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domingo, 16 de março de 2014

O que os pais podem fazer para criar o hábito da leitura em seus filhos

Por Rocio Brescia / obrigaram leitura, livrarias visitam e compartilhar leituras são algumas das dicas quanto possível para prestar atenção


Gráfico: Chachi Verona

Hoje mais do que nunca, a leitura corre o risco de ser visto pelas crianças como uma imposição sobre os pais e professores.

 A criança pode crescer sem o hábito de dedicar parte do seu tempo para mergulhar nas letras e lidar com as aventuras fascinantes nos mares do sul. É na primeira década de vida, quando as pessoas podem adquirir este hábito, nesses 10 anos tem a oportunidade de absorver para sempre a alegria da leitura como uma necessidade mimada e desejado. Educadores dizem que você aprende a gostar de ler e, por isso, devemos estar conscientes de que é algo que pode ser ensinado. Para isso, a unidade básica da família. Ensinar a leitura é o tema que os pais devem passar para os seus filhos, tendo em conta a sua qualidade, motivação, gostos e interesses. Em suma, o desafio é estimular a curiosidade sobre os livros.
 
O que posso fazer para os meus filhos a ler?
 
• Sem leitura atraente. Como qualquer atividade, a leitura exige perseverança para se tornar hábitos. Força nunca deve ler, mas você pode (e deve) se tornar uma ocorrência diária. A chave está na parte final do tempo de lazer, como assistir TV ou jogar. Em tenra idade serão os pais e mães que exercem esta função diretamente. Com o tempo, o espaço dedicado à leitura será ampliada, e as próprias crianças vão decidir como, quando e onde a leitura.
 
• Acessibilidade dos livros. Embora não brinquedos, livros deve ser acessível, tanto o seu próprio e dos outros. É necessário remover o estatuto de objecto importante que apenas opera livrarias. Além disso, você tem que aumentar as bibliotecas-se desde o nascimento, porque um livro depois de lida, cruza o limiar do meramente material.
 
• Visite bibliotecas. Feiras ou exposições pode se tornar um hobby que traz literatura para crianças. A idéia de ser cercado por tantas possibilidades familiariza a criança com este tipo de comércio e adiciona recurso. Além disso, se for dada uma soma de dinheiro a fim de escolher o título que você gosta, começa a desenvolver critérios para comprar e aprender a distinguir o que o trabalho vale a pena adquirir.
 
• Personalizado diária. Nightly Leia uma história para os mais pequenos, eventualmente, tornar-se um hábito de leitura diária.
 
• dirimir dúvidas. Deve olhar juntos nos termos do dicionário não compreendidos. Esta boa prática é instilada para ampliar o vocabulário.
 
• Não proíba livros. Deve ser prestado muita atenção na idade crítica da adolescência, porque grandes leitores infantis são perdidos nesta fase. Neste sentido, a escolha é irrelevante. Nunca deve proibir títulos. Em vez disso, é importante para explicar por que ele não vai entender o que você lê, e qual é a razão não vale a pena perder tempo. Isto será conseguido despertar o seu espírito crítico.
 
• Seja um membro de uma biblioteca. Uma maneira fácil e acessível é acompanhar as crianças muito jovens para as bibliotecas. Permitir acesso livros sem gastar grandes quantias de dinheiro. Eles também servem para ensinar como escolher os títulos, e introduzir os jovens leitores para o valor da responsabilidade, uma vez que são eles que devem devolver o exemplar emprestado.
 
• Adaptar-se aos gostos Tudo é susceptível de se tornar a abordagem desculpa para leitura. Uma questão atual, eventos ou fatos que as pessoas chamam a sua atenção ou um filme que tem animado deles são excelentes ocasiões para despertar paixão livros.
 
• Compartilhar leitura. Conforme as crianças crescem, você pode oferecer-lhes livros que os pais estão lendo. É muito motivador e divertido comentário família nos personagens ou algum capítulo que se mostrou interessante. A leitura é um tópico atraente de conversa entre pais e filhos.
 
É essencial para transmitir às crianças que a leitura de livros tem outras vantagens, além de melhorar a atenção e estimular a curiosidade sobre diferentes temas: apoiar melhor maneira de expressar pensamentos e para melhorar as relações humanas.
 
(*) Leia mais sobre Fundação www.leer.org.ar

Fonte: La Capital 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um papo sobre o processo de leitura

 
A leitura é mais do que uma atividade e traz grandes benefícios ao ser humano. Leitura é lazer, prazer, conhecer, viajar, sociabilizar e enriquecer culturalmente. Ler contribui para o sucesso da criança na formação escolar.

Então, vamos bater um papo sobre o processo de leitura?

Como iniciar o processo de leitura?

Ler é decodificar símbolos, é compreender a expressão escrita. A melhor maneira de se começar o processo de leitura é através do próprio livro. Uma criança, desde a primeira infância, tem que estar rodeada por livros. E não é só isso: Os bebês devem pegar apertar, morder, experimentar, devolver, pegar de volta, olhar, abrir e fechar. Não tem problema se vai estragar, ficar babado, virar a página de um jeito brusco ou se está de cabeça para baixo: o importante é que este livro, que chamamos de ‘livro-brinquedo’, faça parte das primeiras descobertas do seu filho. Eles podem ser de travesseiro, de banho, cartonados, o que importa é que farão parte da vida da criança e certamente ele se lembrará disso na vida adulta.

Quando iniciar o processo de leitura?

Certo dia, li uma matéria com a grande escritora Russa Tatiana Belinky, que tem livros espetaculares para crianças em fase de processo de leitura. Tatiana contava que, quando sua filha estava com três meses de idade, perguntou a um psicólogo:
Quando iniciar o processo de leitura?
E ele respondeu: Já deveria ter começado!
Então, mãos a obra!

E na escola?

O ato de aprender a ler é, sem dúvida, o maior desafio que todas as crianças enfrentam nas fases iniciais da escolarização. Como desenvolver a capacidade leitora?
Vejo na leitura um salto para a formação de cidadãos e esse é um dos papéis essenciais da escola. Alguns modelos e métodos de ensino favorecem menos ou mais a criança, no entanto existem desenvolvimentos em todos eles. O desenvolvimento ocorre através do estímulo, das cores, das ilustrações. Um professor, acima de tudo, deve envolver o seu aluno em um “campo literário”, onde a imaginação e a curiosidade devem ser uma grande janela aberta e é lá onde o livro deve estar!
E o processo vai ocorrer naturalmente…
Vocês conhecem “O menino que aprendeu a ver”, da escritora Ruth Rocha? É uma belíssima demonstração de como a criança pré-leitora vê o mundo, um livro que vale a pena ser entendido pelos adultos.

Como os pais devem incentivar a leitura?
  • A primeira coisa que você, como pai ou mãe, deve fazer para estimular a leitura nas crianças “é ler”! Os pequenos refletem muito do que nós somos.
  • Os livros ilustrados e com poucas palavras podem ser usados porque chamam a atenção das crianças. Ela aprenderá sobre a estrutura da linguagem!
  • Conte histórias! Questione seus filhos, dê espaço para que ele também coloque suas questões, você vai se surpreender com o resultado da leitura compartilhada. É também uma ótima maneira de você estar perto do seu filho, conhecê-lo e entendê-lo.
  • Existem ótimos programas de leitura nas bibliotecas, espaços públicos e livrarias. Acompanhe seu filho em um desses. Pesquise!
  • Tenha sempre disponíveis materiais como lápis coloridos e papéis. Faça com que a criança se expresse através deles.
  • Que tal a aquisição de um dicionário infantil? Comece a procurar os de imagens, use a descoberta de significados!
Então, compartilhamos aqui no Bloguito uma das fases mais lindas que a criança pode ter. Você pode incentivar, estimular e crescer junto com o seu pequeno. Lembre-se que nesse processo, todos nós saímos campeões.

