me aconteceu com leitura da peça de teatro, "Vésperas de Viagem", de Teresa Rita Lopes, com o Fernando Pessoa já na cama do hospital, preparado para a derradeira viagem, recebendo a visita de Ofélia e Álvaro de Campos. Na última cena, surgem também os "irmãos gémeos" de Álvaro, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.

Foi bom ficar a saber mais coisas sobre o nosso poeta maior e sobre a sua história de amor com a Ofélia. O engenheiro Campos acaba por ter um papel relevante em todo este drama, por de alguma forma funcionar como a "má consciência" do poeta, é aquele a quem é permitido dizer quase tudo. O que é muito bom para o leitor e para a peça.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 04, 2021

Estar e (ainda) não Estar...



É sempre assim.

Chegamos de férias e precisamos de apanhar novamente o ritmo do quotidiano. Mas quanto mais os anos passam, menor é a vontade de voltar...

É estar e (ainda) não estar... essa frase curta que parece pessoana...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


terça-feira, abril 23, 2019

Fernando Ricardo José Pessoa Reis Saramago


Finalmente li, do princípio ao fim, "O Ano da Morte de Ricardo Reis" de José Saramago.

Ao chegar à última página, pergunto a mim próprio, porque razão interrompi duas vezes (praticamente no início...) a sua leitura...

Não é um livro com uma história empolgante, mas faz uma ligação extraordinária entre Fernando Pessoa, Lisboa e um dos seus heterónimos. E claro sobre o que se foi passando no mundo nesse ano de 1936 (como a Guerra Civil de Espanha e toda a sua envolvência, interna e externa) e também no nosso "burgo", com várias referências a acontecimentos e figuras, num tempo que corria de feição a Salazar. como foi o caso a Revolta dos Marinheiros em Setembro nas águas do Tejo (com várias referências a Almada...).

Gostei da Lídia, a criada do hotel, amante e mãe do futuro filho de Ricardo Reis, personagem pouco instruída, mas com nada de burra, como aconteceu com tantas pessoas que Saramago deve ter conhecido pela vida fora, não fosse ele de origens humildes (penso que surge no livro em sua homenagem...).

Percebo muito bem todos aqueles que acham "O Ano da Morte de Ricardo Reis", um dos grandes livros que leram. Especialmente os amantes de Fernando Pessoa, que está presente da primeira à última página (e não apenas quando faz as suas "aparições")...

Achei que a melhor maneira de festejar o Dia Mundial do Livro, foi fazer a referência a este livro especial, que tem dentro de si Lisboa, Fernando Pessoa, e sobretudo José Saramago, o nosso único Nobel da Literatura.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, novembro 18, 2018

Almada, Lisboa, Saramago e Ricardo Reis...


A chuva não foi a melhor amiga do "3º. Encontro Ibérico de Leitores de Saramago", que decorreu de sexta a domingo, em Almada (e Lisboa, claro...).

Houve algumas coisas no sábado que eu queria escutar na Biblioteca José Saramago, no Feijó, mas que acabaram por não serem possíveis, por compromissos familiares.

Mas hoje não me assustei com a chuva matinal e fui mesmo até Lisboa, fazer uma "Viagem com Saramago", que se iniciava na sua Casa e se prolongava pelas ruas da Capital, num percurso a partir de "O Ano da Morte de Ricardo Reis".


Apesar da espera quase grande à porta (pelo menos para um dia de chuva...), valeu a pena aparecer, pela simpática e alegre recepção de Pilar - muito mais simpática e agradável ao vivo que na televisão - e dos funcionários da Fundação.


E quando voltámos à rua, a chuva (embora suave...), também quis fazer o percurso connosco. Um percurso agradável, diga-se de passagem, guiado pela Idália, que muito nos contou sobre o Ricardo Reis de José Saramago.

(Fotografias de Luís Eme)

sexta-feira, outubro 12, 2018

Fugir da Biografia...


