Outro dia registrei aqui as bizarrices do futebol paulista nos anos 1930, na transição do amadorismo para o profissionalismo, com jogos em que os juízes ou se recusavam a seguir apitando ou eram substituídos na marra, jogadores abraçavam o adversário ao sofrer um gol bonito, o árbitro interrompia a partida para que dezenas de chapéus atirados ao gramado fossem retirados, atletas substituídos no 1º tempo voltavam depois, um outro que atuava como bandeirinha entrava para reforçar um dos times e jogadores expulsos podiam ser substituídos. Tais situações são descritas no "Almanaque do São Paulo", publicação independente de José Renato Sátiro Santiago Júnior e Raul Snell Júnior. Pois agora fui presenteado com outro livro sobre a mesma época, "História do futebol em Pernambuco", de Givanildo Alves (Editora Bagaço, 1998, 2ª edição revista e ampliada). Não por acaso, a obra também traz uma série de causos bizarros dos primeiros tempos do futebol disputado nos campos de Recife.
Um dos melhores ocorreu no campeonato pernambucano de 1931, quando o Náutico não podia perder nem empatar um jogo contra o forte Torre, extinto clube apelidado de "Madeira rubra" (tinha uniforme completamente vermelho) e que naquela época já havia ganho os estaduais de 1926, 1929 e 1930. Porque, caso empatasse ou perdesse, o Timbu (apelido do Náutico motivado pela cachaça) recolocaria na disputa pelo título o arquirrival Sport, que já estava praticamente eliminado. Acontece que, para aquela partida decisiva contra o Torre no estádio dos Aflitos, marcada para 29 de novembro de 1931, vários jogadores desfalcariam o Náutico e, como o adversário era tecnicamente superior, a possibilidade de vencê-lo era remota. Foi então que, três dias antes do compromisso, Eládio de Barros Cavalho (foto), um dos diretores do clube, do qual seria presidente por diversas vezes entre 1948 e 1964, surpreende: "Deixem comigo".
Na véspera do jogo, um sábado, Eládio Carvalho chega aos Aflitos por volta das cinco horas da tarde. Chama "seu" Adolfo, responsável pelo campo, e ordena: "Arranje um serrote". Sem qualquer cerimônia, o diretor do Náutico faz com que o velho empregado do clube abra um buraco no pé de uma das traves, que eram de madeira, e serre a parte que fica enterrada no chão. "Com uns vinte vaivém, o travessão superior fiou penso e o poste lateral ruiu", narra o livro. No dia seguinte, o jornal Diário da Manhã estampa ofício dirigido pelo Náutico ao presidente da Federação Pernambucana, Virgílio Maia:
"No intuito de salvaguardar a sua responsabilidade, o Clube Náutico Capibaribe apressa-se a comunicar a V.S., o acidente que acaba de se verificar em seu campo de desportos. No momento em que o encarregado do campo procedia a reparos em um dos postes laterais do gol, sucedeu o mesmo ruir, em virtude do mau estado de conservação da parte enterrada, inteiramente carcomida pela umidade. Dada a hora adiantada em que isso se verificou, impossibilitando a substituição do madeiramento em mau estado, quer nos parecer não ser possível terminar o serviço necessário a tempo de se realizar o jogo marcado, para nosso campo, o que comunicamos para os necessários fins."
A partida não acontece, como o Náutico queria, mas os jornais não engolem o tal "acidente". Na segunda-feira, 30 de novembro, o Diário de Pernambuco comenta: "Causou estranheza nos círculos esportivos o caso do adiamento do jogo Náutico x Torre, em face das circunstâncias em que se revestiu: adiamento processado à última hora, com espaço limitado de tempo para ser impossível uma providência urgente". Apesar de o jogo ter sido adiado, e de o Náutico ter conseguido vencer o Torre, por 1 x 0, o Santa Cruz foi o campeão daquele ano. Mas, para os alvirrubros, o mais importante foi que o rival Sport não terminou a competição nem entre os quatro primeiros...
Mas antes disso, no Campeonato de 1930, ocorreu o fato mais surreal descrito pelo livro. No dia 13 de julho, no estádio da Avenida Malaquias, o árbitro Antonio Gaeta apita o clássico Santa Cruz x Sport, que vence por 1 a 0. Faltando menos de cinco minutos para o fim do jogo, o "Cobra Coral" pressiona pelo empate. "Júlio Fernandes estira um passe a Lauro, que entra na área do Sport e passa a bola a Carlos", conta o livro. "O atacante desfere um chute violentíssimo (...). A bola entrou no ângulo, tocando no varão de ferro, que estava fora do lugar, saindo por um rasgão da rede". Forma-se a confusão. "Sinceramente, não vi se foi gol", confessa o árbitro, enquanto é cercado pelos jogadores dos dois times. Pressionado a tomar uma decisão e já xingado e ameaçado, Gaeta passa a fazer opções esdrúxulas. Primeiro, pergunta se havia sido gol a uma criança. "Vou invocar o testemunho de um inocente", diz, como se a "justificativa" convencesse ou tivesse algum respaldo.
"A bola não entrou, seu juiz", garante o garoto (que torce para o Sport, óbvio!). Os jogadores do Santa Cruz se revoltam. O juiz, então, tenta outra saída (estapafúrdia): "Bem, aqui está um policial, um homem da lei. Ele vai decidir". O guarda, que não perde um jogo do "Cobra Coral", logicamente crava que a bola entrou. Dessa vez são os jogadores do Sport que se exaltam e ameaçam o juiz. O pau quebra entre os torcedores nas arquibancadas. "Não tendo mais para quem apelar", prossegue o livro, "o confuso árbitro chama os jogadores para o centro do campo. ' - Bem, vou tomar a última decisão. Vou fazer um sorteio. Num pedaço de papel, boto: 'Foi gol!'; noutro, 'Não foi!'". Incrédulos, os jogadores dos dois times nem comentam a sugestão, abandonando o gramado. A partida foi anulada e remarcada para a semana seguinte, quando o Santa Cruz venceu o Sport por 3 a 2.
Na 22ª rodada do Brasileirão, o Corinthians, líder da competição, abriu 7 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Atlético-MG. Mas, não fosse o péssimo nível da arbitragem, a tabela do campeonato poderia ser bem diferente. Senão, vejamos:
11ª rodada: Goiás 0 x 0 Corinthians
Pênalti cometido por Gil, não marcado.
13ª rodada: Flamengo 0 x 3 Corinthians
Gol de Jonas, do Flamengo, mal anulado.
17ª rodada: São Paulo 1 x 1 Corinthians
Pênalti cometido por Uendel, não marcado.
18ª rodada: Corinthians 4 x 3 Sport
Pênalti marcado de Rithely, inexistente.
19ª rodada: Avaí 1 x 2 Corinthians
Gol de Jeci, do Avaí, mal anulado.
22ª rodada: Corinthians 2 x 0 Fluminense
Gol de Cícero, do Fluminense, mal anulado.
E na mesma 22ª rodada o Atlético-MG, concorrente direto do Corinthians pela liderança do campeonato, perdeu do Atlético-PR com pênalti duvidoso.
A seleção brasileira é penta e ninguém contesta. Porém, uma olhada mais atenta para alguns erros de arbitragem que beneficiaram o time canarinho ao longo da história em Copas não deixa dúvidas: uma fração das nossas glórias se deve à ajuda de juízes míopes. Abaixo, sete dos equívocos que nos ajudaram a ganhar (ou não) um título.
1 – Pênalti não marcado e gol da Espanha anulado (Brasil x Espanha, 1962)
Combo pró-Brasil nesse jogo. Nilton Santos comete pênalti, percebe que está dentro da área e dá dois passos para fora. O lance é tão ostensivo que parece jogo de criança de pré-escola. Mas o árbitro cai no truque e marca apenas falta. A essa altura a Espanha já ganhava por 1 a 0.
Na cobrança da falta, Puskas marca um golaço de bicicleta, mas bandeira vê um impedimento que nem Arnaldo marcaria, e anula a jogada.
2 2 – Cotovelada de Pelé (Brasil x Uruguai, 1970)
Ok, era revide de outro lance não marcado, um pisão de Fontes no Rei. E, convenhamos, foi uma demonstração da arte da vingança. Mas isso não muda o fato de que Pelé deu com vontade na cara do rival. Deveria ter sido expulso e, consequentemente, perdido a final de 1970. Obrigada, deuses da bola. A História não teria sido escrita se o juiz não. tivesse perdido esse lance.
3 – Gol anulado da Espanha (Brasil x Espanha, 1986)
A Espanha não tem mesmo sorte contra o Brasil. Depois de ser garfada em 62, voltou a ser prejudicada em 86. No início do segundo tempo, com o placar ainda no zero, Francisco chuta da entrada da área, a bola bate na trave, bate dentro do gol e sai. Árbitro e bandeira não viram e placar seguiu inalterado. Brasil vence por 1 a 0. A partir de 3:04. O vídeo vale também por conta da pré-história do tira-teima.
