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terça-feira, 29 de junho de 2021

 


 

 

Em tempos de crise e de pandemias aparecem sempre os negocionistas.  



Ricardo Álvaro






quinta-feira, 20 de maio de 2021

Alerta.

 


 

 

 

OMS alerta que ainda não atingimos a humanidade de grupo. 



Ricardo Álvaro

 

 

 

 


sábado, 3 de abril de 2021

Agregado Familiar.

 


 

AGREGADO FAMILIAR

 



Oito gatos, quatro cães, amores vários,

papagaios de papel, gralhas que cantam

nas estantes e imitam, sem emenda,

a triste voz humana, peixinhos-de-prata

e um velho coelacanto não sei onde.

 

Nenhuma senha de razão e todas as línguas

na gamela: tudo flui e o amor permanece

no centro desta mesa, tábua redonda e de salvação.

Amigos que entram sem lei, ordem ou decreto

pela nossa casa adentro: Embaixada dos Únicos.

 

Anunciam-se os obscuros intentos de S. Bento

à Porta Fechada: a treva, o ranço e a barbárie

a rondar os ninhos da Criação. Os ministérios

abriram as agendas negras e a Arca da Peste:

tentam limitar e extinguir o agregado familiar.

 

Podre vai o vosso reino. Aviso: nenhum verme,

besta de cargo, bicho de contas, animal de rácio

ou outro baixo indignitário nos há-de fiscalizar

os bens e males das empresas falidas do coração,

as belas propriedades trespassadas do interior,

o mel do sangue, o puríssimo ouro da União.

 

 

Ricardo Álvaro in Revista CÃO CELESTE # 7, AAVV (Lisboa, Cão Celeste, Julho de 2015)




sábado, 27 de março de 2021

Anho de excepção

 

 

A Páscoa é celebrada há mais de dois milénios, anho após anho.

 

Ricardo Álvaro





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Declaração de Dívida.

 



                                    Viver é existir acima das possibilidades.



*


A Vida é o Produto Interno Bruto da Existência. 




Ricardo Álvaro

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

domingo, 24 de janeiro de 2021

Mutatis Mutandis.

 

  Mutação: Coronavírus muda de roupagem e faz estirpe-tease

 

Ricardo Álvaro





quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Natal.




                                                 O Natal é quando o pangolim quiser. 


Ricardo Álvaro



segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O Natal como realmente deve ser celebrado.





 


O NATAL COMO REALMENTE DEVE SER CELEBRADO

 

 

 

Equipa de arqueólogos da Direcção-Geral de Saúde (DGS) é responsável por descoberta histórica que pode mudar os nossos hábitos para sempre: afinal, a tradicional Ceia de Natal, errada e teimosamente celebrada na noite de 24 de Dezembro, é ao pequeno-almoço (o período entre as 7h00 e as 8h00 da manhã é o momento ideal para reuniões familiares e trocas de presentes, obviamente). O nascimento de Jesus Cristo deverá ser celebrado em qualquer dia do ano, excepto nos dias 24 e 25 de Dezembro. O Menino Jesus não nasceu numa gruta escura em local incerto, mas sim num patamar iluminado e arejado, sítio sagrado onde foi adorado pelos seus familiares, amigos e animais de estimação. As oferendas dos três Reis Magos nunca foram ouro, incenso e mirra, mas sim frascos de compota de diferentes sabores. Ficou inequivocamente provado que a compota foi e deve continuar a ser o prato principal do Natal (a introdução do peru, polvo e bacalhau foi uma invenção desesperada dos tempos modernos e decadentes). Provou-se também que a ausência de compotas na Última Ceia levou a desentendimentos, desacatos e traições entre os comensais. Esta desavença inultrapassável teve consequências trágicas e foi responsável pela origem de outra festividade religiosa: a Páscoa (que, para júbilo da DGS, também não é celebrada em data certa). O prato principal do Sábado de Páscoa (nunca foi ao Domingo) é composto por geleia e marmelada. O mata-bicho pascal deve ocorrer ao lanche, preferencialmente num quintal.

 

Ricardo Álvaro

 




sábado, 3 de outubro de 2020

 


Covid-19 testa positivo a Trump-20. O Estado é crítico.

 


Ricardo Álvaro









quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Quino.


 


Quinou o Criador.

