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Durante muito tempo, e especialmente depois que Telê Santana liderou a fase mais vitoriosa da história do São Paulo, no início dos anos 1990, virou moda dizer - e pisar e repisar na mídia esportiva (ah, a mídia esportiva...) - que o clube era "diferenciado", "moderno", "modelo" etc etc etc. E depois dos títulos da Libertadores e Mundial, em 2005, e tri brasileiro, entre 2006 e 2008, esses discursos sobre "gestão exemplar", "estrutura de primeiro mundo", "melhor elenco do Brasil" e outras bravatas viraram unanimidade de Norte a Sul do país - e iludiram muitos torcedores. Tanto confete pode ter sido um grande tiro no pé. Adversários e sãopaulinos mais lúcidos foram acompanhando, de 2008 pra cá, a
sequência de barbaridades cometidas pela gestão do presidente Juvenal Juvêncio, sempre amparado por aquela "soberana" soberba de "clube modelo" e bla-bla-bla. Resultado:
parou no tempo e chegou na absurda crise vivida atualmente, uma das maiores da história do clube.
Porém, uma coisa é (ou melhor, ERA) fato: mesmo que o São Paulo nunca tenha sido nem 10% de tudo aquilo que diziam, sua diretoria e comissão técnica conseguiam, mais do que os rivais, abafar, acobertar e impedir o vazamento de informações ou de qualquer problema que ocorresse internamente. Hoje em dia, a situação se inverteu. O São Paulo é, atualmente, um verdadeiro barraco. Público e explícito. Depois de fazer um
churrasco para os sócios, dentro do clube, que teve infiltração proposital de membros de uma torcida organizada (e terminou com Juvêncio xingando todo mundo, ou seja, várzea total), a picuinha, bate-boca e baixaria internas agora podem ser vistas AO VIVO na televisão, em pleno domingão e em horário nobre. Isso é um ingrediente básico para piorar o clima e acelerar o rebaixamento de um time que já está na zona da degola do Brasileirão. Vejam como apequenaram o São Paulo:
PÓS SCRIPTUM - Mais roupa suja lavada em público: depois que o goleiro e capitão Rogério Ceni deu um lamentável e desnecessário passo errado nessa crise ao criticar em público o ex-técnico Ney Franco (dizendo que o legado dele foi "zero" e que só agora o time "tem comando"), a resposta veio em
entrevista do treinador ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira, 6 de agosto. Confira como os bastidores do São Paulo são típicos de clube seriamente candidato ao rebaixamento:
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Ney Franco detona Rogério Ceni em entrevista |
"Em 2013, não tive nele [Rogério Ceni] o capitão que precisava. Havia a preocupação de quebrar marcas individuais. Até em contratação: se chega um nome que é do interesse dele, ele fica na dele; se não é, reclama nos corredores. E isso chega aos contratados, como Ganso, Lúcio. E eu, como técnico, ficava no meio disso."
"Ganso chegou em um ambiente... Percebeu claramente as coisas. Chegou ao ouvido dele. Havia uma fritura por trás e pode atrapalhar. Nos corredores, era o que se escutava, que quando Ganso jogava o time tinha um jogador a menos."
"Ele [Rogério Ceni] direcionou de uma forma que, se o São Paulo não der certo na temporada, eu sou culpado. Se der certo, é porque chegou outro treinador e consertou."
"Alguns jogadores que estão no clube me ligaram, dizendo que não concordam com a forma como as coisas aconteceram, como estou sendo tratado. Mas têm medo da forma como Rogério lida. Nem tudo foi minha culpa. Há uma oposição declarada, uma pressão no clube minando o trabalho. Não era o Ney Franco, era qualquer um que estivesse ali."
PÓS-PÓS SCRIPTUM - Após perder a Copa Suruga para o Kashima Antlers, no Japão, Rogério Ceni foi confrontado pela imprensa sobre as declarações de Ney Franco e, previsivelmente, jogou mais gasolina na fogueira (de vaidades) sãopaulina:
"Se eu tivesse toda a influência no São Paulo que ele acha que eu tenho, ele estava no olho da rua há muito tempo. Eu não esperaria, se eu tivesse o poder de decisão. Então, eu sou apenas um funcionário do clube, eu não decido, eu não mando."
Pois é. Com isso, a "várzea" fica pior e a crise sem precedentes prossegue. Líderes da Série B, palmeirenses só observam. E sorriem com o canto da boca...