4 – Falta de Branco não marcada (Brasil x Holanda, 1994)
O vídeo é cristalino. Branco meteu a mão no rosto e no pescoço do Overmars, seu marcador, antes de ser derrubado. O lance deu origem ao histórico gol de falta do próprio Branco. Mas, justiça seja feita, a miopia não foi seletiva. Depois de ser derrubado, o lateral esquerdo (que só atuou porque o titular Leonardo foi expulso após cotovelada criminosa desferida na partida contra os EUA) leva um chute de Koeman, aparentemente nas partes baixas, e ficou por isso mesmo. A partir de 0:56.
5 – Pênalti mal marcado para o Brasil (Brasil x Turquia, 2002)
A Copa de 2002 tem na conta grandes vergonhas por parte da arbitragem. Dois desses lances favoreceram o Brasil. No primeiro, a seleção ganhou um pênalti de presente na tensa estreia naquele Mundial. Aos 40 minutos, com o placar em 1 a 1, Luizão sofre falta fora da área e mergulha com vontade, tentando cavar o pênalti. Conseguiu convencer o árbitro, que ainda expulsa Ozalan. A partir de 3:52.
Também nessa partida, Rivaldo protagoniza papelão ao simular uma bolada no rosto. Enquanto esperava o time brasileiro posicionar-se para o escanteio, ele leva uma bolada no braço, desferida por um jogador da Turquia. Já era suficiente para que o adversário fosse expulso, mas ele resolveu fingir que havia sido atingido no rosto. Unsal foi de fato expulso, mas o teatro passou despercebido pela arbitragem. Rivaldo chegou a ir a julgamento pelo lance, mas levou apenas uma multa. A partir de 5:10.
6 – Gol anulado da Bélgica (Brasil x Bélgica, 2002)
O segundo lance que beneficia o Brasil aconteceu nas oitavas de final. O placar ainda estava no zero e a Bélgica jogava melhor. Aos 35 minutos, Wilmots sobe mais que Roque Júnior e cabeceia para o gol. Árbitro benevolente viu falta – que só ele e o Arnaldo viram, aliás. A partir de 1:40.
7 – Gol ilegal validado (Brasil x Costa do Marfim, 2010)
Esse lance pode não ter mudado o rumo do jogo, mas já está na história como um daqueles erros escandalosos. A partida já estava 1 a 0 para o Brasil quando Luís Fabiano dominou a bola com o braço duas vezes antes de meter para o gol. A partida terminou com 3 a 1 para o Brasil. A partir de 1:40.
Bônus – Juiz some com súmula (Brasil x Inglaterra, 1962)
Nas quartas de final do Mundial de 62, contra a Inglaterra, Garrincha foi expulso e desfalcaria o Brasil na semi contra o Chile. Desfalcaria, porque o craque brasileiro não apenas jogou como marcou 2 gols na semifinal. O motivo? O árbitro peruano Arturo Yamasaki sumiu. Não entrgou a súmula a tempo da realização do julgamento do brasileiro, que foi liberado para brilhar na partida seguinte. Curioso, não?
Confira outros posts sobre a Copa 2014 no Copa na Rede
Um time compacto na
defesa e que pressionou o rival no campo adversário, forçando erros
de passe e contando também com alguns não forçados. Na partida
entre Santos e Náutico, esta noite, o time descrito acima no
primeiro tempo era o lanterna do Brasileirão. O que se viu foi um
Alvinegro desligado, errando demais e não conseguindo achar espaço
na defesa pernambucana.
Não que o Santos não
tenha criado nada. Foram duas oportunidades reais de gol, ambas
desperdiçadas por Giva, garoto que, depois de um bom início como
profissional, sumiu e passou a jogar mal quase sempre quando entra.
Entrou como titular substituindo o suspenso Thiago Ribeiro porque
Gabriel, seu rival na posição, também tem oscilado.
Cícero se salvou em meio à escuridão (Foto Santos FC)
O companheiro de frente
de Giva, Willian José, se esforçou para ser vaiado pelos torcedores
na Vila. Em duas oportunidades recuou a bola para a defesa, dando a
redonda de graça para o Náutico. Uma junção de falta de técnica
com ausência de aproximação dos companheiros de time. O Santos, na
etapa inicial, não trocou passes com a competência que tem feito, e
os jogadores estiveram distantes uns dos outros.
Nos primeiros 45
minutos, só Cícero se salvou na articulação de lances, até a
saída do meia argentino Montillo, contundido, substituído por
Leandrinho aos 33. Não que o Dez alvinegro estivesse fazendo uma
grande partida, mas se movimentava muito e conseguia atrair a
marcação adversária. Sua ausência fez com que Cícero passasse a
ser presa fácil, e o Santos não criou nada até o intervalo.
Renê Junior, que
ocupava o lugar de Arouca, suspenso, ficou no vestiário. Léo
Cittadini entrou e Cícero recuou para trabalhar a transição da
sufocada retaguarda peixeira. Parecia até que ia dar certo. Em dois
minutos o Santos chegou perigosamente duas vezes, mas logo o Náutico
respondeu, com um dos gols mais perdidos da competição, mostra da
atual fase da equipe, aos 5. Maikon Leite cruzou e Rogério chutou
pra fora de dentro da área, com o gol livre. Dois minutos mais
tarde, Giva finalizou mais uma vez dentro da área. De canela. Pro
espaço.
E o jogo continuou com
seu nível rasteiro, por vezes indo ao subsolo. Mas sempre com a
vantagem para um Náutico mais aceso, interessado em tentar atacar
com qualidade e velocidade, jogando nos (inúmeros) erros santistas.
Aos 26, Claudinei finalmente faz a substituição que deveria ter
feito bem antes, sacando Giva e promovendo Gabriel.
Mesmo assim, foi o
Naútico que abriu o marcador. Aos 37, com um ex-santista e
palestrino emprestado Maikon Leite, que os pernambucanos tentaram
devolver ao Palmeiras, recebendo uma elegante recusa como resposta.
Mas o treinador Marcelo Martelotte, recém-chegado ao Timbu, resolveu
resgatar o atleta, com quem trabalhou no Santos. E o lance, mais uma
ironia, foi iniciado por outro ex-atleta do Alvinegro, Maranhão.
Não demorou muito, no
entanto, para que outro protagonista da partida desse as caras. O
árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que já havia prejudicado as
duas equipes com faltas e cartões assinalados sem um critério que
se pudesse descobrir, inventou uma infração próxima à área
pernambucana. Cícero, até então sumido em seu novo posicionamento
– já que sua função, a de fazer a transição, não existia com
o afobamento e os passes longos dados pela defesa santista –
realizou uma bela cobrança e empatou o jogo.
Jogando muito mal e
oscilando entre o desinteresse e a ansiedade, o Santos desperdiçou a
chance de se aproximar do G-4, ficando na sexta posição, agora com
o mesmo número de jogos de seus rivais. Dado o nivelamento do
Brasileirão, pode disputar uma vaga na Libertadores mas,
infelizmente, o jogo sugere ao torcedor que a tônica do time será a
irregularidade.
Coisa inédita: um torcedor do Atlético-MG reclamando de arbitragem! Mas a causa é justa: depois de o árbitro Carlos Eugênio Simon ter admitido que errou ao não marcar um pênalti escandaloso sofrido pelo Galo em 2007, em partida contra o Botafogo-RJ que selou a desclassificação do clube mineiro da Copa do Brasil, um atleticano resolveu pedir na Justiça indenização por danos morais. De acordo com o site Terra, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai analisar hoje o processo.
O autor da ação - que é advogado - afirma que o caso deve ser tratado sob as cláusulas que protegem o direito do consumidor e que a CBF deve responder pelos atos de seus prepostos, já que fornece o "produto", ou seja, o jogo de futebol - se analisarmos a qualidade do "produto" nas últimas temporadas, pode configurar até fornecimento de droga.... Porém, o torcedor perdeu a ação em primeira e segunda instâncias: o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou que o erro não gera para o torcedor-consumidor qualquer direito de cunho moral ou muito menos material e que a CBF, ao organizar as partidas, não se compromete a conseguir resultados favoráveis a qualquer dos times.
Insistente, o torcedor entrou então com um recurso especial dirigido ao STJ. O ministro Luis Felipe Salomão determinou a subida do recurso ao STJ para um melhor exame, já que há "peculiaridades" no processo. Acho que por "peculiaridade" podemos entender descaramento, pois não há a menor dúvida de que o pênalti não marcado aconteceu. No lance, dentro da área do Botafogo, o jogador Alex derruba sem dó o meio-campista Tchô, do Atlético-MG. Vale a pena ver de novo (no vídeo abaixo, a partir de 02:03):
Convoca, Felipão! Quem não tem Fred caça com Rhayner?
