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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Leitores antes mesmo de nascer

22/09/2011

Projeto piloto do Bebelendo incentiva a leitura desde a gestação e a primeira infância e já apresenta resultados

Bebês embalados por livros e histórias que os manterão conectados ao hábito da leitura por toda a vida. Esse estímulo ao contato com as histórias desde a gestação e o nascimento -- assim como a promoção da leitura entre as mães, pais e cuidadores das crianças -- é o objetivo do programa Bebelendo, inspirado também nas ações de formação de leitores das Jornadas Literárias, que já faz experiências práticas.

Desde fevereiro de 2010, o projeto idealizado por Rita de Cássica, à época professora da Universidade de Passo Fundo e hoje consultora da Unesco, é aplicado nos municípios gaúchos de Erechim e Tapejara. Hoje, cerca de 40 pessoas participam do projeto -- gestantes e bebês de famílias de vulnerabilidade social -- que tem apoio financeiro da Unesco e conta com aparatos físicos e funcionários da prefeitura dos municípios. E muitos resultados já estão sendo observados: os bebês que participaram do programa mostram maior atenção às histórias e interesse pelos livros, enquanto as mães leem mais e servem como mediadoras não só com o bebê, mas também com os outros filhos. Agora, a expectativa de Rita é conferir o resultado na fala dos bebês.

As últimas descobertas da neurociência mostram que de 0 a 3 anos acontece um importante desenvolvimento cerebral. E que pode haver mudanças de acordo com os estímulos fornecidos. “Os comportamentos dessa fase servem de base para a vida toda”, explica Rita. Através do contato com a leitura e literatura neste período, acredita-se que a criança também vai ter uma capacidade linguística mais bem desenvolvida: 50% da capacidade é hereditária, e 50% pode ser influenciada pelo meio. “Então, se as mães leem mais elas também influenciam na capacidade linguística do filho.”

O projeto propõe que desde a gestação a mulher participe de encontros semanais nas bibliotecas municipais. Em um primeiro momento, a professora Rita explica às mães a importância de estimular a leitura e a contação de histórias desde a gestação. Então, a partir do sétimo mês, as gestantes passaram a se encontrar semanalmente com duas mediadoras na biblioteca para ouvir uma história contada, aprender cantigas de ninar e parlendas – que devem contar e cantar aos bebês. Aos poucos, são estimuladas a introduzir as histórias e os livros a eles.

Passado um ano e sete meses de trabalho, os resultados são animadores. “Observamos claramente que os bebês desenvolveram comportamentos de leitores. Eles prestam muita atenção quando se contam histórias, muito mais do que os bebês que não participaram do programa”, conta Rita. Outras descobertas: o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê ficou mais forte e os pequenos também ficaram mais sensíveis à música e se movimentam no ritmo dela. Por sua vez, as mães também desenvolveram comportamentos de leitoras, retirando em média três livros por mês da biblioteca. “Agora estamos ansiosos para ver os resultados na fala dos bebês, de como as histórias estimularam a sua capacidade linguística”, diz Rita.

O programa piloto do Bebelendo vai durar ao todo três anos, contando com a parceria da Unesco. Resultado do trabalho de mestrado da professora Rita, o projeto é detalhado no livro Programa Bebelendo – uma intervenção precoce de leitura, escrito em parceria com a sua orientadora de Mestrado, a professora Tania Rösing, que também é coordenadora das Jornadas Literárias de Passo Fundo. “A grande meta é que o programa se torne uma política pública em todo o País”, entusiasma-se Rita. 

Fonte: PublishNews

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Projeto incentiva leitura para bebês

14/11/2010

Além de aumentar a capacidade linguística deve formar leitores


Uma forma de criar um vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, e aumentar a capacidade linguística da criança, além de organizar suas emoções. Esses são os principais objetivos do projeto de incentivo à leitura para bebês, criado por Rita de Cássia Tussi, que nesta semana ministrou curso no Colégio Bezerra de Menezes.

A ideia foi comprada pela Unesco e no início do ano o projeto piloto começou a ser implantado em duas cidades do Rio Grande do Sul: Erechim e Tapejara, algumas das cidades onde o PIM (Programa Primeira Infância Melhor), da Secretaria de Estado da Saúde, é aplicado.

O PIM prevê a visita semanal de agentes da saúde às famílias em vulnerabilidade social, para ensinar a mãe a brincar com seu bebê e o estimular. Com a implantação do Bebelendo, essas mães, a partir do 7° mês de gestação, passam também a visitar a biblioteca uma vez por semana. Duas mediadoras, uma com formação em música e outra com formação em arte, estimulam as mães a lerem e cantarem para seus bebês.

“No 6° mês está comprovado que o bebê já ouve. A mãe tem que conversar, cantar para o bebê e contar histórias. No começo podem ser histórias da própria mãe”, afirma a autora.

O programa acompanha a evolução dos bebês até os 3 anos de idade, e fornece livros de acordo com a faixa etária, além da sacola da gestante (com contos de fada, cd de músicas e um diário do bebê), um tapete e uma sacola que se transforma numa ‘bebeteca’, com suporte para livros, possibilitando que cada casa possa ter seu espaço de leitura.


Método traz benefícios

Tussi aplicou seu projeto no desenvolvimento do neto, com 2 anos e 5 meses. “Com 1 ano e 8 meses ele já falava de tudo. As crianças começam a falar mais cedo e melhor”. Segundo ela, os estudos indicam que o incentivo à leitura não requer técnicas especiais. “Só o fato de a mãe ler para o bebê já é válida, não é preciso técnica. A criança já é naturalmente seduzida pela mãe”.

A fisioterapeuta Valéria Martin Regazzini, 41, conta que ela e o marido começaram a ler para a filha Giovanna aos 7 meses de idade. “Ela foi alfabetizada aos 4. As coleguinhas começaram a escrever frases e ela já escrevia pequenos textos”. Atualmente, aos 8 anos, a menina possui mais de 300 livros. “Ela lê muito, gosta de frequentar livrarias. Não está tendo problema nenhum na interpretação de textos”, diz Valéria.

terça-feira, 12 de abril de 2011

‘Bebeteca’ é opção para crianças de até 3 anos

Neila Storti
neila.storti@folhadaregiao.com.br

Contribuir para a formação de futuros leitores e incentivar um espaço de descobertas para crianças de zero a três anos é um dos projetos que podem ser desenvolvidos dentro de uma "bebeteca", a biblioteca para os bebês. A bibliotecária e professora de educação infantil Cristiane de Paula Momesso Garcia Luiz apresentou esta ideia durante o curso sobre hemerotecas desenvolvido pelo Ler para Crescer. Ela realizou seu trabalho de conclusão de curso na Unesp (Universidade Estadual Paulista) discorrendo sobre o tema.
O proposta é atender as crianças menores junto com os pais e ou acompanhantes proporcionando, de forma lúdica, um encontro agradável entre o mundo dos livros e o mundo da crianças, levando em consideração as necessidades e imaginação infantil.

Segundo Cristiane, a "bebeteca" tem como objetivo principal permitir que pais e bebês vivenciem diversas formas de leitura e aprendizado, além de criar um vínculo direto com a literatura. "A ‘bebeteca’ tem a capacidade de fomentar a curiosidade e formar cidadãos futuramente mais críticos", afirma.

ORIENTAÇÕES

Para que o espaço seja compatível com seu público, a “bebeteca” deve ser um espaço de fácil acesso, com a segurança necessária para acolher os pequenos. Para o acervo é importante adquirir livros que agradem as crianças."Os adultos se esquecem de que quem tem que gostar dos livros são elas”, lembra a bibliotecária.

A dica é verificar as novidades do mercado editorial e abastecer a "bebeteca" com um pouco de tudo. Livros com imagens do cotidiano e da realidade das crianças são interessantes. Cores e formas, animais, com textura e até cheirinho de frutas são atrativos.

Um dos pontos mais importantes para que o projeto tenha sucesso é com relação aos cuidados com a manutenção, segurança e higienização do local. Além da limpeza diária para ficar livre do cheiro de pó, o ambiente deve estar sempre com todos os materiais esterilizados. "Pode-se adotar como parâmetro as metodologias de higienização e esterilização das brinquedotecas, pois os materiais apresentam semelhanças, já que são livros de plástico, tecido, cartonados, entre outros.

