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quarta-feira, março 12, 2014

'Danonezinho'

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Aloísio, Muricy e Milton Cruz durante treino do São Paulo em Maceió
Que o Muricy Ramalho gosta de "molhar a palavra", não resta dúvida (vide episódio da caipirinha no seu acerto com o Santos ou o da cerveja durante as férias compulsórias após sair daquele clube). Por isso mesmo, o treinador vai aproveitar a passagem por Maceió, onde o São Paulo enfrenta o CSA hoje, em sua estreia na Copa do Brasil, para dar mais um tapa na goela. E seu companheiro de copo, dessa vez, será o folclórico centroavante Aloísio Chulapa, que apareceu no treino de ontem do Tricolor, na capital alagoana, para reencontrar o "patrão" Rogério Ceni e os ex-comandantes Muricy e Milton Cruz. Quem relata é o repórter Bruno Quaresma, do jornal Lance!:

Conversou com o Muricy?
Aloísio Chulapa - Quando saí [do São Paulo], ele me falou foi que quando viesse para Alagoas queria tomar um "danonezinho", que é cerveja com colarinho. Graças a Deus chegou essa oportunidade.


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Rogério Ceni, um fã e a placa do Bolsa Família: parecia propaganda
POST SCRIPTUM - Ainda sobre Aloísio Chulapa e a viagem do São Paulo à Alagoas, vi depois de fazer esse post que ele levou o Rogério Ceni para sua cidade natal, Atalaia, a 68 quilômetros de Maceió, para inaugurar uma escolinha de futebol. O curioso foi ver que, involuntariamente (óbvio!), o goleiro sãopaulino, que nutre notória e pública admiração pelo PSDB e por José Serra, posou para uma foto com uma placa gigante do Bolsa Família ao fundo. Para refrescar a memória, reproduzo declarações de Ceni e do político tucano sobre o programa do governo federal (que injetou R$ 2,1 bilhões na economia brasileira em fevereiro deste ano e que recentemente foi considerado "exemplo de erradicação de pobreza" pela ONU):

"A pessoa raciocina assim: eu tenho o Bolsa Família, o Bolsa Escola, isso me dá cento e tantos reais, então eu prefiro ficar em casa do que arriscar, do que ter que trabalhar. (...) Eu vejo isso como um fator determinante para o não crescimento do nosso país." (entrevista de Rogério Ceni ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 30/10/2006)

"Bolsa Família não é a solução. Ele estaciona. Para a pessoa subir na vida precisa mais do que isso. Não se fez inovação nenhuma." (entrevista de Serra à Rádio Metrópole, de Salvador, em 06/08/2013)

terça-feira, março 11, 2014

O mesmo estádio, o mesmo clássico, o mesmo placar. Mas o uniforme do São Paulo, quanta diferença...

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Há 73 anos, Aníbal, King e Iracino - e o estranho uniforme
No dia 25 de agosto de 1940, o São Paulo enfrentou o Corinthians no estádio do Pacaembu, pelo Campeonato Paulista. Assim como anteontem, venceu por 3 a 2. Curioso, porém, foi o uniforme utilizado pelo Tricolor naquela partida disputada há 73 anos: uma versão alternativa da camisa listrada, sem as usuais listras vermelhas, apenas as pretas e brancas. Consta que a iniciativa teria sido uma homenagem ao Clube Atlético Estudante Paulista, agremiação fundada em junho de 1937 que conquistou o surpreendente 4º lugar no Paulistão daquele ano mas que, afundada em dívidas (e lesada por um empresário que fugiu com a renda obtida em uma excursão ao Peru), encerrou suas atividades e fundiu-se com o São Paulo Futebol Clube em 12 de setembro de 1938. Seu uniforme era listrado em preto e branco.

Aliás, foi justamente a fusão com o Estudantes o primeiro degrau para que o São Paulo voltasse a ser "gente grande" no futebol paulista. Durante o primeiro período de sua existência, entre 1930 e 1935, o clube era forte. Produto da fusão entre o tradicional Clube Atlético Paulistano (11 vezes campeão paulista) e a Associação Atlética das Palmeiras (tricampeã estadual), que encerraram suas atividades no futebol em 1929, o primeiro São Paulo Futebol Clube - que já tinha o mesmo nome e uniformes usados até hoje - ganhou o Paulistão de 1931 e foi vice em 1930, 1932, 1933 e 1934. Como mandava seus jogos no campo da Chácara da Floresta, na beira do rio Tietê, de propriedade da Associação Atlética das Palmeiras, o time passaria para a história com o nome informal de São Paulo da Floresta.

O campo da Chácara da Floresta, na beira do rio Tietê, ainda existe
Porém, dificuldades financeiras provocaram a fusão do São Paulo com o Clube de Regatas Tietê, em maio de 1935, e a consequente desistência do futebol. Inconformados com isso, alguns sócios do primeiro Tricolor se juntaram em dezembro do mesmo ano para refundar o clube. Só que a nova fase não seria de glórias, pelo contrário. Diz trecho da "História do São Paulo Futebol Clube": "Nessa época o clube não possuía sócios, fonte de renda e sequer patrimônio. Treinava e jogava onde deixavam. Não havia nem lugar para fazer a concentração, que tinha que ser improvisada com metade do elenco na casa do presidente Frederico Menzen e outra metade nos beliches que havia na torre da igreja da Consolação, paróquia do Monsenhor Bastos, ilustre sãopaulino.

