quarta-feira, dezembro 31, 2014

O Meu Companheiro Está de Volta


Ontem, ao fim do dia, o meu "Acer" voltou para casa, com um disco novo.

Ainda estou a instalar algumas coisas, mas é delicioso perceber que no essencial não se perdeu nada.

Depois de um ano com vários percalços, é bom entrar o ano de uma forma animadora.

Aproveito para vos desejar um melhor 2015 (em relação aos últimos anos...), com mais motivos para sorrirem e para se sentirem felizes neste pedaço de mundo, que desejo que passe a ser melhor frequentado. E claro, com muita inspiração.

O óleo é de Cristopher Stott. 


terça-feira, dezembro 23, 2014

Boas Festas


Continuo sem o meu computador (embora o meu sobrinho, que conseguiu salvar praticamente tudo de importante que estava no disco e me tenha emprestado um outro, mas com uns programas "estranhos" (não são da família "microsoft"...), aos quais ainda não me adaptei...

Mesmo assim, não quis deixar de passar por aqui, para desejar Boas Festas a todos os que passam por este lugar (comentadores ou não) e de alguma forma dão vida ao "Largo" que gosta de ter memória.

Um forte abraço para todos.

Vou colocar aqui este desenho do Banksy (grato Joana...), pelo seu simbolismo, pois Jesus neste milénio tem de escolher outro lugar para nascer, já não poder ir a Belém...

sábado, dezembro 20, 2014

As Avarias das Máquinas que Já Fazem Parte da Nossa Vida


O meu computador resolveu meter "baixa", pelo que nos próximos tempos vou estar mais afastado do que tinha pensado, da blogosfera. Ou seja, estou com umas férias natalícias antecipadas destes jogos de palavras e de algum convívio, mesmo virtual.
 
Como costuma acontecer nestas coisas, estão por lá muitas coisas importantes, que não guardei no disco externo, porque pensamos que o nosso computador é "eterno". Espero que consigam resistir a esta "imtempéride" e que voltem a respirar, com alegria (principalmente para minha alegria, estão lá três livros inacabados...).
 
 É mais um "balde de água fria" para me despedir serm grandes saudades de 2014.
 
O óleo é de Javad Azarmehr.
 

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Perdido e Encontrado na Imensidão de Lisboa


Já devo ter escrito por aqui, que com dezoito anos deixei a minha cidade natal e parti para a Cidade Maior.

Sentia que as Caldas da Rainha pouco tinha para me oferecer. E estava certo. Até por estar longe de me rever na mentalidade pequeno-burguesa virada para o mundo das aparências. Se não partisse, talvez fosse sempre um "inadaptado", talvez escrevesse sobretudo poesia subversiva...

Mas os primeiros tempos não foram fáceis...  nunca são para um provinciano "perdido" em Lisboa. 

Felizmente tive a sorte de receber dois "pais" emprestados, que me deram uma liberdade que eu desconhecia. Cresci muito mais de um palmo com o Zé e a Elisete, que foram a melhor coisa que poderia acontecer a um jovem rebelde, a dizer adeus à adolescência.

Embora nunca tivesse pensado que iria encontrar um ambiente que me daria a ilusão de ser invisível, sinto que foi uma das melhores coisas que recebi. Já sonhava com a escrita e encontrei pela primeira vez a possibilidade de observar tudo o que me rodeava, sem que alguém reparasse que eu existia. 

Claro que não me habituei logo a viver num mundo de "estranhos", gente com dificuldade em soltar qualquer bom dia ou boa tarde... mas não se pode ter tudo.

Ainda hoje gosto de andar perdido na imensidão de Lisboa...

O óleo é de Judith Peck.

terça-feira, dezembro 16, 2014

O Árbitro Habilidoso do Banco Mau


Ontem ao almoço ouvi uma história deliciosa, que até podia parecer anedota, mas não, foi mesmo verdade.

Um sportinguista quase doente contou com um sorriso nos lábios que tinha fechado a sua conta do BES, há já uns anitos, quando um árbitro habilidoso de Almada resolveu oferecer a Taça da Liga ao Benfica (até começaram a chamar a essa Taça a taça do dito árbitro...).