Embora se diga que tudo o que escrevemos é "autobiográfico", penso que só o é, por sair de dentro de nós.

Muitas vezes criamos personagens completamente opostas e diferentes daquilo que pensamos ser. Claro que fazemos a sua construção, a partir do nosso mundo interior. E por isso, mesmo, sem querermos, podem ficar com uma costela (pelo menos...) "autobiográfica".

Nos últimos tempos tenho aproveitado os momentos de lazer para construir histórias sobre pessoas, que têm um ponto em comum: são completamente desconhecidas para mim. Ou seja, não conheço ninguém com aquelas características (pelo menos é o que penso...). 

Estou a gostar, é bastante estimulante esta busca pelo desconhecido.

Ao fazer este exercício literário lembrei-me de Alberto Caeiro, o heterónimo de Fernando Pessoa mais afastado da sua biografia e um dos meus preferidos...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, abril 23, 2017

Festejar o Livro Todos os Dias (com ou sem Pessoa)

Sei que hoje não é dia para falar de livros, para quem os abre, afaga, lê, sorri, faz cara séria e viaja com eles diariamente. Normalmente os "dias mundiais" são para os não praticantes, para lembrar que existem algumas coisas a que eles normalmente não ligam. Mas mesmo assim, talvez por ser Abril, apetece-me falar de livros.

Falar daquilo que estou a escrever, não me apetece muito. Até por um desses livros estar "quase parado", ao ponto de até já me ter surgido uma ideia que combate a inicial...

É por causa dele que estou a reler "Vida e Obra de Fernando Pessoa" de João Gaspar Simões, cuja primeira edição data de 1950, e que para mim continua a ser a biografia mais completa do nosso poeta genial, embora tenha algumas coisas discutíveis, como acontece normalmente com as histórias de pessoas (e quando uma pessoa é várias, ainda torna tudo mais complicado...).

Por mais inovações que façam, penso que o livro nunca deixará de ser livro. Talvez seja cada vez mais um objecto de luxo (sei que me estou a repetir, por ser o que penso...), com alguns editores (como o Manuel S. Fonseca) a fazerem cada vez mais coisas mirabolantes, utilizando novos materiais e novas técnicas, para nos fazer sorrir com o seu engenho e imaginação...

(Fotografia de autor desconhecido)

domingo, fevereiro 05, 2017

As Mãos do Poeta...

É muito difícil encontrar a escultura do Fernando sem turistas, que se queiram sentar a seu lado, abraçá-lo, dar-lhe a mão, agarrarem-se ao seu chapéu ou até fazerem-lhe uma festinha...

Acho que ele esperava, um dia, não muito distante, que além de ser compreendido e lido, também fosse amado... 

Pelos vistos, conseguiu-o.

Esta semana decorre na Gulbenkian o IV Congresso Internacional Fernando Pessoa, um encontro a não perder para todos os "pessoanos".

Hoje no Chiado retive-me sobretudo nas suas mãos, quase perfeitas, quase humanas, fabricadas pelo Mestre Lagoa Henriques, que também espera que lhe façam justiça...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, dezembro 30, 2016

À Espera de 2017, sem ter Godot por Perto...

Não tenho grandes balanços para fazer de 2016, foi um ano com parecenças com outros, recentes.

Sei que houve uma dedicação excessiva (pelo menos para quem trabalha sobretudo com as letras...) à fotografia, com duas exposições grandes (foi muito para um amante de fotografia mediano...). Algo que com toda a certeza não irá acontecer nos tempos mais próximos.

2017 será forçosamente um ano diferente: há um livro que quer muito existir (além de alguns compromissos já assumidos, ele já está a crescer e a andar de um lado para o outro...), irá nascer um novo blogue (dedicado a Romeu Correia, no ano do centenário do seu nascimento) e espero, finalmente, viajar com Fernando Pessoa por Cacilhas. 

