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quarta-feira, 5 de março de 2014

Super Contente.

 
 
 
 
 
 
 

«Quatro dias depois da carta que escreveu ao pai, João Tordo esteve na antestreia de O Filme Lego, onde lhe perguntámos como estavam ele e o pai a lidar com toda esta controvérsia. “Esse é um assunto sem importância, mas que se transformou numa bola de neve. O meu pai está super contente e eu fico feliz por ele.”, assegurou o Prémio José Saramago 2009. »
 
(revista Caras)
 
 
 


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

sigam a solha

 
 
 
João Tordo, escritor português que tem uma solha de 30kg na cabeça
 




 
 
 
 

afinal, é medricas

 
 
 
O corajoso escritor João Tordo, na China, perseguido por um amarelo











podes sempre ficar por aí.

 
 
João Tordo, algures na Ásia. Semblante arrependido.











agora em modo Lili Caneças

 
 
 
A socialite Paula Bobone, de barbas outonais, na principal artéria de Xangai









já não é mau!

 
 
 
João Tordo, um jovem sem-abrigo com menos de 40 anos.
Sobrevive com metade dos seus rendimentos. A crise chega a todos. 


As vendas de livros já representam, contudo, metade dos seus rendimentos: "Antes dos 40 anos, já não é mau!".






estar numa tournée constante

 
 
 
João Tordo, em tournée constante, com a sua banca de livros na Feira de Xangai









 

mesmo à procura do choque cultural

 
 
 
João Tordo, virgem de China, na iminência de ter um choque cultural com o eléctrico 28









 

domingo, 3 de março de 2013

«Um autor dos anos 2000».










Na capa da revista do jornal Sol (01.03.2013) anuncia-se mais uma entrevista com João Tordo, a propósito do seu último romance: «Hoje até o pasteleiro escreve livros». No interior, verifica-se que não foi bem isto que Tordo Jr. afirmou, mas o sentido anda lá muito perto. Com seis títulos no mercado, João Tordo considera-se um escritor ou, nas suas palavras, «um autor dos anos 2000». Que tem publicado livros, disso ninguém duvida. Mais até, decidiu fazer da escrita uma profissão. Aliás, é como uma actividade profissional que Tordo pretende que a escrita seja exercida – e, já agora, protegida. Trata-se de uma profissão dura e madrasta, esta das letras. Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje em dia os praticantes deste ofício não têm sequer tempo para conviver entre si. «Temos vidas diferentes e com esta profissionalização da carreira viajamos muito. Vemo-nos nos encontros de escritores. Tenho pena de que a boémia entre escritores tenha desaparecido. Já não há partilha de ideias e não há zangas. Tenho poucos amigos escritores». Apesar disso, refere: «conheço todos os prémios Saramago, excepto o Paulo José Miranda».

         A seguir, evoca com nostalgia a geração de Cardoso Pires, Lobo Antunes e Saramago, escritores que – esclarece-nos Tordo – «não têm estilos iguais». Bons tempos, esses. «Nesses tempos, os escritores tinham a benesse de não ter de competir com a porcaria toda que se anda a vender. Hoje parece que todos são escritores: da apresentadora de televisão ao gajo dos blogues, ao pasteleiro. É um disparate. Eu não me vou meter na profissão dos outros. O excesso de produtividade editorial que marcou os anos 90 e estes últimos anos tem de parar».

         Eis, portanto, João Tordo, o artesão das palavras, a afirmar que, nos belos tempos de José Saramago e Cardoso Pires, estes gozavam da «benesse» de não terem que competir com pasteleiros ou apresentadores de televisão. «Eu não me vou meter na profissão dos outros». Ficamos portanto com a tranquila garantia de que Tordo-escritor nunca será Tordo-pasteleiro, por muitos pastelões que produza. Em contrapartida, crê-se que o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro (STIHTRSC) deveria dar instruções estritas aos seus associados para que não escrevam nada, mesmo fora das horas de expediente. O escritor premiado não aprecia a concorrência desleal dos fabricantes de bolas com creme. Há mesmo, segundo ele, um «excesso de produtividade editorial» e esse excesso, sendo excessivo, «tem de parar». Como?

         Bem, em primeiro lugar convém esclarecer este jovem «autor dos anos 2000» que Torga e Agustina também tiveram de competir com novelas cor-de-rosa ou com O Livro de Pantagruel – e, ao menos, tiveram o pudor de não se compararem nem queixarem da concorrência. Mas que pretende, ao cabo e ao resto, João Tordo? Que só os escritores possam escrever e publicar? Mas, afinal, quem são os «escritores»? Uma seita iniciática de illuminati, um clube selecto de acesso reservado? Um sindicato monopolista com carteira profissional e privilégios corporativos? Uma casta superior de brâmanes, uma guilda da Idade Média?