Para Cristiane, uma das garantias desse trabalho é a contribuição para a educação. "Meu maior prazer é saber que os primeiros passos serão dados e que mais para frente os frutos irão render cidadãos fortificados pelo estudo em sociedade mais crítica", finaliza.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Especialistas defendem que pais leiam para filhos a partir dos 6 meses, porque melhora a cognição e o desempenho escolar

Livros com abas, que abrem janelas e são mais resistentes são
os ideais para os bebês pequenos / Foto: Simone Marinho.

Simone Intrator

Ler ou não ler para o bebê, eis uma questão que David Dickinson, doutor em educação pela Universidade de Harvard, e Perri Klass, pediatra, escritora e professora de pediatria e jornalismo da Universidade de Nova York, garantem saber responder. Sim, deve-se ler e muito, a partir dos 6 meses de vida, mas sem deixar os olhinhos do neném arregalados com a maluquice de Hamlet ou as desgraças de Rei Lear. A recomendação dos super-especialistas é incluir, em meio à troca de fraldas, a mamadeiras, passeios e choros, o folhear diário das páginas de um livro apropriado para aquela faixa etária, cheio de cores e figuras (hoje não faltam opções nas prateleiras). Para eles, esta é a melhor forma de desenvolver a inteligência da criança e a sua linguagem oral e escrita, preparando-a para a alfabetização e aprimorando sua capacidade de aprender.

Que fique claro: a ideia não é transformar o bebê num minigênio. Os especialistas, que apresentaram pesquisas científicas na Bienal de São Paulo na semana passada provando como a leitura interfere no desenvolvimento cognitivo da criança, querem prazer e interação ao som da narrativa dos pais. Os benefícios desse ritual são insubstituíveis. Não adianta só conversar com a criança ou passear descrevendo as paisagens nem inventar aventuras. Tem que ler, mostrar formas e cores e fazer perguntas ao bebê o tempo todo, estimulando sua participação.

Dickinson e Perri vieram para cá a convite da ONG Instituto Alfa e Beto (IAB), em São Paulo, e abraçaram a iniciativa da criação de uma biblioteca para bebês e o lançamento de uma cartilha com dicas das técnicas de leitura mais adequadas para cada fase. O objetivo é tornar os livros mais acessíveis também às classes sociais mais baixas, porque Oliveira acredita que o ciclo vicioso da pobreza também passa pelo ciclo vicioso da transmissão da linguagem. O IAB também criou um catálogo com 600 títulos (sim, 600!, uma média de dois por semana, dos 6 meses aos 6 anos, cerca de 100 por cada faixa etária) para serem lidos antes do ingresso ao ensino fundamental. O objetivo não é listar os melhores livros, mas, sim, dar uma ideia para os pais dos tipos de publicação adequados para a idade de seus filhos.

- O texto escrito possui uma variedade de vocabulário e uma complexidade sintática que não é encontrada na linguagem oral, nem mesmo na fala informal de adultos com curso superior - explica o fundador do IAB, João Batista Oliveira, psicólogo com PhD em Educação. - Todos os estudos mostram que expor a criança desde cedo aos livros contribui para o desenvolvimento da linguagem e, consequentemente, para o seu sucesso escolar. A formação do hábito de leitura também é importante para que a criança se torne um ávido leitor, outro fator fortemente associado ao sucesso escolar.

Mas, para tranquilizar quem perdeu o primeiro bonde, Oliveira garante que nunca é tarde para começar. Só ressalta que, quanto antes o hábito fizer parte do dia a dia da criança, melhor:

- Além de desenvolver diversas competências ligadas à alfabetização e à linguagem, a leitura também fortalece o vínculo das crianças com os pais: eles gostam de ler com os pais porque gostam dos pais. Mas a leitura deve ser participativa. Um dos aspectos mais importantes é envolver a criança, desde cedo, no processo de escolha de livros. Pergunte sempre qual a criança prefere, deixe que ela manifeste seus interesses ou crie novos. A escolha leva ao compromisso - garante o fundador do IAB.

Pelas pesquisas americanas apresentadas, das 12.500 crianças que fizeram teste de vocabulário aos 5 anos, as de famílias mais pobres tinham quase um ano de atraso; as que já tinham hábito da leitura em família aos 3 anos aumentaram o vocabulário em pelo menos 2 meses; e visitas mensais à biblioteca aumentaram o vocabulário de todas elas em 2,5 meses. Essa riqueza no repertório vai se refletir no desempenho escolar e no comportamento social. "Crianças que se atrasam nas séries iniciais correm o risco de permanecerem atrasadas ao longo do processo escolar", definiu Perri em sua apresentação. Além disso, para a pediatra, "ler para os filhos desde cedo ajuda a criança a ver os livros como fonte de prazer e de informação".

O neurofisiologista Mario Fiorani, do laboratório de Fisiologia da Cognição do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ, com pós-doutorado no National Institutes of Mental Health do National Institutes of Health, nos EUA, não é, de forma alguma, contra o incentivo à leitura. Mas acredita que não é só a educação formal que molda as pessoas.

- Só as habilidades linguísticas não bastam, mas a leitura pode ampliar horizontes de forma inimaginável. Isso depende, porém, de senso crítico, que pode ser inato (natural do indivíduo) ou aprendido informalmente no convívio familiar. Caso contrário, a leitura pode produzir um leitor 'compulsivo', sem grandes ganhos.

Sobre o desenvolvimento da cognição, Fiorani diz que a leitura amplia o horizonte no campo da linguagem:

- Mas os aspectos cognitivos dependem de muitos outros fatores, tanto inatos quanto adquiridos. A leitura é um bom estímulo cognitivo para melhorar o conhecimento do mundo que nos cerca. Estimula a imaginação e o leitor pode parar para pensar no que está lendo quando quiser, o que permite uma melhor elaboração do conteúdo. Mas as pessoas podem desenvolver o hábito de leitura e aprimorá-lo em qualquer idade. O estímulo precoce só vai tornar tudo mais fácil. A leitura não é um fim mas, sim, um meio. O conhecimento é uma meta.

Fonte: O Globo

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma biblioteca para bebês no Recife

Estado é um dos primeiros do país a ganhar um espaço de leitura voltado para primeira infância, período que vai de zero a seis anos

Mirella Marques

Quando a educadora Lílian Veiga começou a ler historinhas para sua primeira filha, Sofia, chamou a atenção dos familiares. Afinal, Sosô, como é chamada, era apenas uma recém-nascida. Hoje, aos oito meses de idade, basta olhá-la para perceber o quanto a pequena gosta dos livros. A mãe não poupa esforços e, além de entonação diferenciada, sempre utiliza bonecos ou musiquinhas nas contações. É um momento de relax, lazer e também de estímulo. Achou estranho? Pois Pernambuco é um dos primeiros estados brasileiros a ganhar uma biblioteca da primeira infância (período que vai de zero a seis anos de idade). A experiência, iniciada na comunidade de Vasco da Gama, Zona Norte do Recife, vem dando certo, de acordo com o Instituto Brasil Leitor, responsável pela unidade. Contar historinhas, segundo os especialistas em educação, estimula o desenvolvimento do gosto pela leitura. Mesmo em quem ainda nem sabe falar.

Antes de sair correndo atrás de um livro para o seu bebê de trêsmeses, saiba que eles não vão compreender toda a história. Óbvio. Mas saiba que a entonação diferenciada usada para a leitura vai colocá-lo em contato, desde cedo, com o mundo dos livros. Por mais inocente que pareça, sentar com a criança de colo e ler faz com que ela desenvolva a oralidade/linguagem, a concentração e a atenção, a percepção e a criação do saudável hábito da leitura. E nem precisa ter sempre um livro à mão. Inventar historinhas desde que o bebê esteja focado no assunto também é uma boa, ensinam as pedagogas. Basta prestar atenção a algumas regrinhas.

Sofia, hoje com oito meses, escuta histórias desde recém-nascida.
Sua mãe, Lílian Veiga, que é educadora, diz que a pequena gosta de livros
Foto: Juliana Leitão/DP DA Press

"Os pais devem caprichar na entonação, utilizar encenações com fantoches ou músicas e escolher histórias curtas. Além disso, devem ter prioridade os livros grandes, de borracha, com figuras ou bonecos que a criança possa ver e interagir com eles", explicou a coordenadora pedagógica do ensino infantil da Escola Primeiro Passo, Mariana de Carvalho. Os pais da pequena Manuela Maranhão, de dois anos, seguiram à risca as dicas. Hoje o presente que elamais gosta de ganhar são livros. Ela adora historinhas e já virou fã da Chapeuzinho Vermelho.

