Destaques

sábado, fevereiro 14, 2009

Vágner Mancini chega ao caos da Vila Belmiro

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Vágner Manicni já se despediu do Vitória e vem ser o novo treinador do Santos. Segundo consta, ele deve receber para administrar a bagunça no condomínio Marcelo Teixeira a bagatela de R$ 250 mil por mês.
Campeão estadual pelo rubro-negro baiano e responsável por uma campanha razoável no Brasileirão (décima colocação), ele vai ter que administrar um elenco dividido que já colocou na lona três técnicos e quase levou a equipe à segunda divisão nacional.

O último quiprocó no latifundio Santa Cecília aconteceu na partida contra o Marília. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou que o goleiro Fábio Costa e o zagueiro Fabiano Eller, donos de atuações impecáveis no jogo em questão, como dito aqui, brigaram aos socos e pontapés. O arqueiro teria responsabilizado o defensor pelo gol que tomou e o criticado não recebeu muito bem a avaliação.


Aliás, não é a primeira vez que FC (atualmente merecedor da alcunha "Falho Costa") joga a culpa de um gol tomado nas costas alheias. Em 2001, quando o Santos foi desclassificado na semifinal do Paulistão pelo Corinthians, ele culpou publicamente o zagueiro André Luiz, que escorregou no lance. Deve ser difícil ser companheiro de ofício de alguém tão cheio de razão e tão desprovido de auto-crítica.

Mas, dessa vez, os paizões da Vila Belmiro resolveram agir. Dotados de competência e coragem, suspenderam e multaram (especula-se que em 40% do salário) os brigões. Eller é líder de uma das igrejinhas da Vila, vem jogando mal há tempos e sofre com contusões. Costa lidera outro templo e tem um longo histórico de afastamentos por estar fora de forma ou devido a problemas disciplinares. Já foi posto no banco ou longe dele por Daniel Passarella e Márcio Bittencourt no Corinthians, e por Leão e Luxemburgo no Santos. Ontem, ameaçou deixar o treino mas foi trazido de volta por Serginho Chulapa, provavelmente com argumentos deveras convincente.

É nesse clima que Mancini chega. Enquanto isso, o Santos entra em campo amanhã contra o Guarani sem os dois encrenqueiros, e os interinos Chulapa e Narciso não contarão também com Domingos, Molina, o lateral-direito Luizinho, Roberto Brum e Lucio Flavio. Tem certeza que você não quer ficar na Bahia, Mancini?

Tipos de cerveja 28 - As Bohemian Pilsner

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Como o próprio nome diz, esse tipo de cerveja, suave e fresca, tem origem na velha cidade de Plzen (ou Pilsen), na atual República Checa. As Pilsener, Pilsner ou Pilsen, todas designações corretas, foram inicialmente elaboradas por guildas produtores daquela região, na Boêmia, por volta do ano de 1840. Atualmente, caracterizam-se por ter uma cor amarela clara a dourada, bastante límpida e um pouco amarga, devido ao intenso uso de lúpulo. "Mas têm aroma e sabor algo frutados ou mesmo florais. Secas no paladar e extremamente refrescantes, têm um volume de álcool que varia entre os 4,5% e os 5,5%", detalha Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "É, sem dúvida, um dos estilos mais conhecidos e consumidos do mundo", acrescenta. Como bons exemplos de Pilsen, Bruno cita a Pilsner Urquell, a Budweiser Budvar e a Starobrno (foto).

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Em busca do marafo perdido – Capítulo 2

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MARCÃO PALHARES

Domingo era dia de bebedeira naquele prédio. Do primeiro ao 18º andar, homens e mulheres preparavam alimentos e corriam ao supermercado para garantir o combustível da esbórnia. Ninguém sabia ao certo o motivo de tanta sede e necessidade de entupir as células com álcool até a embriaguez sepulcral. Mas era assim naquele condomínio. E naquele dia não foi diferente. Estava marcado um primeiro "esquenta" no segundo andar, onde cinco paraguaios dividiam uma quitinete. Eles fritaram manjubas e a pinga correu solta na forma de caipirinha, batida de maracujá ou mesmo pura. Alguém chegou com salame e calabresa. De algum lugar, brotou uma garrafa de San Raphael. Misturaram aquilo com guaraná e limão e o clima esquentou. A próxima parada seria no 15º andar.

Lá, no apartamento de duas enfermeiras e uma estudante de odontologia, um frango assado com arroz de forno aguardava os mais famélicos. Mas a preocupação geral era beber, então havia três dúzias de latas de cerveja, dois garrafões de vinho vagabundo, uma vodka pela metade e mais pinga que os paraguaios rebocaram de seu muquifo. A turba já chegava a 28 pessoas. Entre brindes e dentadas no frango, comido com as mãos, alguns transitavam entre o apartamento, as escadas e o 11º andar, onde a miséria se estenderia no cafofo de dois irmãos cachaceiros. Eles estavam assando carne de terceira num grill elétrico e aguardavam a chegada de outro pinguço, que ficou de fazer macarrão.

Eram 14 horas e o contingente ultrapassava cinco dezenas de bêbados (e bêbadas). O condomínio era habitado, preferencialmente, por estudantes, proletários e vagabundos que se amontoavam em três dezenas de repúblicas. Todo mundo bebia - e bastante. Nisso, chegou o tal que havia se responsabilizado pelo macarrão. Visivelmente embriagado, ele trouxe o alimento - ou a tentativa dele - dentro de uma vasilha plástica de sorvete. Quando uma menina meio careca tentou ver o estado da coisa, notou que o macarrão tinha passado do ponto e estava todo grudado. Inaproveitável, repugnante. O manguaça, muito provavelmente, havia esquecido a massa no fogo enquanto mamava seu mé ou cochilava na mesa da cozinha. Nem com molho aquela porcaria poderia ser aproveitada.

Por isso, a vasilha foi esquecida num canto, entre dezenas de garrafas vazias. A maratona tinha que continuar e, do 11º andar, todos se dirigiram ao sétimo, onde duas secretárias bilingues e feiosas tinham cozido siris. A quantidade de cerveja consumida até o momento era industrial, mas não parava de chegar mais. Os convidados, bicões e amigos e amigas dos amigos das amigas chegavam em bandos carregando sacolas e caixas de bebidas de vários níveis e qualidades. Tinha gente virando conhaque no bico, outros misturando pinga com Cinzano, outros ainda batendo vodka com rapadura e gelo no liquidificador.