Aproveitem!
Um grande beijo de livro,
Cris Quintas
www.cristianequintas.com

Fonte: Bloguito

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Como os pais podem ensinar leitura para seus filhos

Matéria publicada em 16/09/2012

*Autora: Cristiane Ferreira é Pedagoga e Coach Educacional

A escola é o ambiente formal escolhido pela sociedade para o ensino da leitura e escrita e suas regras cultas. Dispõe de profissionais qualificados e os recursos necessários para o ensino. Porém, mesmo antes de ter a instrução formal na escola, a criança começa a aprender a ler na família, adquirindo os hábitos de leitura dos adultos que a cercam na primeira infância e construindo suas hipóteses iniciais sobre funcionamento da escrita ainda em casa.

            Quando a criança tem oportunidade de entrar em contato com diversos materiais escritos, como livros e revistas, por exemplo, vai compreendendo que os textos são combinações de palavras, que por sua vez são formadas por sílabas e letras e que são a representação de objetos e da língua falada.
A descoberta de que é possível representar os sons por meio de grafismos é um passo muito importante para o aprendizado da leitura e uma conclusão nem sempre tão simples de se alcançar, mas que pode ser facilitada por meio da convivência com leitores ativos.
Ao ter contato constante com a leitura feita pelos adultos, as crianças aprendem também que os textos trazem uma mensagem e servem para comunicar, divertir, ensinar. Dessa forma, desde pequena, a criança começa a compreender a importância da leitura e escrita e sua função social na vida das pessoas.
O aluno que chega à idade escolar com uma base sólida sobre o funcionamento do sistema da escrita terá o aprendizado sistemático da leitura mais dinâmico e será alfabetizado mais rapidamente.
Por esse motivo, os pais devem ler para os seus filhos, indicando com os dedos as palavras que estão sendo lidas; o livro deve ser posicionado de forma que a criança possa acompanhar a leitura, ao lado do adulto, observando o texto e as imagens continuamente, ao invés de ficar no lado oposto, tendo apenas a visão da capa.
Assim a criança já vai aprendendo que as palavras escritas podem ser faladas, que para ler é preciso seguir da esquerda para a direita, que existe um sentido em tudo o que está escrito e que, ao contrário dos desenhos, as palavras não tem semelhança com os objetos que representam.
Ao ver o desenho de um carro, a criança já consegue identificar qual objeto está representado, diferentemente de ver a palavra carro. Para saber o que a palavre representa, será preciso ler, ou seja, aprender a decodificar o sistema de escrita. Saber a diferença entre as formas de representar objetos (por meio de textos ou imagens) é uma habilidade sutil e implícita, mas muito importante para a compreensão da língua e uma das bases iniciais do processo de alfabetização.
Para auxiliar os filhos nesse processo, os pais devem deixar livros à disposição das crianças, junto com seus brinquedos. É aconselhável adquirir livros infantis que contenham imagens e textos, para que a crianças façam comparações e possam ler livremente.
Como ainda não dominam a língua e nem o código escrito, provavelmente os pequenos inventarão suas histórias e indicarão as frases lidas com dedo, “fingindo ler”. Os adultos devem evitar corrigir e deixar a criança inventar suas histórias, pois isso favorece a imaginação e a relação positiva com a língua escrita. Com o tempo, a própria criança começará a fazer perguntas do tipo “o que está escrito aqui?”. Nesse momento o adulto pode fazer a leitura solicitada.
Os pais também podem despertar o interesse dos filhos fazendo suas leituras diárias na frente das crianças. Ler jornal, livro e até um manual de instrução na frente dos pequenos fará com que as crianças percebam que ler é algo tão saudável, rotineiro quanto escovar os dentes. Como a leitura, diferente do ato de escovar os dentes, é algo que só os adultos fazem, logo a criança terá curiosidade e irá pedir ou pegar o livro ou jornal da casa.
Além dos pais, outros membros da família como irmãos mais velhos, avós, primos e até vizinhos e amigos, podem e devem participar de momentos de leitura junto com os pequenos.
Dessa forma a leitura passará a fazer parte da rotina da criança. E isso é o grande passo para a alfabetização, uma vez que boa parte das dificuldades de aprendizagem em leitura consiste na desmotivação do aluno que não consegue entender o que é leitura, para que serve e sua importância na vida das pessoas.
 

Cristiane Ferreira é Pedagoga pela PUC SP.  Possui ainda formação em psicopedagogia e coaching.
Atua como professora de ensino fundamental na rede municipal de ensino de São Paulo, coach educacional, life coach e realiza suporte pedagógico a crianças e adultos com dificuldades de aprendizagem no Instituto de Psicologia IPSI Brasil.
Foi diretora da Meta Escolas Integradas, arte educadora e professora de educação infantil no Colégio Marajoara.
É membro da International Association of Coaching (USA), Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional e presidente da Seção São Paulo do International Dance Council (CID UNESCO).

Serviço
Cristiane Ferreira
Pedagogia Clínica e Coaching
(11) 5641-2586

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

4 estratégias para os pais ajudarem os filhos a aprender a ler e a escrever

25 agosto 2012
 
Só 37% dos alunos que frequentam o 4º ano são considerados proficientes em leitura. Os dados são de 2005 e reportam-se aos EUA (1).  Em Portugal, os dados não divergem.

Os professores podem fazer muito mas os pais ainda mais (2). 

As crianças não aprendem a ler naturalmente. Não é suficiente apoiá-las na leitura. É necessário instrução directa por parte de professores e de pais. Convém ter presente que nem todas as crianças aprende a ler com os métodos globais. Para muitas é mais eficaz o uso de métodos fonéticos. Aprender o abcedário e a juntar letras, perceber a diferença entre um fonema e um grafema e associar o grafema ao som são tarefas difíceis mas necessárias ao processo de aprendizagem da leitura e da escrita.

Os professores ensinam na sala de aula recorrendo a métodos de instrução directa com muito treino, repetição e correcção de erros. Os pais ensinam em casa, reforçando o trabalho dos professores.

O que é que os pais podem fazer para os filhos serem bons leitores?

#1. Estabelecer uma rotina. 

O contacto com os livros deve constituir uma actividade diária. Se os pais criarem um horário semanal de estudo, onde constem as horas de leitura, as crianças ganham o hábito de ler e a leitura torna-se uma actividade rotineira.

2#. Dar liberdade para ler

Os pais devem dar liberdade às crianças para escolherem os livros que desejam ler. Visitas regulares à biblioteca também ajudam. 

3#. Ensinar leitura activa

Não basta ler. É preciso fazer perguntas sobre a história. Quem são os personagens? O que fazem eles? Como relacionar as imagens com as palavras? Fazer resumos da história. Debater a história. Interpretar as frases.

4#.Passar da leitura à escrita

Ler é bom mas escrever ainda é melhor. Pedir à criança para resumir por escrito a história. Pedir à criança para contar uma história e escrevê-la. 

Fonte:ProfBlog A Educação em Portugal

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ler é lição que vem de casa

Crianças e adolescentes formam a maior parcela de leitores no Brasil


Carlos André Moreira e Paulo Germano

A situação do livro no Brasil é crítica, a juventude não lê nada, a escola não ajuda, os brasileiros leem pouco. Os exemplos acima são lugares-comuns repetidos exaustivamente quando o assunto em pauta é o índice de leitura dos brasileiros. Para choque dos alarmistas, quase todos estão errados: crianças e adolescentes formam a maior parcela de leitores no Brasil. Em parte, graças à escola. E sempre com apoio fundamental da família.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada há alguns meses pelo Instituto Pró-Livro, entidade que congrega instituições do setor, como a Câmara Brasileira do Livro, colocou pela primeira vez em termos científicos noções que até ali eram apenas intuídas, e permite uma ampla gama de abordagens a problemas envolvendo a disseminação do livro no Brasil. No mês em que se comemoram o Dia Internacional do Livro e o Dia Nacional do Livro Infantil, a pesquisa apresenta dados que, se estão longe do ideal, mostram um quadro menos pessimista.

– O índice de leitura no Brasil é muito melhor do que se esperava, porém ainda aquém do que se poderia chegar. Mas há notícias boas. Somos um país de 95 milhões de leitores – e dois terços deles vêm da escola. A leitura na infância está sim, ocorrendo. – comenta Galeno Amorim, coordenador da pesquisa.