De acordo com Mariana de Carvalho, é desde bebê que se forma o leitor. Na escola onde trabalha, localizada no bairro de Setúbal, a turma ninho, destinada aos alunos de um ano, frequenta a biblioteca uma vez por semana. Isso mesmo. "Na biblioteca, além de livrinhos e revistas, eles também podem brincar com fantoches e outros bonecos. O lúdico deve caminhar com a aprendizagem nessa faixa-etária", disse.

Mas não é preciso estar matriculado em colégio particular para ter acesso à leitura. Na comunidade de Vasco da Gama, na Zona Norte do Recife, está localizada a Biblioteca para Primeira Infância Clélio Queiroga. A unidade realiza contação de histórias com 150 crianças de até seis anos. O espaço é público, oferece um acervo de 720 livros e funciona das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira.

"Desde o momento em que o bebê nasce e abre o olho é capaz de ler. Primeiro, ele faz a leitura do mundo por meio das expressões faciais e da voz da mãe. É importante fazer, além da leitura, conexões com brinquedos, já que nos primeiros meses de vida a criança vive num mundo muito concreto. Os pais ou educadores podem deixar, inclusive, que o bebê coloque o livro na boca, por exemplo", afirmou a diretora do Instituto Brasil Leitor, responsável pela biblioteca pernambucana, Ivani Nacked. A Biblioteca da Primeira Infância fica na Rua Alto do Eucalipto, número 20, Vasco da Gama.

Matéria publicada e 25/04/2010

sábado, 17 de julho de 2010

Livro desde bebê, sim!

Há quem ainda não leve "a sério" a investida em livros para os bebês

Cristiane Rogerio

Muitas pessoas me perguntam se pode ou se espantam quando eu indico livros para bebês. Não apenas isso. Surpreendem-se quando indico livros para bebês como um ato de incentivo à leitura. E por que não?

Estou lendo esta semana o livro Confusão de Línguas na Literatura: O que o Adulto Escreve, a Criança Lê (Ed. RHJ), de Ninfa Parreiras, uma especialista no assunto, claro. Há um trecho do livro que todos nós temos que “absorver” e vale muito a pena pela clareza como ela expõe. Diz assim:

“Por que não damos um livro a um recém-nascido? Talvez porque não o valorizamos, nem lembramos da relação que a criança pode e deve ter, desde muito cedo, também com esse objeto. Quando oferecemos a um bebê de dias um bichinho de pelúcia, ele ainda não vai explorá-lo. Só muito mais tarde irá agarrá-lo, embalá-lo, dar-lhe de comer, levá-lo a passear: num jogo simbólico cada vez mais elaborado”. Ela quer dizer que dar um livro a um bebê, seja aquele na hora do banho, seja o cartonado que ele põe na boca, na cabeça, senta em cima, joga para o lado, não importa: ele vai se lembrar do livro. E vai dar o significado que nós adultos – a sua referência – damos ao livro.

Ela continua depois: “Se, por um lado, a relação com os brinquedos se dá com o próprio desenvolvimento das crianças, assim pode ser com o livro também: mais tarde, a criança vai se interessar pelas ilustrações, pela sequência das imagens, não vai mais rasgar as páginas, nem morder os cantos dos livros. O livro passa a ser um objeto por ela querido e a leitura vai entrando lenta e naturalmente em sua vida, permitindo-lhe, cada vez mais, brincar, participar, opinar”.

Eu adorei a parte do “o livro passa a ser um objeto querido”. Porque é exatamente essa relação de afeto que cabe ao adulto criar para a criança. Eu, quando pego um livro novo, passo sempre a mão na capa, aliso, olho em volta, aí então abro e o conheço melhor. E, os livros que mais amo, vivem abraçados por mim (até as cópias que estão na livraria, devo confessar!).

Alguém aí ainda tem alguma dúvida?

Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bebeteca estimula a leitura nas creches

Bruna Gonçalves
Diário do Grande ABC

A importância da leitura não é novidade. Mas muitos desconhecem que o estímulo e o interesse pelos livros começa muito cedo, antes da idade pré-escolar, ainda bebê. Para tanto, decoração e mobília atraentes. Esse é o conceito das bebetecas, bibliotecas escolares voltadas a crianças de até 3 anos.

Há um ano e meio, a Prefeitura de Ribeirão Pires investiu na criação desse espaço nas 15 creches, atendendo 1.360 alunos dessa faixa etária.

Segundo a secretária de Educação e Cultura, Rosi Ribeiro de Marco, o objetivo é a formação de novos leitores. "A preocupação é despertar o interesse na criança, que só acontece na pré-escola, mas aliada à diversão. O acervo é diversificado, com livros de sons, texturas, formas e histórias de animais", disse.

A intenção da secretária é também estimular a participação da família. "Todo fim de semana os alunos levam para casa um livro. Sabemos que muitos trabalham, mas é importante esse momento com os filhos."

Para a professora de literatura infantil Renata Junqueira de Souza, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente, a família é a primeira mediadora da leitura. "Os pais precisam ser leitores e estimular os filhos. Não podem deixar essa função apenas para a escola", disse a professora, que afirma que falta o hábito da leitura na sociedade brasileira.

COLORIDO - Cores atraentes, prateleiras baixas cheias de livros com capas coloridas, texturas diferentes, pinturas na parede, alguns brinquedos e bichinhos de pelúcia espalhados pela sala e um tapete de borracha. É nesse ambiente que as crianças da Emei Angelina Denadai Bertoldo, em Ribeirão Pires, têm os primeiros contatos com o mundo literário. Segundo Renata, pesquisas mostram que crianças ‘apresentadas'' a livros desenvolvem a fala mais depressa.

Segundo a diretora da escola, Lígia Gallo, todos os dias os alunos visitam o espaço. "As crianças permanecem por meia hora. Há momentos em que a professora conta uma história. Em outros, os alunos é que escolhem um livro ou simplesmente mantêm contato com o acervo", disse.

Para a diretora, as crianças ficam animadas para esse momento. "Elas entram já interagindo, por conta do ambiente colorido, que chama a atenção", contou Lígia, que durante as reuniões tenta conscientizar a importância da leitura para os pais.

BENEFÍCIOS - Para a coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Maria Angela Barbato Carneiro, a bebeteca estimula o desenvolvimento da memória, da linguagem, do raciocínio, além da interação com as crianças.

São Bernardo e Diadema possuem acervos para bebês

Em São Bernardo, as escolas contam com bibliotecas que possuem acervo para crianças até 3 anos. Segundo a chefe de seção das bibliotecas escolares, Maria do Carmo Cardoso Kersnowsky, o local possui livros de acordo com a idade. "Nessa faixa etária, priorizamos os livros de banho, de bichinhos e fantoches para estimular o interesse pela leitura. Ao todo são 35 bibliotecas nas escolas. As que não possuem, tem espaço com livros."

A coordenadora pedagógica Dislene Sousa, da Emeb Cecília de Oliveira Turbay, no Riacho Grande, explica que há o projeto Biblioteca Circulante, em que o livro é levado para casa. "A criança fica por uma semana com o livro. Há uma rotina na escola, em que vão duas vezes por semana à biblioteca."

A Prefeitura de Diadema informou que nas 15 creches há espaços voltados para a leitura e um brinquedista que realiza atividades com os alunos.

Santo André informou que não possui e as demais prefeituras não responderam.

Pais aprovam iniciativa em creches da região

Muitos pais admitem que o desenvolvimento dos filhos melhorou após o contato com os livros. O coordenador de produção, Edílson Aparecido Gimenes, 42 anos, de Ribeirão Pires, notou a diferença nos filhos gêmeos de um ano e meio. "Há um interesse maior. No fim de semana, quando chegam com os livros, ficam ansiosos para a leitura. Mostro sempre as imagens, a escrita e a atenção é total. Além disso, procuramos deixar umas publicações em casa, de fácil acesso", disse.

A professora de Ribeirão Pires Luzinaide Mota Klen, 35, mãe de um menino de um ano e nove meses, admite que ele está desenvolvendo a fala melhor que os outros dois filhos que não tiveram o contato com livros. "É estímulo importante. Há vezes em que ele não deixa eu fazer janta para ficar contando histórias", explicou.

