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quinta-feira, 30 de junho de 2022
de A a Z: D, de Deadpool (Rob Liefield e Fabian Nicieza, 1991)
terça-feira, 22 de outubro de 2019
mais olhos que barriga
Criado em 1991 pelo norte-americano Rob Liefeld e o
argentino Fabian Nicieza, Deadpool é mais um elemento da parafernália de
superentidades da Marvel: vilão mutante cujas características notórias são a
capacidade de auto-regeneração dos órgãos e tecidos, alguma esquizofrenia, pois
tanto combate como admira as grandes figuras mascaradas, e uma incontida
tagarelice. A propensão para o cómico é evidente, facilitando a criação da
série paralela intitulada Killogy, imaginada por Cullen Bunn e Matteo
Lolli.
A ideia até é boa: depois de chacinar os heróis da
Marvel (Deadpool Kills The Marvel
Universe, 2011), com o fito altruísta de libertá-los dos caprichos dos seus
criadores – mas na verdade manobrado por um qualquer génio do mal –, e antes de
matar-se a si mesmo (Deadpool Kills Deadpool, 1913), o vilão é persuadido pela Brigada dos Cientistas Loucos
a liquidar as maiores personagens da literatura, fonte de todos os
super-heróis, e a única forma de acabar com eles definitivamente. Por exemplo,
a morte da Sereiazinha inviabilizará Namor, o
príncipe submarino, e o fim dos Três Mosqueteiros ou das Mulherzinhas
impedirá a formação de futuras equipas de heróis e heroínas...
Boa a ideia, mas demasiado ambiciosa. Graças a um
dispositivo de Reed Richards, do Quarteto Fantástico, Deadpool conseguirá
viajar no espaço e no tempo. Da Odisseia à Metamorfose, do D.
Quixote ao Sr. Scrooge, passando pelo Pinóquio (saído do interior de Moby
Dick), contámos 23 referências, mais ou menos desenvolvidas, número certamente
excessivo para as 80 páginas disponíveis. Podemos meter Gulliver ou Macbeth
numa única vinheta, mas fazer o mesmo ou parecido com as sucessivas obras
denota o propósito de citar o mais possível, em sacrifício da fluência
narrativa. Além disso, a carnificina é sem descanso, como um videojogo para
adolescentes retardados, em maçador acumular de pancadaria e larachas.
O trabalho de Lolli tem bons momentos: o massacre da
tripulação do “Pequod”, a tareia das Mulherzinhas, Deadpool trespassado pelo
chuço do Quixote. Mas o melhor mesmo está nas capas de Mike del Mundo.
Um dos aspectos mais desagradáveis dos comics é o imperativo de fazer dinheiro
a todo o transe, sujeitando os pobres super-heróis a inenarráveis tratos de
polé: matam-nos, ressuscitam-nos, casam-nos, mudam-lhes a fatiota, a cor da
pele e até o sexo, criam séries paralelas em mundos alternativos, deixando à
nora o desgraçado leitor que não seja um incondicional... Ao mesmo tempo,
criam-se mais heróis e vilões, com as suas evoluções e especificidades, assim à
maneira dos pokémons. O que importa é fazer render o peixe. O coitado do
Homem-Aranha tem sido a principal vítima deste festival de ganância, o que não
é de admirar, tratando-se a mais icónica e portanto a mais rentável marca da
sua editora. É verdade que, por vezes, surgem pepitas, mas este não é o caso.
Deadpool Mata os Clássicos!
texto: Cullen Bunn
desenos: Matteo Lolli
edição: G. Floy Studio,
2019
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