O final da tarde se aproximava e mais de 90 pessoas circulavam entre os vários apartamentos e andares. Nunca se viu tantas garrafas, latas e restos de comida. Os banheiros se entupiam de gente passando mal - ou simplesmente dormindo. Quando o relógio bateu oito da noite, metade dos bárbaros já tinha se retirado. A outra metade estava desmaiada. No apartamento dos irmãos cachaceiros, repousava o temível macarrão embolotado. O que fazer com aquilo? Zonzo, um dos irmãos não teve coragem de jogar fora. Deixou o negócio ali, morto, e foi dormir. No outro dia pensaria no que fazer. E foi assim que a vasilha plástica ficou atrás do filtro de cerâmica, abandonada, a semana inteira.

Só se lembraram do macarrão no domingo seguinte, quando uma nova esbórnia estava para começar. Algum desavisado olhou e pensou que era comida do dia. Abriu a tampa. Uma coisa verde, com vida própria, o cumprimentou. Ainda hoje, os relatos são contraditórios sobre o que aconteceu em seguida. Sabe-se apenas que os moradores desapareceram sem explicação aparente e o prédio, abandonado, acabou lacrado pela prefeitura. Muitos falam em abdução ou fenômeno paranormal. O manguaça que cozinhou o macarrão nunca foi encontrado para esclarecer.

(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever...)

Mais preconceito

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Duas frases da equipe esportiva da Rádio Eldorado, ontem, na transmissão de São Paulo 2 x 1 Ponte Preta:

- Você não acha que está faltando um pouco de brilho ao Richarlyson?

- É fato que ele nunca ameaça o Aranha...

Um Santos que lembra os tempos da fila

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Aos 31 minutos do primeiro tempo, um lance simbólico. Adriano pega a bola no meio de campo, tal qual caranguejo anda de lado, procura alguém pra passar, e perde a redonda. O Marília quase marca seu segundo tento na partida.

Ali, muito se pode ler sobre o jogo. Adriano não tinha que estar ali. Com todo o respeito, pode ganhar experiência em alguma equipe menor, pode ficar na reserva, mas não é nunca pra ser titular. Aliás, contra o Marília, o Santos não pode jogar com três volantes. Se os outros dois vão pra frente e não deixam opção de passe para o tosco Adriano, porque não um meia de fato no lugar dos dois?

Isso evidencia o erro do treinador, mas também o da diretoria em formar um elenco tão desigual e com tantas posições carentes. E aí o torcedor que tem vinte e tantos ou trinta anos sente uma desagradável sensação de déjà vu. Uma equipe com zaga medíocre, meias batedores e uma reles esperança de gol no ataque. Kléber Pereira hoje representa o que Serginho Chulapa, Paulinho McLaren, Guga ou mesmo Viola representaram em momentos distintos para o torcedor santista nos anos 80 e 90. O artilheiro que encarna o imponderável, que faz de um coletivo limitado uma equipe que pode vencer. Às vezes, não sempre, e ainda assim contestado por parte da torcida. Mas faz o suficiente para o combalido e fanático peixeiro crer.

Outros jogadores invocam lembranças. Ruins. Fabiano Eller, louvado injustamente por alguns, erra a saída de bola e dá um gol mal anulado contra o Santos. Lembra Marcelo Fernandes, Maurício Copertino, Camilo... Talvez não seja correto fazer tais comparações, no showbol alguns desses são mais serenos e sábios. O goleiro que não sai debaixo da baliza na pequena área não lembra Cejas. Remete a arqueiros pouco móveis, algo obesos, como Ferreira ou Gilberto, vulgo Baleia.



Márcio Fernandes pede para Kléber Pereira não voltar para o meio, ficar fixo na área. Sua orientação tem o mesmo efeito que meus gritos indignados diante da televisão. Não dizem coisa alguma. E é saindo da área que Kléber, aos 15 do segundo tempo, coloca Roni na cara do gol. Ele perde. KP não respeitou o “comandante”. Roni, substituído, também não. Sai do campo como se a equipe ganhasse o jogo, lentamente, irônico.

É o retrato do triste Santos e do seu ex-treinador. A única diferença para aquelas equipes de parte dos anos 80 e 90 é que os atletas aparentavam ter mais vontade.

*****
Após a partida, mais um lance da patética diretoria santista e do elenco supra-sumo. Apenas Márcio Fernandes, o pára-raios, o inocente útil, dá entrevistas. Nem Adílson Durante, nem Ocimar Bolicenho - o amigão do "gênio" - se dignam a dar entrevistas. Jogadores vão embora antes do técnico anunciar sua demissão solitário. Talvez um daqueles que achava que a grande manifestação de liberdade era jogar bobinho no treino ou ver TV na hora do almoço tenha falado: "Deixa esse cara se explicar aí que nós não vamos falar nada. Tô com sono". E assim, o torcedor alviengro é mais uma vez desrespeitado.

Renato Gaúcho, que quase foi ao céu no primeiro semestre de 2008 e viveu o inferno no segundo, é o nome em pauta. Aposta, nada mais que aposta.

*****
Mas o complemento da rodada de ontem também foi marcado por um lance inusitado no estadual do Rio. Alguém já tinha visto um goleiro SOFRER um pênalti? Veja aqui.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Experiências (no Paranaense)

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Rodrigo Ponce Santos*

Como todos os regionais, o Campeonato Paranaense vive um momento de experiências e mudanças.

No Alto da Glória, não existe uma só pessoa que não chore ao ver os gols do Keirrison no Palmeiras. O Coritiba é o pior ataque da competição com apenas 2 gols em 4 partidas. Agora o atacante Hugo vai ter sua chance contra o Paranavaí, depois de marcar o gol da vitória contra o Foz. Além desta experiência, o time sofre três alterações: Ariel, Paraíba e Dinélson estão no Departamento Médico. Melhor para Renatinho, meia da base que foi emprestado ao Londrina no ano passado e agora tem a oportunidade de compor o elenco principal do Coxa. Outro atleta da base deve retornar para ajudar o time. Tiago Real, que disputa o Paranaense pelo Iguaçu, deve retornar como opção para o lugar de Marlos, outra revelação que migra para “os grandes” depois de Maio.

Também por falta de gols, Abuda deixa o Paraná Clube. Sem marcar durante cinco jogos, o ex-corintiano rescindiu o contrato e deverá disputar o Paulistão pelo Marília. Os paranistas esperam agora a estreia do atacante Osmar e do lateral-esquerdo Fabinho. Além do retorno do zagueiro Luis Henrique, que pode tomar o lugar de Jonathas se Paulo Comelli decidir manter o atual esquema de dois zagueiros. Diante de tantas possíveis alterações, o que já mudou no Paraná foi o salário e a multa rescisória do meia Elvis, de apenas 18 anos e destaque neste início de ano.