Outro clichê recorrente quando se trata do assunto são críticas ao papel da escola como formadora de leitores, e elas são, sim, em parte justificadas. As pessoas leem na escola e abandonam o hábito à medida que se afastam dela – o que talvez falte seja a capacidade de envolver a leitura não apenas na aura de obrigação, e sim de encantamento, algo que passa pelo ambiente familiar. Tanto que a maioria dos que se definiam leitores na pesquisa (ou seja: que haviam lido um livro nos últimos três meses antes da entrevista) tinham como lembrança o incentivo da mãe e situações em que os pais liam para eles na infância. A consolidação do aprendizado da leitura se dá em casa.

– O nosso imaginário da leitura tem como referência a família. O professor pode ser bom, mas o que fortalece o ambiente de leitura é a ação dos pais – comenta Regina Zilbermann, professora de Letras na UFRGS.

Com ela, concorda o psicanalista e escritor de obras voltadas para crianças e adolescentes Celso Gutfreind. A leitura, na infância, precisa começar como uma curtição em grupo, segundo ele:

– Ler é ter prazer com a imaginação. E a imaginação não é algo que se desenvolve sozinho – ressalta Gutfreind.

Quem não lê é o adulto

Crianças em idade escolar normalmente leem mais do que os adultos por três fatores: crianças e jovens têm mais tempo livre, precisam ler por exigência da escola e nela têm mais facilidade de acesso aos livros. O grande nó está em como fazer essa população escolar continuar lendo depois de sair do colégio.

– A pesquisa mostrou que essa mesma escola ainda falha na tarefa de formar leitores para a vida toda. – diz Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura e coordenador da pesquisa do Instituto Pró-Livro.

Há mais de uma razão para isso: a entrada no mundo profissional reduz o número de horas livres para a leitura, e a própria relação do aluno com a leitura na escola é associada com uma experiência obrigatória, a ser abandonada na primeira oportunidade.

– Sempre se diz que o jovem não lê, mas o que se vê é que o jovem lê, quem não lê é o adulto – ressalva Amorim. – Quando você pergunta aos estudantes a que associam os momentos de leitura, 60% diz que associa com prazer, e só 32% falam que associam com obrigação. O jovem gosta de ler, tem de ser é seduzido do modo certo.

A região sul tem a maior média de livros lidos por habitante, e o Estado tem uma boa média de leitura em comparação com os demais, 5,5 livros por habitante ao ano. Já a região "Noroeste" do Rio Grande do Sul apresenta o maior índice de leitura de todo o Estado: 6,6 livros por ano – e não por acaso é a área que inclui Passo Fundo, mostrando que duas décadas de Jornada Nacional de Literatura tiveram efeito positivo na formação permanente de leitores. Com política séria, os efeitos aparecem.

Matéria publicada em  27/04/2009

sábado, 2 de abril de 2011

Aprender a (gostar de) ler

Alexandre Amorim
Publicado em 03 de agosto de 2010


Um dia, a televisão anunciou que ia passar o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Perto dos onze anos, Alexandre ficou feliz de saber que o programa tinha dois horários e que, depois da escola, ia poder ver aquela história de que sempre ouvira falar, mas nunca tivera coragem de ler. Eram doze livros comprados pelo pai, com letras grandes e cheios de gravuras, mas que pareciam muita coisa para quem ainda tinha os deveres de casa e os livros da escola. As aventuras em ilhas desertas, o escoteiro Bila e as traquinagens de Tom Sawyer eram histórias que faziam Alexandre gostar de ler e até tentar aprender a datilografar na máquina Olivetti Lettera 32 de sua mãe para poder escrever suas próprias histórias de detetives e mistérios. Mas no dia em que a música de Gilberto Gil começou a tocar na televisão, anunciando a transposição da imaginação de Monteiro Lobato de livro para o audiovisual, ele assistiu ao programa inteiro maravilhado. Ficou impressionado com as imagens daquela menina que dormia na beira de um rio e acabava por mergulhar no reino das Águas Claras, onde sua boneca ganharia vida e voz.

Porque ele já gostava de ler, pensou que devia ser bom procurar aquela história no original, e foi assim que, durante meses, o menino lia e via o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Meio envergonhado, se achando um pouco velho para aquela literatura infantil, mas devorando cada página e se emocionando a cada sermão de Dona Benta, estranhando poder haver uma boneca tão malcriada que fosse ao mesmo tempo tão querida, desejando ser aquele menino de bodoque que passava as férias inteiras no paraíso. Desejando, não: todo ano ele ia para o interior de Minas, e se imaginava sendo Pedrinho.

Alexandre cresceu e aprendeu a gostar de tantos livros que não havia mais espaço em sua casa para tantas estantes. Mas ele insistia. Quando sua filha nasceu, ele lia Monteiro Lobato e contava histórias inventadas, de piratas que viajavam à noite para a lua e de peixes que falavam e podiam cruzar mares e rios e muitas vezes apareciam nos chafarizes, para encontrar seus amigos humanos. A filha ouvia as histórias, pedia para ouvir as preferidas de novo, pedia para mudar o final de outras e, mesmo depois de aprender a ler, ainda dormia com as narrativas do pai. O tempo passou e a menina já escolhia os livros que queria comprar sozinha. E eles discordam das preferências literárias. Ela coleciona romances açucarados e ele prefere os contos fantásticos. Ela não entende aquelas histórias sem pé nem cabeça, ele não consegue gostar de historinhas que sempre têm o mesmo final. Mas sempre que almoçam juntos discutem a mesma coisa: as histórias que estão lendo.

O engraçado é que pai e filha tiveram influências da televisão, e não sabem por que tanta gente reclama dela como culpada da falta de leitura das pessoas. Eles veem séries de TV juntos, vão ao cinema, conversam, e mesmo assim resta muito tempo para ler seus livros preferidos. E discutir sobre eles.

E, hoje em dia, a menina tem um irmãozinho de três anos. Alexandre também conta histórias para o pequeno, mas ele insiste em saber tudo sobre o lobo mau e o lobisomem, e não resta muito espaço para outras ficções. Às vezes, o pai conta histórias em que os canídeos são bonzinhos, mas incompreendidos. Mas muitas vezes o menino pede a história para valer, com toda a maldade que existe no coração desses monstros. A irmã mais velha gosta de ouvir as histórias, ri das invencionices do pai e de vez em quando ela mesma conta para o irmãozinho uma trama que ela inventa ou se lembra da infância.

E assim o pai se sente orgulhoso de ver que os filhos vão, aos poucos, aprendendo a gostar de ler. Porque gostam de narrativas, de enredos, de histórias que os façam imaginar novas histórias, que os façam ver como o mundo pode se transformar. E porque, aos poucos, eles vão entender que para aprender a gostar de ler não basta abrir um livro, mas saber que aquele livro é mais um caminho que o mundo oferece.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Como despertar o interesse pela leitura

Matéria publicada em 25/01/2011

Redação Pritt

Foto: Jack Horst

Iniciar as crianças no mundo da leitura é papel dos pais e dos professores. A psicopedagoga Marcia Zebini, de São Paulo, explica que narrar histórias, interpretar, passear por bibliotecas e livrarias pode ser um ótimo começo para construir, tijolinho por tijolinho, um leitor apaixonado

Contar histórias é uma boa forma de incentivar a leitura?
Sim. Os pais devem ler para os filhos desde que são bebês. Isso estimula a parte criativa, percepção auditiva.

Na idade escolar, a partir de 6 anos, quando a criança tem contato com o livro, é importante que o adulto ajude no entendimento do que é lido.

Em muitos casos, a criança tem dificuldade de compreensão. Ler como eles motiva muito. Outra coisa que dá muito resultado é levar os filhos a bibliotecas, eventos com presença de autores e espaços infantis nas livrarias, onde elas possam escolher os livros.

Se os pais tiverem o hábito de ler pode ajudar?
Sim, porque você educa pelo exemplo. Muitas vezes, as crianças têm problemas na escola e com a leitura porque tem problemas familiares e emocionais. E quando os pais mudam a conduta e lêem junto com os filhos, melhora também o relacionamento entre eles. A partir do momento que o adulto para a correria, lê com o filho e interpreta, ele dá atenção, carinho, amor.