Para mandar seus jogos, o clube alugava o Estádio Antonio Alonso, na Mooca, de propriedade da Companhia Antarctica Paulista, fabricante de bebidas. "Os treinos eram por vezes realizados no pátio da própria igreja [da Consolação] junto ao local onde os congregados marianos jogavam basquete. Quando havia disponibilidade o time treinava no campo da Várzea do Glicério, mas com a condição de desocupar o local assim que os times, donos do campo, chegassem", diz o texto da "História do SPFC". Estrutura tão mambembe fez com que, nesses primeiros anos, o clube fosse ironizado pelas outras torcidas como "time de pobretões". Não bastasse isso, a própria imprensa esportiva incorporava a gozação, tratando o clube pelos apelidos de "Júnior", "Clube n.º 2" e "São-Paulinho".

O antigo estádio Antonio Alonso, da cervejaria Antarctica, na Mooca
Não era pra menos: o novo time, fraco, fazia a festa dos adversários. Terminou o Paulistão de 1936 em 8º lugar, num torneio disputado com 12 clubes, e o do ano seguinte em 7º, entre dez participantes. Não era páreo nem para a Portuguesa Santista (3ª colocada tanto em 1936 como em 1937) ou Juventus (5º e 6º colocado naquelas edições, respectivamente). Quando enfrentava os "grandes", então, era só tristeza: até setembro de 1938, foram seis derrotas do São Paulo (dois empates e uma vitória) contra o Corinthians, quatro derrotas (e um empate) contra o Palmeiras e quatro derrotas (três goleadas) contra o Santos. A luz no fim do túnel, como registrei logo no início do post, só viria na fusão com o Estudantes.

Porque do extinto clube vieram vários bons jogadores para incrementar o time e também o jovem técnico Vicente Feola, que faria história no São Paulo e na seleção brasileira. A prova de que os tempos de chacota haviam passado foi o vice-campeonato conquistado logo no Paulistão de 1938, que foi disputado até abril do ano seguinte. E o resultado poderia ter sido ainda melhor, pois, na decisão contra o Corinthians, o São Paulo vencia por 1 x 0 - e abocanhava o título - até que um gol aparentemente irregular deu a taça ao adversário. "Parece que o ponto corinthiano, obtido por Carlito, aos 20 minutos da phase complementar, foi proveniente de um toque [de mão], o que provocou tantos e tantos protestos e até a interrupção do prélio por cinco minutos", relatava o jornal Folha da Manhã em 26/04/1939.

O técnico Feola (à esquerda) e o São Paulo vice do Paulistão em 1938
Mesmo com a perda do título, o São Paulo já mostrava que podia brigar novamente entre os "grandes" do futebol paulista. Se a fusão com o Estudantes foi o primeiro passo para isso, o segundo seria dado em 1942, com a compra do artilheiro Leônidas da Silva. Sob seu comando, o time sãopaulino ganharia cinco títulos paulistas na década de 1940, ganhando o apelido de "Esquadrão". E a "maioridade" do Tricolor, por assim dizer, se completaria em 1944, com a compra do Estádio do Canindé. Com a declaração de guerra do Brasil contra a Alemanha, o Deutsch Sportive, clube da colônia germânica que era proprietário do estádio, temia que ele fosse confiscado e, por isso, o vendeu ao São Paulo (que mais tarde o repassaria à Portuguesa, a quem ainda pertence). Ia longe o tempo das concentrações na Igreja da Consolação...

Mas, voltando ao clássico disputado em agosto de 1940, com vitória do São Paulo por 3 x 2 sobre o Corinthians, há uma outra hipótese para a utilização do estranho uniforme com listras pretas e brancas, que seria abandonado definitivamente a partir de então. Em abril daquele ano, a inauguração do estádio municipal do Pacaembu contou com a presença do ditador Getúlio Vargas, odiado pelos paulistas desde a derrota da rebelião de 1932. Para provocá-lo, a população ficou em pé e passou a gritar "São Paulo! São Paulo! São Paulo!", numa referência ao Estado, assim que a delegação de jogadores do Tricolor entrou para desfilar no novo estádio. Por esse motivo, o clube ficaria conhecido como "O mais querido".

Como o uniforme com listras pretas e brancas lembra a bandeira do Estado de São Paulo (ainda mais porque a gola e as mangas, vermelhas, remetem ao detalhe do retângulo no canto alto do pavilhão, à esquerda), teria sido uma forma de o time retribuir o gesto da torcida na inauguração do Pacaembu. Mas nem o clube guardou registro sobre isso e, se foi homenagem ao Estudante, ao povo paulista ou nenhum dos dois, jamais saberemos. Fica o registro do inusitado uniforme e o relato das fusões - e confusões - na origem do São Paulo Futebol Clube.

Publicação da época mostra outro jogador com o efêmero uniforme

O programa 'social' que nossa elite escravocrata apoia:

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