Fora de campo, o tricolor quer ainda mudar a arbitragem. Depois da derrota contra o Londrina dentro de casa (1x2), o clube protocolou junto à Federação Paranaense de Futebol (FPF) um pedido de afastamento do trio que apitou a partida e anulou dois gols do anfitrião. Parece que a Federação já havia decidido pelo afastamento do bandeirinha José Amilton Pontarolo, mas isto não é o bastante, na opinião de Aurival Correia, presidente paranista. Além da punição, o Correia apela: “Não façam mais laboratórios conosco”.

Enquanto isto, tudo vai “muito bem, obrigado” para o Londrina, que fez 2x1 no Foz do Iguaçu. Com a segunda vitória fora de casa, o Tubarão alcançou os 10 pontos e a terceira colocação. Pertinho de Londrina está a cidade de Maringá. A rivalidade entre as duas estrelas do norte é tradicional dentro e fora de campo. Mas, neste ano, os maringaenses ficaram sem time e o campeonato sem o clássico Tubarão x Galo. Agora surgem boatos de que o J. Malucelli – futuro Corinthians do Parque Barigui – pode se mudar para Maringá. O presidente desmente a mudança imediata, mas confirma que o time deve mandar jogos no interior. Provavelmente serão como testes da recepção do novo produto pelo público consumidor, para ver até onde pode chegar a expansão do negócio. Diante da hipótese, fica a pergunta: para quem vão torcer os milhares de corintianos que vivem em Londrina?

Também perto de Londrina, mas na tabela do campeonato, está o Toledo. O time – que tem uma parceria muito mais digna com o São Paulo FC – empatou com o Atlético nesta quarta-feira e mostrou que tem boas chances de se manter nas primeiras colocações. Apesar de Rafael Moura (foto) afirmar que o Atlético ficou “abaixo da crítica”, a verdade é que o jogo foi difícil e do outro lado tinha um time muito bem montado e com alguns destaques individuais, caso do veterano Marcos Aurélio (ex-Flamengo), dos jovens Rafael, Bruno, Hernani e principalmente do goleiro Fabiano, principal responsável pelo empate.

As experiências do Geninho já estão mostrando alguma coisa. Como o próprio técnico afirmou, “a zaga titular é o Valencia, o Ferreira e o Rafael pelos gols que fez também”. As duas alas seguem em versão beta. Zé Antônio foi bem ontem pela direita, mas apresenta defeitos típicos da improvisação. Já Alex Sandro entrou meio desligado. Nas suas costas o Toledo fez suas principais jogadas no primeiro tempo e quando subiu pro ataque o moleque foi meio displicente. Deu pra ouvir aqui de casa o Geninho gritando: “Joga sério! Você não está sozinho”.Ele melhorou, mas não o bastante pra tomar o lugar do Netinho. Pelo meio, apesar de uma apresentação mediana contra o Toledo, acredito que Marcinho seja o titular no lugar de Julio dos Santos.

Agora o Furacão tem duas partidas em casa. Primeiro, o Nacional de Rolândia, e depois o Paraná. Com duas vitórias o time dá largos passos em direção ao primeiro lugar nesta fase classificatória, o que significa dois pontos de lambuja na próxima fase. A outra vantagem, esdrúxula, foi alterada ontem pela FPF e a Rede Globo. É isso ai mesmo: o regulamento do Campeonato Paranaense foi alterado assim, no meio da competição. O artigo 9 previa que o time campeão da primeira fase jogasse todos os jogos em casa. Ok, era uma norma ridícula. Mas isto é hora de experiências?


*Rodrigo Ponce Santos é torcedor do Atlético-PR, escreve sobre o futebol do Paraná para o Futepoca e é autor do blogue Pretexto.

Afogando as mágoas na cerveja

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Pouco antes do pé na bunda: Pete Best, George, Paul e John

Outro dia comentei aqui, num post sobre os Beatles, como o empresário Brian Epstein despachou o baterista Pete Best da banda, substituindo-o por Ringo Starr. Historicamente, como o próprio guitarrista George Harrison dizia, essa teria sido uma "grande maldade". Afinal, foi a partir da entrada de Pete, em agosto de 1960, que a banda cristalizou-se como a melhor de Liverpool e conseguiu seu primeiro contrato de gravação com a EMI-Parlophone. Dizem que o produtor George Martin não gostou da batida do baterista. Dizem que Paul McCartney não ia com a cara dele e fez campanha para tirá-lo. Dizem que Epstein era apaixonado por Pete e, sem correspondência, vingou-se. Seja o que for, em 16 de agosto de 1962, o baterista recebeu um telefonema do empresário, demitindo-o (ao lado, reprodução da notícia em jornal da época). Quando a beatlemania explodiu no mundo e o quarteto - já com Ringo - ficou milionário, em 1964, Pete começou (lógico) a ter problemas de depressão, culminando com uma tentativa de suicídio no ano seguinte, ao vedar um dos cômodos de sua casa e abrir o gás (seu irmão o salvou). Curiosamente, naquela época, os Beatles lançavam no cinema o filme "Help!" - "Socorro!"...

Mais tranquilo, casado e com duas filhas, Pete trabalha desde 1969 numa agência pública de empregos, em Liverpool. "Passei a viver o que podemos chamar de uma vida normal: ir ao trabalho, voltar, sair para tomar uma cerveja, coisas assim", conta. "Mas, lá no fundo, ainda existe aquela sensação: 'Meu Deus, se eu tivesse continuado como um beatle!'. Hoje, penso que não faz diferença. Quando chego em casa, encontro as contas a pagar que o correio deixou embaixo da porta. Vem alguém e me diz: 'pague!'. E vou vivendo, afinal, todas essas coisas normais que todos vivem", acrescenta. Numa extensa entrevista de 2007 para o site Geneton, Pete contou a um repórter brasileiro o que aconteceu quando recebeu a notícia de sua exclusão dos Beatles. Aparentemente, ficou sem entender, pois o clima era bom entre eles. "Bem na época da minha saída, logo antes, nós estávamos todos bebendo juntos e parecíamos os melhores amigos do mundo", recorda o ex-baterista. E se foi bebendo que ele conversou com John, Paul e George pela última vez, foi também na manguaça, naturalmente, que tentou afastar o atordoamento. Veja o trecho em que ele fala sobre o dia fatídico:

Geneton - Que sensação ficou até hoje do dia em que você recebeu a notícia de que já não era um beatle? Deve ter sido um dia doloroso...
Pete Best - Não chegou a ser exatamente, porque foi como se uma bomba caísse na minha cabeça, assim, de repente. Só no dia seguinte é que tudo começou a entrar na minha cabeça, quando entendi que tinha acabado. Já era. É aí que a dor começa. Não se tem como voltar. Aquele terminou se transformando no dia mais doloroso, no sentido de que mudou a minha vida. Tive outros tempos duros, desde então. Mas aquele foi o dia que mudou todo o curso de minha vida. Eu me lembro bem. Era agosto de 1962.