Como o livro deve ser trabalhado na escola?
Nas salas de aula, tem que ter um cantinho da leitura para que os alunos possam pegar um livro quando terminarem os exercícios. Se o professor sugerir uma leitura, faça um círculo, peça para cada um ler um trecho, faça perguntas, interprete. Isso vai desenvolver o senso crítico dos alunos. Caso contrário, eles não saberão interpretar o que estão nas entrelinhas do texto.

Você é a favor de ter uma avaliação sobre o livro?
Sou contra. Existem muitas maneiras de verificar se o aluno leu ou não o livro e acho que a prova desestimula. Nas primeiras séries, acho importante leitura em grupo, em círculo. Depois do sexto ano em diante, concordo que possa ter uma avaliação, mas isso não deve ter um peso muito grande. Pedir para dramatizar uma obra, por exemplo, é uma boa atividade.

Como estimular os alunos a freqüentarem mais a biblioteca?
Para tudo, a gente precisa de um modelo. Então, primeiro o pai e a mãe devem levá-los. Tem bibliotecas que podem ser um ótimo passeio. Eles podem ir, levar o livro para casa, ler com o filho e devolver depois. Dá trabalho, mas é uma forma de conhecer o espaço. Tem que mostrar para a criança que a biblioteca é um lugar que ela possa recorrer. O professor deve ir com a turma para a biblioteca, explicar como é o espaço, estimular os alunos a pegarem livros. Só assim eles vão conhecer o espaço e passar a frequentá-lo.

Fonte: Blog Pritt

Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos filhos

"Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm melhor desempenho"

Photoalto/Getty Images
As boas escolas ensinam, mas só quem pode educar para a vida são os pais

Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela educação de seus filhos. Têm razão. Há poucas áreas da vida de uma pessoa que não são direta e positivamente influenciadas pela sua educação. Estudo aumenta a renda, reduz a criminalidade e a desigualdade de renda, tem impactos positivos sobre a saúde e diminui até o risco de vitimização pela violência urbana. Muitos pais, porém, concentram seus esforços no lugar errado: procuram escolas caras, com instalações vistosas e tecnologicamente avançadas, e entopem seus filhos de atividades extracurriculares. A pesquisa empírica, ainda que esteja longe de poder prescrever um mapa completo de tudo aquilo que os pais podem fazer para que seus filhos cheguem a Harvard, já identifica uma série de fatores importantes (e outros irrelevantes) para o sucesso acadêmico das crianças.

Comecemos pelo início. Ou, aliás, antes dele: na escolha do(a) parceiro(a). As pesquisas revelam que o fator mais importante para o aprendizado das crianças é o nível educacional de seus pais. A escolarização dos pais é mais importante do que a escolarização dos professores (três vezes mais, para ser exato) e do que qualquer outra variável ligada à educação — inclusive a renda dos pais (um aumento de um ano da escolaridade dos pais tem impacto nove vezes maior sobre a escolaridade dos filhos do que um aumento de 10% da renda). Não é que a renda dos pais não seja importante: ela é, sim, em todo o mundo. Mas a escolaridade é mais. Muito do que atribuímos ao nível de renda dos pais é, na verdade, determinado por seu nível educacional, pois pessoas mais instruídas acabam ganhando mais dinheiro.

Nascido o filho, uma boa notícia: não há, que eu saiba, comprovação de que os métodos de aceleração de desenvolvimento cognitivo para bebês, sejam eles quais forem, tenham qualquer impacto. Alguns, como a linha de produtos Baby Einstein, por exemplo, foram recentemente identificados como tendo inclusive uma relação negativa com o desenvolvimento vocabular. As pesquisas também vêm demonstrando que não há correlação do QI de uma criança em idade pré-escolar com seu desempenho futuro (a relação começa a aparecer lá pelos 8 ou 9 anos), de forma que não há razão para desespero se o seu filho não estiver fazendo cálculo infinitesimal antes de abandonar as fraldas.

Não há, igualmente, impactos positivos para os bebês que frequentam creches. Há, sim, impactos significativos e bastante relevantes para as crianças que frequentam a pré-escola. Falaremos mais sobre ela no próximo mês, mas quem puder colocar o filho na pré-escola estará dando um importante empurrão ao desenvolvimento do filho, que perdura a vida toda.

Finda a pré-escola, os pais que têm a sorte de poder colocar seus filhos em escolas particulares deparam com a decisão que parece ser a definitiva: em que escola matricular o rebento? A boa notícia é que essa decisão é bem menos importante do que parece. A má é que o trabalho dos pais não termina depois da decisão de onde colocar o filho. Pelo contrário: a pesquisa mostra que aquilo que acontece dentro de casa é mais importante do que a escolha da escola. Um estudo recente, por exemplo, decompôs a diferença de performance entre escolas públicas e particulares no Saeb, teste educacional do MEC, e encontrou o seguinte: nos resultados brutos, a escola particular tem desempenho 50% acima da pública. Porém, quando inserimos na equação o nível de renda dos pais dos alunos, essa diferença cai para 16%. Dois terços da diferença entre escolas públicas e privadas se devem, portanto, não a fatores da escola, mas do alunado. (Esse estudo e todos os outros mencionados neste artigo estão disponíveis em twitter.com/gustavoioschpe.)

Isso não quer dizer que a escola não importa, obviamente. Ela importa, e muito. Mas as diferenças mais importantes são entre sistemas escolares de países ou regiões diferentes. Dentro do mesmo sistema, em termos de aprendizagem, as diferenças são menos importantes do que a maioria imagina. Para os pais preocupados em escolher a melhor escola possível para o sucesso acadêmico do seu filho, o Enem é um bom sinalizador. Não é uma ferramenta definitiva, já que a participação no exame é opcional, produzindo uma amostra não aleatória, mas é um bom começo. Para escolas com resultados parecidos no Enem, usaria, como critério de “desempate”, as práticas consagradas de sala de aula e os critérios de formação de professores e gestores detalhados na trilogia publicada neste espaço nos últimos meses.

O mais importante que os pais podem fazer, porém, está dentro de casa, diuturnamente. O acesso e o apreço a bens culturais, especialmente livros, são fundamentais. A quantidade de livros que o aluno tem em casa é apontada, em diversos estudos, como uma das mais importantes variáveis explicativas para seu desempenho. É claro que não basta ter livros: é preciso lê-los, e viver em um ambiente em que o conhecimento é valorizado. Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm melhor desempenho. Pais envolvidos com a vida escolar dos filhos e que os incentivam a fazer o dever de casa têm impacto positivo (curiosamente, o envolvimento dos pais no ambiente escolar tem se mostrado irrelevante). Porém, pais que fazem o dever de casa com (ou pelo) seu filho provocam piora no desempenho acadêmico, por melhores que sejam as intenções.

Morar perto da escola ajuda. Em uma resenha de oito estudos sobre o tema, os oito indicaram relação negativa entre distância casa-escola e aprendizado dos alunos. Talvez essa relação influencie outro detrator do aprendizado: o absenteísmo. Aluno que falta à aula é, em geral, aluno que aprende menos. Outro fator negativo é o trabalho: alunos que trabalham além de estudar aprendem menos. Infelizmente não conheço estudos sobre o impacto do trabalho nos alunos universitários, mas aposto que parte da enorme diferença de qualidade entre as universidades brasileiras e as americanas se deve ao ambiente de dedicação exclusiva que estas conseguem impor aos seus alunos.

Ter computador em casa também tem resultados mensuráveis sobre o aprendizado. Quem pode comprar um que o faça.

Finalmente, falemos sobre aspectos psicológicos. Um dos grandes esforços dos pais modernos é aumentar a autoestima de seus filhos. Na educação, seu impacto é incerto: de catorze estudos analisando o assunto, só em metade se viu relação positiva entre autoestima e aprendizado. Em outro estudo, descobriu-se que o impacto do desempenho acadêmico é três vezes mais importante que a autoestima do jovem do ensino médio para a determinação do seu salário quando adulto.

