Destaques

sábado, janeiro 16, 2010

Olhar dos Pampas - Quem disse que gaúcho não entende de cerveja?

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LETICIA PEREZ*

É isso mesmo, quem disse que gaúcho não entende de cerveja?

Afinal, propaganda de cerveja só dá carioca, gente na praia ou os paulistas fazendo “happy hour” no bar. Como estratégia de marketing de massa, até vai, afinal a TV sempre tentar homogenizar o país e ainda temos marqueteiros que pensam o eixo Rio-SP, como o centro do país, composto por consumidores alvoraçados...

Mas, aqui no Rio Grande do Sul as coisas são diferentes. Nem tudo o que funciona lá dá certo aqui.

Como é minha estreia no Futepoca, a minha dica fica para a cerveja viva chamada Coruja. Esta cerveja tem uma história peculiar (como diria minha avó). Um dia um carinha, estudante de arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS ) resolveu produzir cerveja no apartamento, exatamente no centro de POA.

O Mika, dono da fábrica, é um alemãozão daqueles que só se encontra aqui no sul. Seu avô era cervejeiro da Bohemia e ensinou ao neto como se fazia uma boa cerveja. E não é que o guri aprendeu!?

Uma cerveja artesanal não-pasteurizada, feita com lúpulo, fermento, água e três vezes mais malte de cevada... De tanto ver os amigos tomar a sua deliciosa cerveja em casa e de graça, decidiu “se juntar” (como se diz nas barrancas do Uruguai) com outro amigo e pimba: foi criada a Coruja.

Ouvi do próprio Mika a história, um dia, sentada num murinho no Cais do Porto em Porto Alegre.

A Coruja cresceu e hoje é praticamente uma holding, com bar na Cidade Baixa, chopp em vários lugares e uma distribuição bem bacana para venda. Ela é cheirosa, encorpada, deliciosa. E com uma proposta visual tuuuudo de bom. A garrafa remete a um frasco de remédio antigo, um charme. E, se vale o trocadilho, é um bálsamo!



*Leticia Perez é gaúcha tricolor, historiadora, passou pelo jornalismo e trabalha com comunicação e marketing. Além de: Taurina, louca por pizza e interessada em cachaças de todos os tipos e claro no futebol e na politica e na própria maldita. Escreve no Futepoca regularmente na coluna: Olhar dos Pampas

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Com gastroenterite, Lucia Hippolito acusa "patrulha da lama"

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Dois dias depois de uma inserção meio trágica em sua coluna "Por dentro da política", a cientista política Lucia Hippolito respondeu, em seu blogue, o que aconteceu na noite de quarta-feira, 13. Após ter seu momento Vanusa e Fernando Vanucci por não dizer coisa com coisa, a comentarista acusa as críticas e seus autores de "patrulha da lama".

Tudo não passou de um erro, admite, mas cuja explicação é "muito mais prosaica do que do que as interpretações mirabolantes que possam circular por aí".

Segundo o post, desde 10 de janeiro, uma gastroenterite a aflige. "Melhoro um dia, pioro no outro, e ninguém encontra uma causa plausível", lamenta. "No dia 13, quarta-feira, errei ao entrar no ar. Estava com muitas cólicas e, na hora de falar, tive uma cólica lancinante. Não conseguia controlar a dor."

Ela diz naõ ter ideia do que falou e diz que "preferimos" cortar a ligação. Na verdade, quem decidiu por isso, aparentemente, foi o apresentador Roberto Nonato. a não ser que houvesse outra forma de comunicação dela com a redação.

"Na hora em que larguei o telefone e corri para vocês-sabem-onde", completa. Espero que "vocês-sabem-onde" não tenha telefones piscando.

Além de agradecer a seus leitores que a apoiaram, ela disparou contra os críticos. "Obrigada de coração pelo carinho de vocês. Vocês são dez! O resto é a patrulha da lama em ação."

"Obrigada pelo carinho", com a resposta aos malvados como o Futepoca, está no Por dentro do Blog.

Esclarecido.

