«[...] No fim da tarde, Alexandra procura o seu carro e acaba "por descobri-lo em cima do passeio e junto à mesma árvore onde o deixara há quase um eternidade. Tinha uma multa por estacionamento proibido, afixada no "pára-brisas" (pag. 352). Tudo o que aconteceu foi real e tão pleno que o tempo se distendeu à aparência de eternidade; mas, por sob isso, há um quotidiano mesquinho, vigiado, impermeável à transgressão, que remete a eternidade mais jubilosa à eterna idade da ordem. Pelo menos, da ordem portuguesa -- porque não deve ser difícil adivinhar que o autuante deve ter sido o portuguesíssimo Guarda Ricardo.»
Luís Mourão, Um Romance de Impoder -- A Paragem da História na Ficção Portuguesa Contemporânea, Braga e Coimbra, Angelus Novus Editora, 1996.
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Sam, O Guarda Ricardo (1975) |