O incentivo no ambiente escolar desde pequeno é fundamental, na opinião da técnica em nutrição Giuliana de Oliveira Tibério, de Ribeirão Pires. "Nem sempre há tempo em casa, e começar a estimular a leitura ainda pequeno traz um resultado benéfico", disse a mãe de um menino de um ano e sete meses.

Para a psicóloga Márcia Murinelly Gomes, 48, de São Bernardo, os livros ajudam no desenvolvimento da imaginação e da fala. "Em casa, tenho uma estante com vários livros para estimular minha filha, de dois anos e oito meses. É nesse momento que começa a despertar o gosto pela leitura."

Especialistas dão dicas de como estimular a leitura em casa

Mesmo que a escola não ofereça uma biblioteca ou os pais não tenham condições de comprar livros, a coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Maria Angela Barbato Carneiro, dá algumas dicas de como os pais podem improvisar.

"O que importa é o contato da criança com as cores, figuras e texturas. Isso não é encontrado apenas nas livrarias", disse.

Segundo a coordenadora, os pais podem usar embalagens de papelão e recortá-las em vários formatos e tamanhos. Ela também sugere pegar tecidos de várias texturas e colocar no papelão para que a criança conheça as diferenças por meio do tato. "São pequenas coisas que fazem com a criança exercite a estimulação visual e sensorial, além da imaginação e do raciocínio. Assim ela irá conseguir diferenciar no futuro com mais facilidade."

Publicado em 4 de julho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

Fraldas e livros: a leitura desde a primeira infância

Izaura da Silva Cabral
Licenciada em Letras pela UNISC, Mestre em Letras/Leitura e cognição pela UNISC, professora de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Espanhola do Instituto Estadual de Educação Ernesto Alves. E-mail: iza-cabral@hotmail.com

publicado em 24/10/2009

Resumo

Apresentamos uma reflexão sobre a importância de colocar os pequenos, bebês mesmo, em contato com a leitura, com o prazer do contato com as letras. Isso jamais será uma perda de tempo, mas um investimento para a formação de futuros leitores.

Palavras-chave: leitura, primeira-infância, livros.

Abstract

We present a reflection on the importance to place the small, babies same, in contact with the reading, the pleasure of the contact with the letters. This never will be a loss of time, but an investment for the formation of reading futures

Word-keys: reading, books, childrens.

Acredite quem quiser, mas não perdemos tempo ao ler para quem ainda não aprendeu a falar. Não podemos dizer que haja uma idade para começarmos o incentivo à leitura. Mas ela também se torna muito interessante até mesmo de zero a três anos.

Segundo Priolli (2008, p. 10), os pequenos podem até não entender todo o enredo de uma história, porém a leitura em voz alta os coloca em contato com outras dimensões das linguagens oral e escrita, percebem que a fala coloquial é diferente daquela usada numa leitura, que tem cadência, ritmo e emoção e que também as histórias tem início, meio e fim.

Para alguns teóricos, as crianças que desde muito cedo tem livros ao seu alcance, provavelmente se interessarão pela leitura na vida adulta. Ana Maria Machado (2002, p. 10), fala de suas lembranças em relação à leitura na infância e a relação com momentos afetivos, destaca que essas lembranças infantis ficam muito nítidas e duráveis e isso talvez ocorra porque a memória das crianças ainda está tão disponível e virgem que as impressões deixadas nela ficam marcadas de forma muito profunda, ou talvez por que essas impressões sejam muito carregadas de emoção.

Além disso, segundo a autora citada acima, muitos adultos dão testemunho disso: as experiências positivas de leitura na primeira infância produzem bons leitores adultos. Dessa forma, começar o incentivo à leitura pelos nossos bebês seja um grande passo para a contribuição de futuros adultos leitores.

Para Priolli (2008, p. 13), existem muitos benefícios em colocar os pequenos em contato com os livros. Várias funções psicológicas podem ser desenvolvidas, como por exemplo, a memória e a capacidade de estruturar informações. A leitura em voz alta desperta a sensibilidade para diferentes formas da fala e ainda tem o efeito sobre a chamada atenção seletiva - a capacidade de se desligar de outras fontes de estímulo mantendo-se concentrada em uma só atividade por períodos mais longos.

Além desses benefícios, o mundo do “era uma vez...” traz ao pequeno uma noção de temporalidade, que por vezes nessa idade não é muito perceptível. Sem falar da relação de afeto que envolve a leitura quando é feita, principalmente por familiares, este é um momento de prazer, já que o familiar seja pai, mãe, avós, tios, dispensam aquele tempo especial para o pequeno e ele se sente valorizado, amado, importante. Pois a criança, muitas vezes, não presta tanta atenção no enredo, mas na voz que conta, na sua entonação, nas feições do rosto, nos movimentos de quem fala. Citamos o exemplo do escritor Milton Hatoum, que segundo Gurgel (2008, p. 2), quem mais estimulou a sua imaginação, não foi um livro ou uma biblioteca. Foi a voz de seu avô. O primeiro livro que leu foi um livro escutado. Foi uma narrativa oral. A semente plantada nele, o amor pela literatura, foi trazida pela oralidade, pela voz de seu avô.

Além da leitura oral feita por um adulto, o simples manuseio do livro, seja de papel, de plástico ou de tecido é importante, porque coloca os pequenos em contanto com a linguagem escrita e logo cedo já começam a identificar sinais gráficos.

Durante a primeira infância as crianças passam por transformações que podem ser percebidas diariamente e a sua compreensão também está sempre mudando. E é aí que entram os clássicos universais que por serem atemporais são sempre atuais e são capazes de envolver os pequenos leitores.

Também é importante salientar que os momentos de leitura com pequenos devem ser dinâmicos, com duração variável. Criatividade não pode faltar. Já que se esse momento se torna uma diversão, os livros acabam se transformando tão atraentes quanto os brinquedos e brincadeiras. É sempre bom preparar o ambiente para esse momento tão especial, apagar as luzes, criar um cenário, trazer brinquedos que possam ilustrar a história, etc.

Os livros cumulativos aqueles que trazem muita repetição e que aos poucos vão aparecendo novos elementos funcionam muito bem com os bebês, porque seus enredos se tornam mais fáceis de memorizar. Podemos citar o exemplo do livro Dona Baratinha, recontado por Ana Maria Machado (2004), toda criança pequena fica encantada com essa história. O narrador a todo o momento questiona sempre repetindo os mesmos termos “quem quer casar com Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?”. As informações trazidas pelo narrador que variam são somente os personagens que se candidatam a noivo de Dona Baratinha, animais em sua maioria domésticos ou mais ou menos conhecidos pelas crianças o que as aproxima também da identificação com a história. A resposta da protagonista vai sempre se repetindo após o animal sinalizar através do uso das onomatopéias (miau-miau, au-au-au, bé-é-é) como faz à noite: “Ai, não! É muito barulho não me deixa dormir”. Além de apresentar inúmeras características de uma obra que agrada as crianças, Dona Baratinha é um clássico, e por isso é também tão atual.

Assim quando a relação bebê versus livros se torna prazerosa, divertida, só tende a formar um futuro leitor, pois seres humanos gostam de reviver emoções que lhes dão prazer, como por exemplo, quando comem uma boa comida em um restaurante, certamente voltarão para apreciá-la mais uma vez. Assim também acontece com os livros.

Para finalizar, podemos dizer que livros e fraldas devem combinar sempre, pois para a formação de bons leitores adultos é importante colocar desde cedo os pequenos em contato com a leitura. Dessa forma, eles criam o hábito de escutar histórias, valorizando o livro como fonte de conhecimento e entretenimento. A escuta de histórias oportuniza momentos de prazer em grupos ou em família, enriquece o imaginário, amplia o vocabulário, além de familiarizar a criança com a leitura, uma prática valorizada pela sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GURGEL, Luis Henrique. Não há literatura sem memória. In: Na ponta do lápis. São Paulo: CENPEC, 2008.

MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

____________. Dona Baratinha. São Paulo: FTD, 2004.

PRIOLLI, Julia. Fraldas e livros. In: Nova Escola. Ed. Especial. n. 18. São Paulo: 2008

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Projeto "Meu Broto de Leitura", no Berçário Municipal Mãe Cristina, em Marília, no interior de São Paulo

“É na primeira infância que se formam futuros leitores”, afirma a pedagoga Creuza Soares, que implantou o projeto Meu Broto de Leitura no Berçário Municipal Mãe Cristina, em Marília, no interior de São Paulo.

