Levo sempre mais de meia dúzia de livros para férias.
Este ano a "coqueluche" era o quase romance, "No Teu Deserto", de Miguel Sousa Tavares.Claro que li outros livros: "Budapeste", de Chico Buarque (gostei bastante desta deambulação entre duas cidades, dois países, duas mulheres, duas línguas... e claro da história desconcertante, sobre o mundo dos escrivões anónimos que emprestam o talento a algumas "marionetes" que se disfarçam de escritores - até assinam autógrafos e tudo -, esquecidos que não somos todos burros...); Vasto Mar de Sargaços", de Jean Rhys (uma vulgaridade...); "A Virgem e o Cigano", de D.H. Lawrence (um bom livro, embora cada vez mais me questione sobre a intemporalidade das obras e dos autores. Tudo tem o seu tempo, salvo raras excepções...). Reli "Conversas", de Mário Ventura (entrevistas a escritores) e "Ficções de Humor" (que escolhas de contos tão manhosas...), da Tinta Permanente.
Mas vamos lá ao "quase romance" do Miguel.
A história do livro é bastante simples, trata-se do relato de uma viagem pelo deserto, de jipe, protagonizada por duas pessoas (o autor e a Cláudia), desde a partida de Lisboa até ao deserto do Sahara, com passagens repletas de aventuras por Espanha e Norte de África.
Comprei este livro com a secreta esperança de ser surpreendido. Não o fui. Nem tanto pela história, mas pela sua construção. Achei-o pouco verosímil (o que não devia acontecer, por se basear de um episódio real, segundo o autor). Não percebo como é que se começa uma história como narrador, explicando o porquê do livro, da revelação de uma história com vinte anos, e na qual se diz não precisar de inventar nada e depois colocar a personagem feminina (aparentemente falecida...) a falar na primeira pessoa em alguns capítulos.
Claro que o livro vai vender bastante, porque o Miguel desperta sempre curiosidade. Talvez tivesse sido mais inteligente da minha parte ler o "Equador", que espera e desespera na estante...