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Alguns desqualificados vão falar por aí que o novo presidente corintiano é palmeirense. Trata-se de uma calúnia, um absurdo, uma pantomima, um sonho de uma noite de verão, citando o ex-presidente Collor.
Explico: Clodomil Orsi, um senhor de 70 anos, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que até os 9 anos de idade era palmeirense. Mudou por um desentendimento com seu irmão mais velho, Dudu, por uma figurinha das que vinha nas balas de futebol, em 1946. Reproduzo trecho do texto da Folha:
"Olha, eu era menino, foi em 1946. Graças a um erro cometido pelo meu irmão. Você não lembra das balas de futebol, lembra?", contou o substituto de Alberto Dualib em entrevista à Folha."Foi só quem viveu nos anos 40. Eu acho engraçado por isso. Tinha esse álbum de figurinha das balas de futebol. Ela vinha embalada com figurinhas. Esse álbum eram os times de futebol do Rio e de São Paulo. Tinham figurinhas carimbadas. Uma delas era a mais difícil. Era assim, vamos dizer, a cada 2.000 balas vinha uma carimbada. O Dudu era palmeirense doente. Eu cheguei um dia em casa e estava faltando a minha figurinha", disse Orsi.Trata-se de uma história simpática e que transmite uma mensagem de esperança: é possível deixar de ser palmeirense. É um alento para tantos e tantas que, por obra de algum parente, amigo ou pelo mero acaso, caminham hoje pela perniciosa trilha do palestrianismo. Pais corintianos, sempre alertas!
A partir daí, veio a ameaça: "Eu falei: "Dudu, pára com isso, me dá a figurinha. Se você não me devolver a figurinha, eu já não gosto muito, mas a partir de hoje vou torcer para o Corinthians". Ele não me devolveu a figurinha", revelou o cartola.E, então, a transformação e a descoberta de um novo amor."Mudei. Foi a melhor coisa que meu irmão fez comigo. Minha família é italiana, mas todos são corintianos doentes. E a briga do meu irmão era comigo, porque sou o caçula da turma. Meu irmão despertou a minha paixão pelo Corinthians."Depois disso, diz Orsi, ele nunca mais foi o mesmo. Conta que passou a ser corintiano fanático. Relembra que jogadores do Corinthians freqüentavam festas promovidas pela mãe em sua casa no bairro do Brás (zona central da capital).
Em 1951, quando recebeu seu primeiro salário, o cartola conta que pediu uma parte dele à mãe para se tornar sócio do clube do Parque São Jorge.Com a carteirinha de sócio, recebida pelas mãos do ex-presidente corintiano Alfredo Ignácio Trindade, Orsi logo tomou gosto pela política do clube. E, graças à amizade com outro ex-presidente, Wadih Helu, virou conselheiro em 1959.
Julgar um homem com 61 anos de declarado amor pelo Corinthians pelos atos impensados da infância não é correto. Tolos são os conselheiros (sim, eles existem) que chegaram a cogitar pedir a renúncia do presidente:
"Nunca mais [torci pelo Palmeiras]. Mas não torço contra, não. Eu torço para ele não ganhar. O meu neto mais novo, o Vinícius, de cinco anos, se você der uma roupa verde a ele, ele devolve na hora", conta, orgulhoso, dizendo que a atitude do menino é influência do avô.Orsi aqui demonstra a virtude da tolerância com os desafortunados. Conhece a experiência de ser palmeirense, sabe que é triste e doloroso, e não torce para aumentar esse sofrimento. Torce apenas para que ele se mantenha, sem vitórias para amenizar a dor. E ainda colocou o netinho no bom caminho, vejam só.
A admiração pelo Palmeiras do presidente em exercício do Corinthians não caiu bem no Parque São Jorge. Alguns conselheiros do clube prometem que cobrarão Orsi. Outros já falam em pedir sua renúncia.
Se há pecado na revelação do presidente interino, talvez seja o apontado pela Gaviões da Fiel: ingenuidade. Alimentou a imaginação de fariseus e das pobres almas palmeirenses. De resto, não o condeno, pelo menso por enquanto. A não ser por sua ligação com Wadih Helu e Dualib. Analisemos o presidente por seus atos. Só depois de algum tempo de gestão poderemos saber se restou alguma coisa desse equívoco infantil. E Fora, Dualib!