Achei tudo normal. Os professores (o convite partiu de uma amiga, professora de inglês), os alunos, os funcionários.
Só a partir de sexta feira é que comecei a pensar com alguma insistência na diferença que existe, entre um "colégio" e uma "escola secundária". Como os meus filhos já tem mais de vinte anos e sempre estudaram na escola pública (nas melhores de Almada, a António da Costa e a Emídio Navarro...), sem problemas de maior, nunca pensei seriamente na degradação do ensino (ao contrário da saúde, talvez por esta ser mais visível) na última década. E a pandemia não explica tudo...
Depois de domingo, ainda foi mais fácil associar as ideias, ir ao encontro de um país, que é cada vez menos para todos.
Não fui capaz de dissociar a derrota socialista de António Costa e Mário Centeno (Medina apenas seguiu o guião), que preferiram "encher os cofres" do Estado a investir dinheiro onde era necessário (educação, saúde e serviços públicos) e onde falta um pouco de tudo. Sei que estavam longe de pensar "sair a meio" e que os "cofres" que foram enchendo iriam servir para o PSD andar um ano em campanha eleitoral a dar a uma série de classes profissionais o que o PS se recusou dar. Isso ainda os deveria envergonhar mais (se tivessem vergonha, claro).
Lá estou eu a "desviar-me do assunto".
Segundo as estatísticas, 25% das escolas secundárias de Lisboa hoje já são privadas. E o número promete crescer. Isso só acontece porque as escolas públicas deixaram de ser as com mais qualidade e com mais segurança (a falta de funcionários é mais que evidente em algumas escolas...). E quem pode escolher, escolhe as melhores para os filhos...
É por isso que embora os socialistas se batam (teoricamente) pela Escola Pública e pelo SNS, com a falta de investimento, foram os primeiros a abrir caminho ao crescimento dos colégios e das clínicas privadas no nosso país.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)