Deu a louca no Ricardo Gomes?

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Duas coisas me chamaram a atenção no noticiário sobre o São Paulo nesta semana: primeiro que o time titular está treinando com dois zagueiros, André Dias e Miranda, depois de cinco anos no esquema 3-5-2 (instituído por Emerson Leão em 2004). Segundo que o time está tentando o retorno de Cicinho para a lateral-direita, sob a justificativa de que o volante Jean está jogando improvisado e González seria deficiente na marcação. Ué, será que o Cicinho, alguma vez na vida, foi especialista em marcação? E ainda por cima sem a proteção de três zagueiros? Vai entender o Ricardo Gomes...

Exceções

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O Paulistão deste ano começa neste final de semana com a pecha de "campeonato de veteranos". Roberto Carlos veio para o Corinthians aos 36 anos, Marcelinho Paraíba retornou ao São Paulo aos 34, Giovanni passa pela terceira vez pelo Santos às vésperas de completar 38 e Juninho Paulista decide reforçar o próprio time que dirige, o Ituano, aos 36 - entre outros casos que devo estar esquecendo de mencionar (Luizão, Amoroso, Cafu etc). Mas há dois casos diferenciados entre os "vovôs". São atletas que, ao contrário dos outros veteranos, nunca abandonaram seus clubes, não foram jogar na Europa e não estão voltando apenas no fim da carreira. Óbvio que estou falando dos goleiros Marcos, do Palmeiras, e Rogério Ceni, do São Paulo (foto), que completam 37 anos em 2010. E com recordes para ficar na história.

Logo na estreia contra o Mogi Mirim, Marcos vai completar 470 jogos pelo Palmeiras. Assim, ficará muito perto de superar o ponta Edu (472 jogos) e o volante Galeano (474) para se tornar o décimo jogador com mais partidas pelo clube. Bem distante do recordista Ademir da Guia (901 jogos), mas só por causa de suas seguidas contusões, pois poderia ter, no mínimo, o dobro de partidas. De qualquer forma, em tempos em que os jogadores mal conseguem passar duas ou três temporadas no mesmo clube, a perenidade de Marcos é um fato raro. Assim como a de Rogério Ceni, que chegará a 874 jogos com a camisa do São Paulo contra a Portuguesa, no domingo. Ele é o recordista absoluto do clube, bem a frente do segundo colocado, o também goleiro Waldir Peres, que jogou 617 vezes pelo Tricolor. Vejam as listas:

Palmeiras
1º - Ademir da Guia - 901 partidas
2º - Emerson Leão - 617
3º - Dudu - 609
4º - Waldemar Fiúme - 603
5º - Waldemar Carabina - 601
6º - Luís Pereira - 568
7º - Djalma Santos - 498
8º - Nei - 488
9º - Valdir de Morais - 482
10º - Galeano - 474

São Paulo
1º - Rogério Ceni - 873 partidas
2º - Waldir Peres - 617
3º - Poy - 565
4º - De Sordi - 536
5º - Roberto Dias - 523
6º - Teixeirinha - 516
7º - Terto - 498
8º - Mauro Ramos - 492
9º - Gino - 447
- Nelsinho- 447


Obs.: Curioso que Leão e Waldir Peres, ambos goleiros, amigos e rivais (como Marcos e Ceni), tenham feito o mesmo número de jogos por Palmeiras e São Paulo, respectivamente, ocupando a vice-liderança nos dois casos.

Há 25 anos, Tancredo era eleito presidente

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Eu tinha acabado de completar 11 anos e meu pai era malufista. Estava possesso, pois, na tela da TV naquele 15 de janeiro de 1985, a votação indireta para a presidência da República via Colégio Eleitoral, em Brasília, caminhava a passos largos para a derrota de Paulo Maluf. Não deu outra: às 11h35, o deputado João Cunha (PMDB-SP) deu a Tancredo Neves o voto número 344, suficiente para garantir sua eleição. No total, o mineiro obteve 480 votos (69% do Colégio) contra 180 (26%) de Maluf. Nove delegados não apareceram - cinco do PT, dois do PMDB, o senador Amaral Peixoto (PDS) e Jiúlio Caruso (PDT). E 17 se abstiveram, entre eles o líder do PDS na Câmara, Nélson Marchezan, vaiado e acusado de traidor pelos malufistas. Meu pai também o xingava bastante. Eu mal entendia o que acontecia.