Geneton - O "Times" recontou a história há pouco tempo. Você foi a um pub beber umas cervejas...
Pete Best - Umas? Muitas! (ri). Eu tinha acabado de falar com Brian Epstein, às 10 e meia da manhã. Um amigo estava me esperando do lado de fora. Recebi a notícia de que tinha saído dos Beatles e fui para fora. Meu amigo notou algo diferente. Perguntou: "o que foi que houve?". Eu disse: "Eu saí! Não sou mais um beatle!". Ele respondeu: "Meu Deus! Não pode ser verdade! O que é que aconteceu?" Eu disse: "Tudo o que quero fazer é tomar uma cerveja, afundar a minha cabeça!". Fomos para um pub. Derrubamos um bocado de cerveja. Chegou um momento em que eu disse: "Ok! Vamos para casa!". Quando fui para casa é que senti a pancada. E comecei a chorar. Chorei a noite inteira. É o tipo do choque de efeito retardado. Bem aí é que entendi: tudo tinha acabado.


Bebedeira em Hamburgo, Alemanha. Da esquerda para a direita: Stuart Sutcliffe (baixista, que morreria em 1962), John Lennon, Helmut (garçom), George Harrison, Paul McCartney e Pete Best

Distinção de vogais

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O colega Luiz Otávio me conta sobre uma brilhante entrevista de Carlos Santos (foto), governador do Pará em 1994, para a TV local:

Repórter - Governador, estamos prestes a sediar uma convenção muito importante. O que o senhor pensa sobre a OEA?

Carlos Santos - Olha, o que eu posso dizer é que o Ó é Ó e o A é A!

Um 3 a 2 de Diego Souza

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Em uma boa apresentação do camisa 7 palmeirense, Diego Souza, o líder do campeonato passou pelo Mirassol por um placar apertado. Sob chuva, não repetiu a boa atuação de partidas anteriores e claramente pisou no freio quando chegou ao terceiro gol, com direito a substituições dos três principais homens de frente (Keirrison, Willians e Diego Souza). Para alguns, foi um treino.

O primeiro gol saiu de falta, em um chute direto e forte do meia que passou pela barreira e o goleiro não pegou. A infração foi assinalada na sequência de um lance em que Cleiton Xavier fez falta no meio de campo, mas o árbitro não marcou.



Também de falta, o Mirassol empatou e, ainda na primeira etapa, com passe do nome do jogo para o 9 Keirrison, o Verdão voltou à frente do marcador. Na segunda etapa, aos 15, Diego Souza de novo açucarou a bola para o lateral Jefferson fuzilar o terceiro gol dos visitantes. O Mirassol diminuiria aos 44 e Lenny perdeu dois gols e foi parado com falta em outra oportunidade.

Quem para?
O Palmeiras chegou à oitava partida oficial na temporada com 100% de aproveitamento. Em 2006, sob a regência de Emerson Leão, o time chegou a sete partidas assim. Em 2008, fez seis. Antes, só em 1920 o Palestra Itália foi além da marca: fez 11 vitórias para começar o ano.

É levemente falsa a pergunta "quem para o Palmeiras". A atuação de quarta-feira mostrou que o time sabe ser objetivo, que não é totalmente dependente de um único jogador na frente, mas que tem uma defesa que ainda carece ajustes, mesmo tendo o cirúrgico Pierre à frente da zaga.

Contra o Paulista no Pacaembu quem joga é o time reserva, já que os titulares vão a Quito se ambientar na altitude. Contra a LDU, Vanderlei Luxemburgo deve armar um time mais recuado, mas não dá para saber se vai resolver a defesa. O fato de o time ser eficiente nos contrataques é uma arma mortal. Se acertar a retaguarda, eu passaria a considerar a pergunta mais pertinente.

Mesmo com poder de reação e boas opções para fazer gols, o Palmeiras não teve um adversário com uma apresentação consistente pela frente. O Santos pressionou por algum tempo e conseguiu finalizações muito boas, que não entraram por méritos e sorte do goleiro Bruno. Mas no geral não foi o adversário que se esperava.

É bem verdade, porém, que o time foi capaz de atropelar adversários como o Mogi Mirim que foram uma pedra no sapato de rivais como o Corinthians. Que tem um ponto a mais do que o segundo colocado com um jogo a menos. Mas por mais empolgante que tenham sido algumas das apresentações, como contra o Real Potosí, a de ontem contra o Mirassol foi boa pela vitória e por ver Diego Souza jogando bem.

Delay ao contrário

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Ontem presenciei um fenômeno muito estranho (não, não era o Ronaldo Gordo). Quando fui me deitar, perto de meia-noite, ouvi o barulho da torcida no Pacaembu e lembrei que, naquele momento, ainda rolava a rodada do Paulistão. Explico: moro num prédio em que a janela do meu quarto está de frente para a Avenida Angélica, a um quilômetro (ou menos) do estádio municipal. Por isso, ao ouvir o barulho, liguei o radinho de pilha para saber o que estava acontecendo. O jogo que estava sendo transmitido era exatamente o do Pacaembu, onde o Corinthians empatava por zero a zero com o Mogi Mirim, aos 35 do segundo tempo.

Logo em seguida, porém, o alvinegro abriu o placar, com Boquita (leia post do Nicolau abaixo). O esquisito foi que ouvi a torcida gritando, pelo rádio, e só dois ou três segundos depois a gritaria in loco chegou até a minha janela. Fiquei confuso. Geralmente, quando a gente está assistindo um jogo pela TV e acompanhando ao mesmo tempo pelo rádio, notamos o chamado delay - ou seja, a gente ouve primeiro pelo rádio o que a TV mostra com alguns segundos de atraso. Mas o que eu percebi ontem era que o rádio também adiantava o som da torcida que estava a algumas quadras da minha casa.

Pensei que tinha me enganado, mas tirei a prova dos nove quando, no final do jogo, Chicão cobrou o pênalti e fez 2 a 0. Mais uma vez, ouvi a torcida explodindo pelo rádio e, dois ou três segundos depois, chegou o barulho que vinha diretamente das arquibancadas do Pacaembu até o meu prédio. Alguém pode me explicar o que acontece? Observação: eu não estava bêbado.