Os fatores que têm impacto sobre o aprendizado são outros: gostar de estudar, ter maior motivação, aspirações de futuro mais ambiciosas, persistência e consistência são todas variáveis que estão correlacionadas a melhores notas. Os pais não podem incutir em seus filhos todas essas virtudes (e a interessante discussão sobre quanto controle os pais têm sobre o destino de seus filhos é tema para artigo futuro), mas há muito que podem fazer para criar ambientes domésticos mais propícios ao surgimento ou fortalecimento dessas características.

Por fim, duas ressalvas. Ser bom aluno não significa ser feliz ou bom cidadão ou quaisquer outras virtudes que são tão ou mais desejadas pelos pais que o sucesso acadêmico dos filhos. Elas simplesmente não estão mencionadas aqui porque não constituem minha área de estudo. Segundo, talvez falte nessa lista — por ser simplesmente imensurável — aquilo que de mais importante um pai pode dar a seu filho: amor.

Fonte: Veja

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para seu filho gostar de ler

Camila de Lira, 04/12/2010

Foto: Getty Images
Pais devem ler para seus filhos e para eles mesmos, indicam autores

Autores consagrados de livros infantis defendem: para incentivar a leitura nas crianças, é preciso deixar que elas escolham

O que Pedro Bandeira, Angela Lago e Ana Maria Machado tem em comum? Além de todos serem autores infantis de sucesso, eles concordam em uma coisa: só se pode incentivar crianças a ler se os adultos também lerem. E para eles a criança precisa descobrir qual forma e por qual meio prefere ler. “Não conheço uma criança que não goste de histórias”, diz a ocupante da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras Ana Maria Machado, autora de mais de cem livros – entre eles “Menina Bonita do Laço de Fita” (Editora Ática).

Os autores ressaltam a importância de se contar histórias para as crianças antes mesmo que elas aprendam a ler. Ângela Lago, autora de “Cenas de Rua” (Editora RHJ), destaca que uma criança que compreende uma história consegue entender os diálogos da vida.“Os pais que contam histórias para as crianças vão formar leitores. Leitores de tudo: da vida, do dia a dia, do outro, do teatro, do cinema, da TV, da internet”, afirma Ângela.

Nesse ponto, Ana Maria diz que a leitura de quadrinhos pode ajudar em muito. “É mais difícil ler quadrinho que livro. O quadrinho exige que você saiba quem está falando, e a criança tem que perceber as relações temporais, é uma narrativa muito mais complexa”, diz. Pedro Bandeira, autor de “O Fantástico Mistério de Feiurinha” (Editora FTD), diz que os pais precisam deixar que a criança leia tudo, sem preconceitos. Só assim a sua curiosidade vai ser saciada.

De acordo com Ângela, é importante que as crianças escolham os livros por si mesmas. “Todo o livro pode ser fechado na página 2 ou 3, não tem importância. Há livros demais, e as crianças irão encontrar algum que goste”, diz. “Não existem maus livros. Mal faz não ler”, completa Pedro. Por isso, é bom que os pais deixem que os filhos entrem em contato com livros diferentes.

Como é complicado que os pais saibam e até tenham os um grande número de títulos, a escola se torna fundamental. Os autores afirmam que o papel da escola é tanto pré-selecionar alguns livros para as crianças, quanto prover um ambiente de leitura. Ângela Lago destaca a importância da biblioteca na formação de leitores. “A leitura não está presa ao consumo, ela requer uma escolha de qualidade e um tempo grande para absorver. As crianças aprendem isso na biblioteca”, diz.

Assim, a internet também pode servir como uma plataforma para que as crianças tomem gosto pela leitura. “A internet é mais um meio escrito. Meio bastante rápido. Antigamente, tinha que procurar numa enciclopédia, que normalmente estava desatualizada”, diz Pedro Bandeira. A preocupação de que ela vai substituir o livro, segundo Ana Maria, é descabida. “A internet vai substituir o livro de consulta, o dicionário, mas não a ficção”, completa.

Segundo os autores, de nada valem todos esses esforços se os pais não lerem para eles mesmos. “Uma criança tem a tendência de comer com a mão. Ela só usa talheres porque vê os pais usando. É a mesma coisa com os livros”, resume Ana Maria.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Leia para seu filho

Essa brincadeira gostosa, que estreita os laços familiares, também ajuda no desenvolvimento pedagógico e psicológico da criança e deve ser encarada com seriedade

Texto: Camila Carvas - 09/08/2010

Ouvir e contar histórias relaxa, aumenta o vocabulário,
melhora a dicção, desenvolve a criatividade
 e o raciocínio lógico nas crianças
"Era uma vez" é o começo de uma história que pode fazer toda a diferença no desenvolvimento infantil. Quando papai e mamãe - professores e até irmãos mais velhos - se sentam com os pequenos para ler um livro ou contar uma historinha, mais do que um mundo encantado de fantasia, eles estão descortinando uma verdadeira experiência de aprendizado. Para completar, essa aula ainda pode ser transformada em momento de intimidade e amor familiar que, muitas vezes, se perde em meio ao caos do dia a dia. Mas, como toda brincadeira de criança, a "contação" é coisa séria.

Ao lado de bonecas e carrinhos, ela funciona como um mediador da relação entre a meninada, os adultos e o mundo. E, apesar da sua importância pedagógica e psicológica, deve ser mantida sempre no campo da arte, e não no do exame, como é comum acontecer na escola. A atividade deve ser lúdica e divertida, sem imposições, cobranças, tarefas ou castigos. "Tudo o que é feito com e para as crianças precisa ser envolvente e realizado com afeto", diz Christine Fontelles, responsável pelo Programa Ler é Preciso, do Instituto Ecofuturo. Não há motivos, então, para ser diferente com as histórias.

Contar e ler um relato deve ser algo prazeroso. É por meio dessas atividades, e do contato com o imaginário e com a ficção, que meninos e meninas descobrem e expressam sentimentos que não conheciam ou ainda não eram capazes de compreender. "Devido ao próprio estágio de desenvolvimento, as crianças não possuem muitos recursos para administrar esse lado emocional", conta a psiquiatra Marisol Montero Sendin, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como a linguagem verbal ainda é incipiente, a forma natural de expressão são a imagem, o jogo e o faz de conta. "Na falta de outras possibilidades, a dificuldade de lidar com as emoções se manifestará por meio da agressividade, problemas de aprendizado, de sono ou alimentares", diz Marisol. Enquanto os personagens enfrentam coisas estranhas, a garotada tem contato com o medo, o ciúme e o luto. Em um diálogo interno, adquirem conceitos e vivenciam experiências valiosas. Cada conto que a criança conta contribui para a construção de um autorretrato para o qual ela pode olhar, pensar e mudar.

O famoso "senta que lá vem história" não tem momento certo ou idade mínima para começar. A paulistana Laura Volponi Medeiros, de 2 anos e meio, já era uma ouvinte atenta mesmo antes de nascer. "Quando estava grávida de Laura, minha mulher se sentava na cadeira e, enquanto na morava a barriga, lia um monte de livros", conta o pai da menina, o vendedor Wellington Medeiros, de 32 anos. Hoje, mesmo sem ter sido alfabetizada, a menina adora "ler". Nos semáforos, sempre que possível pede para Medeiros pegar jornais gratuitos e propagandas e os folheia do alto de sua cadeirinha de segurança.

Como uma esponja, a criança tende a absorver tudo que os adultos ao seu redor fazem. É assim que ela aprende, por imitação e repetição.

Portanto, se os pais leem, as chances de os filhos se tornarem leitores é enorme. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, uma associação sem fins lucrativos cuja missão é fomentar a leitura e a difusão de livros, revela que um em cada três leitores brasileiros se lembra de ter visto a mãe lendo alguma coisa. O levantamento mostra também que 49% do público adulto considerado leitor, ou seja, que leu pelo menos um livro nos últimos três meses, se refere à figura materna como a pessoa que mais o incentivou. Entre garotos e garotas, esse número sobe para 73%. Mas os pais também têm um papel de destaque nesse cenário. Afinal, 30% dos leitores os consideram como maiores responsáveis por incutir neles o prazer de conjugar o verbo ler.