O Projeto Meu Broto de Leitura: Leitura de Histórias, Contos, Poesias... para Bebês é desenvolvido, desde 2006, no Berçário Municipal Mãe Cristina, em Marília, São Paulo. Sacolas de tecido com livros são enviadas aos pais, juntamente com uma orientação e explicação do projeto, para que eles no fim de semana façam a leitura desses livros para seus filhos. Em 2008, o projeto foi um dos cinco finalistas do Prêmio Viva Leitura e inaugurou a Bebeteca Lu Martinez.
 
Missão do Projeto

Este projeto foi pensado como forma de se abrir caminhos para a promoção da leitura, acreditando que os bebês podem construir uma relação carregada de significado com o livro, quando este tem um vínculo familiar, a partir do uso da biblioteca de classe, estabelecendo estímulos e ligações, valorizando relações através de relatos, campanhas, situações de leitura feitas pelos pais e toda a comunidade escolar.
 
O projeto é realizado no Berçário Municipal Mãe Cristina, localizado na Rua Coronel José Brás nº 536 - Bairro Boa Vista, CEP: 17501-570 em Marília (SP)
contato@meubrotodeleitura.com.br
http://www.meubrotodeleitura.com.br/

Fonte: Meu Broto de Leitura

Faz-de-conta para entender o mundo

Especialistas garantem: ouvir histórias desde a primeira infância estimula a criatividade, facilita o aprendizado e ajuda os pequenos a compreenderem o universo ao seu redor

Por Paula Desgualdo

Era uma vez um bebê que cresceu em meio a bruxas, castelos e fadas. Das letras, ainda estranhas aos seus olhos curiosos, nada conhecia. A ele, bastava sentir a magia na voz de quem narrasse uma fábula para mergulhar em um jogo de aventuras e descobertas. Assim como nos contos de fadas, essa é uma história com final feliz. É que, como você verá a seguir, estimular a imaginação dos pequenos ainda no berço pode ajudar, e muito, a desenvolver a sua criatividade e a compreensão que eles têm do mundo.

“A primeira leitura que a criança faz é a do rosto dos pais”, afirma Ivani Capelossa, idealizadora do projeto Biblioteca da Primeira Infância, do Instituto Brasil Leitor, em São Paulo. “O tom de voz, as expressões de alegria e espanto que eles demonstram ao ler e contar causos para os pequenos são o início de um longo caminho de aprendizado”, completa.

Por mais que a criança não consiga entender a história ou absorver todos os detalhes, ela aprende uma novidade toda vez que ouve um conto – principalmente se ele for repetido dezenas de vezes, como a meninada gosta. Nos primeiros contatos com as narrativas, sejam elas cantigas de ninar ou historietas, os bebês começam a trabalhar a memória e a capacidade de organizar informações. “Quando percebem que as histórias têm começo, meio e fim, eles estabelecem pela primeira vez a idéia de temporalidade”, exemplifica a pedagoga Eleusa Leardini, professora da Universidade São Francisco, no interior de São Paulo.

Segundo a especialista, que defendeu uma dissertação de mestrado justamente sobre contar histórias na educação infantil, a magia da literatura para pequenos não só desperta a curiosidade como também contribui para o desenvolvimento de aspectos sociais e cognitivos na infância. Ela defende, ainda, a idéia de que é preciso estabelecer uma relação com o livro desde os 6 meses – a partir do momento em que a criança consegue se sentar sozinha. “Bebês fazem uma pseudoleitura, ou seja, eles olham as imagens e criam a sua própria história”, diz.

Meninas e meninos mais novos têm uma capacidade de compreensão limitada. A ficção, nesse caso, é uma forma de conhecer e experimentar sensações que ainda não fazem parte do repertório infantil. “As crianças se projetam nas personagens e vivenciam alegria, medo, tristeza, saudade”, comenta Eleusa. Assim, os pequenos começam a moldar as suas reações diante das eventualidades que acontecem em sua própria vida. Reconhecem, por exemplo, que o medo do escuro de seu quarto é o mesmo que sentiram quando o lobo tentou devorar a menina Chapeuzinho Vermelho.

Além dos benefícios que as narrativas proporcionam para o desenvolvimento da criançada, não há como negar que elas são uma ferramenta e tanto para estreitar os laços de afetividade entre quem conta e quem ouve. “Ouvir e contar histórias é um tipo de amor muito especial”, resume a escritora carioca Ana Maria Machado. Isso porque narrador e ouvinte precisam estar atentos e totalmente entregues a essa atividade. “É um momento em que a criança se sente respeitada nas suas necessidades”, explica Alessandra Giordano, professora do curso Contar e Ouvir Histórias, do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.

Sem contar que, se os pequenos tomarem gosto pela ficção desde cedo, a chance de se tornarem leitores só aumenta. Caso exemplar é o da escritora paulista Lu Martinez, que narrava historinhas para o filho, Gabriel, enquanto ele ainda estava no acalento do útero. Depois que o menino nasceu, as seções de contação ficaram mais freqüentes e o garoto começou a pedir que a mãe repetisse as histórias do dia anterior. Por causa das exigências de Gabriel, Lu passou a registrar as ficções que inventava. Suas anotações renderam sete livros – três deles já foram publicados. “É na primeira infância que se formam futuros leitores”, afirma a pedagoga Creuza Soares, que implantou o projeto Meu Broto de Leitura no berçário municipal Mãe Cristina, em Marília, no interior de São Paulo. Este ano, Creuza inaugurou uma Bebeteca, que, aliás, ganhou o nome da escritora Lu Martinez.

sexta-feira, 5 de março de 2010

E você...lê para o seu bebê?


Eliana Ceia
Consultora educacional

Ao lhe colocarem esta questão, muito possivelmente, em vez de uma resposta, irá deparar-se com uma outra questão... Mas se os bebês não podem aprender a ler, por que razão devemos dar e ler livros aos bebês? De facto, não é algo assim tão despropositado e a resposta não é assim tão complexa. Simplesmente porque ler não é fácil, e porque para se aprender uma tarefa difícil é preciso ter vontade de aprender e praticar muito. Devemos dar livros aos bebés para criar a curiosidade e o desejo de saber o que dizem os livros. O bebê aprende a falar porque ouve as outras pessoas a falarem. Para aprender a ler é necessário que veja e ouça as outras pessoas a lerem.

Estudos recentes (cf. Raikes, H. (2006). Child Development. News release, Society for Research in Child Development) mostram que os bebês recém-nascidos, com apenas alguns dias, são receptivos à leitura. A investigação evidencia também uma associação positiva entre a leitura aos mais novos, logo desde cedo na infância e, mais tarde, um bom desempenho escolar das crianças. As vantagens são muitas...

· A leitura cria uma ligação entre os pais e o bebê;
· Promove a aquisição de capacidades linguísticas e de escrita;
· Melhora a compreensão linguística;
· Promove o desenvolvimento cognitivo;
· Os sons e ritmos das histórias contadas e encenadas são importantes e reconfortantes para os bebês.

Através da leitura os mais novos têm acesso a um mundo de experiências, ajudando-os a serem leitores assíduos mais tarde. E porque não começar logo nos primeiros dias de vida?

Uma leitura breve, de apenas alguns minutos, estabelecendo uma rotina diária. O tempo de leitura poderá aumentar em função da maior capacidade de concentração da criança.

E... onde? Quando..? Não importa o local, ou a altura do dia: de manhã, à tarde, antes da sesta ou ao anoitecer... no consultório, à espera do pediatra, no jardim mas, sobretudo, em casa. Comentar as imagens e, mais tarde, fazer perguntas sobre o texto e as ilustrações é também bastante positivo.


Os livros cartonados com folhas robustas proporcionam aos mais novos o descobrir de uma nova atividade: folhear. Estes poderão ser o ponto de partida para as primeiras histórias, depois em livros de todas as dimensões e texturas (e alguns até com aromas) as palavras e frases vão-se tornando mais densas e complexas à medida que a atenção aumenta.

As bibliotecas são um excelente recurso para os pais: nelas encontram não só uma grande variedade de livros dedicados aos mais novos, mas também várias iniciativas de promoção da leitura, em alguns casos dirigidas em exclusivo a famílias. Também algumas livrarias dispõem de espaços onde os mais novos podem experimentar os livros.