Corinthians vence Mogi Mirim e segue na vice-liderança

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O Corinthians venceu o Mogi Mirim por 2 a 0, em mais um joguinho maleta de assistir. Dessa vez menos pelo time da capital e mais pela postura absolutamente defensiva do visitante. O jogo foi na prática um treino de ataque contra defesa.

Mano Menezes entrou com André Santos (que jogou melhor) de meia aberto na esquerda, fazendo dupla com o estreante Escudero – que me deu a impressão de ser meio cavalo, mas tocou bem a bola e não comprometeu. Creio que a idéia do treinador era que Morais ficasse mais pelo meio e Jorge Henrique pela direita, com o auxílio de Elias e Diogo. Mas como o Mogi desencanou de atacar, o esquema ficou tão aberto que se tornou comum ver Chicão chegando para armar o jogo.

Mesmo assim, o Timão colaborou com a falta de emoções pela falta de competência em furar o bloqueio do adversário. O primeiro gol saiu aos 40 minutos do segundo tempo: após um cruzamento na área, a bola sobrou para Morais, que deu um passe rápido para Lulinha que evitou a saída e conseguiu cruzar rasteiro. Elias desviou de calcanhar e o garoto Boquita fez seu primeiro gol no time principal. O segundo saiu de pênalti, quatro minutos depois. Lulinha foi derrubado e Chicão, sempre ele, botou pra dentro.

No segundo tempo, Mano Menezes realizou o sonho de boa parte da torcida e sacou Souza do time. Entrou Otacílio Neto, deixando o ataque mais rápido e móvel, mas sem referência na área. Não fez grande diferença, pra falar a verdade: o time continuou pressionando e não conseguindo criar oportunidades agudas de gol.

Banco nele?


Tenho defendido que a torcida tenha paciência com Souza, mas talvez o técnico esteja esgotando a dele. O problema é que não tem mais ninguém no elenco corintiano que cumpra o papel de pivô – o que Souza tem feito até que bem, convenhamos –, que Mano Menezes considera importante no seu esquema de jogo. Lembremos que Souza é um mezzo reserva: foi contratado para dar uma opção de bom nível (sic) para quando Ronaldo não puder jogar.

É possível imaginar um time com Otacílio Neto e Jorge Henrique no ataque, Morais e Douglas como meias, mas o conjunto tem características bem diferentes, mais rápido e móvel. Se Ronaldo entra nessa, como se adapta? Quem sai? Um amigo do trabalho vislumbra jogar com três atacantes, colocando os dois mais rápidos como pontas e Souza no meio. Mas fatalmente seria sacrificado um dos meias, provavelmente Morais. Não sei qual a melhor opção. É hora de Mano Menezes mostrar a que veio.

Cartão amarelo

Para não perder a mania, relato trocadilho cometido pela equipe de transmissão do PFC. O jogador Vela realizou a façanha de ficar apenas dez minutos em campo: entrou durante o segundo tempo, fez duas faltas violentas e foi expulso. A palhaçada levou o comentarista (acho que é Maurício Noriega o nome da fera) a soltar: "Esse Vela tem pavio curto". Sem se abalar, o narrador (cujo nome eu não sei mesmo) completou: "Queimou rapidinho!"

Começa o campeonato

Depois de Palmeiras e Santos, é a vez de São Paulo e Corinthians esquentarem o Paulistão com o que todo mundo está esperando: os clássicos. As diretorias trataram de apimentar o clima com a desavença pública a respeito do número de ingressos disponibilizados para a Fiel. Os sãopaulinos decidiram reservar só 10% dos ingressos para os corintianos, que declararam que a atitude é de time pequeno. O São Paulo está na sua de fazer o que bem entende com seu mando e jogo , segundo o Paulo Vinícius Coelho, tem motivos claros para isso: vendeu boa parte do Morumbi em parecerias com empresas, pelas quais já teria recebido R$ 12 milhões. Mas mesmo assim deixou a polêmica crescer, em vez de acalmar os ânimos. Enfim, faz parte.

O fato mesmo é que será o primeiro teste de verdade para o time do Corinthians em 2009. No Brasileirão e na Copa do Brasil enfretaremos times bem mais fortes do que Oeste e Mogi Mirim. Até agora,o Timão ganhou sem encantar em jogos contra times fracos. Vamos ver se tem bala para desafios maiores.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Só de cueca, jogadores protestam contra salários atrasados

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O mundo todo se solidariza. Na partida válida pela terceira divisão do Campeonato Espanhol contra o Real Madrid C, os jogadores do Galáctico Pegaso, de Três Cantos, em Madri, abaixaram o calção, ficando só de cuecas e camisa do time por alguns segundos. O motivo: protesto contra a diretoria do clube que não acerta contas com seus atletas há três meses. A partida ocorreu no estádio Ciudad Deportiva Valdebebas, no domingo.

Antes de o jogo começar, todos os futebolistas do Galácticos entraram com camisetas onde se lia: "Nos han dejado con el culo al aire" ("Deixaram-nos com o cu à mostra", na tradução livre do português Augusto Correia). "Culo", em espanhol, está mais para "traseiro" ou "bunda". O resto já ficou mais do que claro.

Depois, com tudo acertado com os adversários, deram o pontapé inicial, foram para a frente da grande área e, perfilados, os onze abaixaram os calções e se abraçaram, para posar para fotos de cuecas.

Assista:


O Real Madrid C devolveu a bola e a partida transcorreu normalmente. E que ninguém diga que eles fizeram corpo mole por causa dos salários atrasados, já que o placar final foi de 1 a 1. Na 17ª posição, permanece na zona de rebaixamento para a quarta divisão.

O espanhol Marca comemorou o fato de o protesto ter rompido fronteiras, a ponto de ganha destaque em outros países.

O Pegaso Galáctico se declara o primeiro clube espanhol administrado pela internet e todo o conteúdo disponível no site é restrito a sócios. Aparentemente isso não resolveu os problemas de gestão. No material acessível ao público em geral, nada consta sobre a situação de atraso salarial.



Atualizado às 14h36

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Na arquibancada

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60 mil pessoas
Lá pelas 19h20 e mero 1º C na gélida Londres, chego ao Emirates Stadium - estádio para qualquer um babar - para assitir à minha primeira partida da Seleção Brasileira ao vivo. Não dá para não reclamar. Tive que vir para Londres para conseguir ver a Seleção jogar. E não foi por falta de jogo em São Paulo, foi culpa da maldita raça dos cambistas. Odeio cambistas (e, com o perdão da digressão, ainda tenho o azar de ver o Radiohead tocando em São Paulo e não em Londres no período da minha estadia aqui... tá tudo ao contrário).