Pode passar muitos anos, mas aqueles momentos históricos importantes ficam gravados para sempre em nossas memórias. Todos se lembram exatamente onde estavam e o que estavam fazendo quando, por exemplo, Getúlio Vargas se suicidou, Ayrton Senna morreu, as Torres Gêmeas foram abatidas, a seleção brasileira venceu cada uma de suas cinco Copas do Mundo etc. O último sábado, 6 de abril de 2013, certamente foi mais uma destas datas que se fixarão em nossas mentes, sobretudo para quem acompanha o velho e violento esporte bretão. O fato apoteótico aconteceu em Volta Redonda, na partida entre Fluminense e Resende, aos 13 minutos do segundo tempo. Após 2 anos e 2 meses, cinco clubes diferentes e 84 jogos, o atacante Rhayner marcou um gol! (pausa para estupefação geral da Nação) E um jejum deste porte não poderia ser findado com um gol comum. Como num roteiro previamente ensaiado, Rhayner invadiu a área, deixou dois adversários pra trás e cruzou; o goleiro do Resende, num afã de ser lembrado na posteridade, decidiu ajudar o malogrado atacante do Flu e empurrou a bola para dentro de sua própria meta. Se encerrava naquele momento o maior jejum de gols de um atacante que se tem notícia no futebol profissional brasileiro. O jogo em si, a vitória do Flu por 2 x 0, e a lesão que vai deixar Fred inativo por pelo menos três semanas foram ofuscados e, portant,o não são dignos de comentários. Começo aqui a campanha “Chama o Rhayner, Felipão!”
"Vozes do Além" complicaram o Fla
Também no sábado, o Flamengo se livrou de mais uma derrota, desta vez para o Duque de Caixas, com um gol de Cléber Santana nos acréscimos: 1 x 1. O time mais uma vez não se encontrou em campo e viu suas ínfimas chances matemáticas de classificação para as finais do 2º turno virarem pó. A partida foi sonolenta até mesmo para quem estava secando o Fla, algo que atualmente significa o mesmo que empurrar bêbado ladeira abaixo. Maldade desnecessária. Tudo transcorria dentro da normalidade até que mais um de nome pomposo resolveu fazer fama na Taça Rio - vide atuação patética do árbitro e lord Philip Benett no jogo entre Botafogo e Madureira, quando desmarcou um pênalti em favor do Botafogo assinalado por ele mesmo. Todos agora têm certeza que a FERJ se antecipou à FIFA e decidiu lançar mão, na clandestinidade, do recurso eletrônico para dirimir dúvidas em lances polêmicos: no jogo entre Flamengo e Duque de Caxias, após Pathrice Maia e o bandeirinha validarem o gol de Hernane, que estava impedido, o árbitro escutou "vozes do Além" (ou seriam as "forças ocultas" do Jânio?) e anulou o tento, afundando ainda mais o Fla. Seja na política, nas relações pessoais ou no futebol, o Rio de Janeiro continua o mesmo: segue na vanguarda da malandragem...
Vitinho está 'comendo a bola'
Já o Botafogo segue implacável e, ainda sem contar com Seedorf, engrenou a sexta vitória consecutiva: 3 x 0 sobre o pato Olaria, digo, fraco Olaria. Mais uma vez Vitinho, que entrou aos 28 do 2º tempo, fez a diferença. Marcou dois golaços e colocou mais uma interrogação na cabeça do técnico Osvaldo de Oliveira, que segue mantendo o garoto no banco de reservas em prol da escalação dos pernas-de-pau Rafael Marques e Bruno Mendes. Como o Bota é chegado numa superstição, dizem que o jovem é o talismã do momento, e que vai repetir os “feitos” recentes de Iranildo, Almir e Caio. Aquele torcedor alvinegro que acompanha mesmo o time espera, do fundo do âmago, que isso não aconteça, pois nenhum dos três se tornou o craque que as diretorias de suas épocas esperavam. Apesar de ainda ser cedo para afirmar, Vitinho parece jogar mais que todos eles juntos. Já está na hora de Oswaldo ganhar coragem e escalá-lo desde o início das partidas.
Rivais já miram naufrágio da nau vascaína no Brasileirão
E o Vasco, enfim venceu uma: 2 x 1 frente ao Friburguense. Com isso, encontra-se agora na confortável posição de vice-lanterna de seu grupo (uma vez vice, sempre vice). Como o time apenas cumprirá tabela no restante do torneio, a diretoria vascaína, que é mais desorganizada que pelada dominical de pinguços, tenta de qualquer maneira negociar Dedé, o único do elenco que ainda possui mercado em times de ponta. A expectativa é conseguir fazer caixa para pagar os atrasados e ainda receber jogadores para fortalecer o elenco que, com certeza, brigará para não cair no Brasileirão. Mas, se a negociação com o Corinthians melar, é bom a diretoria pensar logo em um novo treinador, pois Autuori já avisou que, com salários atrasados, vai pular fora da nau vascaína em junho. Se isso acontecer, só um milagre evitará que o barco português afunde no final do ano.
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor
público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele
mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions
League. Não é preciso dizer mais nada.
O São Paulo foi a Ribeirão Preto com o time reserva e (com a ajuda do juiz) venceu o Botafogo por 3 a 1, ficando bem próximo de terminar a primeira fase do Campeonato Paulista em primeiro lugar - o que garante mando de campo na fase eliminatória. Se perdesse, também não seria muito prejuízo, uma vez que o Palmeiras venceu a - até então - invicta Ponte Preta, segunda colocada na tabela. Isso me faz concordar com a tese de que o Tricolor devia ter adotado a mesma estratégia no domingo passado, quando enfrentou o Corinthians num clássico sem importância.
Ney Franco foi elogiado quando, no final do Brasileirão do ano passado, botou os reservas pra jogar num clássico que também não valia nada contra o mesmo Corinthians. É uma boa tática. Porque, se perde, deu a lógica; e, se vence, dá moral para os reservas. Foi o que aconteceu em dezembro: o "time B" venceu os corintianos por 2 a 1, de virada, e o elenco embalou para a reta final da Sulamericana. Agora, com estratégia diferente, o São Paulo botou os titulares contra o Corinthians, perdeu, embarcou sob pressão para a Bolívia e perdeu de novo. Mau negócio.
Enfim, falando sobre o jogo contra o Botafogo, o juiz Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza ajudou na vitória do São Paulo. Até que expulsou bem o botafoguense Zé Antônio com vermelho direto, por falta feia em Douglas, mas não usou o mesmo critério para aplicar amarelos. A arbitragem foi muito mais rigorosa com botafoguenses do que com sãopaulinos, o que provocou uma segunda expulsão do time do interior no segundo tempo, quando André tomou o segundo amarelo. Ali, com o placar em 0 x 0, o São Paulo ficou com dois jogadores a mais em campo.
Talvez para disfarçar, o juiz aplicou o segundo amarelo em Rodrigo Caio e o expulsou logo em seguida. Com 10 jogadores contra 9 adversários, o São Paulo cavou uma falta na entrada da área e o zagueiro Lúcio acertou bela cobrança para fazer seu primeiro gol com a camisa tricolor. Pouco depois, Wellington trabalhou bem a bola e tocou para Aloísio que, de virada, ampliou. Nesse lance, o volante Maicon, que tinha entrado no segundo tempo, teve uma distensão e saiu. Como Ney Franco já tinha feito as três substituições, o jogo seguiu com 9 jogadores para cada lado até o fim.
Ademilson, em jogada que, sem querer, tabelou com a canela do adversário e saiu na cara do gol, marcou o terceiro. E Dimba (sobrinho daquele outro Dimba) aproveitou uma rebatida do goleiro Dênis para fechar o placar em 3 a 1. Se Ney Franco estava observando alguém para usar entre os titulares em alguma eventualidade, Lúcio, Wellington, Ademilson e Aloísio até que mostraram serviço. Rhodolfo também fez boa partida. Já Cañete, Cortez e Wallyson decepcionaram. Fabrício também não diz a que veio. E Douglas... Bem, Douglas continua o mesmo. Muito ruim.
"A lição que eu
tirei daquele jogo é que não podemos dar bola para o extracampo.
Temos que pensar sempre dentro do campo, sem agredir adversário, sem
jogar contra a torcida deles."
Desta forma, o meia
são-paulino Paulo Henrique Ganso “aconselhava” o elenco de São
Paulo sobre como deveriam lidar com o Bolívar, adversário do
Tricolor na Libertadores, antes do confronto na competição.
Curiosamente, o meia parece ter esquecido do próprio conselho e
“entrou na pilha” no seu retorno à Vila Belmiro.
Ganso: pra que tanto ódio?
No intervalo, já pedia
punição ao seu ex-clube por moedas jogadas no campo. Não pediu
punição ao Bolívar em 2012, mesmo com seu “irmão” Neymar
tendo sido atingido de fato por um objeto quando se preparava para
cobrar um escanteio. Mas não titubeou em fazer isso contra o Santos.
Freud explica.
Compreensível Ganso se
sentir maltratado pelo Alvinegro. Como também é a torcida achar que
o meia fez mal ao clube. Mesmo depois da complexa negociação que o
levou ao São Paulo, um dos dois clubes que se interessou por ele à
época, junto com o Grêmio (nenhuma agremiação do exterior se
arriscou a cogitar pagar a multa), ele não poupou a língua, ou o
bico. Insinuou que o São Paulo era diferente do Santos por um
“pensamento
de grandeza”. Na semana passada, depois de marcar seu primeiro
tento pelo São Paulo em pouco mais de quatro meses de contrato,
disse: “Vou
chegar lá (Vila Belmiro) para fazer gol pelo São Paulo”.
