Curiosamente, dois dos lugares mais avessos a mudanças (talvez por serem estranhos por natureza), são o futebol e a política.
Apesar das aparentes inovações e das palavras bonitas ditas pelos dirigentes da Liga e Federação, a "chico-espertice" continua a reinar em toda a linha no futebol (são muitos milhões a saltar de bolso em bolso, por cima e por baixo da mesa...), assim como a habitual má gestão (são muito mais os clubes "falidos" que os com as chamadas "boas contas"...).
É toda esta incompetência que faz com que a "corda" seja cortada sempre no mesmo lado: o canto dos treinadores, que se perderem duas vezes seguidas, são despedidos e obrigados a assumir todas as culpas, desde a falta de qualidade dos atletas contratados até ao dinheiro que não chega às contas dos profissionais no final do mês (nem o sindicato os vale).
Na política, embora também continue a prevalecer a "chico-espertice", é um mundo mais "finório" (até porque nem nos tempos de "banca rota", o dinheiro falta...). Mesmo que existam mais "rabos de palha", há muito mais "arte" para os esconder.
Isso faz com que aconteça o inverso do futebol: só se demitem ministros e secretários de estado (por mais incompetentes que sejam ou por serem suspeitos de ter feito desaparecer a "caixa das esmolas" da paróquia onde eram autarcas...), se não existir outra alternativa qualquer, como eles saírem pelo próprio pé...
Pois é. Há coisas que passam o tempo a mudar... e outras que nunca mudam.
Vá-se lá perceber porquê...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)