Ele até se mostrou agradecido ao "árbitro bancário", por ter saído do "banco mau" antes de toda esta bagunçada da família Espírito Santo...

E foi ainda mais longe: «fala-se muito do Calabote, mas o que não faltaram por aí foram gajos com apito habilidosos, bons a fechar os olhos a fora de jogos e a grandes penalidades, ou vice-versa, a abri-los tão bem, que conseguiam ver o que mais ninguém via.» E lá conseguiu arrancar uma gargalhada geral, mesmo de quem não percebia de futebol, como a Rita.

O óleo é de Josh George.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

Uma Voz Quente na Noite Fria


Gostei de te ouvir cantar, ontem, tal como já gostara noutros tempos e noutras músicas.

O engraçado é que, mesmo quando cantavas o fado, já achava que havia ali qualquer coisa "azul" na tua voz. Foi por isso que não estranhei esta tua aproximação ao jazz.

Dizes que é a escolha definitiva (não acredito).

Eu também acho que sim, a tua voz é um "instrumento", que casa melhor com o piano, com o baixo e até com o saxofone e o trompete, que com a guitarra portuguesa.

O óleo é de Eric Bowman.

domingo, dezembro 14, 2014

Outros Espelhos...


Não sei se a televisão é o melhor ou pior espelho. Sei apenas que é mais um espelho da nossa sociedade. Claro que se aproxima mais da "Casa dos Espelhos" da antiga Feira Popular, que do espelho que temos em casa e nunca nos mente, especialmente de manhã, quando o olhamos e ele teima em dizer-nos que somos mesmo nós, que estamos deste lado...

Penso que a televisão aproxima-se mais do "espelho enfeitiçado", que é boa a pregar partidas e até a levar-nos a fazer figuras quase tristes, pela surpresa da câmara, pelas perguntas parvas que nos podem fazer na rua (pratica-se muito no nosso país...). E claro, pela vaidade desmedida, quase de "bruxa" da Gata Borralheira, de quem se acha demasiado bom e belo. 

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Cacilhas e os Burros


Foi há já muito tempo que as "burrricadas" passaram de moda em Cacilhas. Foi por isso que estranhei que aquele sujeito, que mal conhecia, sorrisse, quando disse que morava em Cacilhas, quase a apontar-me para as orelhas e a dizer que eu vivia na "Terra dos Burros".

Não sorri, não fui ordinário nem acrescentei nada à conversa. Podia dizer que me orgulhava muito da história de Cacilhas e que até já tinha escrito vários livros sobre esta Localidade, mas podia parecer que me estava a colocar em bicos de pés. E por outro lado, cada vez gosto menos de dar "pérolas a porcos"...

Nem sequer lhe disse, que pelo que sabia, os "burros" costumavam chegar de barco, vindos de Lisboa...

O óleo é de Ortega Munõz.

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O Nosso "Imortal" Manoel


 Hoje é dia de festa para Manoel de Oliveira, que festeja o seu centésimo sexto aniversário, com uma lucidez e uma vontade de continuar a fazer filmes, invejáveis.

Mesmo que não se goste de uma boa parte da sua filmografia, é impossível passar ao lado do nosso "imortal" Manoel, um caso sério de longevidade e de capacidade criativa.

parabéns Manoel!

quarta-feira, dezembro 10, 2014

A Voragem das Notícias Diárias


Uma das coisas que mais me irrita é a forma como são geridas as notícias, principalmente as televisivas. São oferecidas imagens repetidas, diariamente (em todos os blocos de notícias), ao ponto de cansarem as pessoas e de lhes oferecerem um forte motivo para o habitual "zapping", numa clara fuga ao "big brother" jornalístico.

