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Volto ao “Largo da Memória” para falar de três estátuas anónimas com quem me cruzei na cidade de São Tomé e a quem pedi licença para tirar uma fotografia que não ficou grande coisa.
Reergueram-nas na parada fronteira da fortaleza de S. Sebastião, depois de as apearem pedestais e aqui procuram esquecer dias piores, quando foram desmontadas e içadas para um terraço.
Não é uma ou outra beliscadura que sofreram neste afã, um nariz desfigurado, uma espada de ponta partida, um quadrante avariado, um gibão roto, que as vai pôr de mal consigo ou com os outros.
Sabendo que eram nossas, fez-me impressão não lhes saber seu nome, e essa foi uma boa razão para começar a reunir uma colecção bibliográfica sobre S. Tomé e Príncipe e para me entusiasmar com a sua história.
Hoje sei referenciá-las nos sítios onde as ergueram, sei quem as esculpiu, sei quem representavam e, aproveitando a maré, fiquei a conhecer muitos outros moradores, entre os quais algumas das suas Donas - Ana de Chaves, Simoa Godinha, Violante d’Alva Brandão, Maria Correia - filhas da melhor nobreza da terra, que também mereciam uma estátua. Hei-de evocá-las um outro dia, que hoje é dia dos nossos, cujos nomes vou já revelar.
Se os olharmos de frente, o da esquerda é João de Santarém, descobridor, obra do escultor António Duarte, o do meio é João de Paiva, primeiro povoador, de Joaquim Correia e o da direita é o descobridor Pero Escobar, de Euclides Vaz. Mereciam que alguém lhes afixasse uma pequena etiqueta, como o nome, a morada, e a profissão, para os apresentar, de novo, aos santomenses. Se o vento estivesse de feição, a etiqueta podia ser mais composta, talvez assim:
“Fulano de tal, português, navegador. Venceu o mar desconhecido e o seu medo e aqui chegou em 1470, ou 1471, era quase Natal. Não viu ninguém. Tomou a altura do Sol e seguiu viagem para contar a quem o mandou”.
“João de Paiva português, povoador. Aceitou esta terra de El Rei, para a povoar e cultivar. Foi sesmeiro, mas desconseguiu, que a gente era pouca e as doenças muitas. Morreu na Ilha e quis ser sepultado em Ana Ambó, ouvindo o mar”.
Parece redundante, mas apetece terminar com um aviso a todas as estátuas, sobre a conveniência de trazerem consigo, sempre, um documentos de identificação!
Mais um texto do nosso colaborador Joaquim Nascimento, ilustrado com a escultura de Fernão Mendes Pinto, do Pragal, Almada, do mestre António Duarte, meu conterrâneo.