Em um ambiente já
conturbado como o futebol, no qual qualquer faísca se transforma em
fogo, Ganso mostra atitudes duvidosas fora de campo, que certamente o
tem prejudicado na carreira. Um veículo de imprensa, para melhorar,
fez com um colunista fake fizesse uma convocação para que a
torcida
santista jogasse moedas no ex-ídolo. Todos, jogador e imprensa,
muito responsáveis na hora de atiçar, e deveras moralistas (falsos,
via de regra) na hora de pedir punição.
Em campo, Ganso foi
apagado como tem sido há tempos. Toques de calcanhar de lado, passes
também laterais, e um desempenho na segunda etapa que contribuiu
para os visitantes perderem o meio de campo, setor no qual foram
melhores nos primeiros 45 minutos. Conforme o lado, era marcado pelo
excelente Renê Júnior ou por Arouca. Ney Franco errou ao demorar
tanto para sacar o meia, o que pôs a nu o fracasso da sua estratégia
de “motivar” o jogador ao colocá-lo como titular no clássico.
Aliás, atleta que precisa de motivação com o salário e toda a
estrutura que ele mesmo louva, é complicado. Ganso é realmente
diferente. Para o bem e para o mal.
Mas vários atletas
começaram mal e demoraram para engrenar no São Paulo. Foi o caso de
Daryo Pereira, Careca, Raí. Essa é a esperança do torcedor
são-paulino com o meia, que vai ficando cada vez mais distante de
atuar na Copa de 2014.
Neymar, o jogo e
duas interpretações
Muricy cansou de dar
chances a André. Entrou Miralles, que se movimenta mais, volta para
marcar e vez ou outra consegue roubar uma bola atrás. E, claro, o
mais importante, tem feito gols. Não é aquela coisa em termos
técnicos mas participa muito mais que o ex-titular. Dois gols em um
clássico e seu concorrente está na berlinda.
Os laterais santistas
mostraram hoje o seu valor na defesa. Bruno Peres foi soberano diante
do mais que perigoso Osvaldo, e Guilherme Santos chegou a sofrer um
pouco quando Cañete passou a cair por ali, mas a correção na
marcação matou o lance forte do Tricolor. O defensor Neto, na
esquerda ou na direta, foi muito bem e não tremeu no seu primeiro
clássico. Já Montillo rendeu muito menos do que deveria, mas esse
sim chegou outro dia e hoje completou seu sexto jogo pela equipe.
Miralles: intimidade com gol, e nenhuma com a dança
Neymar foi decisivo.
Deu uma assistência maravilhosa no primeiro gol, um passe-matada. No
segundo, tomou a penalidade e marcou. No terceiro, fez a assistência
para Miralles. Nada de novo em relação ao moleque maravilhoso.
Dois lances polêmicos
da arbitragem e vou dar meus pitacos abrindo espaço para ser xingado
por torcedores adversários. No lance em que Luis Fabiano fez um gol
e o mesmo foi anulado, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba
disse que o gol foi legal, criticando a decisão da assistente
Tatiane Camargo. É um ponto de vista, mas a regra é clara, embora
existam algumas interpretações divergentes.
Para citar uma delas,
recorro a um ex-árbitro e comentarista da área... O próprio
Gaciba. Neste
post, intitulado “Interpretação Moderna”, ele elogia
justamente a forma com que a assistente Nadine Bastos interpretou um
lance na partida entre Avaí e Atlético Ibirama, na qual validou um
gol, mesmo com dois atletas avaianos em condição de impedimento.
Contudo, ressalto esse trecho:
“A GRANDE ALTERAÇÃO
[na regra do impedimento, n.r.] deu-se quando a FIFA modificou a
palavra 'influência' por 'participação efetiva' na jogada, ou
seja, aquele atleta na parte inferior do vídeo que chega a dar dois
passos em direção a bola anteriormente deveria ser punido pela sua
ação, hoje, não mais.
O raciocínio é o seguinte: O assistente deve
perguntar se aquela corrida (dois passos) interferiu na ação de
algum defensor que poderia chegar na bola e não o fez pelo movimento
daquele atacante. Observem que este não é o caso já que o goleiro
sai na bola com naturalidade e os defensores que erguem o braço o
fazem mais como torcida do que como reclamação efetiva.”
Reparou no trecho em negrito? O zagueiro Neto
marca e acompanha a movimentação do zagueiro tricolor que está em
posição de impedimento e poderia sim chegar em Luís Fabiano, já
que estava perto do rival, caso não estivesse marcando um atleta
impedido. A anulação do lance, portanto, é plausível, de acordo
com essa interpretação. Claro que amanhã a bandeira pode ser
punida (futebol é um meio sexista no qual não é exatamente a
justiça que é feita, né?), mas deveriam ponderar um pouco mais a
respeito.
Quanto à penalidade sofrida por Neymar, engraçado
que o comentarista Neto, na Rede Bandeirantes, diz que o atacante
santista não foi atingido por Paulo Miranda e que ele, Neymar,
“tocou” no joelho do marcador e caiu. Claro, o santista, que tem
olhos nas costas, conseguiu tocar com a panturrilha de forma
proposital em seu adversário. A propósito, como tem comentarista
com história corintiana que pende de forma apaixonada para o São
Paulo em diversas ocasiões, vide o xodó da Fiel, fã de Rogério
Ceni.
Mas você pode não ter visto nenhum toque no
lance (eu e muita gente vimos). Neymar pulou, escapou da falta e
caiu. Portanto, não pode ser marcado pênalti, certo? Errado. Diz a
regra 12 do dileto esporte:
“As faltas e incorreções serão sancionadas da
seguinte maneira:
Tiro livre direto
Será concedido um tiro livre direto para a equipe
adversária se um jogador cometer uma das seguintes sete infrações,
de maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com uso
de uma força excessiva:
• dar ou tentar dar um pontapé (chute)
em um adversário
• passar ou tentar passar uma rasteira em
um adversário (...)
• dar uma entrada contra um adversário
Viu aí os negritos novamente? Nenhum atleta
precisa esperar ser atingido pelo adversário para sofrer a falta. O
são-paulino tenta ou atinge, conforme a visão, Neymar, mas
certamente nem passou perto da bola. Lance semelhante aconteceu,
aliás, em um jogo entre Santos e São Paulo no campeonato
paulista do ano passado (ver aqui, a partir do 0:46), no qual foi
marcado pênalti de Rafael em Luís Fabiano.
Xingamentos à vontade, mas agradecemos os
argumentos.
Falta de interesse. DE
jogadores, do técnico, mas não de muita gente que compareceu ao
estádio do Bezerrão, no Gama. Muita gente foi ver Neymar, que
apareceu em duas oportunidades: no lance em que achou André, que
serviu Bruno Rodrigo no gol do Santos; e outra vez em uma jogada na
qual conseguiu o drible, mas finalizou para a defesa de Márcio.
Neymar não brilhou, e
o Alvinegro fez uma partida pavorosa, porque só sendo abaixo da
crítica para tomar uma virada do rebaixado Atlético-GO em quatro
minutos, perto do final da partida. Claro que se pode atribuir parte
da responsabilidade ao árbitro Emerson de Almeida Ferreira, que agiu
de modo variado na peleja. Primeiro, não marcando falta em Neymar no
lance que originou o primeiro gol do Dragão. Depois, deu uma
“assistência” (calcanhar, coisa fina) para o ataque goiano, na
jogada que terminou em pênalti para os donos da casa. Obviamente que
a arbitragem não justifica a derrota, mais que merecida, mas é bom
anotar o nome do juizão, que é ruim demais.
Dessa vez, Muricy
Ramalho teve uma parcela de culpa considerável. Não só pela
apatia, semelhante à dos jogadores, mas pela falta de capacidade de
mudar o ânimo da equipe. E a composição da equipe. Quando colocou
Victor Andrade, foi no lugar de André, que jogava mal (para variar),
no entanto preocupava um pouco a zaga adversária. Poderia ter tirado
um dos três volantes do time, já que o meio foi o ponto fraco do
Alvinegro: Arouca, mais à frente, não foi o elemento surpresa que
costuma ser, Henrique foi nulo e Adriano... foi Adriano. Como os
atleticanos não se portaram como
o Cruzeiro, dando espaços para as subidas santistas, era mais
interessante colocar alguém que soubesse tratar melhor a bola no
meio para chegar com um mínimo de qualidade na frente.
Os laterais foram mal
atacando e marcando. Galhardo passou boa parte do segundo semestre no
departamento médico, até se justifica o desempenho, e Gérson
Magrão, hoje meia, foi pífio pela canhota. Noves fora, sobrou
Neymar. Que mesmo jogando abaixo do que pode, é quem busca o jogo.
Nem sempre faz milagre, e poderia receber ajuda de vez em quando dos
companheiros. Hoje, não foi o caso.
Compensa? -
Outro dado que vale para a arbitragem em geral, não apenas para esse
jogo, pôde ser verificado num lance com o garoto Victor Andrade. Ele
sofreu falta do zagueiro Gustavo, que já tinha cartão amarelo.