O clima no estádio era bem mais comum para mim do que nos jogos do Arsenal. Todo mundo bebendo, cantando, vendedores de bandeiras e camisetas mil. Quando o jogo é do Arsenal não tem festa nenhuma do lado de fora, e nenhum camelô, claro. Imagina, vender produto pirata na frente do estádio. Isso aqui deve dar cana na hora.

Mas como faltam poucos minutos para o início da partida, não tomo nenhuminha lá fora e corro para meu portão. No caminho, vários grupos de brasileiros pulam, gritam e fazem festa loucamente, no melhor estilo "Galvão, filma eu". Faz parte.

Nos estádios aqui, é permitida a venda de cerveja, menos nos jogos da Champions League, creio que por questões de patrocínio. O problema é que não pode carregar a cerveja para as cadeiras, tem que tomar tudo nos corredores de acesso. Mais uma vez o tempo urgia e não deu pra ter o prazer de beber uma no estádio (quase meio litro de breja em menos de cinco minutos não ia dar). Mas... não poder assistir ao jogo com o copo na mão também não é tanta vantagem assim.

O início do jogo atrasou um pouquinho - creio que por isso o hino brasileiro foi grotescamente cortado - e, quando começou, tivemos que implorar para a galera do "filma eu" abaixasse as faixas. Triste.

O jogo, como o Glauco já escreveu, começou quente. Logo no comecinho, gol anulado da Itália. Na hora me pareceu impedimento - eu estava na lateral do campo, bem de frente para o lance -, mas os portais dizem que o gol foi legal. Azar da Itália, e meu prazer em gritar "chuuuuuuupa" para os italianos atrás de mim. Delícia!

Logo depois, aos 12, uma bela jogada entre Ronaldinho e Robinho culminou no gol de Elano. Mais provocações aos italianos, mais diversão. Depois, veio a ola. Pode parecer banal, mas os ingleses perto de mim se divertiram a valer. Eu até perguntei para o que estava ao meu lado se eles não tinham ola nos estádios. Não, não têm.

replay na hora
Mas o melhor veio depois, com a pintura que foi o gol de Robinho. (E o melhor é que revimos os gols na hora, por todos os ângulos, pelo telão do estádio. Sem essa história de que não pode passar lance do jogo no estádio). Os gringos simplesmente não acreditavam no que aconteceu. Os espanhóis na minha frente (torcedores do Real Madrid, devem ter ficado um tanto arrependidos) e os ingleses ao lado davam gargalhadas. Mesmo, sem exagero. O que foram aqueles dribles?

man of the match
Aliás, o que é o Robinho quando joga pela Seleção? Mesmo com o relativo sucesso de sua passagem pelo Manchester City, quando ele entra em campo pelo Brasil o nível é outro. Ele se compromete em campo, está sempre atrás da bola que nem um maluco. Dá gosto de ver. Dunga agradece, certamente. E eu, que presenciei, também.

No geral, o primeiro tempo foi muito bom. O Felipe Melo jogou muito bem, o meio se movimentou e a defesa segurou as jogadas pelas laterais da Itália - redundância, porque a Itália só tem jogada pelas laterais e chuveiro para a área. Medíocre.

Já o segundo tempo foi diferente. O Brasil deu aquela acomodada e não importunava muito a defesa italiana. Já a Itália subiu a marcação e foi aquele deus nos acuda de chutão pra frente. Assim, a Azzura conseguiu algumas boas chances. Os atacantes, no entanto, não fizeram a sua parte. Luca Toni chegou perto, mas seu gol foi anulado por ajeitar a bola com a mão. Na hora eu nem soube o motivo, mas não importa, foi bom importunar novamente os italianos.

Que, diga-se de passagem, depois de verem o jogo perdido, começaram a gritar "Robinho estuprador". Ao que os brasileiros perto de mim responderam na lata: "Robinho is fucking Itália". Gritos espontâneos de torcida são ótimos.

No final, substituições protocolares. Achei que o Dunga podia ter colocado o Pato antes, já que Adriano não é opção de saída de bola quando o adversário marca em cima. Ele até tentou, mas correr com a bola pela lateral não é sua melhor característica.

Sem mais emoções, com um olé aqui e outro lá e alguns toques de efeito, o jogo acabou. Agora, o Brasil tem vantagem na série histórica de jogos contra a Itália, o que não é lá muito importante. O que importa agora é importunar os meus vizinhos italianos!

Brasil 2 X 0 Itália: Felipão vai ter que esperar...

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Um dia depois de ter seu cargo ameaçado pela demissão de Felipão do Chelsea , Dunga de novo se saiu bem, como já havia acontecido no amistoso contra Portugal. Os seis "italianos" da equipe titular do Brasil fizeram no primeiro tempo o resultado que o time precisava, tomaram pressão no segundo, mas, no geral o resultado foi justo.



Ronaldinho Gaúcho se movimentou bastante, deu opções ao time e puxou a marcação, além de ter sido o alvo predileto das sarrafadas do pessoal da Bota (sem trocadilho). Das apostas do comandante brasileiro, o lateral-esquerdo Marcelo foi bem e Felipe Melo surpreendeu. Defendeu e também apoiou o ataque com competência, e não se intimidou diante dos campeões do mundo. Aliás, Robinho também não se mostrou nem um pouco acanhado frente aos brutamontes do Calcio. No segundo gol, uma pintura que já entrou para a história do confronto das duas seleções, o atacante roubou a bola como fazia muitas vezes em seus tempos de Santos, chamou Zambrotta pro baile e fez um golaço.

Outro ex-santista, Elano, além do primeiro gol, também quase repetiu a curva na bola do tento que fez contra Portugal . Desempenhando a função que Leão o incumbiu no Santos de 2002, fez as vezes de ponta e também cobriu o meio pela direita. No segundo tempo, Dunga o substituiu por Daniel Alves, exatamente como fez na final da Copa América de 2007 contra a Argentina. Desta vez a substituição não surtiu o mesmo efeito e o ex-peixeiro mostrou de novo que é peça-chave no esquema atual da seleção.

Se foi um jogo de dois tempos distintos em que cada equipe jogou melhor em uma etapa, palmas para quem foi efetivo e competente. E Felipão, pelo jeito, vai ter que esperar outra oportunidade...

*****
Em relação à equipe que disputou a final contra a França em 2006, sete jogadores italianos que estiveram em campo hoje também disputaram a final vencida nas penalidades. Vendo a Itália hoje, percebe-se como a Copa do Mundo é um torneio, diogamos, peculiar. Afinal, como esse time chegou ao título?