Em contraste com a festa da "democracia" e do "fim" da ditadura militar, uma tragédia: naquela data, 93 pessoas haviam morrido de madrugada na favela do Tabuazeiro, em Vitória (ES), em um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas (como se vê, desastres desse tipo são recorrentes nos verões brasileiros). Tancredo (na foto acima, ao centro), em seu discurso, garantiu: "Esta foi a última eleição indireta do País". De fato, foi. Mas ele não viveria para ver. Paulo Maluf, por sua vez, se proclamou "vitorioso", por entender que sua candidatura "garantiu o processo político".

Depois de tudo isso, veio a posse do vice-presidente José Sarney em março, no lugar de um agonizante Tancredo, vítima de diverticulite (pergunta que não quer calar: se o presidente não tomou posse, seu vice existe legalmente?). E depois de longo calvário, transformado em novela mexicana, morreu. Coincidentemente, no feriado de 21 de abril. Mas essa já é outra história...

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Lucia Hippolito tem seu momento de Fernando Vanucci

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A comentarista de política da CBN, Lucia Hippolito, em sua inserção no quadro "Por dentro da política" de quarta-feira, 13, teve de ser interrompida pelo apresentador Roberto Nonato. Supostamente por problemas no telefone – que estava "piscando", segundo Hippolito – a voz da analista parecia de uma pessoa embriagada. Foi seu momento Fernando Vanucci ou Vanusa. A sugestão veio de um leitor do Futepoca.

Ela comentava a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), alvo de polêmica entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. Uma nova versão do decreto foi definida na quarta em reunião entre os ministros, suprimindo algumas expressões e destacando o caráter de diretriz e não de lei. Mas a cientista política mal consegue encadear as palavras.

– Olha, Lolito (sic), eu, eu particularmente, acho uma coisa muito complicada. Acho que o presidente cometeu um erro político, no sentido de cometer um monte de... de... de... de erros... de criar um monte de empresas, de brigas nesse problema. Agora, eu acho o seguinte: desse ponto de vista exclusivo das... das... das, ele não... dos direitos humanos, do ponto de vista dos direitos humanos... eu vou dizer uma coisa a você...

– Ô Lúcia, a gente vai tentar refazer o contato para voltar daqui a pouco em melhores condições

– É, esse... o telefone tá piscando, tá cortando a linha...

Aí o volume da voz da comentarista vai baixando e ela sai do ar.



No site da CBN, o último comentário é de quarta-feira, 13. Nada para hoje.

Em 2006, depois da final da Copa de 2006, na Alemanha, quando a Itália se sagrou campeã, o apresentador Fernando Vanucci foi ao ar, na Rede TV!, claramente alterado, dizendo que "a África do Sul também não é tão longe, é logo ali". Ele enrolava a língua e parecia pior do que muito bêbado que chama o "adevogado". Ele alegou que estava sob efeitos de calmantes e até brincou com isso depois.

Outra que teve seu momento de celebridade manguaça foi a cantora Vanusa. Ela foi à Assembleia Legislativa de São Paulo cantar o hino nacional e pagou um mico, trocando a letra e tudo mais. Os calmantes também foram apontados como culpados.

Mais Lucia Hippolito aqui e aqui.

Atualização, sexta-feira, 15, 16h30:
Com gastroenterite, Lucia Hippolito acusa "patrulha da lama"

Tipos de cerveja 44 - As Smoked (ou 'defumadas')

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As Smoked clássicas são provenientes de Bamberg, na Alemanha. São feitas usando malte previamente defumado, o que dá as cervejas um gosto muito distinto. Esta técnica é usada também para a produção de outros tipos de cerveja, como algumas Scotch Ales e Porters. Porém, o estilo que com mais se assemelha a ele talvez seja o das Rauchbier, que também utiliza malte defumado e que é igualmente de Bamberg. Para experimentar: Alaskan Smoked Porter, Aecht Schlenkerla Fastenbier e Bièropholie Calumet (foto).