As notícias quase que são editadas como se fossem folhetins telenovelescos, abordadas cada vez com menos seriedade. Mesmo que os dramas se mantenham, quase que desaparecem de um dia para o outro (apenas do nosso, claro, de telespectadores...). O Ébola foi "fechado" em África; o novo Estado Islâmico está no mesmo sítio, mas os portugueses estão em lista de espera do editor do internacional; a violência doméstica quando surge é tratada como um crime de sangue, normalizado; o BES, é a "novela do horário nobre", vai continuar na ordem do dia por vários anos, mas para nós, já está colocado de parte, até por mais uma vez, não se encontrar ninguém preso; a entrada da prisão de Évora continua a ser  tratada quase como um desfile ou entrada para uma festa, só falta a passadeira vermelha e as pessoas irem visitar Sócrates com roupas de gala.

É o país e os jornalistas que temos (cada vez mais reféns dos donos dos meios de comunicação). Um país cada vez mais triste e moribundo, diga-se de passagem.

O óleo é de António Fuentes.

segunda-feira, dezembro 08, 2014

A Necessidade de uma Janela...


Há pequenos pormenores das nossas vidas a que nem sempre damos atenção. Provavelmente pela sua simplicidade.

Por exemplo, quando estou só, escrevo quase sempre perto da janela. Preciso de olhar, preciso de ver. Mesmo que seja a mesma paisagem, as mesmas casas, os mesmos campos, o mesmo rio...

Preciso da companhia do "mundo das coisas", que acaba por substituir a espaços o "mundo das pessoas".

Nem mesmo este frio de Dezembro me afasta da janela...

O óleo é de Olivier Desvaeux.

domingo, dezembro 07, 2014

Levar-me ou Não a Sério (ou Conversar com o Espelho)


Provavelmente tenho perdido algumas oportunidades na vida, por não correr muito atrás das coisas, por não andar a bater em "portas", que normalmente estão fechadas (e é preciso insistir, ser chato...). Talvez continue iludido que além do talento, a sorte manda muito no mundo das artes, mesmo sabendo que não é bem assim (empurrão daqui, empurrão dali, são a sorte de muita gente...).

Mas pelo menos ando com os pés no chão, olho para o mundo de frente, sigo o meu caminho, sem curvas e contracurvas, e não só consigo, como gosto de sorrir para as coisas simples.

Não sei se algum vou escrever um grande livro, se vou ter mais leitores do que esperava.

Sei apenas que não vou deixar de olhar para o mundo com a minha visão peculiar, nem prender os dedos da mão, quando sentem aquela vontade enorme de escrever (sim continuo a escrever em papeis (guardanapos, talões de multibanco, recibos de compras - o que está no bolso) porque as ideias surgem-me por todo o lado.

Às vezes pergunto-me: «o que andas à procura?». E não sei responder. Provavelmente de nada. Escrevo apenas porque gosto, escrevo porque preciso, escrevo porque quero ser melhor amanhã. Sim, a busca da perfeição também é uma constante na vida, por mais imperfeitos que sejamos...

Não sei se escrever é um dom. Sei que não aprendi a escrever (com a imaginação) em escola nenhuma. Nem venho de uma família de "artistas". A rua e as pessoas continuam a ser minha melhor a "escola" e a grande fonte de "inspiração".

O óléo é de Alice Brueggermann.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

«Não sei porquê, mas repetimos-nos muito.»


Hoje bebi café com a Rita, algo que não fazia há dias.

Como de costume falámos de muitas coisas, até da actualidade, com as politiquices e os "justiceiros", quase do cinema e dos livros pretos em destaque.

Mas o que me ficou da conversa foi tu dizeres, «não sei porquê, mas repetimos-nos muito», quase na despedida.

Fiquei a pensar nisso e acho que deve haver várias explicações. E claro, depende das repetições. A insegurança pode levar-nos a repetir as coisas, várias vezes. A mentira também. O verdadeiro mentiroso repete as coisas cem vezes, até que na sua cabeça fiquem a soar a verdade.

E a própria vida, os dias são quase sempre uma repetição... e nós próprios, também somos cada vez mais, "máquinas de repetição". É quase caso para dizer: «maldita revolução industrial!».

O óleo é de Pam Powel.

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Continuas Alta e Bonita


Encontrámos-nos ocasionalmente no café. 

Quando entraste fingiste que não me viste (muito gostam as mulheres de não olhar para os homens...), mas à saída deste-me um olá com um sorriso. Estavas com a tua mãe que também me cumprimentou.

