sexta-feira, 24 de maio de 2013

Biblioterapia: o poder da leitura e da palavra

Você já leu um texto que mexeu com suas emoções? Leu algum trecho ou passagem de uma história e seu dia ficou mais leve? Percebeu algo escrito em livro muito parecido com sua história de vida? Possivelmente, sem querer, o que foi lido fez você refletir sobre algum momento presente ou passado. Você pode ter chorado, ou ter ficado feliz, lembrado de momentos mágicos, ou recordado sentimentos de aflição, agora aliviados e superados. Tudo isso porque o texto lido provocou sentimentos e reflexões pessoais. Agora pense: Que romance faria você ficar animado? Que poema te faz lembrar com carinho do seu melhor amigo? Que livro infantil tem uma história tão engraçada que faz você rir muito e ficar feliz? Para escolher este livro, bem como entender melhor estes sentimentos e permitir reflexões de apoio e mudanças de vida, podemos fazer uso da Biblioterapia.

Ler é importante? Sem dúvida nenhuma, a resposta para esta pergunta é um grande SIM. Lemos para adquirir conhecimento ou pelo simples prazer de ler. Mas hoje vamos falar de um tipo especial de leitura, a biblioterapia.

O termo Biblioterapia vem do grego biblion – que designa todo material bibliográfico e de leitura; e therapein – que significa tratamento ou restabelecimento da saúde. Neste sentido, podemos dizer que biblioterapia é uma atividade que auxilia no tratamento terapêutico da saúde mental, usando a leitura para este fim. Por meio da interação entre o leitor e o texto, esta atividade pode contribuir para:

aliviar o estresse,
• ajudar a lidar com sentimentos de raiva, frustração, solidão, tristeza, medo …,
• promover a conversa em grupo sobre seus problemas,
• diminuir a sensação de isolamento entre as pessoas,
• estimular a criatividade, a imaginação e novos interesses,
• aumentar a auto-estima,
• proporcionar momentos de alegria e descontração,
• incentivar o gosto pela leitura,
• auxiliar na adaptação hospitalar e na humanização de espaços,
• diminuir a intensidade da dor pessoal.

É uma lista grande de benefícios e, por conta disso, coloca o profissional bibliotecário numa posição importante para atuação na biblioterapia. Sendo por excelência um mediador da leitura, que reúne competências e ferramentas para conhecer o público, selecionar o material adequado e organizá-lo, o bibliotecário está inserido na equipe de biblioterapia, também formada por profissionais de outras áreas como, por exemplo, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, médico, enfermeira, enfim, todos os profissionais que possuem uma postura humanizada.

A bibliotecária (e contadora de histórias) Raquel Cosmano, da Biblioteca Pública Manoel Fiorita, em Osasco, nos contou um pouco de sua experiência nessa atividade. Em 2012, em conjunto com a terapeuta ocupacional Cristina Valotta, da Secretaria da Saúde (Programa de Saúde Mental), Cosmano promoveu diversas sessões com famílias interessadas, que se encontravam semanalmente na biblioteca para a terapia com contação de histórias. Para isso, foram formados grupos com crianças (dividido em faixas etárias) e mulheres. Os grupos participavam de atividades e contações de histórias organizadas para discussões focadas nas características de cada grupo. Este ano a atividade foi interrompida, mas esperamos que seja retomada em breve e, para ressaltar sua relevância, fizemos as seguintes perguntas para Cosmano:

Que observações você poderia fazer sobre o impacto dessa atividade na comunidade?
“A maioria das crianças nunca tinham entrado em uma biblioteca, e muitos nem imaginavam o quanto é fascinante, criando descobertas através de livros e histórias. As atividades e as histórias, a princípio, pareciam não gerar resultados, mas no decorrer dos encontros semanais víamos que os mesmos tinham entendido o recado ou a história através de suas atitudes. Na minha opinião, poderíamos até implementar tendo atividades para os pais, enquanto aguardavam os filhos. Para isso, a dimensão do trabalho seria muito grande e não temos toda essa estrutura física, humana e nem interesses de outros.”
Que benefícios você enxerga com a criação de um projeto lei que pode expandir esse serviço?
“Eu creio que seria formas de contribuir com vidas, sejam eles crianças, mulheres e idosos; homens têm mais resistência a esse tipo de atividades. Trazendo a auto-estima, valores, a importância da vida, que vale a pena estudar, se esforçar mesmo quando muitos ou todos digam que não. Levando o gosto pela cultura seja através de música, teatro, dança ou qualquer atividade que a pessoa se enquadre. Não digo que faremos uma sociedade justa, mas resgataremos muitas vidas da rua, da margem de risco, da ociosidade, da depressão. Através do projeto lei, isso ofereceria espaços físicos, profissionais, verba e credibilidade para realização de um trabalho que pode transformar vidas.”