Uma pequena biblioteca destinada apenas aos livros infantis poderá começar a ser construída ainda antes do nascimento do bebê. As crianças aprendem a ler com mais facilidade quando têm ao seu dispor materiais de leitura e oportunidades para os explorar. Ter livros em casa, ver os adultos a ler durante os tempos livres e ir à biblioteca é uma boa receita para o sucesso.

Aprender a ler e a escrever, tal como tudo, leva o seu tempo. Quem aprende necessita da ajuda de outros e de tempo para treinar. À medida que se vai aprendendo, a necessidade de ajuda tende a desaparecer e a criança fica mais autônoma e independente.

Fonte: Cnoti

Leitura: a melhor opção para seu filho

Danielle Cassiano
Era uma vez... Essas três palavrinhas mágicas têm o poder de criar mundos e despertar a imaginação de pequenos ao lerem ou ouvirem muitas histórias infantis. A partir disso, castelos e princesas vão surgindo, lobos-maus e vovozinha também trazem o cenário e a fantasia para a vida de cada pequenino com a ajuda de seus personagens.

É por meio do incentivo a leitura desde a infância, que as crianças podem começar a construir sua própria personalidade, pois além de ser uma atividade divertida, o enredo das historias traz para os leitores mirins conceitos sobre o certo e o errado e o bem e o mal - na maioria das vezes através da conduta dos personagens apresentados.

Larissa Oliveira, de dez anos, é uma leitora assídua de livrinhos de coleções bíblicas em casa e afirma que adora ler “principalmente as histórias da Bíblia”, e que na escola quando a professora pede para ler um texto, fica treinando bastante pra ler melhor.

A criança que pratica o hábito da leitura desde cedo desenvolve mais rápido o senso critico, a auto confiança, e adquire maior facilidade em entender o mundo que a cerca, da mesma forma que no aspecto estudantil a dicção é mais bem trabalhada à medida que este hábito é feito com freqüência.

São inúmeras as vantagens do incentivo a leitura para as crianças, no entanto essa iniciativa tem maior eficácia quando começa em casa. Os pais tornam-se parte essencial para que este método de melhoria na vida dos filhos dê bons frutos a médio e longo prazo.

Pais que estimulam a leitura ensinam os filhos a reconhecerem e se habituarem ao ambiente em que vivem e a desenvolverem atitudes que os influenciarão até a vida adulta. Em alguns casos, esse interesse é o reflexo do que se tem em casa, por isso, é necessário que os pais viabilizem o acesso dos pequenos herdeiros a todo material de leitura tais como revistas e livros.

Para a mãe de Larissa, Adenalia Nascimento Oliveira, ler é muito importante. “Eu sempre incentivei minha filha a ler e mesmo quando ela era menor, a presenteava com livros de gravuras coloridas. Acho importante, porque além de ser fundamental para ela agora em seu desenvolvimento escolar, antes ela já se familiarizava com as cores e desenhos”.

Para a mãe de Larissa, Adenalia Nascimento Oliveira, ler é muito importante. “Eu sempre incentivei minha filha a ler e mesmo quando ela era menor, a presenteava com livros de gravuras coloridas. Acho importante, porque além de ser fundamental para ela agora em seu desenvolvimento escolar, antes ela já se familiarizava com as cores e desenhos”.
A interação da familia na hora da leitura é
muito importante, além de divertida

Segundo Noelice Francisca de Sousa, coordenadora de uma escola de Ensino Fundamental na Região do ABC, para que a perfeita alfabetização infantil aconteça na vida de uma criança, é necessário existir um trabalho em “equipe. “A relação dos pais, com os educadores e também com os métodos de ensino que a escola adota tem que andar em harmonia para que desenvolvimento criança seja contínuo”, explica.

 Atualmente, com a ajuda de mecanismos tecnológicos e até mesmo com novas ferramentas didáticas, as escolas têm percebido um grande avanço quanto ao interesse dos alunos pela leitura durante o período em que estão na escola. A coordenadora nos fala ainda sobre a concorrência que existe entre a prática da leitura e outras mídias como a televisão e a internet, e acrescenta que “a concorrência é mais intensa a partir da pré-adolescência. Na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino Fundamental, vemos a criança como um leitor em potencial, que é atraído pelas ilustrações e as cores dos livros”.

Recreação

Apesar da possibilidade que a idade das crianças tem de contribuir como fator decisivo pelo interesse pela leitura, existem hoje métodos e ferramentas que vem sendo exploradas para estimular o interesse dos baixinhos pelo fantástico mundo da leitura.
Muitas bibliotecas e livrarias atualmente dispõem de um cantinho exclusivo para o completo entretenimento e informação das crianças enquanto estão utilizando suas dependências. Michele Carvalho trabalha em uma livraria no centro no centro da cidade de São Paulo há três anos e desde então é a responsável pela diversão no Cantinho da Leitura, que funciona todas as tardes dentro da livraria.

Michele conta sobre o dia a dia em seu trabalho e a realização profissional. “Desde que comecei a trabalhar nesse segmento me satisfaço a cada dia. A programação é feita de acordo com a vontade das crianças, têm dias que só leio historias e todos parecem extasiados com o destino dos personagens, em outros, trabalho com fantoches, DVDs e musiquinhas”.

O apoio de materiais diversificados para atrair a atenção dos meninos e meninas é um grande aliado, de acordo com Michele. “É interessante surpreendê-los para não cair na rotina ou tornar o assunto maçante ou cansativo, por isso sempre faço atividades variadas, ora narrando historias, ora cantando ou ouvindo alguma história em DVD. Acredito que a minha participação nessa parte dá a liberdade de expressão para eles na maioria das vezes”.

A criatividade é convidada especial quando o assunto é leitura de historias infantis, como explica a professora de Educação Infantil, Gabriela Pereira “O tempo que tenho com meus alunos é bem  equeno, então preciso de criatividade para aproveitar a energia deles durante as aulas. Por isso, na hora da leitura deixo-os bem a vontade para opinar sobre o que quem ouvir, ou como preferem, as historinhas”.

Sobre os materiais de leitura a professora ainda completa: “é preciso dinamizar, atualmente temos um material vasto nesse assunto, então eu utilizo além dos livrinhos tradicionais que não podem faltar, CDs de historinhas e músicas. Livros em alto relevo também são bem interessantes, no final é tudo muito divertido até pra mim”

Com a leitura de importantes clássicos, como o Sítio do Picapau
Amarelo, de Monteiro Lobato, as crianças podem
conhecer melhor o mundo da escrita

O incentivo a leitura, e a inclusão das crianças no mundo lúdico das histórias e brincadeiras infantis, têm atingido proporções maiores com o passar do tempo.

Bebeteca

Com um novo olhar destinado a educação infantil, pretende-se que principalmente as creches não sejam apenas mais um lugar em que as crianças são deixadas pelos pais ao irem trabalhar, mas que tenham a preocupação de entreter os bebês e crianças até três anos de idade de diferentes formas e com um caráter educacional. Muitas bebetecas estão sendo implantadas também em algumas escolas de Ensino Infantil.

É na bebeteca, que são proporcionadas as primeiras experiências sensoriais em que os estímulos afetivos tornam-se essenciais para que a criança estabeleça com o livro uma relação de prazer e o veja como objeto de sua rotina.

Em países como a Colômbia, Espanha e Chile, são uma febre. Já no Brasil esse projeto está surgindo timidamente. Esse trabalho além de apresentar reflexões sobre aspectos como o desenvolvimento infantil e a integração dos pais nesse período, define o perfil dos usuários das bebetecas.

A interação do Educador ultrapassa as atividades de elaboração e organização de atividades. Para que o envolvimento dos pequenos nas bebetecas seja realmente proveitoso, é preciso que haja um empenho permanente de todos envolvidos em tornar os resultados obtidos durante o período em que ficam na bebeteca.

Questionada sobre a importância de uma bebeteca, a psicóloga Claudia de Sousa explica que “quanto mais cedo a criança ou o bebê, no caso, tiver contato com elementos lúdicos ou algo que o inspire e aguce a sua curiosidade, mais rápido ele vai absorver informações importantes para entender as coisas que acontecem ao seu redor e se situar mais rápido também”.