Carrinho, daquelas infrações bem doídas só de assistir. Mas o
garoto, assim como Neymar, parece antever o lance e ameniza a
brutalidade adversária. Ao invés de ficar no gramado para
evidenciar a falta, se levantou rapidamente e perdeu a bola dois
segundos depois. Não se sabe se o árbitro não viu a falta ou se
deu a vantagem inexistente. O que se sabe é que levantar e buscar a
bola não foi bom negócio para o jogador. Compensa esse procedimento
com o nível de arbitragem que temos por aqui?
Teste de cardíaco assistir ao jogo entre o Galo e o Flu no domingo. O comentário desde o início era, se o Flu ganhar acabou o campeonato, se empatar já está praticamente com a mão na taça etc. A hipótese de o Galo vencer era longínqua...
No jogo, o que se vê é um quase campeão acuado, jogando com medo, retrancado, salvando-se pelo excelente goleiro e pelas traves benzidas sei lá quantas vezes...
No lance mais polêmico do jogo, Ronaldinho bate a falta e faz gol. Demorei bons minutos para entender por que, raios, o gol fora anulado. Com as justificativas televisivas fiquei mais atônito. Até então, nunca vira um gol desses ser anulado. Revi o lance várias vezes, confesso que não sou neutro, torço para o Galo, mas existe o empurra-empurra de toda a cobrança de falta, mas pelo que vi o Leonardo Silva não desloca o Thiago Neves nem o Fred, que sobem para tentar impedir a trajetória da bola, que passa pelo outro lado. Se querem marcar falta, reivindico que todos os agarrões e encontrões na área virem pênalti. Que todos veem e não marcam. Ou que anulem o gol do Flu contra o Vasco.
Acabado o chororô e com o 0 a 0 no primeiro tempo, pensei com meus botões, só falta agora o Flu fazer um gol no contra-ataque e ganhar a partida e o título. Começa o segundo tempo, mais bolas na trave e o temido gol tricolor. Pareceu tudo acabado, a profecia se autocumpria.
Mas o time do galo deste ano tem mania de contrariar meus medos. Continuou jogando bem e virou a partida. Daí, viro para o lado e comento com minha companheira Simone, que sempre me dá sorte quando assiste aos jogos comigo: "só falta agora eles empatarem". Boca maldita a minha, em poucos minutos o Flu empata e praticamente acaba minha esperança.
Só que esse time tem a mania de me contrariar e me surpreender, vai lá e conquista uma vitória épica aos 47 minutos do segundo tempo. Como me surpreendera no jogo anterior contra o Santos, em que após os 2 a 0 no início da partida já imaginava a goleada que sofreríamos, não o empate heroico.
E assim ficamos a 6 pontos do líder Flu, a seis rodadas do final. Difícil, muito difícil, o título já é quase tricolor, mas quem sabe esse time me surpreenda mais uma vez. Só uma questão final, do que reclamavam os jogadores do Flu ao final da partida, quando cercaram o juiz? De não terem sido beneficiados novamente? Ouvi jogador reclamar que o tempo de 3 minutos de acréscimo fora demais... E depois dizem que é a gente que chora...
Uma última provocação. O Flu deve ser coroado o campeão mais medroso da história, com sua política de jogar mal, ganhar de 1 a zero e ser ajudado pela arbitragem em partidas consecutivas. Mas deve ser campeão mesmo assim...
O primeiro jogo da final da Copa do Brasil 2012 acabou em surpreendentes 2 a 0 para o Palmeiras diante do Coritiba, na Arena Barueri. Surpreendente porque os visitantes eram melhores em campo no primeiro tempo na noite de quinta-feira, 5. Porque o azar de ficar sem Barcos virou sorte e segurança de Bruno na guarda da meta, dentro de campo. Porque Valdívia marcou, mudou a história do jogo, e foi expulso em lance besta. Porque o time paranaense reclamou muito de um pênalti explícito. E porque o Palmeiras esboçou disposição excessiva em se defender ainda no primeiro confronto.
Folga talvez só no placar. E o chavão do futebol é explícito: 2 a 0 é um placar perigoso. Embora a resposta igualmente óbvia seja um sarcástico "perigoso para quem, mesmo?", o retrospecto entre os dois times em Copas do Brasil dá um pouco mais de razão para o lugar-comum. É que no ano passado, quando os mesmos Luiz Felipe Scolari e Marcelo Oliveira ocupavam postos de treinadores dos times, o Coxa deu uma sova no alviverde paulistano, com atordoantes 6 a 0.
Só Thiago Heleno e João Vitor estiveram do lado palmeirense em 2011; seis do Coritiba continuam por lá. Mas que nada disso se repita.
Sem Barcos, operado por apendicite e homenageado por Valvívia, sem Henrique, substituído por Marcio Araújo, o time de Felipão jogou pouco para conseguir o placar que fez. Só não foi tudo perfeito porque Maikon Leite perdeu uma chance clara no final de fazer um improvável terceiro.
Desde 1999 sem títulos importantes, desde 2008 sem trazer caneco nenhum, os atletas do Palmeiras comemoraram muito ao final do jogo. Um pouco mais do que deveriam, porque tem a partida de volta. E porque a equipe precisa de mais bola até para jogar pelo regulamneto no Couto Pereira, no dia 11.
Em um dia 17 de junho como hoje o Brasil defendia seu
primeiro título mundial de futebol, conquistado quatro anos antes na Suécia. A base titular daquela seleção
era praticamente a mesma de 1958, inicialmente, apenas com
duas mudanças: os zagueiros, Mauro e Zózimo,
no lugar de Bellini e Orlando. Nílton Santos, mesmo com 37 anos e já
atuando como zagueiro pelo Botafogo por conta da idade, foi escalado
como titular, barrando Rildo, do Santos, que fazia parte da primeira
lista de 41 convocados mas acabou cortado. Já Coutinho, que vinha
jogando no time de Aymoré Moreira, foi para a reserva e cedeu lugar
para Vavá no Mundial, pois o treinador privilegiou a experiência
dos campeões de 58.
Dos 22 atletas que
foram ao Chile, sete eram do Santos, cinco do Botafogo, três do
Palmeiras, três do Fluminense e dois do São Paulo. Ainda havia
Zózimo, do Bangu, e o jovem Jair da Costa, da Portuguesa. O grupo da
seleção no torneio contava com México, Tchecoslováquia e Espanha.
A estreia foi contra os mexicanos e o Brasil venceu por 2 a 0, mas
não jogou um futebol convincente. Pelé fez o cruzamento para
Zagallo marcar o primeiro gol da partida, que só surgiu aos 11 do
segundo tempo e o próprio Dez marcou o segundo, depois de driblar
dois adversários, aos 28.
Mas se a desconfiança
pairava sobre a seleção, que muitos viam como uma equipe
envelhecida, a situação ficaria ainda pior na segunda partida. O
jogo entre Brasil e Tchecoslováquia terminou em zero a zero, mas a notícia ruim foi a contusão de Pelé, que, aos 27 minutos, depois de
finalizar de fora da área, sentiu a virilha esquerda. Sem condições
de atuar, ficou em campo até o final, já que não eram permitidas
substituições. No dia seguinte, o diagnóstico de distensão no
músculo adutor da coxa esquerda confirmava os temores do time e da
torcida: Pelé estava fora da Copa.
Na partida que fechou a
primeira fase, o Brasil precisava somente do empate para ir às
quartas de final do Mundial, mas a Espanha era um time forte, que
tinha praticamente o ataque do Real Madrid campeão europeu. E
contava com um expediente que depois seria proibido: a naturalização
de atletas, mesmo daqueles que já tinham disputado jogos por outras
seleções. Assim, a Fúria vinha com o húngaro Puskas e o argentino
Di Stefano, que chegou ao Chile contundido, além do uruguaio
Santamaría e o paraguaio Martínez. Após a Copa, a Fifa proibiu a
“naturalização por atacado”, que estava virando moda, como
mostrava a seleção da Itália, que também tinha os seus: os
brasileiros Sormani e Altafini e os argentinos Sívori e Maschio
O time inteiro jogava
mal e a Espanha chegou ao gol aos 35, com Adelardo. Tudo poderia
ter sido ainda pior se não fossem dois grandes erros da arbitragem. O
primeiro, em um lance que já se tornou lenda, no qual Nílton Santos
derrubou Collar na área mas, espertamente, deu um passo à frente,
ludibriando o árbitro chileno Sergio Bustamante. Na sequência, após
a cobrança de falta de Puskas, Peiró marcou de bicicleta, mas o gol
foi anulado por Bustamante ter entendido o lance como “jogada
perigosa”, ainda que Peiró estivesse a mais de um metro de Zózimo.
O vídeo abaixo mostra dos dois lances. Amarildo e Garrincha
marcariam a virada brasileira.
E Garrincha apareceu
Vieram as quartas de final
foram contra a Inglaterra e, finalmente, brilhou a estrela de
Garrincha. O ponta havia sido muito criticado pelo seu desempenho na
primeira fase e, sem Pelé, o Brasil apostava no talento do craque
das pernas tortas. Ele marcou o primeiro tento da partida, de cabeça,
mas os ingleses empataram oito minutos depois, com Hitchens. A
igualdade persistiu até os 8 do segundo tempo, quando Vavá escorou
após rebote do goleiro Springett em cobrança de Garrincha. O ponta
faria ainda o terceiro, em chute de fora da área. Naquele dia,
Garrincha só seria driblado por um cachorro que entrou em campo
paralisando a peleja. Outro cão provocou uma segunda paralisação e
sumiu debaixo das arquibancadas.