Raquel Cosmano trabalha na Biblioteca Pública Manoel Fiorita desde sua inauguração, em set.2002.
Raquel Cosmano atua em ações comunitárias para contações de histórias e trabalha na Biblioteca Pública Manoel Fiorita desde sua inauguração, em set./2002.

Dentro desta perspectiva de promoção do bem-estar e maior qualidade de vida do cidadão, ressaltamos que a biblioterapia vem ganhando espaço em pesquisas de universidades e nos hospitais, apoiando o processo de humanização no atendimento; ao mesmo tempo, despertou o interesse da Câmara dos Deputados, onde está tramitando o Projeto de Lei 4186/12, que dispõe sobre a prática da biblioterapia nos hospitais públicos.

No município de Osasco, este movimento em favor da implantação da biblioterapia conquistou o apoio do vereador Valdir Roque (PT) que, sensibilizado, protocolou recentemente junto a Câmara Municipal um Projeto de Lei que dispõe sobre o uso da biblioterapia nos hospitais e CAPS.

Para quem quiser ler mais sobre o tema e o poder de transformação pela leitura e a palavra, sugerimos a leitura dos textos (pdf):


No Brasil a biblioterapia é uma atividade que ainda está se consolidando, por isso é importante o apoio a essa prática leitora. Pesquise na Biblioteca Pública do seu município se existe um projeto de Biblioterapia, caso não haja, incentive a criação. Mas se quiser experimentar os benefícios da leitura, sugerimos que você vá até a Biblioteca Pública mais próxima, escolha um livro e veja o que acontece.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O EXTRAORDINÁRIO PODER DA LEITURA