Talvez também exista uma peça de teatro. Mas vamos ficar por aqui. Já são coisas suficientes para fazer de 2017 um ano diferente... 

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, setembro 04, 2016

Tornar Certa a Incerteza...


Recebi este livro hoje, de presente.

Ao olhar para o título escolhido por Pierre Hourcade, senti que tenho mesmo de tornar certa esta incerteza, tenho de trazer o Fernando, nem que seja apenas por um fim de tarde e começo de noite, a Cacilhas...

(Sabes, só por isso valeu a pena...)

E posso acrescentar que o pequeno conto já tem pelo menos duas vidas e uma frase escolhida do Fernando, para o começo da primeira página:

«Quando às vezes me debruço sobre o mundo, vejo ao longe, indo do porto ou voltando a ele, as velas dos barcos dos pescadores, e o meu coração tem saudades imaginárias da terra onde nunca esteve.»

terça-feira, agosto 02, 2016

As Leituras de Férias


Como de costume li bastante nas férias.

Li seis livros e deixei outro quase a meio.

Comecei por ler, "Deixar a Vida", de Jorge Silva Melo, que também visitou o areal da praia. Em simultâneo ia lendo por  casa "Fernando Pessoa, uma Fotobiografia" de Maria José de Lencastre e "O Caso Clínico de Fernando Pessoa" de Mário Saraiva, porque continuo apostado em escrever um conto com Fernando Pessoa de passagem por Cacilhas...

Depois vieram "M Train" da Patti Smith; a "Inquietude" de Isabel Pires e "A Boca na Cinza" de Rui Nunes.

O livro que ficou a meio foram "As Primeiras Coisas de Bruno Vieira Amaral.

Gostei particularmente de ler, "Deixar a Vida", de Jorge Silva Melo, porque me ensinou mais algumas coisas sobre teatro; A "Inquietude", de Isabel Pires, porque fiquei a conhecer um pouco melhor esta Mulher-coragem, que usou as palavras para responder à vida, que está longe de ser cor de rosa; e "M Train" pela simplicidade com que a Patti conseguiu juntar pedaços da sua vida cheia, sem se esquecer de misturar os sonhos, as fotografias e alguns objectos aparentemente vulgares.

O mais curioso é que não li um romance, "romance". "A Boca de Cinza" de Rui Nunes é outra coisa (e até "As Pequenas Coisas" de Bruno Vieira Amaral são um "romance" especial, mas sobre este livro falarei depois...). 

sexta-feira, maio 13, 2016

A Complexidade de Vivermos Uns com os Outros


Às vezes penso que Fernando Pessoa (e todos os seus lados bons...) foi das pessoas que melhor entendeu os humanos.

Talvez fosse por isso que se refugiasse no mundo secreto das palavras e das bebidas que prometem levar-nos por aí de viagem.

Foi sobretudo um observador.

E o que ele pôde observar durante a Primeira República... com os múltiplos exemplos da gente que passou o tempo a alimentar golpes e tumultos, deitando fora o pior que tinham dentro de si, capazes de dizer uma coisa hoje e outra amanhã, completamente diferente...

Talvez por isso Fernando tenha sido também tanta gente dentro de um corpo só. Foi a forma que escolheu para tentar ir mais fundo na complexidade humana, vestindo a pele de gente distinta.

E percebeu melhor que ninguém, as razões de cometermos os mesmos erros mais que três vezes...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, novembro 30, 2015

Fernando Pessoa, 80 Anos Depois


O nosso Fernando Pessoa deixou-nos há 80 anos.

Tem uma particularidade que o distingue de todos os outros poetas, foi o primeiro poeta que gostei mesmo a sério, no final da adolescência. Tinha uma predilecção especial pela falsa simplicidade de Alberto Caeiro e pelo olhar largo de Ricardo Reis.

