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quinta-feira, 8 de março de 2012

Declaração, de Stefan Zweig (1881-1942).

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Antes de deixar a vida, de livre vontade e no meu perfeito juízo, uma última obrigação se me impõe: agradecer do mais íntimo de me a este maravilhoso país, o Brasil, que me propiciou, e à minha obra, uma tão boa e hospitaleira guarida. A cada dia fui aprendendo a amar mais e mais este país, e em nenhum outro lugar  poderia ter reconstruído por completo a minha vida, logo quando o mundo da minha própria língua acabou para mim e o meu lar espiritual, a Europa, se auto-aniquila.

Mas, depois dos sessenta anos, são necessárias enormes forças  para começar tudo de novo. E as minhas exauriram-se nestes longos anos de errância sem pátria. Assim, achei melhor encerrar, no devido tempo e de cabeça erguida, uma vida que sempre teve no trabalho intelectual a mais pura alegria, e na liberdade pessoal o bem mais precioso sobre a Terra.

Saúdo todos os meus amigos! Que ainda possam ver a aurora após a longa noite! Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes.


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Stefan Zweig
Petrópolis, 22. II. 1942