 

 

Quino, o Criador, quinou mas deixou obra gráfica e filosófica para entreter e educar a humanidade durante séculos. Valeu bem a pena, literalmente. O primeiro e único elemento vivo da Santíssima Trindade partiu para a outra banda desenhada e deixou-nos órfãos e apeados, sem vinhetas de transporte colectivo nem pranchas de salvação. 


Ricardo Álvaro










terça-feira, 15 de setembro de 2020

sábado, 28 de março de 2020

Apagão.





APAGÃO


Deixei de contactar com os electrodomésticos cá de casa: o bule ferve em pouca água, o frigorífico comporta-se de um modo frio e distante, a arca é gélida no trato, o rádio berra, o despertador é um alarmista, o termómetro revela-se instável, a centrifugadora mói-me o juízo, o micro-ondas tem energia negativa, a máquina-de-lavar anda às voltas mas só sabe lavar roupa suja, o computador tem vírus e a calculadora só faz contas de sumir.

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Ricardo Álvaro












quinta-feira, 26 de março de 2020

Poema «Acreditação», de Ricardo Álvaro.



ACREDITAÇÃO


Caro utilizador
Robotizado
 
Por favor prove
que não é um usurário
Humano
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|___________|
 
Verificação falhada:
Por favor tente
e falhe novamente







sexta-feira, 20 de março de 2020

Virulências [crónicas da peste] - Volume II





 

VIRULÊNCIAS

[crónicas da peste]

- Volume II -

 

 

 

Uma das consequências imediatas da pandemia é o regresso em massa das pessoas à terra.

 

 

 

*

 

 

Autoridades sanitárias e SNS preocupados e em estado de alerta: carga viral de Sócrates sem origem declarada e registada em nome de familiares e amigos.

 

 

 

*

 

 

Profissionais da Televisão continuam em regime de teletrabalho.

 

 

*

 

 

Cientistas suspeitam que idosos com excesso de mentol de pastilhas elásticas no organismo possam ser imunes ao vírus. Jorge Jesus está a ser testado.

 

 

*

 

 

Cientistas confirmam que coronavírus é selectivo e que 70 % das vítimas infectadas são do sexo masculino. Feministas ainda não reivindicaram o atentado. 

 

 

*

 

 

Mutação viral: Coronavírus muda de roupagem e faz estirpe-tease. Maioria dos homens não resiste ao contágio e acaba na cama.

 

 

*

 

 

Vírus não reconhece corpo estranho e rejeita Donald Trump, Jair Bolsonaro, Kim Jong-un e Cavaco Silva, entre outros.

 

 

*

 

 

Pandemia: jovens herdeiros de fortunas cada vez mais próximos dos entes queridos.

 

 

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Registo Civil à beira do colapso operacional: Humanidade prepara Despedidas de Casado e Festas de Divórcio para depois da quarentena imposta pelo Estado de Emergência.

 

 

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Sindicatos do Crime Organizado adaptam-se ao Estado de Emergência e exigem mais direitos e liberdade de circulação na via pública porque entendem que fugir das Autoridades deve ser considerado «actividade física».

 

 

*

 

 

Assaltantes queixam-se da falta de máscaras e de luvas e fazem apelo às Autoridades.

 

 

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Estado Crítico: o estado de Portugal sempre foi de emergência.

 

 

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Pandemia expõe inevitável falência do actual sistema civilizacional e acelera o crash da Bolsa de Valores da Humanidade.

 

 

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Natureza eleva aposta e desafia o Homem a jogar à roleta-russa com seis balas no tambor. Infelizmente, o Homem aceitou.

 

 

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A Humanidade não estava preparada para o sucesso e a Natureza avançou com a sucessão. Passámos de uma Existência obscura ao reconhecimento viral.

 

 

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YouTumba: Queda da Humanidade torna-se viral.

 

 

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Recolhimento Obrigatório: Misantropos sentem-se compreendidos e agradecem o reconhecimento do seu estatuto anti-social.

 

 

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Recolhimento Obrigatório: Misantropos saem à rua para se isolarem da Sociedade.

 

 

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Alteração de Regime: ténia intestinal cumpre solitária.

 

 

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Cidadãos contagiados apresentam-se com diarreia perante as Autoridades. População em quarentena cumpre prisão de ventre.

 

 

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Pandemia: Vírus abastecem-se no Mercado de Vivos.

 

 

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Receita da Pandemia: Médicos prescrevem.