Bibliotecas para bebês: Livros estimulam os sentidos e despertam o gosto dos pequenos pela leitura e pela escrita

Os sons e as palavras estão presentes desde a remota infância. Mais do que isso: precedem nossa entrada no mundo. Antes de nascer, já estamos imersos no universo da linguagem: fazemos parte de uma história, plena de significados a serem descobertos e construídos simbolicamente. O recém-nascido, antes mesmo de enxergar com clareza o ambiente, responde com o corpo e com vocalizações à fala prosódica dos adultos que dele cuidam e aos ruídos ao seu redor. Cantigas, histórias, cores e texturas são fundamentais nesse processo – estímulos necessários ao desenvolvimento cognitivo, que se inicia no cérebro e se completa nas interações com o meio, numa fina articulação dos sentidos com a memória, a atenção, o raciocínio, as representações e a linguagem.

Um instrumento que começa a ser utilizado agora no Brasil, para aprimorar esse processo e ainda despertar o gosto futuro pela escrita e leitura, são as bibliotecas para bebês e crianças em idade pré-escolar, também conhecidas como bebetecas. Algumas experiências já estão sendo realizadas com sucesso em escolas públicas e particulares. O Centro Municipal de Educação Infantil Cavalinho de Pau, na cidade de Castro, Paraná, é pioneiro nessa iniciativa, atendendo cerca de 130 crianças com idade entre zero e 5 anos, em uma perspectiva de desenvolvimento global. Para isso, a escola disponibiliza aos pequenos e ávidos “leitores” não apenas livros que exploram os sentidos e a imaginação, mas também bonecos, jogos e vídeos. As mães podem participar, contando história aos filhos. Experiências semelhantes têm sido feitas no Centro de Educação Infantil Hilca Piazero Schnaider, em Blumenau, Santa Catarina; e no Colégio Objetivo, de Sorocaba, São Paulo.

Hoje se sabe que desde muito cedo os bebês já se lembram de coisas e comparam suas características. Aos 7 meses, conseguem diferenciar classes de objetos; aos 9, têm um aumento considerável no tempo de retenção na memória de informações ligadas a eventos; e aos 18 são capazes de compreender as figuras apenas na representação de algo real. Por tudo isso, eles têm muito a se beneficiar com projetos como esse, que visa estimular o desenvolvimento da memória, da linguagem oral e escrita, do raciocínio, da capacidade de concentração, bem como promover interações sociais. Mais informações: Boletim PNLL no 104, 19 a 25/5/2008, ou no site http://www.vivaleitura.com.br/

Fonte: Mente & Cérebro

"Semana Bebetecando" incentiva leitura e alegra alunos de escola municipal

O espaço colorido e repleto de balões alegrou alunos, pais e professores que participaram na tarde desta quinta-feira, 8, de mais um dia de atividades da ‘Semana Bebetecando', na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Profª. Maria Givalda Santos, que atende crianças de zero a cinco anos de idade, no bairro Soledade.
Extensão do projeto ‘Bebeteca: contando, recontando para encantar', o evento tem como objetivo aproximar a comunidade dos trabalhos realizados no espaço educacional. Para isso, estão sendo realizadas, desde o dia 5, diversas atividades recreativas e de estímulo à leitura com a participação de animadores e artista local.

Segundo a coordenadora pedagógica da unidade escolar, Tânia Cristina dos Santos, o mais importante é conscientizar os pais sobre a responsabilidade no desenvolvimento dos filhos. "Contação de histórias, teatrinho, músicas, caderno de leitura e outros recursos estão sendo utilizados na execução do projeto, que já está no seu segundo ano", explicou a idealizadora da ‘Semana Bebetecando'.

Presente na tarde recreativa, o músico e compositor Tom Robson animou as crianças com músicas já conhecidas pelo público infantil. Ele apresentou também seu repertório com canções que refletem a cultura e o povo sergipano.

"Faço questão de valorizar esses projetos e, por isso, preparo um repertório de músicas conhecidas pelas crianças e de minha autoria para mostrar um pouco da nossa cultura. A canção ‘O cachorro vira-lata' é sempre a mais cantada e as crianças parecem gostar porque respondem com sorrisos e muita energia", disse com entusiasmo.

Para a moradora do bairro Maria Lurdes Neto, 33 anos, mãe de uma aluna, os resultados do projeto são vistos sempre que sua filha de três anos demonstra interesse pelas atividades escolares, em especial, aquelas que incentivam a leitura. "O que me deixa feliz é perceber a motivação da minha filha em participar desses eventos. Mesmo quando fica adoentada, ela faz questão de ir à escola e vez ou outra me chega cantando uma música e contando uma historinha", relata.

Bebetecas

Febre em países europeus, as bebetecas estão sendo introduzidas no Brasil em creches e escolas infantis há pouco tempo. Na Emei Profª. Maria Givalda Santos, a bebeteca se apresenta como um espaço acolhedor, colorido e destinado à prática da leitura. Lá crianças despertam o lado sensorial através de estímulos afetivos e da relação de prazer com o livro, que se coloca como um brinquedo junto a tantos outros.

Sobre o projeto, a coordenadora geral da Emei, Telma Gomes, acrescenta que o estímulo à leitura se dá com a aprendizagem dos clássicos infantis, das fábulas e do folclore brasileiro. "A novidade trouxe para nossa escola uma metodologia de ensino que preza pela leitura contextualizada e trabalhada através de brincadeiras, músicas e historinhas. Além disso, passamos a utilizar temas transversais, a exemplo de meio ambiente e higiene, para que nossas crianças aprendam com base nas próprias experiências de vida", concluiu.



Fonte: Prefeitura de Aracaju

Bebeteca de Goioere: Atividade vai ajudar no desenvolvimento educativo das crianças atendidas nas creches

Atividade vai ajudar no desenvolvimento educativo das crianças atendidas nas creches Dentro da nova proposta de trabalho para melhorar a qualidade da educação infantil no município, a Prefeitura Municipal de Goioerê adquiriu seis Bebetecas compostas com acervos específicos a serem utilizados para desenvolvimento de trabalhos educativos com as crianças. Com o novo olhar destinado à educação infantil, a administração do prefeito Beto Costa, está desenvolvendo ações para que os Centros Municipais Educacionais Infantis deixem de ser um local onde as crianças são ‘depositadas’ por um determinado período do dia, apenas para comer, dormir e assistir TV.

Segundo o prefeito o principal objetivo de se adquirir as Bebetecas para todos os Centros Educacionais Infantis é para que as crianças possam desenvolver atividades baseadas na proposta construtivista, buscando desenvolver sua capacidade de observar, descobrir e pensar, buscando sua integração através do desenvolvimento dos aspectos biológicos, psicológicos, intelectuais e sócio-culturais, preparando-as para a continuidade do processo educacional.A secretária de Educação Maria do Nascimento, esse projeto de Bebeteca será muito importante para ampliar o universo cultural das crianças que são atendidas pelo município. “Através dessa atividade as professoras vão iniciar a apresentação dos livros para que os alunos possam desenvolver o gosto e o prazer pela leitura compartilhada como forma de aprender, socializar-se e interagir”, citou.Ela explica que esse livro possui um conteúdo adequado para as crianças a partir de 2 anos de idade. “Todo material é baseado em imagens e formas diversas que vai promover a ampliação e desenvolvimento da linguagem oral, além de noções de causalidade, tempo e articulação de idéias”, frisou.

Ainda segundo a secretária para facilitar o trabalho das professoras também foi adquirida uma mesa com cadeirinhas adaptadas para as crianças desenvolveram as atividades com total segurança e conforto.

Fonte: Prefeitura de Goioere

Bebeteca: lugar de pequenos leitores - Atividades - Plano de trabalho

Objetivos
 Introduzir o hábito da leitura.

Ampliar o universo cultural.

Apresentar procedimentos de contato com os livros.

Desenvolver o gosto e o prazer pela leitura compartilhada como forma de aprender, socializar-se e interagir.

Conteúdos

Leitura de capas, textos e imagens dos livros.

Criação de repertório de textos e imagens.

Ampliação e desenvolvimento da linguagem oral.

Noções de causalidade e tempo. Articulação de idéias.

Ano
Creche.

Tempo estimado

Um mês para montar o espaço. As atividades devem ser permanentes, feitas diariamente durante 30 minutos ou enquanto durar o interesse da turma.

Materiais necessários

Livros de boa qualidade e adequados às características da faixa etária (exemplares de tecido ou plástico, de tamanhos variados, com dobraduras, de papel cartonado, com texturas etc.), estantes ou caixas baixas de fácil acesso, tapete, colcha ou tatame, cadeirinhas, bebê-conforto ou carrinho.