Fazendo essa pergunta à blogueira Bia , ela respondeu que "na Copa, os zagueiros não cruzaram com muitos Robinhos dançando na frente deles". Faz sentido. A defesa italiana, louvada como o grande ativo da equipe desde tempos imemoriais, já sofreu com atacantes e meias habilidosos diversas vezes. Que o diga a seleção que foi goleada pelo Brasil em plena final da Copa de 70. Ou seja, a vitória da Azzurra, ainda que nos pênaltis e com um jogador a mais na prorrogação - algo que ficará apagado da História no futuro -  representa uma certa "falência" da ousadia dos jogadores de frente, menos criativos e atrevidos que em outras eras. Por isso, é no mínimo alentador que a vitória brasileira hoje tenha resgatado, de alguma forma e pelo jeito que ocorreu, algum sentido de um futebol menos previsível e mais agradável de se assistir.

*****
E a companheira Thalita, que estava no Emirates Stadium em Londres, vai contar aqui no Futepoca como foi ver o jogo in loco

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Uai, vamo falá de Minas

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As más línguas podem até dizer que esperei a primeira vitória do meu Galo para escrever sobre o campeonato mineiro deste ano, mas a realidade é que não estava vendo os jogos por motivos variados. Neste final de semana me submeti à tortura de acompanhar Galo X Social de Coronel Fabriciano no sábado e Cruzeiro X Villa Nova de Nova Lima no dia seguinte.


Nos dois jogos, a única constatação óbvia e possível é que os dois times da capital estarão entre os oito classificados para as quartas-de-final depois de um primeiro turno que conta com doze times. O fato de esta fase inicial não valer quase nada também ajuda a explicar a falta de entusiasmo com os jogos.

É melhor falar dos dois times. O Cruzeiro manteve a boa base do ano passado, com destaque para Ramires e Wagner, e trouxe reforços para o ataque como Wellington Paulista e Kléber, que estava no Palmeira no ano passado.  Mesmo assim teve um pouco de trabalho para ganhar do Villa por 3 a 2, principalmente por vacilos de sua defesa, embora tenha ocorrido uma pequena ajuda do juiz, que expulsou jogador do time do interior no começo do segundo tempo.

No jogo do Galo, embaixo de um calor infernal em Ipatinga (o jogo foi transferido para lá por falta de condições em Coronel Fabriciano), o primeiro tempo só deu raiva e vontade de cancelar o pay-per-view. Ninguém fez nada. No segundo, depois de puxão de orelha dado por Leão, o time ainda deu sorte de achar um gol de falta batida por Diego Tardelli logo aos 3 minutos, o que fez o Social abrir-se e tomar contra-ataques.  

Falando sobre o time deste ano, e repetindo que sou torcedor e suspeito para dar opinião, é um bem melhor que o do ano passado. Não sei se ganha do Cruzeiro no domingo que vem e na final do campeonato, mas pelo menos não deve perder feio todos os jogos como em 2008. No Brasileiro e na Copa do Brasil também deve se sair bem, com detaque para Diego Tardelli, que fez 7 gols em 5 jogos este ano (4 no mineiro e três no torneio de Verão no Uruguai). 

Dos outros times, nota para o América, que voltou da série B de Minas e está invicto até agora (1 empate e duas vitórias), com uma equipe em que constam vários veteranos, e para o Democrata de Governador Valadares, que tem três vitórias em três jogos, mas deste último nada posso falar porque ainda não vi jogar. 

Em busca do marafo perdido - Capítulo 1

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MARCÃO PALHARES

Mas como foi que isso aconteceu, meu Deus? O que eu estava fazendo naquele pagode? Ah, agora me lembro: era sábado e eu não tinha dinheiro pra comer. Fui procurar o Peixoto no pagode, pra ele me arrumar um trocado. Mas o maldito não deu as caras. E eu lá, desconsolado, observando as gringas que tentavam requebrar as cadeiras. Por que eu não fui embora depois de duas horas de campana? Por que raio de motivo eu fiquei? Sem comer nada, sem beber. Taí, o problema foi exatamente esse: eu não conseguiria ir embora sem beber nada. E foi aí que aquela senhora de óculos fundo de garrafa, cabelo tingido de violeta com raízes brancas e batom manchado pra fora dos lábios me convidou para sentar. Contou que era aposentada. Viúva. Dois netos. Gostava do Agepê. "Deixa eu te amar/ Faz de conta que sou o primeiro". A senhora me ofereceu cerveja. E mais cerveja. E muitas, muitas mais.

Acordei no domingo, meio-dia, pelado e estendido numa cama de casal, feito o Homem Vitruviano do Leonardo da Vinci. Náusea, tontura, dor de cabeça lancinante. Nunca tinha visto aquele quarto em toda a minha existência. Uma penteadeira cheia de talcos e cremes, com folhetos de santos presos no espelho. Olhei ao redor e lembrei da música do Roberto Carlos: "Travesseiros soltos/ Roupas pelo chão". Um barulho infernal de crianças gritando e cachorros latindo, televisões e rádios com o volume nas alturas. Vizinhas se xingando. Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou? Sensação de torpor. Melhor dar no pé.

Ao catar a bermuda e a camiseta do chão, ouvi o toca-discos sendo ligado e a agulha descendo sobre o vinil. A estática das ranhuras. De repente, a voz da Alcione, a Marrom: "Garoto maroto/ Travesso/ No jeito de amar/ Faz de mim/ Seu pequeno brinquedo/ Querendo brincar". E aquela senhora que me pagou cerveja no pagode entrou no quarto, de penhoar, com uma cerveja preta Caracu e dois copos nas mãos. Os seios flácidos, quase saltando para fora. O penhoar tinha um desenho de duas araras vermelhas. "Já descansou, meu tesouro?", fez biquinho, com a boca murcha. Juro. É tudo verdade. Foi assim mesmo.

A mulher tava tão contente que tinha enchido a geladeira de cerveja e cozinhava um porco no quiabo só pra me agradar (detesto quiabo – e o cheiro da panela de pressão só aumentava meus engulhos). Tinha bobes no cabelo e a prótese dentária mal feita, com uma emenda amarelada. "Vem amor!/ Vem mostrar o caminho/ Da doce ilusão", cantava, junto com a Alcione. E me olhava como um náufrago olharia um frango assado. Inventei uma mentira daquelas bem esfarrapadas - que tinha que trabalhar, que meu avô estava no hospital, que deixei a torneira do banheiro aberta, que não pus a ração do peixe no aquário, que o dólar subiu, sei lá, um troço desses. Eu custava a acreditar que tivesse acontecido qualquer coisa de mais íntimo entre eu e aquela anciã. Ainda hoje tenho dúvidas, mas devo ter tomado muita cerveja, pois não lembro de nada (por sorte!). Bom, de algum jeito, me preparei para a fuga desesperada.