Domingos eterno!

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Ontem pela manhã, durante o clássico lusitano entre Portuguesa e Portuguesa Santista, jogo-treino disputado em Mogi das Cruzes, o zagueiro Domingos (ex-Santos e agora no time do Canindé) deu uma entrada violenta no centroavante Caconde (ex-Clube Atlético Taquaritinga e agora no time praiano), provocando um tremendo quebra-pau, que encerrou o "amistoso" ainda no primeiro tempo. Questionado sobre o pugilato, Domingos esquivou-se: "Quero paz em 2010". Imagine se quisesse guerra...

Domingos (à esquerda), em pose de pugilismo, parte pra cima de Caconde

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Planejamento, gestão e eficiência

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Materinha muito esclarecedora do site Brasília Confidencial, publicada no dia 4, escancara o que a imprensa paulistana - e grande parte da nacional - tenta esconder de todo jeito: as trágicas enchentes no estado de São Paulo tem responsável com nome e sobrenome, José Serra. Desde o início de dezembro, ele cortou em 20,4% os recursos para combater as enchentes em 2010, segundo análise do economista Eduardo Marques, do Transparência São Paulo. A previsão de Serra é cortar R$ 52 milhões. De acordo com Marques, além de prever menos recursos para 2010 em relação a 2009, o tucano impediu que a Assembléia Legislativa corrigisse estes problemas com emendas ao orçamento. Em números, o governo paulista previu R$ 252,2 milhões em 2009 para combater enchentes, mas destinará apenas R$ 200,6 milhões em 2010.

Segundo o Brasília Confidencial, os principais cortes de recursos foram para as ações de limpeza e conservação de corpos d´água (desassoreamento dos rios e canais), na manutenção, operação e implantação de estruturas hidráulicas e nas obras complementares na bacia do Alto Tietê. Foram retirados do canal do rio Tietê em 2009 cerca de 400 mil metros cúbicos de sedimentos, segundo o governo do estado. No entanto, especialistas têm avaliado que seria necessária a retirada de pelo menos um milhão de metros cúbicos por ano. Outros números do orçamento público revelam que em 2009 o Estado pretendia retirar 2,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos com R$ 4,4 milhões. Não cumpriu nem 10% da meta, nem justificou o gasto. Pior: em 2010, o Estado pretende retirar quase a mesma quantidade de sedimentos com apenas R$ 1,5 milhão. Mágica? Ah, mais essa: não há registros sobre serviços de desassoreamento em 2006, 2007 e 2008...

"Sem dúvida nenhuma, estes valores apontam para as verdadeiras causas das últimas enchentes na marginal do Tietê, bem como do agravamento das inundações de bairros inteiros na cidade de São Paulo", arremata o economista Eduardo Marques. Planejamento, gestão e eficiência. Esse é o forte do PSDB. José Serra merece um prêmio: nenhum voto em 2010.

"Alguém sabe por onde andam os militares?"

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A indicação foi feita pelo Twitter do Vi o Mundo. O comentarista José Nêumane Pinto, conhecido pelas suas posições conservadoras, resolveu palpitar sobre a terceira versão do Plano Nacional dos Direitos Humanos, que a grande mídia tem vendido como se fosse uma "reforma constitucional" feita por decreto. Asneira da grossa e que só faz sentido em um ano eleitoral, reverberada por uma fatia da imprensa comercial que parece ter perdido qualquer prurido em mentir.

O plano estabelece diretrizes para se fomentar uma cultura de respeito aos direitos humanos e teve outras duas edições lançadas durante o governo FHC. Tais diretrizes estão aí para serem discutidas pelas instituições e pela própria sociedade, não vão se tornar legislação com um passe de mágica. O ídolo futepoquense Cláudio Lembo, que está longe de ser de esquerda, já deu a dica: vá à fonte, leia o Plano ou confira os pontos que a mídia tem repercutido com o texto.