Lembrei-me de nós, dos olhares que trocávamos, sem nunca passar disso. Palavras? Algumas, mas nunca foram muitas.

Eras e és bonita. Mas tinhas um problema, que não consegui ultrapassar: eras mais alta que eu  (todos temos complexos estúpidos, este é um dos meus...). 

O mais estúpido é que a tua vida não tem sido fácil, dois filhos de dois casamentos e ainda um terceiro, sem filhos. Apareceram-te demasiadas vezes à frente homens errados...

A aguarela é de Lana Khavronenko.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Amantes do Contrário (do Contrário)


Vasco Pulido Valente talvez seja o mais célebre, de todos aqueles que adoram andar em sentido contrário. Ou seja pensar sempre o contrário dos outros, mesmo que estes estejam certos...

Se há palavra que detestam é "unanimidade".

Se percebem que toda a gente gosta do Charlot, tratam logo de lhe encontrar defeitos, o que não é nada difícil, já que a imperfeição é uma das nossas maiores marcas. Inventam alguém que ninguém ouviu falar, só para serem diferentes...

Conheço uns quantos cromos destes. Até fingem gostar de morenas, só para não se fixarem no sorriso da Marylin Monroe. Acabam por ser ridículos, porque se a unanimidade é perigosa, negar o óbvio não passa de uma perfeita estupidez.

terça-feira, dezembro 02, 2014

Traços de Solidão


Ela estava ali à minha frente, a "desbobinar" quase tudo o que lhe ia na alma. Felizmente falava calmamente, sem que a conversa chegasse às outras mesas.

«Ficamos com uma marca quando nos separamos. É o olhar ou outra coisa qualquer. Sei que há algo que se cola a nós e fica visível.»

Disse-lhe que era impressão dela. Mas ela insistiu: «Não é nada impressão. Eu encontrei mudanças em mudanças que antes me assediavam, ainda que de uma forma discreta, passaram a fugir de mim, como se lhes fosse pedir alguma coisa que não queriam dar.»

Achei aquele desabafo tão estranho, ainda por cima vindo de uma mulher agradável e sedutora. Mas ela lá sabia da sua vida.

Pensava que as coisas se passavam ao contrário, que uma mulher disponível era muito mais assediada. Mas há realmente quem se afaste das pessoas que vivem sozinhas.

O óleo é de Edward Cucuel.

segunda-feira, dezembro 01, 2014

"Fogão" Desce de Divisão


O título da notícia maior da contracapa do jornal "A Bola" de hoje é: «Brasil em estado de choque: Botafogo desce de divisão.» Depois faz o histórico do clube de São Paulo, desde o ano da fundação (1894), relevando facto de ser o clube que teve mais campeões do mundo nas suas fileiras.

De entre estes, escolho essa figura mítica a quem chamaram Garrincha, o "Anjo das Pernas Tortas", que também já me inspirou um conto...

Por saber que o Brasil tem muitos "países" dentro de si (tal como os Estados Unidos da América, devido à sua grandeza geográfica), não se limita a ter três clubes grandes como nós  (a nossa "guerra" é na escolha do quarto grande como vários candidatos: Belenenses, Braga, Boavista, Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães), mas, provavelmente, a mais de uma dezena.

No pequeno universo de pessoas que conheço do Brasil (não dá para qualquer estudo estatístico...), há três clubes que levam vantagem em relação aos outros: o "Mengão" (Flamengo), o "Vascão" (Vasco da Gama) e o "Fogão" (Botafogo). E o mais curioso é a terminação do diminutivo ser igual para ambos. Não sei explicar porquê, talvez os meus leitores brasileiros nos possam esclarecer...

Ao pensar na grandeza do Brasil pensei que se ainda há gente que morre em Portugal sem nunca ter visitado Lisboa, no outro lado do Atlântico, deverão existir milhões de brasileiros que nunca irão pisar o Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília. E claro, sem que venha algum mal ao mundo.

Resta-me desejar que esta descida do "Fogão" seja episódica e que volta rapidamente ao "Brasileirão", honrando o seu passado glorioso.