Por falar em verbos, não importa se se trata de ler ou de contar histórias, ambos desenvolvem a criatividade, a imaginação e o raciocínio lógico da meninada. Estudos indicam, inclusive, que a leitura em voz alta na primeira infância melhora o desempenho escolar. Permitir que os pequenos inventem novos finais deixa a brincadeira ainda mais estimulante. "Aqui no Brasil, onde os livros infantis são muito caros, vale recortar figuras de jornal e revista, fazer colagens, pintar com o dedo e criar sua própria obra", sugere Maria Ângela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O mais importante é a interação: ao desenhar, modelar ou recontar uma história, a criança põe para fora fatos do seu próprio mundo.
 
Para os pequeninos, comprar livros de plástico, que possam ser usados até no banho, ou mesmo mordidos, é uma boa sugestão. Os de pano, laváveis à máquina, também são interessantes. "Os livros têm que ser de posse", explica Maria Ângela. "Deve-se ensinar à criança que é preciso tomar cuidado com eles, que não se pode rasgá-los, mas sem impor nenhum tipo de obstáculo a seu acesso", explica. Quando ela estiver cansada e dispersa, por exemplo, é possível contar uma história em capítulos, como nas novelas. Assim, no dia seguinte, continuará curiosa e disposta a ouvir um pouco mais.
 
Outra estratégia é guardar os livros junto com os brinquedos. Na casa da Laura, nossa futura leitora, os livros estão todos ao seu alcance. "Ela mesma escolhe e pega a história que quer ouvir", diz Wellington Medeiros. A literatura também pode colaborar no tratamento de traumas, doenças e dificuldades psicoemocionais (veja o quadro à esquerda). No final das contas, isso ajuda a melhorar a imunidade e até a cicatrização. Ler ou ouvir histórias traz benefícios ao corpo e à mente infantis. Fim!
 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Ler é uma coisa que enriquece"

Afirmação é da escritora Ruth Rocha, que diz: “Ninguém consegue viver sem saber ler hoje em dia"

De Araçatuba, Jean Oliveira jean.oliveira@folhadaregiao.com.br


A escritora Ruth Rocha, uma das mais premiadas e consagradas autoras de livros infantis da Língua Portuguesa, diz que ninguém consegue viver hoje sem saber ler. Em entrevista à Folha da Região, ela aproveita o Dia Nacional da Leitura, que é comemorado hoje, para chamar a atenção das pessoas para a importância de se enriquecer culturalmente por meio da palavra escrita.

Segundo a autora, não é só a escola que deve desenvolver este hábito e este prazer nas novas gerações. Ela também dá ênfase à importância dos pais serem modelo de leitores em casa.

O Dia Nacional da Leitura foi instituído em 2009 pela Presidência da República, após três anos de uma mobilização liderada pelo Instituto Ecofuturo (leia mais sobre o instituto abaixo).

A campanha deste ano pretende atingir milhares de pessoas a partir de uma rede inicial de mais de 40 parceiros, entre eles a ANJ (Associação Nacional de Jornais), do qual a Folha da Região faz parte, e seu Programa Jornal e Educação. O mote da campanha de 2010 é "Todo dia é dia de ler. Lê para mim!"

O objetivo da campanha é mostrar que o gosto pela leitura nasce no colo dos pais e se estende por toda a vida. Essa constatação vem de diversas pesquisas, como a Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, que aponta que 79% do público considerado leitor se refere à mãe ou ao pai como a pessoa que mais
o influenciou a ler.

AUTORA

Ruth Rocha é graduada em Sociologia e Política pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduada em Orientação Educacional pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Durante 15 anos (de 1956 a 1972) foi orientadora educacional do Colégio Rio Branco, onde pôde conviver com os conflitos e as difíceis vivências infantis e com as mudanças do seu tempo. A liberação da mulher, as questões afetivas e de autoestima foram sedimentando-se em sua formação.

Começou a escrever em 1967, para a revista Claudia, artigos sobre Educação. Participou da criação da revista Recreio, da Editora Abril, onde teve suas primeiras histórias publicadas a partir de 1969.

Publicou seu primeiro livro, "Palavras Muitas Palavras", em 1976, e desde então já teve mais de 130 títulos publicados, entre livros de ficção, didáticos, paradidáticos e um dicionário. As histórias de Ruth Rocha estão espalhadas pelo mundo, traduzidas em mais de 25 idiomas. Seu livro mais conhecido é "Marcelo, Marmelo, Martelo", que já vendeu mais de 1 milhão de cópias.

PRÊMIOS

Em 1998, foi condecorada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso com a "Comenda da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura".

Ganhou os mais importantes prêmios brasileiros destinados à literatura infantil da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, da Câmara Brasileira do Livro, cinco Prêmios "Jabuti", da Associação Paulista de Críticos de Arte e da Academia Brasileira de Letras, Prêmio João de Barro, da Prefeitura de Belo Horizonte, entre outros.

Em 2002, ganhou o prêmio "Moinho Santista de Literatura Infantil", da Fundação Bunge. Também nesse ano foi escolhida como membro do PEN Club da Associação Mundial de Escritores no Rio de Janeiro. Atualmente é membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta. Leia trechos da entrevista:

Qual a importância da leitura para a formação do cidadão?

O que se deve dar bastante ênfase em matéria de leitura é que nós estamos em uma sociedade predominantemente letrada. Tudo tem letra. A placa do ônibus, as ruas, as máquinas com que se trabalha. Tudo tem uma palavrinha ou um número. Tudo é escrito com letra. A pessoa que não lê, fica excluída de cara. Então, este é o primeiro degrau. Mas, isso não basta porque as instruções sobre máquinas, dos automóveis, dos computadores e da televisão vêm tudo escrito com trechos longos e com muitas palavras. Assim, a pessoa deve ter mais um degrau de leitura, que é ser capaz de ler este tipo de coisas mais complexas.

Ler é conseguir interpretar, também, não é?

Sim, e este é o terceiro degrau. A pessoa, para estudar, precisa ter mais uma capacidade agregada à leitura. Porque, para entender o que se está estudando, e aprender e desenvolver este conhecimento nos exames, nos concursos e nas vezes que a pessoa é solicitada, deve-se ter mais um degrau, que é a capacidade de interpretação. E além de tudo isso, se a pessoa quer ser feliz, ter muito prazer na sua vida e viajar na sua imaginação, ele precisa ser porque a leitura é uma coisa que enriquece.

Como os pais podem incentivar os filhos a ler?

Em primeiro lugar, dar o exemplo é a melhor forma. Os pais que leem já são um caminho para os filhos. É importante, também, ter livros, comprar diversas obras e deixá-las à disposição em casa. Eles têm que valorizar os livros, o ensino, o professor e a escola. Tudo isso é muito importante.

A senhora acredita que as escolas têm cumprido bem esta função de incentivar a leitura?

Acho que nem todas. Acho até que poucas. Mas uma coisa importantíssima é a escola incentivar (a leitura), porém, as famílias não podem esquecer que elas têm uma responsabilidade também. Porque as pessoas acham que isso é coisa da escola. Mas, não é. Os pais têm que demonstrar apego e admiração aos livros. Têm que ajudar a criança a ler desde pequena, contar história. Outra coisa importantíssima para ler é falar. Você tem que conversar com a criança. Deixar que ela fale, dê palpite e argumente. Porque se a criança não tem o exercício da palavra, é difícil para ela entender o que lê.

Como escolher um livro certo para a criança?

Olha, o livro certo não existe. O que há é uma obra, de vez em quando, bem acertada para uma pessoa. Então, na verdade, a coisa é ler bastante, frequentar bibliotecas e livrarias. Olhar os livros, tentar olhar a cara que ele tem. É importante, também, prestar bastante atenção na idade da criança. O pai pode ler um pedacinho e dizer: "fulano não vai entender isso que eu estou lendo". Mas isso é o mínimo que um pai pode
fazer, não é?!