Abaixo, a inspiração pouco democrática de Nêumane Pinto. Triste sinal.

Som na caixa, manguaça! - Volume 47

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CHICLETE DE HORTELÃ
(Composição: Zeca Pagodinho)

Mussum

Eu já mandei pedir à Odete
Para me mandar
Um chiclete de hortelã
Para tirar
Esse cheiro de aguardente
De romã do Ceará
Já cansei de implorar à minha irmã
Prá me mandar um chiclete de hortelã

Ela foi para bahia
Terra do balangandã
E numa casa de santo
Foi comprar um talismã
Que dizia ter encantos
Quebrava os quebrantos
E era de Iansã
E eu só pedi prá me comprar
Um chiclete de hortelã

Quando vem raiando o dia
Meditando em seu divã
Só penso na carestia
Que aumenta a cada manhã
Oh, meu Deus, que bom sereia
Se eu comprasse alcatra ou chã
Mas o dinheiro já nem dá
Pro chiclete de hortelã

Nos meus tempos de infância
Todo dia de amanhã
O bom velhinho do doce
Que de criança era fã
Tem cocada, mariola
Bala e doce de maçã
Olha aí

Quem quer comprar
Um chiclete de hortelã
O meu time vai domingo
Jogar no maracanã
Vou festejar a vitória
Com a torcida campeã
Se quando eu chegar em casa
Não estiver de cuca sã
Prá disfarçar eu vou mascar
Um chiclete de hortelã

(Do LP "Mussum - Água Benta", 1978) - baixe aqui

Queria ser mais otimista

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Por Moriti Neto

Esperei ao máximo para escrever este post na esperança de ter notícias mais alentadoras. Só que o São Paulo, que se reapresentou oficialmente na última quinta-feira, dia 7, não passou do “pacotão” de seis reforços previstos para a temporada 2010.

No final das contas, acabei escrevendo o texto num calor de lascar e, por motivos, digamos, tristes e que violam as condições objetivas das quais necessitam um manguaça para estar mínima e momentaneamente satisfeito, a sede já extrapolava. Talvez isso justifique o pessimismo abaixo.

Chegaram Marcelinho Paraíba, Carlinhos Paraíba, Fernandinho, Xandão, Léo Lima e André Luis. Entre os que deixaram o clube, maior destaque para Borges e Hugo, que participaram das vitoriosas campanhas nos nacionais de 2007 e 2008. Ambos vão defender o Grêmio.

Dos contratados, pode-se dizer que o time ganha uma opção interessante no meio. Marcelinho Paraíba, aos 34 anos, ainda é bom. Chuta, dribla e passa com qualidade. Porém não é o tão esperado armador (se é que isso ainda existe) que a torcida há tanto reivindica. Está mais para um ponta de lança, jogando próximo aos atacantes e buscando a tabela e a chegada para finalizar.

Sobre o zagueiro André Luis, é de doer tecer análises. É fraco tecnicamente e de cabeça. Já arrumou confusões de tudo que é tipo, até cartão para árbitro – na Copa Sul Americana – deu. Exatamente por isso, está suspenso por seis partidas em competições internacionais. Ou seja, fica fora da primeira fase da Libertadores. Na mesma toada, o meia atacante Fernandinho, eleito a revelação do último Brasileirão, chega com uma fratura no pé, fará cirurgia e ficará dois meses sem atuar. Bem, ainda que a ausência do zagueiro possa ser um “reforço”, não dá pra conceber uma diretoria que se gaba do suposto “planejamento diferenciado”, contratando dois atletas com os quais não vai contar por tempo razoável na competição mais importante do primeiro semestre. Ao menos se fossem dois craques...

Dos outros reforços, pouco a dizer. Para a zaga, Xandão, assim como André Luis e Fernandinho, veio do Barueri, time de aluguel e sem expressão. Pouco vi jogar. O volante Carlinhos Paraíba, junto com o “xará” Marcelinho, veio do Coritiba, rebaixado no campeonato nacional. Sobre Léo Lima, somente digo que seu empresário é um cara muito bem relacionado.

