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Confira quem são os jogadores nascidos no Brasil que vêm ao Mundial de 2014 defendendo outras seleções e relembre outros brazucas que já disputaram Copas por outros países
Um dos efeitos da diáspora de jogadores brasileiros pelo mundo é a naturalização de alguns atletas que, sem chances de disputar uma vaga na seleção brasileira ou em função de gratidão (emocional e/ou financeira) aos países que os acolhem, vestem a camisa de outras nações. Logo na estreia da seleção brasileira, contra a Croácia, no dia 12 de junho, poderemos ter dois jogadores relacionados que exemplificam essa situação, já que a lista dos 30 pré-convocados da Croácia tem Eduardo da Silva, que atua no Shakhtar Donetsk, e o meia-atacante baiano Sammir, do espanhol Getafe.
Jogadores nascidos em um país e vestindo camisa de outro, aliás, não será algo incomum nesse Mundial. Com base nas pré-listas divulgadas até agora, 11,1% dos atletas chamados até agora são naturalizados, sendo os franceses os maiores fornecedores de “pés-de-obra”: 33 boleiros que atuarão em seleções como as da Argentina, Camarões, Portugal e, principalmente, Argélia, que conta com 21 conterrâneos de Ribéry. A Alemanha vem em seguida, com 15 jogadores e o Brasil tem 8. Somente a seleção brasileira, Colômbia, Rússia, Honduras e Coreia do Sul não possuem naturalizados em suas fileiras.
Thiago Motta, da Azzurra |
O caso mais emblemático entre os brasileiros de outras seleções é, sem dúvida, o do sergipano Diego Costa, do Atlético de Madri. Convocado por Felipão para as partidas amistosas contra Itália e Rússia, em 2013, chegou a atuar 35 minutos em ambas as pelejas. Preterido nas convocações seguintes, acabou chegando a um acordo com a Fifa e obteve autorização para defender a Espanha, tendo possibilidades de ser titular na Copa. O atacante teria a companhia de Thiago Alcântara, filho do tetracampeão Mazinho que atua no Bayern de Munique, mas uma lesão o deixará de fora do torneio.
A seleção italiana tem uma dupla brasileira entre os seus. O volante da Internazionale Thiago Motta já é veterano em convocações, fazendo parte das listas da equipe de Cesare Prandelli desde 2011 e com um vice-campeonato da Eurocopa (2012) no currículo. Pode vir ao seu país de origem com outro volante, Rômulo, vice-campeão paulista pelo Santo André em 2010 e ex-atleta do Cruzeiro, que hoje atua no Verona e também faz parte do rol chamado pelo comandante italiano.
Além destes, há o zagueiro Pepe, que já defendeu a seleção de Portugal em 2010, à época, junto com outros brasileiros naturalizados, o meia Deco, hoje aposentado, e o atacante Liédson. Outro zagueiro, Marcos Gonzáles, ex-Flamengo e atual Unión Espanhola, veste a camisa do Chile.
O arrependimento de Mazzola
Já houve uma época em que jogadores de futebol, mesmo já tendo defendido uma seleção em Copa do Mundo, podiam se naturalizar e atuar por outro país. Foi o caso de José Altafini, o Mazzola, campeão pelo Brasil em 1958. Aos 19 anos, jogou duas partidas e marcou dois gols na campanha da seleção em solo sueco, quando a equipe canarinha se livrou do “complexo de vira-latas”, obtendo seu primeiro título.
Logo após o Mundial, o Palmeiras vendeu seu passe para o Milan e, por sua ascendência italiana, foi convidado a se naturalizar pelo país. Atuou em três das seis partidas da Azzurra na Copa de 1962 mas a Fifa determinou logo depois que um jogador não podia mais atuar por duas seleções diferentes. Como a norma retroagia, Mazzola, ou Altafini como era conhecido na Itália, encerrou sua carreira em seleções aos 24 anos, como conta o livro Futebol Exportação – a seleção expatriada (Senac Rio Editora), de Claudia Silva Jacobs e Fernando Duarte.
“Cometi um erro muito grande e me arrependo de ter aceitado o convite da Federação Italiana. Mas eu era muito novo, não entendia muito bem o que estava fazendo. Senti-me muito pressionado a dizer sim para os dirigentes. Fico achando que perdi a chance de ter sido tricampeão mundial com o Brasil. Tinha condições de ter chegado até 1970, de jogar ao lado de Pelé”, avalia o ex-atleta, que jogou até os 42 anos, no livro.
Ao lado de Mazzola, atuou também na Copa de 1962 o ex-santista Angelo Sormani, nascido em Jaú. E, bem antes dos dois, o ex-ponta-direita de Paulistano, Portuguesa e Corinthians Filó havia atuado pela seleção italiana em 1934, tornando-se o primeiro atleta nascido no Brasil a ser campeão mundial de futebol.
Mais recentemente, outros boleiros nascidos no Brasil vestiram a camisa de outras seleções como Alexandre Guimarães, que jogou pela Costa Rica em 1990; Zaguinho, que em 1994 e 1998 defendeu o México; Clayton, que atuou pela Tunísia em 1998 e 2002, e Francileudo Santos, atacante também da seleção tunisiana em 2006. No Japão, Wagner Lopes (1998), Alex (2002 e 2006) e Túlio Tanaka (2010) seguiram a trilha do meia Ruy Ramos, ídolo nipônico e pioneiro brasileiro no futebol local.
Outros dois brasileiros poderiam disputar o Mundial de 2014, mas acabaram de fora. O meia Edinho não foi convocado pelo treinador lusitano Carlos Queiroz para a seleção do Irã. O alemão Jurgen Klinsmann também não chamou o volante carioca Benny Feilhaber, que disputou a Copa de 2010 pelos EUA, para jogar na seleção dos EUA.
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