Era comum no tempo dos nossos avós a expressão “Ah! Se eu tivesse leitura!”. Não ter leitura significava a falta de oportunidade de aprender a ler. Há cinquenta anos, 40% da população brasileira eram de analfabetos e o governo militar criou, em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), com a tarefa de alfabetizar em massa, na tentativa de reduzir a estatística e dar ao povo melhores condições de vida. 
                           O que era provisório reinou de 1967 a 1985. Reduzir estatística de analfabetismo não é o mesmo que erradicar a fome do saber e não preparou o povo para a leitura compreendida e refletida e não se resolve isso, num passe de mágica, por decreto federal.
Atualmente, a taxa de analfabetismo é de 9%, totalizando 13 milhões de brasileiros. O percentual, ainda, é alto e não se deve confundir alfabetização com escolaridade. O fato de se frequentar uma escola, não é suficiente, para que uma pessoa seja considerada alfabetizada. Saber juntar as palavrinhas não é ser alfabetizada. A pesquisa do IBGE não leva em conta o nível de proficiência dos alunos em leitura e escrita, o que torna a situação da leitura no Brasil estarrecedora. O Indicador de Alfabetismo Funcional – INAF - informa que 70% da população têm dificuldades para ler e que apenas 16% dos que concluem o ensino fundamental são alfabetizados.
Quanto à escolarização, o Brasil tem mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos fora da escola e a metade corresponde a jovens de 15 a 17 anos. Na Pesquisa SAEB/MEC, de 2011, com alunos concluindo o curso fundamental, incluindo escolas públicas e privadas, 44% não sabiam ler e 47% não sabiam escrever e em alunos da 4.ª série, só 34% têm o aprendizado adequado em português e, por via de consequência, no ensino médio, somente 29%. Eu não sei se tem a ver, mas em 2010, o Brasil, excluindo-se a impressão de livros escolares, imprimiu 493 milhões de livros contra 2,57 bilhões de livros nos Estados Unidos. A diferença é gritante.
Nos países europeus, a média de leitura é de 8 a 10 livros ao ano e o brasileiro lê, em média, 4,0 livros ao ano. Os dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura, de 2012, pelo Instituto Pró-Livro. O pior de tudo é saber que do total de 4,0 livros lidos ao ano pelos brasileiros, 2,1 livros são lidos inteiros e dois em partes. Além do total ser pequeno, é preciso analisar a qualidade do que se lê. Este é outro sério problema.
Pesquisas recentes indicam que os professores são os que mais influenciam os alunos à leitura, tomando o lugar das mães. Respire fundo porque professores bem treinados dependem de bons salários para acesso a livros não didáticos. De novo, esbarramos nas políticas desfocadas que os governos têm para a educação.
Você deve estar reagindo – Mas, o Brasil melhorou e hoje, o povo tem “leitura”. Será? Não é suficiente saber ler, o grande desafio é preparar os leitores para a interpretação de textos, pois, os textos não devem ser somente melodiosos e bonitinhos, eles têm que ser compreendidos e refletidos e os leitores precisam adquirir a capacidade de enxergar por trás das palavras (metapalavra).
O Brasil precisa investir mais no ensino, avançar na educação do povo e criar programas de incentivo ao prazer da leitura, de tal forma que a gente veja nas filas e nos ônibus as mãos cheias de livros e as pessoas frequentem livrarias e bibliotecas, o que é muito comum ver na Europa e nos Estados Unidos. O hábito da leitura é formado também através da conscientização das famílias. Crianças que veem seus pais lendo e os vê fazendo anotações, grifando e trocando dicas de leitura com os amigos, são modeladas à leitura.
A estatística de leitura tem melhorado sim, nos últimos anos, mas o Brasil está longe de ter políticas públicas de incentivo à leitura. Ora, se “nada está no intelecto, sem antes passar pelos sentidos” e só se escreve com competência quem lê regularmente, eu não sei o porquê do silêncio da sociedade brasileira e das instituições, diante desse quadro chocante. Desconfio que os políticos não se interessem muito, a apuração do senso crítico do povo, que o transforme em questionador e aumente a sua taxa de exigência, não os agrade.
Saber ler e escrever é o conhecimento mais importante para a plena conquista do ser humano. Um povo que lê é um povo culto. Posso assegurar que o extraordinário poder da leitura me ajudou a quebrar a inércia de origem e a vencer as grandes dificuldades que cruzaram o meu caminho.
Imagine se o nosso povo lesse mais!

Eudes Moraes é autor dos livros Multiverso e No Divã com Deus.
Londrinense, com curso de graduação em Psicologia pela Unifil.

Fonte: Sistema de Bibliotecas da UEL

OFICINAS: LER, INCLUIR E TRANSFORMAR - FUNDAÇÃO DORINA NOWILL

A Fundação Dorina Nowill está oferecendo oficinas em cinco regiões do Brasil para profissionais educadores, bibliotecários, para estimulo a Leitura Acessível.

Inscrições gratúitas

 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Leitura terapêutica

Biblioterapia clínica recomenda livros para aliviar sintomas decorrentes de tratamentos de saúde, como angústia, solidão e insônia


14/04/2013 Rodolfo Stancki


A leitura engrandece a alma, escreveu uma vez Voltaire. A frase do pensador iluminista mostra o potencial do livro para agregar conhecimento, abrir portas para a imaginação e servir de refúgio para os problemas diários. Entusiastas de biblioteca defendem que ler tem poderes mágicos e pode ajudar a curar. A realidade não está muito longe disso. Médicos e psicólogos indicam a leitura para aliviar sintomas de diversas patologias. A prática recebe o nome de biblioterapia clínica, definida como a recomendação de livros para aliviar angústias pessoais, estimular emoções, promover o diálogo e ajudar pessoas com insônia. 