E os garotos?

Das revelações da base tricolor, seguidos imbróglios nos últimos dias. Primeiro foi o meia Oscar, considerado uma grande promessa no clube, quem saiu reclamando direitos trabalhistas. E mais dois casos foram na mesma esteira. O lateral esquerdo Diogo e o atacante Lucas Piazon, de apenas 15 anos, também recorreram à Justiça do Trabalho.

A diretoria alega que os jovens são aliciados por empresários, mas uma mensagem, no mínimo estranha, do dirigente Marco Aurélio Cunha, gravada na caixa postal do celular de Oscar, lembra cenas do “Poderoso Chefão”: "Oscar, você sabe o quanto gosto de você. Acho que esse caminho é horrível. Foi um erro estratégico imenso, e espero que você não tenha permitido. Com certeza, sua vida vai ficar difícil porque seus argumentos são ruins e a força jurídica do São Paulo é muito grande. Me liga, meu filho, para eu te orientar, eu não quero passar o que você vai passar", falou o cartola.

Não é preciso ser gênio para saber que há algo de muito podre nos negócios do futebol. O jornalista Marcello Lima, da Rádio Jovem Pan, em seu Twitter, observou que o agente de Oscar, Giuliano Bertolucci, ligou para um dirigente do São Paulo pedindo 30% dos direitos do jovem atleta em troca da retirada da ação. Ou seja, com a conduta dos dois lados, constata-se que escrotidão pouca é bobagem.

Perspectivas para o comportamento do time em campo? Com a média dos reforços, mais o nível de “planejamento” e os problemas na base, Ricardo Gomes deverá sofrer bastante para montar uma equipe que crie alternativas de jogo e mude o estilo – que funcionou bem por três anos, mas que está manjado pelos adversários – e leve algum título para o Morumbi.

Ah, mas tem tal e tal possibilidade... Detesto especulações de contratações. Não sou dos que passam algum tempo imaginando (embora já o tenha feito quando mais jovem, a idade diminuiu minha criatividade nesse sentido) “como ficará meu time com fulano ou sicrano?” (embora já o tenha feito quando mais jovem, a idade diminuiu minha criatividade nesse sentido).

Então, se o Tricolor contratar melhor – e eu espero que o faça – comento de novo e quem sabe termino um texto de forma mais positiva e, quem sabe, menos sedento.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Sobre o Grêmio Prudentino

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A notícia não é nova, mas como não havia sido repercutida aqui no Futepoca, acredito que ainda caiba destaque: o Grêmio Recreativo Barueri, que em 2009 disputou a elite de Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro (obtendo a vaga na Copa Sul-Americana 2010) mandará seus jogos pelo Paulistão deste ano em Presidente Prudente, no interior paulista, bem distante de Barueri. É o primeiro passo de um processo que, até segunda ordem, culminará na transferência definitiva do clube para Presidente Prudente e na mudança de nome da equipe - que deverá ser rebatizada para Grêmio Prudentino.

O motivo da alteração é um quebra-pau entre os administradores do clube e a administração da cidade de Barueri. O clube sempre recebeu apoio confesso da prefeitura local e, com ele, teve ascensão meteórica no futebol local - basta lembrar que no não tão distante assim 2005 fazia festa pelo título da terceira divisão paulista. A situação começou a se estremecer quando, em 2008, o GRB se transformou em clube-empresa (passando a adotar o sufixo LTDA em seu nome oficial), à revelia do que queria a prefeitura.

Em dezembro, então, se deu o racha definitivo: o clube fazia exigências para permanecer na cidade, e a prefeitura respondia que elas seriam atendidas caso "o clube fosse devolvido à população de Barueri" - ou seja, para debaixo da asa da administração municipal.