A semifinal seria
contra os donos da casa e a seleção tentou se precaver contra
qualquer imprevisto. Tanto que a refeições do dia da semifinal
foram providenciadas pela própria comissão técnica brasileira, que
tinha medo de algum “problema” com a comida servida aos jogadores
no hotel. Na partida, o infernal Garrincha assegurou a vantagem logo
aos 9, com um chute de fora da área que foi parar no ângulo
esquerdo de Escuti. Ele marcaria novamente aos 31, de cabeça, com o
Chile descontando em cobrança de falta aos 41 ainda do primeiro
tempo.
Logo no início da
segunda etapa, Vavá não deixou os anfitriões se animarem, e marcou
após escanteio. Leonel Sanchez descontou de pênalti e Vavá
fez o quarto, aos 33. Depois do último gol, o jogo sairia do
controle do árbitro peruano Arturo Yamazaki. Landa foi expulso após
falta dura em Zito e Garrincha, caçado durante todo o tempo, revidou
em cima de Rojas, agredindo o chileno. O juiz não viu o lance, mas
foi cercado pelos chilenos, que apelaram para o testemunho do
auxiliar uruguaio Esteban Marino, que confirmou a agressão. Como não
havia suspensão automática, ficava a dúvida: Garrincha poderia
jogar a final pelo Brasil?
E daí surge mais um
episódio “estranho” a favor dos brasileiros. Em sessão
extraordinária do Tribunal da Fifa, o árbitro disse não ter visto
a agressão, mas que o uruguaio Marino havia confirmado que ela tinha
existido. Convocado para depor, Marino não compareceu, pois já teria
deixado o Chile àquela altura. Sem o depoimento, Garrincha foi
liberado para atuar contra a Tchecoslováquia. À época, dizia-se
que a CBD teria pago a viagem de Marino, que estaria no Brasil.
Um mês após a Copa, o uruguaio foi contratado pela Federação
Paulista de Futebol.
No dia da final,
Garrincha amanheceu com febre e não teve a destacada atuação dos
dois jogos anteriores. Os tchecos aproveitaram e abriram o placar aos
15. Mas somente dois minutos depois do gol de Masopust, Amarildo
empatou, em um lance no qual o arqueiro Schroif fez um fatídico golpe de
vista.
Na etapa final, a
seleção veio melhor, mas poderia ter encontrado mais problemas se o
árbitro Nikolai Latchev tivesse marcado pênalti quando Djalma
Santos tocou a bola com o braço dentro da área, em cruzamento de
Jelinek. Como o juizão interpretou “bola na mão”,
o jogo seguiu e, aos 24, Amarildo fez grande jogada pela esquerda e
cruzou para Zito, que marcou. Algo raro, já que, por ser volante, o santista costumava chegar pouco à área e na sua trajetória com a camisa do Brasil foram apenas três gols. Um deles, este, que pode ser considerado o do título.
Após nova falha, mais grotesca, de Schroif, Vavá fez
o terceiro aos 33 e selou a vitória brasileira. O país que tinha
complexo de vira-latas no futebol antes do Mundial de 58, vencia pela
segunda vez a Copa do Mundo. E como perguntar não ofende, será que algum jogador, desses que costumam imitar João Sorrisão e quetais, na rodada do Brasileirão de hoje vai lembrar de homenagear os grandes de 1962?
Boa parte das
informações contidas neste post estão no ótimo livro de Lycio
Vellozo Ribas, O
mundo das Copas. Mais que recomendável.
Com um time de
desfalques de cada lado, 11 do Santos e 11 do Fluminense, não se
podia esperar muita coisa da partida disputada na Vila Belmiro. E o
primeiro tempo da peleja cumpriu tal expectativa – ou a falta dela.
O Peixe saiu na frente em uma incrível falha do visitante,
aproveitada pelo improvável Rentería. Ainda que ele tenha roubado a
bola e avançado livre para o gol, seu histórico me obrigava a
preparar o xingamento pelo tento perdido. Mas ele deu uma cavadinha,
quase defendida por Diego Cavalieri, e marcou.
Adriano e uma atuação pra esquecer (Ag. Photocamera)
Depois do gol, um show
de horrores de parte a parte, até o volante santista Adriano
emplacar uma sequência mais que tenebrosa. Tentou driblar, algo que
não é de seu feitio, perdeu a bola no meio de campo e, pra
completar, cometeu falta estúpida (bem) fora da área que o árbitro
Jailson Macedo Freitas conseguiu enxergar pênalti. Carlinhos, o mais
efetivo do Fluminense à frente, empatou.
Após o empate, o
jogo ganhou mais movimentação. Do lado alvinegro, a “movimentação
possível”, com os lentos Alan Kardec e Rentería atuando em slow
motion e Léo e Elano não conseguindo criar na meia. O Flu
também não fazia grande papel, tanto que, até os 10 minutos do
segundo tempo, o jogão registrava três finalizações de cada lado.
A bem da verdade,o
Tricolor teve mais domínio na segunda etapa, chegou a ensaiar uma
pressão por volta da metade do tempo final, mas não mostrou poder
de definição. A não ser em um lance que resultou em gol após o
auxiliar ter invalidado, de forma (muito) incorreta, a jogada. Muricy colocou
Felipe Anderson no lugar de Juan, e o lateral esquerdo Geuvânio
substituindo Elano. Mexeu taticamente, e pouco adiantou. O sofrimento
do espectador continuou.
Victor Andrade, 16
anos, entrou aos 42 e fez sua estreia. Mas também não mudou nada.
Em um jogo fraco tecnicamente, que teve até lateral cobrado pra
fora, com uma arbitragem igualmente melancólica, o 1 a 1 foi lucro.
O mais correto seria um zero a zero.
Ontem, na partida entre
Mogi Mirim e Oeste, válida pelo Torneio do Interior, Hernane marcou
dois gols e se isolou na artilharia do Paulista. Pensei: será que
isso vai mexer com os brios de Neymar? Depois de receber
pedras, laranja e banana em La Paz, o garoto ainda tinha a
partida contra o Tricolor na
primeira fase como fator de motivação. E não se fez de rogado.
A um minuto, pênalti
para o Santos, sofrido por Alan Kardec, que entrou como titular no
lugar de Borges. Neymar bateu sem dar sopa para o azar e para o
arqueiro Dênis, fazendo seu centésimo com o manto santista. Tendo
que correr atrás do placar, o Tricolor, que jogava em casa e com a
torcida, foi pra cima e deu espaço para que Neymar, em um
contra-ataque, passasse com facilidade por Paulo Miranda e marcasse
seu 101º gol com a camisa alvinegra, empatando com Juary
na lista dos maiores artilheiros peixeiros da Era Pós-Pelé. Como
homenagem, imitou o menino da Vila de 1978 correndo em volta da
bandeira de escanteio. Mostrou que conhece a história santista, já
que muitos torcedores hoje nem sabem quem foi Juary.
Neymar: precisa de legenda?
Mas não seriam só os
dois gols de Neymar que marcariam a memória do torcedor. Piris, o
paraguaio que veio do Cerro Porteño para o São Paulo,
autointitulado o “maior marcador das Américas” justamente por
conta de uma atuação contra o Joia santista na Libertadores
(curiosamente, o Santos venceu três das quatro partidas contra o
adversário na competição), sofreu. Foi chamado para dançar cinco
vezes por Neymar em uma sequência de lances, que terminou com o
santista sendo suspendido pelo rival. Piris recebeu o amarelo, mas
não seria absurdo ter sido expulso.
Na segunda etapa, o São
Paulo continuou em cima, mas, mesmo tendo mais posse de bola, um
certo dado mostra que não foi uma pressão daquelas... Foram nove
finalizações certas (ou seja, ao gol), contra sete do Santos. E o
gol tricolor só saiu em um lance irregular, com Willian José em
impedimento. Lance não tão difícil de marcar, mas que a arbitragem
não anotou.
O Santos sentiu um
pouco o gol, e bastante o cansaço, mas soube se defender. Arouca
ficou mais em cima de Lucas no segundo tempo, marcação que
funcionou quase todo o tempo. Fernandinho forçou em cima de
Maranhão, um dos três reservas que atuaram na defesa peixeira
durante os 35 minutos finais, mas não foi efetivo. E, bom, havia
Neymar. E Dênis.
O garoto recebeu de
Léo, chutou forte, e o goleiro tricolor falhou. O moleque ainda
sofreria falta que resultaria na expulsão de Cícero. Protagonista,
como na maioria das pelejas que disputa, ele está a dois gols de
João
Paulo e Serginho
Chulapa para chegar ao primeiro posto de maior
artilheiro pós-Era Pelé.
Tabu
A
vitória do Santos contra o São Paulo foi a terceira semifinal de
Paulista que o clube derrotou o adversário. E o quinto confronto
eliminatório em que o Alvinegro passou pelo Tricolor no século XXI.
