Um homem aparece inanimado numa praia, sendo recolhido por um casal de idosos. Amnésico, não sabe quem é; apenas um XIII tatuado num braço poderá servir como referência. História de um perseguido, trata-se da crème de la crème da BD belga.
quinta-feira, 7 de abril de 2022
terça-feira, 19 de outubro de 2021
discurso directo: Yann
Yann, actual argumentista de Thorgal, foi o último a trabalhar com Rosinski, antes de o mestre polaco se retirar. À pergunta sobre como se processava a relação de trabalho entre ambos, Yann responde, em entrevista dada ao mensário L’Immanquable, em 2018: «Grzegorz é uma pessoa muito agradável. […] Procedi da mesma maneira que Jean Van Hamme, ou seja, forneci um argumento que ele compôs segundo o seu critério.» Muitas vezes o argumentista faz o plano de cada prancha, o découpage, dando pouca margem ao desenhador. Com Rosinski, não por capricho, mas por talento desmesurado, tal não seria possível.
quarta-feira, 7 de julho de 2021
personagens de carne e sonho
Duas órbitas vazadas miram-nos (!), na primeira vinheta... Tons escuros e um azul cinza por detrás, compõem a impressão soturna que nos é oferecida. O plano vai-se abrindo nos quadradinhos seguintes, mostrando num pardieiro, paredes de pedra musgosas e um raio de luz invadindo o espaço por uma janela diminuta. Aquelas órbitas pertenciam a uma foca cuja pele se dependura nas estacas interiores. Ao fundo, uma jaula onde se vislumbra um vulto humano acocorado. É Leuve, filha de Thorgal Aergison, raptada por marinheiros-comerciantes das Ilhas Ferozes – também conhecidas por Faroé –, situadas entre a Escócia e a Islândia.
Na prancha 04, em analepse, Thorgal olha embevecido a graça da filha, muito jovem adolescente caminhando rapidamente para mulher. Ao 38.º álbum, este falso víquingue goza o prazer da família reunida, ao fim de mil-e-uma peripécias a que vimos assistindo, desde que em 1977 se estreou nas páginas da revista Tintin, com desenhos de Grzegorsz Rosínski e argumento de Jean Van Hamme. Na prancha 08, uma vinheta de margem a margem mostra-nos Thorgal de semblante carregado ao comando de um knörr, no Mar do Norte, no encalço – na companhia do filho, Jolan – da filha, que já sabe estar nas mãos de Grimur, chefe da aldeia de Mikladalur, na ilha de Kolsoy. Entra então na narrativa lenda da mulher-foca, a sélquia: a uma data certa, as sélquias saíam do mar à noite, despiam as peles de foca e dançavam nuas, revelando esplêndidos corpos femininos. Um pescador escondido, que desviara a pele de uma delas, impedindo-a assim de regressar ao mar, leva-a para casa, tornando-a sua mulher, até um dia em que esta ela encontra a pele e foge. No seu habitat forma a família, que será destruída pelos habitantes de Mikladalur, numa surtida às focas. A vingança da sélquia é terrível, e uma maldição atrai os homens para os penhascos, lançando-os depois ao mar e à morte. Nem a construção de uma gigantesca estátua em bronze consegue desfazer a praga. Ao contrário, os barcos atraídos por um remoinho desfazem-se contra as rochas. Por isso, na época de acasalamento, os habitantes de Kalsoy, procedem ao massacre de todas as focas, esperando acabar com aquele sacrifício de homens. Thorgal e Jolan, logram contudo transpor a passagem guardada pela sélquia de bronze, e quando chegam a Mikladalur vêm a água do mar tingida de vermelho.
O engenho de Van Hamme, a mestria de Rosínski e o encontro da história com o maravilhoso das lendas nórdicas – a história encerra com os corvos de Odin, Huginn e Muninn, que informam o deus dos passos do protagonista – e um pouco de ficção científica, fez de Thorgal uma das séries mais populares da BD. Van Hamme largou-a em 2006, passando por Yves Sente, Xavier Dorison e Yann, a nata dos argumentistas actuais. Rosínski, fará o mesmo dez anos mais tarde, entregando a sua personagem a Fred Vignaux, não deixando, contudo, de supervisionar o trabalho do continuador.
Thorgal – La Selkie
texto: Yann
sesenhos: F. Vignaux
edição: Le Lombard, Bruxelas, 2020
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
o regresso de Thorgal
Substituir Rosinski e Van Hamme não é fácil, mas Yann também não é um argumentista qualquer e Fred Vignaux, além de poder contar com a supervisão do mestre polaco, já pertence à equipa da séria paralela “Les Mondes de Thorgal”. Neste 38.º tomo da série, Louve, filha do viking extraterrestre e de Aaricia, que tem o dom de comunicar com os animais, é raptada e levada para a ilha de Kalsoy, no arquipélago das Faroés, cujos habitantes vivem subjugados pelo medo das Sélquias, monstros marinhos de formas humanóides femininas, e pelos tributos autoimpostos pelo terror que sofrem. Thorgal – La Sélkie, Le Lombard, Bruxelas, 2020. Um álbum a que voltaremos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
conspirações
O sétimo álbum do segundo ciclo da série XIII, criada por Jean Van Hamme e William Vance, agora a cargo de Yves Sente (argumento) e Iuri Jigunov (desenhos). Jason MacLane, aliás 'XIII', infiltrou-se na Fundação Mayflower, uma organização ultraconservadora que pretende assenhorear-se da presidência dos Estados Unidos. O conluio passa por um atentado ao Papa, em visita ao país, que XIII é compelido a perpetrar e a liquidação do presidente americano. Na chefia do Estado está agora o presidente do Senado, implicado na conspiração. Resta assim à Fundação Mayflower reprogramar XIII e torná-lo indefectível à causa. Mémoire Rechargée, edição Dargaud, Paris 2020.
quinta-feira, 5 de março de 2020
Integrais
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
Franquin antes de Gaston
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
História e BD
José Projecto & Jorge Magalhães, Giraldo o sem Pavor
segunda-feira, 19 de maio de 2014
50 álbuns: 16. Rosinski & Van Hamme, A FEITICEIRA TRAÍDA (1980) -- um início prometedor
O carrasco é Gandalf, o Louco e a vítima Thorgal Aegirsson. Ambos se invectivam até que Gandalf, reagindo ao insulto, fere Thorgal no rosto.
No drakkar de Gandalf, uma jovem e bela mulher está amarrada ao mastro. É loira, é linda, é filha do Louco (na prancha seguinte saberemos o seu nome, Aaricia).
Trata-se do álbum de estreia (1980) de uma das grandes criações do belga Van Hamme e do polaco Rosinski, uma promessa que passados todos estes anos foi muito bem cumprida.
Rosinski & Van Hamme, Thorgal -- A Feiticeira Traída, trad. Marília Alves, Lisboa, Livraria Bertrand, 1983, pranchas 1-2.