Já no final do ano passado, ainda pelo Brasileirão, o Barueri mandou seu jogo final (contra o Atlético-PR) em Presidente Prudente e agora no começo desse ano anunciou sua transferência para lá, ao menos durante o Paulista.

A medida tem sido recebida com repulsa pela maioria das pessoas, ao menos as com quem converso. O Barueri, digamos a verdade, nunca foi visto com olhos muito entusiasmado. Não tem torcida, não tem tradição, contava com o sempre contestável apoio do poder público e tira da elite uma vaga que poderia ser ocupada por Bahia, Ponte Preta, Santa Cruz ou qualquer outra equipe mais tradicional no futebol nacional.

Para muitos, a mudança de cidade do clube é a "cereja do bolo" da deteriorização do futebol brasileiro representada pelo Barueri - um cenário no qual o domínio da bola fica na mão de empresários comprometidos apenas com seus interesses financeiros.

Não chego a discordar de tudo isso. E confesso achar meio sem-graça o Barueri na primeira divisão do futebol nacional. Mas, justamente por isso, sou dos poucos que vê a ida a Presidente Prudente como uma boa notícia.

Prudente é uma cidade grande, importante mas distante pra caramba de qualquer outra que tenha um time na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Sua população, por incompetência dos clubes locais (e todos aqueles fatores estruturais de sempre), está impossibilitada de ver no estádio um jogo da elite nacional. Bem diferente do que ocorre com os moradores de Barueri - próximos de São Paulo, Santos e até mesmo Campinas.

Já que há um time como o Barueri na primeira divisão, que ele sirva ao menos para que a população de uma importante região do estado tenha bom futebol perto de casa. Porque a Grande São Paulo já é bem provida disso.

Pérolas do Enem

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Uma amiga me encaminha uma lista com pérolas encontradas em provas do Enem. O tema da redação foi "Aquecimento global". Difícil comprovar a autenticidade, mas, mesmo assim, pincei meia-dúzia para comentar entre uma cerveja e outra:

"A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas".

"Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis".

"A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes".

"A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo".

"O que vamos deixar para nossos antecedentes?".

"A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu".

Coca Colla

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, está apoiando a criação de um refrigerante energizante à base de folha de coca, a Coca Colla, uma iniciativa de produtores do Chapare, região central da Bolívia. O nome não é apenas referência ao famoso refrigerante estadunidense, mas também faz um trocadilho com a palavra "Colla", que se usa para designar os índios do altiplano. 

Há alguns anos fui fazer uma reportagem sobre a coca na região do Chapare, na Amazônia Boliviana, e me deparei com uma população indígena extremamente pobre, que sobrevive graças e unicamente a plantação de coca. É bom lembrar que a folha de coca se masca há mais de 3 mil anos numa região que vai desde o norte da Argentina até o mar do Caribe na Colômbia. 


Na época, existia um plano de substituição de cultivo impulsionado pelo governo americano, que não funcionou. Os indígenas que plantaram palmito, abacaxi ou banana, não tinham onde vender nem como transportar o produto para os grandes centros. Segundo o Ombudsman da região, um médico de Cochabanba, o interesse americano ia além da intenção de reduzir o plantio da coca, que nunca aconteceu. Laboratórios americanos aproveitaram a planta na indústria cosmética e farmacêutica e mantinham desta maneira o controle na região amazônica dos países andinos, rica em biodiversidade e recursos naturais. 


Portanto, acho que Evo esta certo, primeiro em valorizar um costume ancestral defendendo um rasgo cultural importantíssimo de nossos povos originários e, segundo, por tomar conta de uma área estratégica que está nas mãos do exército americano desde que se implantou o plano "Coca Cero" na região andina.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Brasília dá novo exemplo do quanto é limitada nossa democracia

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Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr

Enquanto o Plano Nacional de Direitos Humanos é cenário de mais uma batalha entre os fantasmas da ditadura militar e os setores a favor da consolidação da democracia brasileira, a esvaziada capital federal dá mais uma prova do quanto é limitado o nosso senso republicano.