“A biblioterapia mostra um cuidado com o ser humano, que se manifesta ao ler, narrar ou dramatizar histórias”, diz a professora Clarice Caldin, do departamento de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista no tema, ela explica que as narrativas literárias buscam proporcionar a catarse, considerada por alguns autores como uma purificação do corpo e da mente.
Por meio da leitura, as pessoas podem se identificar com personagens ficcionais, refletindo suas próprias atitudes. “O objetivo da biblioterapia é favorecer a expressão dos pensamentos aflitivos, como uma descarga emocional, uma purgação”, observa.

Histórias

A administradora Roseli Bassi percebeu esse potencial terapêutico da leitura e criou a ONG História Viva, que conta com um time de 200 voluntários especializados em ler e contar histórias para pacientes de hospitais. “Nosso trabalho é apaziguar os sentimentos de pessoas que estão lidando com realidades difíceis. Tiramos crianças e adultos de suas doenças ao abrir um mundo de imaginações”, afirma. 

Julia Dutra, 10 anos, luta contra o câncer desde 2008. Durante alguns dias da semana, em seu quarto no Hospital das Clínicas, em Curitiba, ela recebe a visita de um contador de histórias, que lê para a menina por cerca de uma hora. No período, suas preocupações se tornam disputas entre monstros, desafios de leões e castelos de princesas. A narrativa vira uma distração, que a anima. “É uma parte do dia que adoro”, diz a menina.

Antes de sair, o voluntário deixa um recado para os pais de Julia. “É recomendado que vocês leiam para ela também, isso ajuda a fortalecer o interesse dela.” Além de distrair e relaxar, a biblioterapia por meio de contadores de histórias incentiva a aproximação com o livro.

Benefícios

Na realidade hospitalar, a leitura tira o paciente de sua rotina, de sua espera. Existem pessoas que usam livros, revistas e jornais para enfrentar a cadeira antes de serem atendidos em um consultório. “É importante que cada um saiba o tipo de leitura que o ajuda. Geralmente são as que mais agradam”, aponta Ítala Duarte, psicóloga clínica do Hospital Erasto Gaertner. O efeito terapêutico depende da disposição do paciente diante da leitura.

Um livro antes de dormir, por exemplo, pode ajudar pessoas com insônia. O médico Attilio Melluso Filho, do Centro de Distúrbios do Sono de Curitiba, diz que quanto menos alarmante e repetitiva for a narrativa, melhor a condução para a latência do sono, período que antecede o adormecer. A leitura engrandece a alma e também faz bem para a saúde.

Companhia para a solidão
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Na sala de diálise da Santa Casa de Curitiba, Florisbal Costa passa algumas tardes lendo livros e jornais. Em tratamento por conta de um problema de rim há três anos, ele usa a leitura para combater a solidão. “Ler direciona o cérebro das pessoas sozinhas. Faz a gente pensar no que é bom”, diz.

Com 101 anos, o vendedor aposentado vive na companhia de uma enfermeira, que o ajuda. Há vários anos, pratica a rotina diária de ler jornais e revistas. “Assim me conecto com o mundo.” Como passa mais da metade da semana no hospital, a companhia dos livros também o mantém distraído. 

A leitura é estimulada para pacientes em diálise. O médico Georgio Sfredo Bertuzzo, da Santa Casa, diz que as narrativas literárias ajudam a conter a ansiedade. Afinal, são várias horas em que os pacientes não fazem nada a não ser esperar. Costa faz a sua parte, além de ler muito, ele troca livros com outros pacientes. 

Recuperação por meio de livros
Letícia Akemi/Gazeta do Povo


Para Victor D’Ambrós, 12 anos, os livros são mais importantes do que os filmes. Prefere histórias de ação, que tenham alguma coisa a ver com os videogames que joga. A prática da leitura é bastante útil no período em que fica no hospital ou em casa, se recuperando de quimioterapias. 

Victor descobriu que tem sarcoma de Ewing, um tipo de câncer que atinge os ossos, em julho do ano passado. Está reagindo bem ao tratamento, mas precisou se afastar da escola e dos amigos. “A leitura o ajuda a passar o tempo e o deixa animado”, conta a mãe, a professora Kátia D’Ambrós. 