A senhora, quando escreve um livro para crianças, se preocupa com a mensagem que vai passar, ou a leitura pode ser também apenas por diversão?

Ah, o livro é tudo, né! Mensagem não é o que a gente passa. Ela vem no que o livro tem de bom. No que o livro tem de artístico, de bem estruturado, de raciocínio inteligente, do uso correto da língua. É isso que faz o livro redondo. E é isso que dá o desenvolvimento para a criança. Isso desenvolve o vocabulário, a ética, a estética e a capacidade de ler, para ler mais e melhor. Então, é por meio da leitura que se desenvolve a própria leitura.

De onde a senhora tira a inspiração para seus livros?

Eu tiro da vida e, principalmente, de livros. Não há escritor que não seja um grande leitor. O escritor que não lê não é escritor.


Biblioteca Virtual é uma das novidades do Instituto Ecofuturo

A novidade desta edição da campanha do Instituto Ecofuturo, que tem apoio da Folha da Região, é a Biblioteca Virtual Ecofuturo, que é um espaço com diversos conteúdos que orientam a promoção de leitura, incluindo uma publicação inédita, com texto de autores renomados das diversas áreas do conhecimento, sobre a importância da literatura.

O Instituto criou este espaço pensando em quem não sabe como realizar ações de promoção de leitura - em casa, na escola, em bibliotecas e em parques, entre outros lugares - ou não tem ideia do que ler para crianças e jovens. A biblioteca está hospedada no site http://www.dianacionaldaleitura.com.br/. A diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, Christine Fontelles, destaca que ler é um hábito social. Enfatiza, inclusive, que as pessoas não nascem leitoras; mas sim se tornamos leitores por convívio e por contato. Por isso, diz ela, a oferta da leitura literária pelos pais, de forma amorosa, é fundamental para que a prática se torne agradável e contribua para o letramento das crianças, preparando-as para momentos futuros em que a leitura, em seus múltiplos suportes e funções, vai demandar esforço e nem sempre será um prazer".

INSTITUTO

O Instituto Ecofuturo é uma organização social de interesse público criada e mantida pela Suzano desde 1999. Para o Ecofuturo, a palavra é a ponte para a sustentabilidade, por isso, investe no Programa Ler é Preciso, por meio do qual promove a leitura e a escrita entre crianças, jovens e adultos. Também realiza projetos que promovem o desenvolvimento de práticas de gestão sustentável em reservas naturais e cidades, como o Parque das Neblinas e o Programa Investimento Reciclável.

Matéria publicada em 12/10/2010

sábado, 9 de outubro de 2010

A Voz da Leitura: a importância dos pais na formação de jovens leitores*

30/09/2010
Lucila Pastorello**

Vivemos em uma sociedade letrada, em que o domínio da leitura e da escrita não é uma habilidade apenas desejável, mas fundamental para o gozo da cidadania plena. Poderíamos continuar nossa conversa argumentando sobre a importância de saber ler e escrever, comentando a triste realidade nacional no que diz respeito aos índices de alfabetismo funcional, apontando os tropeços das políticas públicas na educação. Mas tais fatos são expostos contínua e exaustivamente nas mídias; não há nada de novo, apesar das condições alarmantes em que nos encontramos atualmente. Prefiro tratar de algumas ideias que, embora não sejam novas, parecem estar adormecidas em nossas discussões sobre leitura, e me parecem fundamentais para que possamos modificar nossa realidade e formar leitores críticos e competentes.

A primeira lembrança: o acesso à leitura começa antes do ingresso da criança na escolarização formal. A escola é atualmente a instituição responsável pela alfabetização e pela apropriação das práticas de lecto-escritura pelas crianças. Mas isso não significa que esta instituição seja a única responsável. As letras estão em toda parte. Começamos a aprender sobre a leitura bem antes de entrarmos na escola e continuamos este aprendizado por toda vida. Mas tomemos cuidado: aprender a ler não é o mesmo que alfabetizar-se.

A alfabetização é uma técnica que permite o deciframento do código escrito. Em nossa escrita alfabética existem relações muito específicas entre os sons da língua e a forma que estruturamos as letras graficamente. A leitura pressupõe naturalmente a alfabetização, mas vai muito, mas muito mais além. Trata-se de uma prática discursiva, o que quer dizer que ler é construir um sentido e não adivinhar o que está escrito. Mais recentemente utiliza-se o termo letramento para dar conta da dimensão discursiva, social e funcional da leitura.

Um bom leitor não é aquele que “entende” o que está escrito, mas é capaz de interpretar a escrita, percebendo as possibilidades de significação do escrito e conduzindo a construção do sentido a partir da articulação do texto às condições em que ele é produzido. Quem escreve, em que condições sócio-históricas, para quem, com quais objetivos, em que gênero discursivo são aspectos importantes para que a leitura possa ser experimentada em toda sua complexidade: não apenas transmitir informações, mas cumprir sua função cultural, social, expressiva e transformadora.

Portanto, aprender a ler é apropriar-se de uma prática cultural. Ler não é um dom natural. Precisamos que outra(s) pessoas(s) nos iniciem na leitura. Na escola? Aos seis ou sete anos? Absolutamente não! Mesmo habilidades naturais, as quais são mais associadas ao desenvolvimento biológico, como andar, por exemplo, requerem tempo e prática para que se constituam. Costumo dizer que para começar a aprender a ler basta estar vivo!

Levar a criança ao mundo das letras é mais que um ato de educação: é um ato de carinho e cuidado. É na família –com irmãos, avós, primos, tios- mas principalmente com os pais, que a criança desenvolve suas primeiras conquistas; é neste ninho que a criança, afetada pela relação com pai e mãe, vai iniciar seu longo caminho de crescimento. Introduzir a criança na leitura (lembremos, não significa alfabetizá-los precocemente) é um dos grandes presentes que os pais podem ofertar a seus pequenos.

Em 2008, comemoramos pela primeira vez o Dia Estadual da Leitura no Estado de São Paulo e em 2009, também pela primeira vez, o dia Nacional da Leitura. Vamos festejar todos os dias e oferecer a nossos pequenos um presente que não gasta, só fica cada vez melhor e maior e vai ser usado a vida toda: a leitura!!!

Para saber mais:

Dia da Leitura: Oficinas Brincar de Ler. http://www.ecofuturo.org.br/ ; http://www.diadaleitura.org.br/  
Nos sites você pode encontrar um bom material sobre leitura, especialmente para os pequenos, incluindo passaportes para a leitura, com dicas ótimas para pais e interessados em geral.

Por que ler para crianças pequenas: Escrevi um texto sobre bons motivos para ler para crianças pequenas, que está disponível também no site da Ecofuturo, em um livro com outros temas bem interessantes. O livro se chama “A vida que a gente quer depende daquilo que a gente faz”.

Sobre letramento, saúde e educação:

BERBERIAN, AP. MORI-DE ANGELIS, C.; MASSI, G. Letramento: Referências em saúde e educação. São Paulo: Plexus, 2006.

CALIL, E. (org.) Trilhas da escrita, Autoria, leitura e ensino. São Paulo: Cortez 2007

* Texto já publicado no site da editora SBS , no ano de 2009.

** Lucila Pastorello , fonoaudióloga, doutora em Educação pela USP, recentemente estruturou a Cia. de Leitores Públicos, que reúne pessoas interessadas em leitura em voz alta e transmissão de textos literários.

Fonte: IFono - Fonoaudiologia em Ação

sábado, 17 de julho de 2010

Pais, escolas e livros

Quando este trio estreita laços, sabemos que o incentivo à leitura está acontecendo para valer
Eu, a turma de crianças do Universitas e Flávia Poletto

Cristiane Rogerio

Vivi uma experiência muito bacana há algumas semanas. Fui convidada a um encontro com um grupo de pais na escola Universitas, na cidade de Santos, Baixada Paulista. O tema que levei para conversa foi Livro Infantil não É Livrinho: por que devemos valorizar a leitura com as crianças desde cedo. O convite nasceu de uma gentil conversa com a leitora de CRESCER Flávia Poletto, mãe de dois filhos e uma leitora assídua.