E nunca mais deixei de gostar da genialidade e criatividade desde criador, que não cabia apenas num corpo e foi por isso que escolheu viver mais que uma vida literária.

Já comecei a escrever uma pequena ficção com ele de visita a Cacilhas, nesses pouco gloriosos anos vinte e trinta do século passado... mas com receio de a tornar demasiado banal, tendo andado a fugir desta minha homenagem prosaica ao melhor dos poetas da língua portuguesa...

O óleo é de Carlos Carneiro.

segunda-feira, outubro 12, 2015

Pessoa em Costa Pinheiro


Hoje ao ler o "Diário de Notícias" soube que o artista plástico Costa Pinheiro nos tinha deixado na passada sexta-feira, na Alemanha (nos últimos anos repartia-se entre a Alemanha e Portugal, mais especialmente em Quelfes, no concelho de Olhão, onde fica a sua casa-ateliê.

Conhecia sobretudo a sua fase Pessoa (um dos quadros é este...), onde fez um belo trabalho sobre o nosso poeta maior.

Através do artigo assinado por Marina Almeida fiquei a saber mais coisas, como por exemplo que tinha fundado o grupo KWY (três letras que nesse tempo não faziam parte do nosso abecedário...) no início dos anos 1960, com René Bertholo, Lourdes Castro, João Vieira, José Escada, Gonçalo Duarte, Jan Voss e Christo. Estes artistas resolveram escolher este nome que significava, "Ká Wamos Yndo", o que estava longe de ser fácil em plena ditadura...

Também gostei da fotografia onde o artista aparece e tem como fundo o seu lema de vida: "A imaginação é a nossa liberdade".

E é uma grande verdade...

terça-feira, abril 28, 2015

Fernando (Alberto Caeiro) Pessoa


A parte do "espelho" que gosto mais de Fernando Pessoa é o Alberto Caeiro, pela facilidade com que diz coisas simples e bonitas, que nem sempre nos apercebemos da sua largueza...

Um exemplo (podia dar dezenas...)?

"Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro.
Mas vivemos juntos os dois
Com um acordo intimo
como a mão direita e a esquerda.

(ou ainda...)

O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo.
Porque não interroga nem se espanta...

O óleo é de Anton Ebertgerman.

terça-feira, dezembro 24, 2013

Chove, É Dia de Natal


Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés. 

Fernando Pessoa

O óleo é de Daniel del Orfano

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Viver com Velocidades Diferentes


Somos quase todos diferentes e quase todos iguais.

E sabemos que é isso que tempera os nossos dias. 

Nem vale a pena tentar filosofar, a vida é assim e pronto.

Há quem prefira o movimento, seja incapaz de ter uma vida demasiado parada e ande sempre a deambular de um lado para o outro. Nunca deixa a juventude fugir, muito menos se assusta com as rugas e os cabelos brancos...

Há quem prefira a calmia, escolha um canto para ficar e tente a todo o custo, ficar por lá. É comum dizer-se destas pessoas que já nasceram velhas. Mas não sei se é uma questão de idade. Penso que é mais o facto de se nascer ou não com alma de vagabundo, de querer ou não andar por ai à procura do "nada"...

O óleo é de Eugen Chisnineon.

quinta-feira, junho 13, 2013

Fernando, no Dia do António


Gosto deste Fernando Pessoa, de Carlos Botelho, difuso, quase mais que um. 

E ele foi tantos...

Tantos que conseguiram fazer quase tudo com as palavras...

As bebidas fortes que ele tanto gostava, ou pelo menos usava, para "afogar" as mágoas, também o faziam ver em duplicado ou triplicado...

Não acho que se deva tirar o dia ao António, Santo Popular, que enche os bairros lisboetas de alegria, pelo menos em Junho, mas o Fernando, não lhe ficou nada atrás em talento. 

Claro que não quebrou tantas bilhas e menos casamentos fez.

Tudo por causa do Desassossego, que raramente o deixava em paz...