“Gosto de ler à noite, antes de dormir”, diz o menino. A ficção literária o leva para outros mundos, que envolvem vilões, guerras mundiais e as aventuras de crianças em escolas. Apesar de colocar os livros na frente dos filmes, quando não está no hospital coloca os jogos de videogame no topo da lista de preferências. O que não deixa de ser uma distração terapêutica.

Fonte: Gazeta do Povo

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Leitura: um hábito para a vida inteira que pode começar antes de nascer

  Edição: Tereza Barbosa



A escritora Alessanda Roscoe defende o Aletramento Fraterno (Portal de Notícias do Senado / www.senado.gov.br)

Brasília - Iniciativas de incentivo à leitura se espalham por todo o país. No Distrito Federal, a escritora Alessanda Roscoe defende o Aletramento Fraterno que consiste em ler para os filhos ainda durante a gravidez. O nome tem uma razão de ser: estimular o hábito da leitura em uma criança é uma tarefa que pode envolver toda a família.

Autora de 17 livros, a escritora conta que, desde a primeira gravidez, lê em voz alta para os filhos. Quando ficou grávida pela terceira vez, a parceria com o marido e os filhos se intensificou. “Aos poucos, meus filhos mais velhos e meu marido foram entrando no ritual e tivemos excelentes momentos lendo para a barriga”, diz.
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Alessandra faz oficinas sobre o assunto e orienta “casais grávidos”. É dela também a ideia do clube de leituras para bebês, o Uni Duni Ler. “É maravilhoso ver como eles curtem, interagem e adquirem intimidade com as histórias e os livros”.

O clube surgiu em 2010 na creche da filha, Luiza. Cada um dos responsáveis pelas crianças comprou dois livros de uma lista de 30 para que o acervo fosse montado. Mesmo com a participação ativa dos pais, quem escolhe o que levar para casa são as crianças, nas cirandas literárias promovidas semanalmente. Alessandra esclarece que os bebês não leem, mas olham e folheiam os livros e até contam as histórias do seu jeito.

Atualmente, o clube tem 21 sócios efetivos e conta com os amigos do Uni Duni Ler, cerca de 200 pessoas. “O espaço do clube é restrito porque funciona em uma creche, mas promovemos encontros festivos, dos quais todos podem participar”. A escritora ressalta que nesses encontros, muitas vezes são trazidos convidados, no caso, os autores dos livros lidos no clube.

Segundo ela, é preciso respeitar o ritmo dos pequenos, que pedem para ler sempre as mesmas histórias. “Os estudos explicam que a repetição faz parte do desenvolvimento das crianças na primeira infância, elas pedem para ouvir a mesma história infinitas vezes por quererem ver se tudo será como da primeira vez, sentem-se seguras quando já conhecem o final”, ressalta.

A bancária Fernanda Martins Viana é mãe de dois sócios do clube: Carlos, mascote do grupo, de um ano e dez meses e Gabriel, de cinco anos. Para ela, a iniciativa tem que ser copiada. “Nós nos tornamos também leitores. Eu espero ansiosamente o dia do encontro, que me leva para o universo infantil.”

Segunda ela, o filho mais velho já expressa o quanto gosta e o mais novo já está totalmente à vontade nesse mundo. “Ele senta no colo de um pai, ouve um pouco, depois vai para outro. Carlos começa a ter uma intimidade com o livro, que não se torna uma obrigação.”

A criança que é incentivada a ler desde cedo vai criar com o livro uma relação de afeto, diferente daquele que é obrigada a ler. Por isso, a escritora defende que a ideia do clube do livro seja replicada. “É fácil, basta apenas ter uma mala com livros”.

As histórias da escritora surgem de situações que vive com os filhos e com outras crianças. Entre as obras publicadas estão A Fada Emburrada; O Jacaré Bile; O Menino que Virou Fantoche; A Caixinha de Guardar o Tempo e o Guia de Leitura Para Bebês e Pré-Leitores Uni Duni Ler, que já foi distribuído em creches e escolas públicas no Rio Grande do Sul.

Um dos livros de Alessandra, escrito com a filha Beatriz quando tinha 5 anos de idade, inspirou o curta-metragem de animação A Menina que Pescava Estrelas, de 2008.

Fonte: EBC