 

 

 

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Direito à Resistência: Soldado não quebra.

 

 

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O pior da pandemia é o pandemónio.

 

 

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Ricardo Álvaro

 

[o autor destas sentenças lavradas à mão não respeita o molho de brócolos do Desacordo Hortográfico cultivado por nabos e cabeças-de-alho-chocho, escreve segundo a ortografia antiga e testa negativo por natureza]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 15 de março de 2020

Virulências [crónicas da peste]




 

VIRULÊNCIAS
[crónicas da peste]
 
 
 
 
Última Hora: Coronavírus fica de quarentena depois de contagiar classe política. Vírus pode não sobreviver ao contágio.
 
 
 
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Breve e inevitavelmente, os militares sairão à rua para tentar controlar o caos causado pela pandemia. Pelo sim, pelo não, distribuam cravos e cantem canções de resistência. Pode ser que desta vez corra melhor.
 
 
 
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Governo pondera proibir ajuntamentos em hospitais e centros de saúde. Só serão recomendados e autorizados ajuntamentos em cemitérios.
 
 
 
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Devido à pandemia, os bancos anunciaram que vão passar a funcionar à porta fechada. Não há nenhuma novidade nesta medida. Os bancos portugueses sempre funcionaram à porta fechada.
 
 
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Autoridades decidiram encerrar centros comerciais, praias, feiras, missas, discotecas, etc., e suspender o campeonato de futebol. Se conseguirem cancelar as telenovelas e os programas da manhã dos canais nacionais, Portugal poderá ainda vir a ser um país civilizado.
 
 
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Imaginem que um cidadão preocupado, depois de apresentar sintomas, faz o teste da gravidade e que o resultado é positivo. Pergunta inevitável: o vírus, é menino ou menina?
 
 
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Quarentena: mais vale quarenta dias encerrado na despensa de casa do que 15 dias deitado na cama de um hospital.
 
 
 
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Álcool esgota em farmácias, supermercados, bares e lojas de conveniência. Afinal, os alcoólicos tinham razão.
 
 
 
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Não se esqueça de manter os hábitos de higiene: lave as mãos com água e sabão e guarde o álcool para tirar as nódoas mais difíceis.
 
 
 
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Será desta, finalmente, que os clássicos vão ser lidos?
 
 
 
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PARA OS FANÁTICOS E IMBECIS DEPENDENTES DAS NOVAS TECNOLOGIAS
QUE ANUNCIARAM COM ESTRONDO O FIM DO PAPEL
 
 
Agora, ide pelos vossos dedos e limpai o cu aos vossos tablets.
 
 
 
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Está provado que as invasões bárbaras do turismo não fazem bem à saúde de ninguém (excepto à Renova).
 
 
 
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Quando o papel higiénico esgotar (que, acreditem, esgotar-se-á antes da nossa finita paciência), lembrem-se do Diário da República, dos contratos precários, dos recibos verdes e de todos os volumes obrados por autores bestsellers que circulam por aí.
 
 
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Calma, não é ainda o fim do Mundo, é apenas o fim do papel higiénico.
 
 
 
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Procura-se: rolo de papel higiénico por estrear. Dão-se vísceras.
 
 
 
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Pela nossa saúde, não deixem esgotar o álcool nem a ração para animais.
 
 
 
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Da China, nem bons unguentos nem bons sacramentos.
 
 
 
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Reconhecemos que vêm aí tempos difíceis quando vemos um tipo desesperado entrar num luxuoso Jaguar com duas latas de sardinha compradas ao preço de marisco vivo.
 
 
 
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Depois de uma visita breve ao supermercado, concluo que a Civilização está de quarentena.
 
 
 
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Conselho [glosa]: Mantenha os amigos sempre por perto e os víveres mais perto ainda.
 
 
 
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Ando a dizer isto desde sempre: o melhor que podemos fazer para proteger os amigos e familiares é não os visitar.
 
 
 
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Calma, não vos precipitais sobre o abismo da barbárie, o pior ainda está por vir.
 
 
 
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A Existência é uma experiência de quase-vida.
 
 
 
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Recomendação [glosa]: sepultar os vírus, cuidar dos mortos e fechar os aeroportos.
 
 
 
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Ricardo Álvaro
 
[o autor destes arremedos febris não respeita o Desacordo Ortográfico, escreve segundo a ortografia antiga e testa negativo por natureza]