         Como se vê, João Tordo oscila entre a extrema autoconfiança, que lhe advém da presunção de se julgar um «escritor» comparável a Cardoso Pires, e o cúmulo da insegurança, que o faz temer a refrega com o que escrevem apresentadores televisivos ou profissionais da confeitaria e panificação. Para quem está nos top’s de vendas, causa dó tanto medo da concorrência.  

         O problema da Literatura, na visão de Tordo, resolvia-se de uma forma simples: proibia-se que outros escrevessem. De facto, assim tudo seria facilitado, desde que fosse Tordo, ou algum outro iluminado, a decidir quem poderia ou não entregar-se à nobre arte da escrita. Deste modo, evitar-se-iam os «fenómenos de vendas de livros escritos a metro» e teríamos apenas «bons livros».

Mais adiante na entrevista, o que lhe repugna, afinal, é o facto de os livros de Dan Brown surgirem nos escaparates ao lado das grandes obras literárias. «As pessoas que lêem aqueles calhamaços tipo Dan Brown só vão ler aquilo. É bom que haja mais gente a ler mas temos de ter atenção ao quê». Atenção, atençãozinha, é necessário definir um cânone, se possível por via administrativa, através de uma inspecção-geral, tutelada pelo Ministério do Bom-Gosto. Uma ASAE literária, será isto que pretende? Para este escritor, é inconcebível, obsceno até, que os livros de pasteleiros e as obras de Saramago sejam comerciados no mesmo lugar. Concede, porém: «Percebo que seja nas livrarias. Mas que façam figura nos escaparates com os outros livros parece-me uma coisa quase obscena». Tudo se reduz, portanto, a uma questão de marketing. O grande problema das letras portuguesas não está no facto de se produzirem livros como os de João Tordo. A questão magna, o drama verdadeiro, está, pois, na ausência de um cordão sanitário ou de um perímetro de segurança que proteja a integridade de Os Cus de Judas dos avanços galopantes de Harry Potter.

         Um pouco mais à frente, lamenta-se Tordo da vida dura que abraçou. «Nós, os escritores, pelo menos os da minha geração, somos tudo menos ricos. E temos que fazer muita coisa para sobreviver». Acrescenta: «faço um bocado de tudo para conseguir sobreviver». O quê, pastéis de nata? Então, afinal, João Tordo não quer que os pasteleiros escrevam livros mas reconhece que, além da escrita, anda a fazer biscates por fora? Que dirão os músicos, por exemplo, já que Tordo confessa que voltou a tocar contrabaixo com o seu grupo Loafing Heroes? «Eu não me vou meter na profissão dos outros»?

         O desastre prossegue. Depois de se lamentar da perigosa concorrência dos pasteleiros, o jovem autor reconhece com orgulho que foi galardoado em 2009 com o Prémio Saramago. E, João, quanto a idas a festivais literários? «Não conseguia fazer isso em série. Conheço escritores que passam a vida no aeroporto. Gosto de ter o meu tempo pessoal e para escrever. (…) Nos próximos meses, vou viajar muito, devido ao livro novo». Afinal, pelos vistos, os escritores, os grandes escritores como João Tordo, são premiados, são amplamente publicitados, passam a vida em aeroportos rumo a festivais literários, andam em tournées promocionais das suas obras. Porquê tanto receio da concorrência dos desgraçados dos pasteleiros?

         «A minha forma de expressão partiu inteiramente de mim», diz Tordo. Será isso, porventura, o que o distingue doutros colegas de ofício cujo nome invoca, como Oscar Wilde, José Saramago, Borges ou Shakespeare. Neste último livro, Tordo explora o tema dos duplos. Agora, a compita já não é com os pasteleiros. Agora, João Tordo pede meças ao Bardo do Avon: «O Shakespeare escreveu sobre tudo, é difícil encontrar um tema novo. Mas há novas formas de se abordar o tema. É aí que se distinguem os escritores». É aí, nesse ponto crucial, que João Tordo se diferencia de William Shakespeare. Com modéstia, remata à trave: «um livro escrito por mim dificilmente poderia ser imitado, tenho o meu próprio estilo». Isto, claro, além de ser um cidadão do mundo («Viajo muito»), um prosador de sucesso («se é que se pode chamar a isto sucesso») e, enfim, um bom escritor: «Vendo livros porque, acho, sou um bom escritor».    

Este seu último livro foi escrito numa residência literária no Canadá. Ao que consta, William Shakespeare não ganhou o Prémio Saramago, nem os pasteleiros de Lisboa escrevem em residências literárias no estrangeiro. Mas não é com eles que Tordo concorre. Quem João Tordo verdadeiramente ameaça é outra classe profissional: os palhaços.
 
 
António Araújo


sábado, 26 de maio de 2012

Beijos fatais.

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Régis Bossu é um dos grandes fotojornalistas europeus da actualidade, com imagens fabulosas sobre os ex-países do bloco Leste e os seus líderes. Captou a celebérrima cena do acalorado beijo entre Brejnev e Honnecker, uma história extraordinária que pode ver aqui ou aqui.