Nesta segunda-feira, a Câmara Legislativa do Distrito Federal retorna aos seus trabalhos e, como boas vindas, receberão mais uma manifestação contra a corrupção e a favor do afastamento de todos os envolvidos no mais recente episódio de maracutaia na política nacional. Em resposta, a imprensa e a população foram proibidas de entrar na Câmara.

E quem deu a ordem de proibição? Leonardo Prudente (ex-DEM), estandarte da moralidade, aquele mesmo que foi flagrado em um vídeo colocando dinheiro na meia porque não usa pasta, e está de volta ao comando da “casa do povo”. Aliás, que hoje abriga a importantíssima reunião que vai escolher os novos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) (e que será realizada a portas fechadas). É na CCJ que começam a tramitar os processo de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (ex-DEM).


Do lado de fora, mais manifestações contra o governador Arruda, e desta vez, pasmem, com a presença de manifestantes a favor do governador.

Manifestantes a favor do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr


PS: Pela manha policiais retiraram à força estudantes que estavam sentados no gramado em frente à Câmara, demonstrando indignação com a corrupção. Seria a policia do GDF capaz de mais um episódio de barbárie contra os manifestantes?

Deu liberdade, dançou

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Vi ontem, no programa "Grandes momentos do esporte", da TV Cultura (não sei se era reprise), um trecho de uma recente entrevista que fizeram com o ex-jogador Careca, titular da seleção brasileira nas Copas de 1986 e 1990. Falando sobre a eliminação contra a Argentina no mundial italiano, com gol de Gannigia (acima) após jogada sensacional de Maradona, Careca revelou um detalhe da preleção com o técnico brasileiro, Sebastião Lazaroni:

- Eu e o Alemão, que jogávamos com o Maradona no Napoli, sabíamos que ele estava acima do peso e numa fase difícil. Mas, mesmo assim, ainda decidia partidas sozinho. Daí, falamos para o Lazaroni que era preciso botar alguém pra fazer marcação homem a homem, pra grudar no Maradona os 90 minutos. Ele disse que não era preciso, que íamos marcar por zona e que o Dunga e o Alemão iam se revezar na marcação. Acatamos, pois ele era o técnico. Fizemos nossa melhor partida na Copa e perdemos uma chuva de gols. Depois, sem marcação individual, Maradona aproveitou uma bobeira e puxou sozinho o contra-ataque para o gol de Cannigia.

O lamento de Careca remete ao que aconteceria 16 anos depois, na Copa da Alemanha, quando muitos criticaram a ausência de marcação homem a homem em Zidane quando o Brasil foi eliminado pela França. No elenco da época, teve quem apoiou e quem questionou a postura do técnico Carlos Alberto Parreira. Mas é fato que o francês dominou a partida e fez o que quis, com total liberdade. Com os gênios, todo cuidado sempre será pouco.

Será que o PAK vem aí?

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Luz no fim do copo? O grupo holandês Heineken está comprando, por 7,7 bilhões de dólares, a mexicana Femsa, dona, no Brasil, da temível Kaiser - a "cerveja" que desce quadrado (ou pior, não desce!). Além da Kai-aaargghhh..., a Heineken passa a ter outras 34 marcas na América Latina e se estabelece como maior engarrafadora da Coca Cola na região. Buenas, levando em consideração meu apreço pela cerveja holandesa, fico em dúvida: será que, enfim, vão tornar a Kaiser um pouco menos intragável? Seria o PAK, Programa de Aclimatação da Kaiser???

Descaramento pouco é bobagem

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Na última página (A16) do primeiro caderno de hoje, a dispensável Folha de S.Paulo ressucita o papo furado de que "Lula é continuidade de FHC", numa entrevista com o economista tucano - óbvio! - Claudio Salm (foto). A penúltima pergunta e a impagável resposta são dignas dos anais do descaramento midiático:

FOLHA - O senhor é filiado a algum partido político? É tucano?
CLAUDIO SALM -
Nem tucano nem filiado a partido político. Votei no José Serra para presidente em 2002 e colaborei na campanha dele, mas não fiquei triste com a vitória do Lula.

Ah, tá...