A ideia, claro, era bater um papo geral sobre literatura infantil e – nem teria como evitar – falar da minha paixão sobre o tema. E explicar que esta foi uma paixão conquistada, dia a dia, na leitura dos livros lançamentos, na conversa que tenho com escritores, ilustradores e especialistas no gênero. Uma paixão que se renova porque literatura infantil hoje ocupa um espaço enorme em minha vida.

E eu achei mesmo que ia explicar, explicar, explicar.

E, realmente, falei por uns 40 minutos sem parar sobre a importância de ler desde cedo e que livros para bebês – os de pano, os de plástico, os de poucas palavras – são um começo da relação de amor pelos livros, que curtir os livros com os filhos é uma delícia e fundamental, o perigo dos livros politicamente corretos para a formação das crianças... E os pais me olhando firmes, reagindo às minhas palavras e, o principal: atentos. Este foi um presente. Porque acreditei em cada olhar que vi ali. Afinal, somente o fato de eles terem escolhido o tema para conversar, mostra que são pais dedicados, que entendem seu papel na educação dos filhos. Parece fácil, mas não é.

Eu, cheia de informação de jornalista, livros lidos e amor pela literatura infantil voltei de Santos com um presente. Aquele encontro se tornou uma lembrança incrível. Houve muita boa conversa e as crianças (que entraram depois de serem “ocupadas” com aulas atividades físicas enquanto os pais estavam comigo) também curtiram depois, experimentando os livros que levei. Foi maravilhoso porque o que contou ali foi a intenção. Este grupo de pais foi um exemplo de como é possível e gostoso conversar sempre sobre o assunto. Seja entre eles, seja com os filhos, seja com eles mesmos, seja lendo CRESCER. Aceitem este convite sempre que puderem.

Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A leitura pelas mãos da mãe

Pesquisa: estudo com 92% da população brasileira confirma que as mães são as grandes incentivadoras das crianças no processo de ler por prazer

Sammya Araújo
Desde muito se debate na mídia, na academia e nos governos políticas de fomento à leitura no Brasil, onde a média de aquisição de livros por pessoa ainda é pífia: apenas um exemplar por ano. Mas quem seria capaz de melhor incutir nas crianças e nos jovens tão proveitoso hábito? A solução é caseira: as mães. Um em cada três leitores brasileiros tem lembrança de suas mães lendo e 49% declararam que foram elas suas grandes incentivadoras no processo de ler por prazer. Entre os menores, de 5 a 10 anos de idade, o índice salta para 73%.

A importância da influência materna foi uma das conclusões da segunda edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro, entidade fundada pelo setor livreiro, ao Ibope Inteligência. No final de 2007, foram estudados 92% da população, o equivalente a 172,7 milhões de pessoas.

Divulgado no ano passado, este é o maior levantamento sobre o assunto já feito por aqui: na primeira versão, em 2001/2002, foram ouvidos 49% dos brasileiros. Agora, Retratos... envolveu 34,7 milhões de crianças entre 5 e 13 anos e 51,5 milhões de pessoas com menos de três anos de escolaridade, faixas que ficaram de fora no levantamento anterior.

A socióloga Zoara Failla, gerente de Projetos do Pró-Livro e consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), participou da equipe técnica da pesquisa. É dela o capítulo “Os jovens, leitura e inclusão” da publicação em que foi organizada a Retratos da Leitura no Brasil. Zoara esteve em Campinas como uma das representantes da entidade durante o 17o Congresso de Leitura no Brasil (Cole).

Metrópole - Apesar dos índices ainda baixos e da ampliação do universo estudado, a pesquisa concluiu que houve aumento de leitores no Brasil.

Zoara Failla - Sim. Os leitores, considerados os que declararam ter lido ao menos um livro nos últimos três meses, passaram de 1,8% para 3,7% da população. Com todos os cuidados na análise proporcional, percebemos que houve, sim, um aumento importante.

E o que explicaria esse incremento positivo?

Nesse período, houve melhoria na escolaridade do brasileiro, o que está diretamente relacionado à frequência da leitura. Além, é claro, da política de incentivo a bibliotecas e distribuição de livros para o Ensino Médio. O melhor padrão de renda também pode estar contribuindo para isso. Mas o que percebemos é que os grandes motivadores não estão na escola. A mãe foi a figura mais citada e o pai ficou em terceiro. É dentro de casa que as crianças passam a gostar de livros.

Independentemente da escola?

A escola está em segundo lugar. Por um lado, isso preocupa, porque parece que a escola não está cumprindo seu papel de fomentar a leitura por prazer.

O papel das mães é primordial, então?

E precisa ser estimulado. Dizer às mães, “olha como é importante a sua participação, ler em casa, contar histórias para os seus filhos, presentear com livros.” Aliás, esse foi outro dado revelador: 80% dos leitores foram presenteados com livros na infância, contra 15% dos não-leitores.

Quando a senhora fala em apresentar livros para as crianças, não está se referindo a livros didáticos. Como a mãe pode categorizar que tipo de leitura é importante para formar o hábito?

A leitura nunca pode ser obrigatória. E o livro didático aparece, com exceção de alguns educadores que conseguem trabalhar isso de forma diferenciada, como tarefa. Então precisamos, principalmente, descobrir o que a criança e o adolescente gostam. Eles têm que ter livre escolha.

Como conduzir esse processo?

Você cativa alguém para algo mostrando como é gostoso, interessante. Há livros infantis maravilhosos, que a criançada adora folhear. Devemos possibilitar que elas lidem com aquelas imagens e mostrar que ali tem uma história, uma descoberta, que pode levar a um sonho, a uma fantasia. Se a mãe consegue entrar nesse mundo, com certeza vai fazer com que o filho sinta curiosidade para abrir aquele livro por si mesmo.

De que forma essa facilitação ocorre na frase pré-escolar? Pelo ato de contar histórias, pelo próprio exemplo dos pais manuseando livros...

Tudo isso. Contar histórias, porque a criança entra num reino de fantasia. Como referência, porque filhos imitam os pais. Tendo livros em casa, mostrando que são importantes. E criando jogos: pedir para a criança tentar descobrir o final da história, criar a sua versão. Introduzir aquilo em seu mundinho de brincadeiras.

Algumas obras infantis são muito caras. Há o crescimento das bibliotecas, mas o livro para a criança, como a senhora citou, é um companheiro de brincadeiras, que ela sente prazer em possuir. Como superar esse impasse?

Na verdade, as bibliotecas têm poucos livros infantis com riqueza de imagens. Mas hoje há livrarias que são verdadeiros shoppings e possibilitam que se manuseie os livros, que se leia... O desejo de ter o livro talvez até seja uma estratégia interessante para fazer com que a criança o valorize. Mas o mais importante é cativar pela história. E compre um que o seu poder aquisitivo permita.

Uma pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) apresentou recentemente uma tese defendendo o valor dos gibis na formação de leitores. Qual sua opinião?

Eu mesma aprendi a ler com gibis. Como disse antes, é importante cativar a criança com aquilo que ela gosta, e o gibi é uma forma mais lúdica de contar histórias. Possibilita principalmente que a criança perceba que é prazeroso ficar sozinha, lendo. Porque hoje elas têm muitas atividades e perderam momentos de introspecção, fundamentais para desenvolver a criatividade e despertar-lhes outras competências.

Por que a escola não consegue formar leitores perenes, que foi outra das conclusões da pesquisa?

É a obrigação, o desconsiderar a fase de leitura da criança. Você dá um Machado de Assis num momento errado. Pega uma obra belíssima e a transforma numa tarefa com questionários, em vez de permitir não só que o aluno escolha, mas interprete à sua maneira. Afinal, ele não é um crítico literário e tem que aprender a gostar primeiro. A escola peca nesse sentido. Mas já há discussão e vários cursos de formação nessa linha.

Por que ler é importante?

Além de pensar na literatura como um mundo de fantasia, de descoberta de outras culturas, de entrar no subjetivo de outras pessoas, não podemos esquecer que a leitura nos permite também acessar todo o conhecimento humano. É um mundo a ser revelado a partir de um protagonismo próprio.