Em todos os cruzamentos
decisivos de 2001 até hoje, os santistas levaram a melhor. A
lista dos encontros está aqui.
Agora,
existe outra escrita recente para manter. Desde 2008, todo clube que
supera o São Paulo na semifinal do Paulista se torna campeão.
Palmeiras, em 2008; Corinthians, em 2009, e Santos em 2010 e 2011.
Agora, o adversário é o Guarani, que bateu a Ponte Preta por 3 a 1.
Os campineiros, que já enfrentaram o Palmeiras em uma final de
Brasileiro em 1978, sagrando-se campeões; pegaram o São Paulo em
1986 e foram derrotados pelo Corinthians na final do campeonato
paulista de 1988, enfrentam pela primeira vez em uma final o Peixe.
E
é bom que Muricy lembre a seus atletas como foi difícil a
final de 2010 contra um time não considerado “grande”, o
Santo André. Que esse alerta ajude o Alvinegro a trazer o
tricampeonato paulista, que nenhum time consegue desde 1969, quando o
próprio time da Vila conseguiu três títulos seguidos.
Pelo jogo de ida, parecia que ia ser fácil. Claro que o Juan Aurich viria mais fechado do que jogou em casa, mas a superioridade do Santos ficara evidente na partida de ida. O que não estava no roteiro era o temporal que caiu em São Paulo durante as mais de duas horas da partida (sim, com um intervalo de 45 minutos entre os dois tempos...). O time até que não sofreu tanto para conseguir o resultado: um 2 a 0 em que Rafael não foi ameaçado em nenhum momento. Já o torcedor...
Ser sócio facilita a vida para comprar ingresso, mas o torcedor comum pena. No Pacaembu, geralmente são abertos poucos guichês (às vezes um só), o que vira uma verdadeira festa para os cambistas que conquistam os espectadores que não têm tempo para passar duas, três, quatro horas em uma fila. Mesmo com a limitação de três ingressos por pessoa, tendo que se registrar o CPF de cada um, segue sendo um mistério como os “vendedores de rua” conseguem a sua carga.
Já no estádio, o santista se depara com a chuva que se inicia antes dos dez do primeiro tempo. E chove, como chove. Capas plásticas disputadas quase a tapa, daquelas que custam um real, vendidas por dez em função da velha lei da oferta e da procura (ah, o capitalismo...). No gramado, o time peruano, com três zagueiros e quatro volantes, marca o tempo todo atrás da linha da bola. O Santos tenta encurralar, vai todo à frente, troca passes como tem sido sua característica (o que muitas vezes faz o torcedor gritar o tradicional “chuta” pra qualquer um que aparece perto da grande área). Aciona pouco o lado direito, joga mais pela esquerda com a apoio de Juan e Neymar, que se movimenta pelos lados e no meio. Mas centraliza muito o jogo e erra passes demais por conta disso. E o Juan Aurich bate.
O gol sai em um escanteio cobrado pela esquerda. Edu Dracena, após cabeçada de Ganso que Penny não conseguiu segurar. Na primeira etapa, ficaria nisso. As poças já começavam a aparecer no gramado do Pacaembu e o intervalo foi premiado com um aumento do temporal. Os 15 minutos mais longos que eu já tinha visto em um estádio. Enquanto isso, uma marca de cerveja era responsável por jogar brindes aos torcedores por meio de uma “bazuca” (mas nada de bebida no estádio, ah, os bons hábitos...) que circulava no estádio. E o locutor pedia pra torcida “agitar”, como se todos estivessem num programa de auditório. A chuva sem cessar, e o cara não parava de falar. Até que a torcida se impacientou e iniciou o tradicional e flexível grito: “hei, bazuca, vai tomar...”.
Os times voltam. E, o intervalo que já era longo pra quem tomava chuva, iria se alongar de verdade. Parte dos refletores apaga, os times vão para os bancos de reservas e, de lá, após alguns minutos, vão para o vestiário. O torcedor fica sem saber o que vai acontecer, nada de o sistema de som do estádio informar algo. Alguns já vão embora, já que o dia seguinte é uma sexta-feira de trabalho. A maioria fica sem saber se vai haver ou não partida. E tome chuva.
Quanto o sistema de som anuncia algo, vem a voz de um locutor que começa a contar a “história do Pacaembu”. A vaia, previsível, o faz se calar. Só depois de algum tempo vem o anúncio de que o jogo continuaria. Os times voltam e o jogo se inicia 45 minutos depois do encerramento do primeiro tempo. E a chuva, que piorou no “intervalão”, fez aparecer muito mais poças no gramado.
Se a grama pesada e a água empoçada atrapalham o time que troca passes e trancam mais o jogo, também é verdade que é fatal para times que têm pouca técnica. Os peruanos conseguiam se defender, muito na base da pancada, que não foi punida pelo árbitro argentino Patricio Losteau, cujos cartões devem ter ficado em algum café de Buenos Aires. Com licença do juiz, o Juan Aurich bateu e não foi punido, mas não conseguiu chegar à meta santista.
(Esse Neymar...)
Ibson, pela direita, e Arouca abriram pelos lados, facilitando o ataque santista. Borges, que perdeu um gol incrível, segue a sina de garçom. Foi dele a jogada que resultou no segundo gol do Santos, marcado por Neymar, aos 13 do segundo tempo. E Neymar... Esse, faça chuva ou faça sol, sempre brinda o amante da bola com lances geniais (confira no vídeo, no 0:43 e no 3:11), mesmo caçado (no vídeo, no 1:05. avaliem que punição merece essa falta). Depois do segundo tento, ninguém ali duvidava da vitória àquela altura, mas a goleada não veio, muito em função da chuva e da pancadaria dos peruanos. Agora, o time lidera o grupo 1 da Libertadores, com nove pontos, dois a mais que The Strongest e Internacional.
Primeiro, disseram que o Santos ia "entregar" para o Botafogo, para prejudicar um rival. Não aconteceu. Depois, iria facilitar pra o Vasco, para prejudicar o mesmo rival. Não que perder para o clube carioca fosse algo anormal, mas gostam de falar... E o Santos ganhou. Com a decisão de Muricy Ramalho de enviar a Fortaleza seus reservas e dar uma justa folga aos jogadores titulares do time que mais viajou na temporada (em especial o Joia Neymar, que jogou mais que quase todas as equipes da Série A no ano), mais chiadeira. Mesmo com suplentes, o Santos ganhou. Como bem disse o Garambone:
O destaque do jogo foi o zagueiro-goleador Bruno Aguiar, que fez um gol após cobrança de escanteio e outro em uma bela falta, talvez uma das mais bem cobradas do Brasileirão. E também "fez" um pênalti que, pra mim, não existiu. Aliás, esse deve ser o campeonato com mais penalidades mandrake da história recente. Mal colocados, geralmente, os árbitros marcam qualquer encostão, alguns inclusive desafiam as leis da Física, como aqueles emq ue o jogador é "puxado" pela camisa e cai pra frente, ou os que ele é empuraddo e cai pra trás. Coisa fina.
O goleiro Aranha também foi decisivo ao defender um pênalti cobrado por Marcelo Nicácio. Àquela altura, a partida estava empatada em dois a dois e, na sequência da jogada perdida, Diogo fez um bonito gol. Aliás, ele participou de lances importantes, deu assistências e, quem sabe, esse tento lhe dê mais confiança para recuperar um pouco do futebol que mostrou há muito tempo, quando jogava na Portuguesa. Por enquanto, periga nem ir disputar o Mundial do Japão, mas aproveitou finalmente uma oportunidade dada.
E o Brasileirão segue. O Cruzeiro agradece e o Ceará, com a moral baixa e agora no Z-4, pega o Corinthians no meio de semana. Até o fim do Brasileirão, provavelmente mais chororô sobre "entregas" de outros times, "falta de comprometimento" e numseiquelá, numseiquelá, numseiquelá (aliás, como foi no ano passado, lembra?). O pessoal, definitivamente, precisa arranjar assunto, pelo menos quando falar do Santos...
Sem Ronaldinho Gaúcho do lado do Flamengo, ainda sem Ganso (que deve estar na reserva na partida contra o Atlético-PR) do lado santista, ninguém duvidava que o astro do embate que nem de perto foi parecido com o do 1ºturno seria Neymar. Ele fez o tento de empate do Santos, em cobrança de pênalti sofrido por Alan Kardec. Ele também passou por marcação tripla, inventou drible, bateu escanteio de três dedos – sendo “xingado” por conta disso pelo goleiro Felipe, que ficou a ver navios no lance -, deu assistência, finalizou de fora da área...
Mas seus colegas de time não o acompanharam. Desta vez, não havia o artilheiro do Brasileirão ao seu lado. Borges, suspenso, não atuou, assim como Léo, mais uma vez, que cedeu lugar a um Durval improvisado como lateral-esquerdo. Difícil imaginar Neymar tabelando com um beque ao seu lado, né? Pois é, não aconteceu isso mesmo. Novamente, a falta de criatividade do meio de campo ficou evidente, ainda mais com a saída de Arouca por contusão no segundo tempo. Ibson, que entrou em seu lugar, continuou não dizendo a que veio; Alan Kardec também não conseguiu ser efetivo na sua função de atacante que volta para armar e Renteria, jogando na função de Borges, foi pouco mais que nulo a maior parte do tempo.