A senhora compreendeu, me passou as mãos no cabelo e estalou um beijo que deixou nos meus lábios uma mistura de espuma de cerveja preta com batom melado da Avon. Tive algum tipo de vertigem e pedi uma lata de cerveja. Ela atendeu e ainda me descolou três passes de ônibus, explicando didaticamente o tortuoso caminho que eu faria no retorno à civilização. Aquele conjunto habitacional dos demônios ficava depois do fim do mundo, em algum lugar desconhecido pela cartografia moderna. Foram três ônibus e duas horas e meia até a cidade. Mas antes, na saída, peguei outra lata de cerveja, dei um beijo nos bobes da velha e tropecei num cachorro manco que se esfregava no corredor. A senhora me escreveu seu telefone no verso de um bilhete de loteria, que joguei fora assim que cheguei na rua de terra, cheia de mato e lixo. Um caminhão passou vendendo pamonha. Duas crianças remelentas me atiraram um bagaço de milho nas costas. Corri. Alcancei o ponto de ônibus com mais vontade de beber.

Pensei em voltar lá na casa da velha, mas refleti um pouco e o bom senso falou mais alto. Me aboletei no ônibus desconjuntado e jurei: essa foi a última vez. Ah, como os bêbados são otimistas...

(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever...)

Resultado injusto

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Finalmente consegui assistir a uma partida do São Paulo, a vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo de Ribeirão Preto. Resultado injusto - e preocupante. Digo injusto porque o adversário fez 2 a 1 primeiro, de cabeça, num lance absolutamente legal. Mas o juiz anulou. Menos de um minuto depois, Washington definiu o placar. Se o Botafogo tivesse feito 2 a 1 ali, jogando muito melhor que o time da capital, ia ser goleada. Porque iria recuar e jogar no contra-ataque, com uma defesa sãopaulina das mais generosas. O primeiro gol do Botafogo, numa troca de passes com direito a toque de calcanhar, comprovou que nem Miranda é mais aquele. A coisa tá feia. E, injustamente, o time sai de campo com três pontos. Não concordo. Às vezes, é melhor perder antes do que chorar depois. O São Paulo não tem padrão de jogo, continua sem laterais, sem saída de bola, com uma defesa perdida e um ataque atabalhoado. Com isso aí, não passa da primeira fase na Copa Libertadores. A não ser que a arbitragem continue camarada...

E o Santos não passou no teste...

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Antes do clássico de hoje, a imprensa falou que essa seria a partida-teste para o Palmeiras, já que enfrentaria um adversário à altura. Mas, na verdade, o time da Vila Belmiro foi um sparring pobre e para os peixeiros foi de fato um teste para suas pretensões no ano. Teste no qual eles não passaram e em que ficaram evidentes as falhas de planejamento (sic) da diretoria local (e bota "local" nisso).

Com 11 minutos, o Palmeiras tinha chegado ao gol com chances claras de marcar por três vezes. O Santos, sequer tinha finalizado ao gol. O primeiro chute só viria aos 33, com o volante Germano. Pra fora. Vanderlei Luxemburgo fez o óbvio contra um time com dois zagueiros pesados, um tosco lateral improvisado como Adriano e Leo ainda fora de forma: colocou sua equipe para marcar pressão e tirar a saída de bola do Santos. Se Márcio Fernandes poderia até ter dado mais mobilidade no ataque com o meia Róbson no lugar de Roni, o que aconteceu na prática foi que Kléber Pereira ficou isolado, contra dois ou três zagueiros, enquanto o meio de campo peixeiro tinha três atletas que não marcavam: o próprio Róbson, Madson e o inoperante Lúcio Flávio.

Ficaram desnudas as deficiências do Alvinegro. Sem jogadores de marcação no meio, sem lateral direito de ofício e também sem Pará, expulso de forma infantil na partida do meio de semana, restou ao Palmeiras deitar e rolar. Isso, sem contar com a falha de Fábio Costa no primeiro gol e a grosseria de Adaílton no segundo.

Como nenhum time no mundo aguenta fazer marcação-pressão o tempo todo, nos últimos dez minutos o Santos pressionou. Mas as poças do terrível gramado do Palestra, uma defesa sensacional do goleiro Bruno e os zagueiros alviverdes fazendo milagres não permitiram que o time tivesse melhor sorte. No intervalo, restou a esperança, reforçada pela lembrança do clássico do Paulista de 2007, quando o resultado era o mesmo no final do primeiro tempo, mas o final foi um belo 3 a 3.

Mas, com menos de um minuto, vem outro gol de Keirrison, o nono contra o Peixe nas últimas três partidas. E o Santos perde uma, duas, três chances. O Palmeiras, recuado, conta com a sorte, além de tudo. Mas Kléber Pereira, em jogada de Madson, faz o dele. O torcedor teve esperanças, mas o jogo foi decidido em 46 minutos. Uma soma de fatores, a saber: elenco carente em algumas posições, um adversário mais bem entrosado, melhor tecnicamente e jogando em casa, mais contratações que não renderam decretaram a derrota santista. O quarto gol foi a pá de realidade na cova santista. Dessa vez, a culpa menor foi de Márcio Fernandes. Mas ele deve pagar o pato, justa e também injustamente.





Individualidades santistas
Quando o técnico Leão tirou Fábio Costa da partida contra o Barueri, em 2008, muitos chiaram. Claro que o treinador é chegado em confusões, mas será que ele estava errado? O goleiro voltou, como sempre volta, acima do peso, na ocasião, com cinco quilos a mais. E demora pra se recuperar, o que afeta a olho nu seu desempenho. Começo de Paulista é sempre garantia de falhas do arqueiro.

Lembra da partida contra o Marília em 2006? Do jogo contra o Mirassol ou mesmo contra o São Caetano, quando rebateu bolas para o meio da área? Hoje, nova rebatida que resultou no terceiro tento palmeirense, fora a falha no primeiro gol. Claro que o arqueiro tem crédito, mas é profissional voltar sempre com quilos a mais e demorar pra se adaptar e render para a equipe? Acredito que não.

Madson deu uma assistência, correu muito e, ao contrário de outras ocasiões em que foi bem improdutivo, dessa vez se salvou em meio à mediocridade. O triste é lembrar que era o único que se salvava no temerário Vasco do ano passado. Mau sinal.

Pra resumir, Adriano, que não consegue dar um passe de dois metros, não tem condições de ser titular do Santos nunca. Cães de guarda existem aos montes por aí. Não precisamos de mais um.

E como perguntar não ofende, algum santista, vendo o Lúcio Flávio jogar, não tem uma pontinha de saudades do Tabata?