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Dia 27 de maio último este Futepoca completou dez anos de existência. Menos de uma semana depois, num 2 de junho como hoje, eu fazia minha postagem de estreia, comentando que o blog pretendia mesmo ser um "balcão de bar virtual", onde "o proletário e o vagabundo se irmanam na manguaça nossa de cada dia", discutindo, entre outras coisas, futebol, política e cachaça. E vejam só que - inacreditável e simbólica - coincidência: fazendo a soma do que foi publicado ano a ano de lá pra cá (os números estão na coluna à direita), descobri que este aqui é exatamente o nosso Post 7000. O que dá uma média, portanto, de 700 postagens por ano. Vão gostar de escrever assim lá na casa do chapéu!
Sim, eu sei, o Futepoca vive "situação de abandono" já há alguns anos. Reflexo direto de um fenômeno que explodiu coincidentemente no mesmo período de existência deste blog: o surgimento, popularização e consolidação das redes sociais online - ou anti-sociais, como queiram. O Orkut (extinto em 2014), o Flickr, o Hi5 e o Facebook surgiram em 2004, o Twitter em 2006 (junto com o Futepoca), o Instagram e o Linkedin (versão nacional) em 2010, e dezenas de outras redes, com fins específicos. Com o tempo, elas sugaram completamente as atenções dos nossos leitores e monopolizaram as postagens dos futepoquenses sobre qualquer assunto. Alguns até trabalham com análise de redes sociais.
Sendo assim, o tempo para ler ou escrever em blogs desapareceu. Antes, a gente postava alguma coisa aqui e nos dias seguintes via se gerava repercussão, respondia comentários etc. Era um processo mais lento. Hoje, as pessoas postam textos, fotos e vídeos nas redes sociais e têm respostas instantâneas, curtidas, comentários, compartilhamentos. Em frações de segundos. E daí o Futepoca e outros blogs sofreram, compreensivelmente, um esvaziamento inevitável. Mas os 7000 posts ainda estão aqui, com acesso livre, e mesmo os mais antigos ainda recebem comentários e compartilhamentos de vez em quando, provando que esse é um conteúdo ainda (muito) vivo para consulta, citação e/ou debate.
Vai daí, pensei em milhões de coisas pra esse post aqui, que decidi ser meu último (até pelos números redondos de dez anos do blog e de 7000 publicações, fecha bem). Mas não vou me alongar, senão é como tagarelar em mesa de bar e não dar chance para ninguém abrir a boca: muito chato. Aproveito o ensejo, então, para agradecer os "irmão"-camaradas Anselmo De Massad e Glauco De Faria, mentores-criadores do Futepoca, Frédi De Vasconcelos, Nicolau De Soares e Thalita De Pires, que integraram o time de escribas desde o início, Brunna De Rosa e Maurício De Ayer, que reforçaram o elenco mais tarde, Edu De Maretti, Gerardo De Lazzari, Olavo De Soares e Renato De Rovai, que estiveram conosco um tempo, e a imprescindível "eminência parda" Carminha De Machado. Brigadú!
Outros que colaboraram temporariamente aqui também merecem registro e agradecimento: Bruno Aquino (do site português Cervejas do Mundo, que abasteceu a série "Tipos de Cerveja"), Chico Silva (titular da coluna sobre automobilismo "F-Mais Umas"), Clóvis Messias (craque do jornalismo de tempos áureos, elogiado até pelo Milton Neves, que escreveu para nossos leitores "No butiquim da Política"), Diego Sartorato (titular do "Me esquerda que eu gosto"), Enrico Castro (autor do "Pinceladas cariocas"), Marcos Xinef (chef de cozinha "socialista" que trouxe saborosas receitas etílicas no "Pé redondo na cozinha"), Moriti Neto (que escreveu sobre o glorioso São Paulo FC e outros assuntos) e Mouzar Benedito (que tantas vezes nos presenteou com seus "causos"), além de convidados que eventualmente pintavam por aqui, como Leticia Perez, Luciano Tasso, Marcelo Peron, Paulo Júnior e Rodrigo Garcia, entre outros que, desde já, peço perdão pela minha amnésia (alcoólica)... Grato, por fim, a todos os leitores e comentaristas.
Despeço-me do Futepoca com um poema-de-pé-quebrado tão perna-de-pau quanto eu nos gramados, aguardando os futepoquenses na mesa do bar, dessa vez real, não virtual.
Buenas e me espalho!
Buenas e me espalho!
O FU DO FUTURO, O TEPO DO TEMPO E O CA DUCARALHO!
na lida sofrida do jornalismo (vulgo voto de pobreza)
a mesa do bar, que beleza!, nos alivia
ali, dia-a-dia, depois da labuta, com toda certeza
o manguaça, com cerveja ou cachaça
ou qualquer outra beberagem
divaga devagar sobre qualquer porcaria
o futuro, o presente, a vida que passa
um dia, sem mais tempo para o bar (vulgo fórum adequado)
o coitado do manguaça, estressado e sem grana
achou bacana criar um blog, chamar os "irmão"
e ampliar (virtualmente) o balcão do buteco
onde o papo de bêbado se torna postagem
diariamente, semana a semana
sobre o Lula, sobre o Mussum, sobre o Fuleco
e foi "ducaralho", durante dez longos anos
no vamo-que-vamos, tudo se discutia
de tudo se escrevia, em tudo palpitamos
bebendo (sempre!), politicando, lendo
sem ganhar nada, com a cara e a coragem
pois o que menos valia era a mais valia
e a irmandade era o nosso maior "pagamento"
mais eis que tudo acaba e, depois da última saideira
(ou mais uma, derradeira, e fecha a conta)
o blog desmonta de qualquer maneira
e o manguaça vai falar de futebol, política e mé
religião, teoria da conspiração, sacanagem
no bar de verdade, com os "irmão" de ponta
saravá, abraços e beijos. até!