Só dá ele. Foto Santos FC.
Restava Neymar. O Flamengo sabia disso e Willians tentou marcá-lo durante parte significativa do jogo, outros se revezaram na função de fazer fal... ops, ficar em cima do Joia. Mas a missão hoje era quase impossível. Sabedor de que é o craque da equipe, ainda mais com os desfalques, fez de tudo. Segundo as estatísticas, foi o maior passador eu maior finalizador do time. Dribles? Foram 19 no jogo. Sofreu um pênalti não marcado pela arbitragem quando o jogo estava 1 a 0, erro que acabou sendo “compensado” pela anulação de um gol legítimo do Flamengo. O Santos teve também um gol anulado, corretamente. No geral, pelo que jogaram os dois times (nenhum primor técnico de parte a parte), o empate foi um resultado que ficou de bom tamanho.
Claro que o “profexô” tinha que tentar desviar o foco. O alvo? O craque. Disse Vanderlei Luxemburgo depois dos 90 minutos: "Só queria lembrar que acho o Neymar um dos melhores do Brasil e do futebol mundial, com muita capacidade de jogar bola. Mas estão confundindo marcação com deslealdade. Existe uma proteção muito grande e acho que para o crescimento dele, seria bom que os árbitros apitem o jogo normalmente. Essa proteção pode trazer um prejuízo muito grande para ele na frente. Mas o futebol dele nem se discute, deve ser o grande nome do Brasil na Copa do Mundo de 2014". (O resto está aqui).
Fico comovido com a preocupação do treinador com Neymar, com o Brasil, com a Copa e com tantos outros motivos nobres que devem angustiar a sua alma. Mas a cantilena não é nova. Quando era comandante palmeirense, Luxemburgo disse quase a mesma coisa, com quase as mesmas palavras (aqui). Ou seja, o profexô aparenta ter uma birra muito mal disfarçada com Neymar, atleta mais do que mal aproveitado em sua derradeira passagem pela Vila Belmiro, quando o garoto frequentava mais o banco do que os gramados mesmo tendo sido um dos principais atletas do Santos com o treinador que antecedeu o Luxemburgo. Que tal cuidar um pouco mais do seu time, que periga ficar sem vaga na Libertadores, hein, “profexô”?
63 mil torcedores. Reestreia de Luis Fabiano. Os bons Ceni, Lucas, Dagoberto, Casemiro, Rodolpho e Denílson. Público recorde, a volta de um ídolo, qualidade individual. A festa estava armada para o São Paulo contra o Flamengo ontem, no Morumbi. Só faltou a vitória.
Os cariocas foram melhores e venceram justamente, por 2 x 1. Após uma primeira etapa com os donos da casa tomando a natural iniciativa de ataque e o Flamengo posicionado para contragolpear, o segundo tempo mostra Rogério pegando muito e evitando ao menos quatro gols flamenguistas, em boas jogadas criadas pelos lados, contando com o rotineiramente fraco desempenho são-paulino nos flancos, antes de Thiago Neves, aos 19, abrir o placar. Dagoberto empatou, num belo chute, aos 34. Mas foi Renato Abreu quem deu números finais ao placar, aos 39, em finalização despretensiosa que desviou em Carlinhos Paraíba e tirou Ceni do lance.
A arbitragem esteve mal. O meia são-paulino Lucas foi expulso aos 9 minutos do segundo tempo. Tomou um justo segundo amarelo. O problema é que o primeiro cartão foi discutível. Já indiscutível, é que o volante flamenguista Willians, excluído aos 26, também pelo segundo amarelo, nem encostou em Carlinhos Paraíba que, ridiculamente, caiu após tropeçar nas próprias pernas. Também sem discussão, aos 40, Dagoberto deveria ter recebido a segunda advertência na partida, o que acarretaria na expulsão do atacante.
Clinica de reabilitação 2
Já disse aqui que os adversários em má fase podem ter boas perspectivas quando olham a tabela e veem o próximo jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O Flamengo foi só mais um que se encaixou nessa situação. Nos onze jogos anteriores, o time da Gávea tinha aproveitado só oito dos 33 pontos disputados, sendo que a única vitória ocorreu contra o último colocado, o América Mineiro.
O aproveitamento são-paulino em casa é pífio sob o comando de Adilson Batista. Empatou com Atlético Goianiense, Atlético Paranaense, Corinthians e Palmeiras. Perdeu para Vasco, Fluminense e Flamengo. Ganhou apenas de Bahia, Atlético Mineiro e Ceará. Então, vitórias só contra três times que brigam para não cair.
Sem ganhar dos melhores não dá
Dos concorrentes mais bem colocados no campeonato, o São Paulo só ganhou do Fluminense, na primeira rodada do certame. Depois, perdeu e empatou com o Corinthians, foi derrotado duas vezes pelo Flamengo, perdeu do Vasco, teve derrota e empate diante do Botafogo, e sofreu revés do Fluminense na abertura do returno. Ainda tem pela frente o time da Colina, em São Januário.
Detalhe curioso é que, no Morumbi, o Tricolor perdeu todos os confrontos com os cariocas. Pelos lados do Cícero Pompeu de Toledo, deve haver quem se sinta aliviado por não ter mais nenhum enfrentamento contra times do Rio de Janeiro em casa.
De qualquer forma, como mandante ou visitante, o São Paulo não conseguir vencer os ponteiros de cima da tabela é sintomático de um time sem grandes possibilidades de título.
Adilson Batista
Não é só pela péssima campanha em casa que o técnico são-paulino é mal avaliado. Adilson Batista, desde que chegou ao Tricolor, se mostra apático, covarde até. Com um bom elenco, não é capaz de formar um time, não organiza um padrão de jogo. Também mexe mal, como ontem, quando tirou Luis Fabiano e colocou Carlinhos Paraíba, chamando o Flamengo, com um a mais, de vez para o ataque. Sim, o centroavante tinha que sair, mas era Rivaldo o nome para substituí-lo.
Outro erro gritante do treinador é com Lucas. Antes da volta de Luis Fabiano, a insistência era manter o garoto no ataque, de costas para o gol. Contra o Flamengo, o menino, na maior parte do tempo, ocupava a mesma faixa de campo que Casemiro, que deu para achar que é meia. O camisa 7, muitas vezes, tinha inclusive que ficar preso à marcação e cobrir as constantes subidas do volante.
Porém o pior é que Adilson tem muito medo. Parece refém de uma situação que coloca o São Paulo como a última esperança de carreira num grande clube, depois de insucessos consecutivos, principalmente em Corinthians e Santos, e, lateralmente, no Atlético Paranaense. O receio de perder a atual oportunidade o deixa em condição delicada, inclusive à mercê das vaidades e chiliques dos jogadores.
Dagoberto
Por falar em chiliques, impossível não pensar em Dagoberto. Individualista ao extremo, joga para ele, sem responsabilidade coletiva. Quando perde uma bola no ataque, logo leva as mãos à cintura, olha para os lados e caminha devagar. A cena é repetitiva. Passa-se em todos os jogos do São Paulo. O atacante não recompõe, não ajuda na marcação. Acha que é craque, protagonista, quando é só bom jogador e coadjuvante.
Fez um belo gol ontem, é fato, mas o que ocorreu depois evidencia o individualismo. Num dos tradicionais chiliquinhos, foi comemorar sozinho, “desabafando”, tirou burramente a camisa, foi amarelado e, só por conivência da arbitragem, não recebeu merecida expulsão.
Dependência
Desde março, quando anunciou a contratação de Luis Fabiano, o Tricolor passou a sentir estranha dependência de um jogador sem data para atuar. Ainda com Carpegiani, o time foi montado para jogar com o centroavante, que veio com ares esquizofrênicos de ao mesmo tempo “salvador da pátria” e de única peça que faltava para montar um bom sistema.
Eis que finalmente, Luis Fabiano jogou. Não foi mal. Sete meses parado e se movimentou razoavelmente. Fez o pivô, recuou para buscar a bola, chegou a tirar bons lançamentos. Mostrou a incontestável presença de área, não fez o gol por intervenções providenciais de Felipe e Alex Silva. Ainda assim, dá o que pensar a aposta desde o início num jogador fora de ritmo – que se sabia não aguentaria em nível razoável mais que um tempo. Para o bem do time, poderia ter entrado na segunda etapa. Pensou-se no marketing, na mídia, na renda. Parece que a vitória foi um tanto esquecida.
Sinal da baixa qualidade
Já disse acima que o Flamengo, antes da vitória de ontem, anotou só oito pontos em 33 disputados. Hoje, está com 44, a seis do líder Vasco, e não dá para dizer que, bem como o Fluminense, é carta fora da briga pelo título.
Quando um time do tamanho do Flamengo fica dez rodadas sem vencer e tem um aproveitamento no segundo turno digno de candidato ao rebaixamento, e ainda assim os que estão brigando pela liderança não conseguem se distanciar, a impressão que fica para este escriba é de que, na média, falta de qualidade.