Régis Bossu, 1979



Muro de Berlim. As autoridades mandaram apagar o grafito,
o que gerou polémica, que pode acompanhar aqui

Pintura de Dmitry Vrubel, com história aqui

Dmitry Vrubel e Régis Bossu. Ver a história aqui


Régis Bossu, 1994




No livro As Três Vidas, de João Tordo, é usada na capa uma imagem de Bossu. A ficha técnica refere-o e indica a utilização de um banco de imagens. Alguns leitores deste blogue têm colocado o problema do pagamento de direitos de autor. Não é esse o caso. O problema está em que, da imagem de Bossu, que retrata o genial Philippe Petit no arame (a não perder Man on Wire/O Homem no Arame!), apenas aproveitaram um bocadinho, o retrato do artista. Tudo o resto foi rasurado e «tratado». Compreende-se. Acrescentaram uma imagem de Nova Iorque e «limparam» o resto da fotografia. Petit andou nas Torres Gémeas há muito tempo. Mas a fotografia de Bossu é de 1994 e retrata… Frankfurt, como se indica aqui. Fácil: é só tirar Frankfurt de cena e acrescentar o skyline de Manhattan. Fácil. Só que deturpa tudo: nunca foi tirada uma fotografia de Petit daquele ângulo. Aliás, era um enquadramento impossível. O passeio de Petit foi em Nova Iorque e em 1974. A foto de Bossu é de Frankfurt e de 1994. Vinte anos de diferença, um Atlântico de distância.

Nada tenho contra o «tratamento» de imagens, com «limpeza» do fundo ou realce de um pormenor, sobretudo quando são imagens do domínio público, obras não protegidas. Mas este caso parece-me extremamente ilustrativo de um abuso. Aqui, sim, pode colocar-se uma questão de direitos (morais) de autor. Desconheço que tipo de contratos fazem os fotógrafos com os bancos de imagens. Mas duvido muito que um fotógrafo como Bossu autorize a que as suas obras sejam manipuladas de forma tão grosseira. O ponto é grave porque demonstra, para mais, que os escritores ou estão reféns das grandes editoras, ou condescendem com este abuso de obras de colegas de outros ofícios (os fotógrafos) ou pura e simplesmente não se importam com o que fazem nas capas dos seus livros.



António Araújo  

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os morenos da literatura.

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Ainda agora acabei de desembarcar no Malomil e já estou metido em sarilhos. Há dias, João Tordo não se guardou de manifestar o seu desagrado pelo texto «Grávidos de Literatura» e fez-me chegar esta mensagem:

«Caro João Pedro George,

julgo que não nos conhecemos, mas li um artigo teu chamado “grávidos de literatura”. Até achei alguma graça, sobretudo a parte que se refere à “mão” divina do Lobo Antunes; mas, depois, fazes uma citação do meu romance como se fosse uma citação de uma entrevista minha. Diz assim: “No princípio de Dezembro comecei a investigar a fundo a história de Catarina Eufémia. Uma vez mais, temo estar a mentir porque, em abono da verdade, foi a história de Catarina que me começou a investigar”. Na realidade, esse excerto é o princípio do segundo capítulo do livro, e não uma coisa que eu tenha dito, como queres fazer parecer no artigo: é uma frase do narrador da história e não minha. Posso assegurar-te que não estou “grávido” de literatura e que os meus romances dependem de muito trabalho de escrita, reescrita, comparação, estudo, etc. Como gosto de corrigir o que me parece errado, aqui fica a mensagem. E, por favor, não me coloques na mesma lista do que as louras da literatura: fica-me mal a mim e fica-te mal a ti. Abraço.»

Em obséquio do rigor, Tordo tem razão: aquela frase é do romance. Acontece, porém, que foi escolhida em detrimento de outra que o desmemoriado Tordo declarou à jornalista Maria João Caetano, do Diário de Notícias: «Eu descobri a Catarina Eufémia porque ela me foi acontecendo. Acho que foi mais ela que me descobriu a mim» (7 de Dezembro de 2011, p. 46). Mal por mal – ambas excedem as minhas piores conjecturas acerca da estéril retórica de alguns escritores portugueses, ambas são capazes de ombrear com a «mão divina» de Lobo Antunes, ambas são farinha do mesmo saco –, optei pela citação do romance.
Afora esta pequenina correcção, João Tordo achou ainda o seu prestígio posto em causa. Convencido de que está sempre a parir Alta Literatura, ocupado permanentemente com as coisas superiores da vida, Tordo sentiu-se ultrajado na sua masculina essência de «grande escritor» por ver-se enfileirado com as «louras da literatura». Então podia lá ser. Ele, Tordo, trabalha para ser imortal, cada página sua vale dez Margaridas Rebelo Pinto e dez Marias João Lopo de Carvalho. Ora, ora, João Tordo. Vou ter de ser muito franco contigo: ninguém é o que julga ser, nem ninguém é apenas o que parece ser. Sobretudo, não acredites em tudo o que pensas.
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                                                                                 João Pedro George

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