Organização da sala
Em roda.

Desenvolvimento

Comece a montagem da bebeteca selecionando os títulos. Dê preferência a histórias interessantes e que não emitam juízos de valor. Os enredos que apresentam objetos e personagens comuns do universo infantil como bolas, brinquedos e carros, entre outros e que transferem características humanas a animais e coisas costumam ser os prediletos. Fique atento também às ilustrações, pois elas ajudam a chamar a atenção para os livros e a contar o enredo. As figuras grandes, coloridas e bonitas aprimoram a percepção visual e ampliam o repertório de imagens.

Insira no acervo edições de diferentes tipos (de plástico ou tecido) e que inovem na forma (figuras em relevo, páginas com dobraduras ou com espaços de interação). É fundamental agregar gêneros diversos. Histórias que tenham apenas imagens agradam aos menores.

Pense também no espaço físico. Se não houver na creche uma sala própria para esse fim, procure instalar a bebeteca em um canto amplo e tranqüilo. Os livros devem estar sempre à disposição, mas é importante ter um lugar para que sejam guardados. Para isso, use estantes ou caixas de madeira, colocadas em altura própria para que todos alcancem os exemplares.

Decore a sala ou o canto com recursos adicionais como fantoches e móbiles. Para o chão, providencie tatames, colchas e tapetes em que todos possam se espalhar e ficar à vontade para devorar os livros.

Estabeleça um momento específico na rotina diária para as atividades da bebeteca. Nos primeiros encontros, apresente os materiais para as crianças, observando a forma como elas se relacionam com eles, as preferências individuais e o tempo que cada uma dedica à atividade.

Ensine a importância de cuidar bem do material e de preservá-lo.

Durante as atividades, ofereça a possibilidade de manusear os livros.

Leia com a garotada as imagens e os textos, apontando figuras e nomeando personagens. Para desenvolver a escuta atenta e favorecer a concentração de todos, capriche na entonação e no ritmo.

Não tenha receio de repetir a mesma trama mais de uma vez. Os que já sabem falar não se cansam de pedir as preferidas, e isso é importante para que apreendam a história e prestem atenção em detalhes diferentes a cada vez. Você pode ler um livro em várias sessões se ele estiver dividido em capítulos. Sempre que possível, amplie as situações: além de ler por prazer, a turma pode ser colocada em contato com outros propósitos, como o de ler para pesquisar (enciclopédias infantis, sites etc.), estudar e seguir instruções (receitas e manuais).

A leitura é apenas uma das formas de contato com os livros. Outras podem ser exploradas, como o teatro de fantoches, de dedos ou de sombras o flanelógrafo e músicas cantadas. Trabalhe com os personagens, as características e as falas particulares. Convide as crianças a ser os protagonistas nesses momentos. É uma forma de mostrarem as aprendizagens.

No decorrer do ano, diversifique a oferta de materiais ampliando o repertório de histórias. Promova vários momentos de intercâmbio com outros grupos para trocar conhecimentos e interagir.

Confeccione um cartaz em sala com imagens das capas dos livros para estimular a leitura.

Fotografe as atividades, compartilhando com o grupo e as famílias a experiência de contato com os livros. Aproveite algumas idas à bebeteca para promover a aproximação das famílias com a escola: convide pais e mães para ler para os filhos e seus colegas ou mesmo para ouvir as histórias que você conta.

Avaliação

Faça a avaliação do trabalho durante todo o processo, desde a montagem do espaço até as atividades propostas. Não hesite em alterar a ordem das etapas previstas ou os encaminhamentos planejados em função das necessidades dos bebês. Observe as crianças interagindo com os livros e o tempo que se mantêm concentradas. Um bom termômetro é quando elas começam a pedir para ouvir histórias. Muitas vão começar a deixar explícitos quais são os títulos prediletos, comentá-los e pedir para levá-los para casa. Anote as preferências do grupo. Sugira atividades específicas com elas para verificar a familiaridade com os enredos, personagens e imagens. Importante verificar se a turma tem comportamento leitor no manuseio das obras e na postura para escutá-los. Nessa faixa etária, a paciência e a perseverança são essenciais para um trabalho bem-sucedido.

Consultora: Daniela Pannuti
Orientadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo.

Fonte: Revista Escola

Bebeteca: lugar de pequenos leitores

Mesmo antes de saber falar, sentar ou segurar um livro, crianças da creche podem e devem manusear livros e ouvir histórias
Fabiana Faria

Todo mundo sabe que ler é um hábito adquirido ao longo da vida e que se deve introduzi-lo cedo. Quantas pessoas não têm gravada na memória uma bela história ouvida na infância? O escritor João Ubaldo Ribeiro conta na crônica Memórias de Livros que desde muito novo convivia com volumes variados espalhados pela casa. "A ponto de passar tempos infinitos com um deles aberto no colo, fingindo que estava lendo e, na verdade, se não me trai a vã memória, de certa forma lendo, porque quando havia figuras, eu inventava as histórias que elas ilustravam e, ao olhar para as letras, tinha a sensação de que entendia nelas o que inventara." Na autobiografia As Palavras, o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980) revela que a hora da leitura tinha o cheiro de sua mãe, sabão e água de colônia. Sentado numa pequena cadeira de frente para ela, o garoto entrava num universo de fadas, bruxas e criaturas esquisitas.
Foto: Peninha Machado
POUCO TEXTO: Livros com imagens grandes e
bem coloridas chamam a atenção dos bebês
Até algum tempo atrás, acreditava-se que nossa capacidade de representar o mundo só começava a se desenvolver por volta dos 2 anos. Hoje sabe-se que quanto mais cedo a leitura for introduzida na vida da criança, melhor. Isso faz com que ela amplie o vocabulário e passe a se expressar com mais desenvoltura. "As noções de causalidade e organização do tempo são aprendidas mais facilmente e, em médio prazo, isso ajuda a pessoa a ser mais falante e articulada", diz Daniela Panutti, orientadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo. Mas os benefícios não param por aí. Quem se relaciona permanentemente com livros faz mais associações, adquire um repertório maior de histórias, desenvolve a concentração, aprende a ouvir e aprimora a capacidade representativa e simbólica por meio da escrita e das imagens.
"Ler aumenta o contato com o mundo e com as experiências de vida possíveis para a faixa etária. Livro tem de ser considerado brinquedo", diz Silvana Augusto, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. É fácil perceber o desenvolvimento graças à leitura, pois textos e ilustrações são compreendidos como reproduções da realidade e do mundo simbólico. Silvana lembra o dia em que notou o interesse de uma menina de 1 ano pela imagem de uma árvore no outono. No pátio, ao ver folhas secas espalhadas pelo chão, a garota pegou uma e guardou dentro do livro. "As crianças estabelecem essas relações muito rapidamente. E isso não significa roubar a infância. Ao contrário, só aumenta a possibilidade de compreender o que acontece ao redor com mais propriedade."
Foto: Peninha Machado
LIVRE ESCOLHA: Opções de leitura variadas estimulam
o interesse pela literatura desde cedo
Quando o bebê ouve uma história e tenta repetir palavras, também está desenvolvendo as linguagens oral e escrita, mesmo que ainda não saiba falar. Ler para as turmas de creche e pré-escola requer rotina, livros variados e atraentes e um espaço bem planejado. O ideal é que isso seja feito diariamente, respeitando os limites de tempo do grupo para não cansar nem dispersar ninguém.

Acervo especial

No CMEI Cavalinho de Pau, em Castro, a 160 quilômetros de Curitiba, há um espaço especialmente montado para os bebês: a bebeteca. O diferencial está no acervo, voltado para a faixa dos menores de 3 anos, e na disposição de recursos adicionais, como fantoches e móbiles. "É uma maratona dar conta de tanta energia e planejar todas as possibilidades de exploração que o trabalho permite", explica Márcia Maria King, coordenadora da bebeteca. A atividade não ultrapassa 15 minutos por turno. Mariana Senhorini, bibliotecária de Londrina, a 380 quilômetros de Curitiba, adverte que o espaço físico e os outros recursos ajudam o educador, mas o importante mesmo é o livro. "Não há fórmula para explorar o faz-de-conta literário. Conhecer o interesse da turma e auxiliar na representação das histórias no faz-de-conta são as principais coordenadas", afirma.
Por enquanto, bebetecas são raras no Brasil. A chave é ampliar o cantinho de leitura. No CEI Hilca Piazero Schnaider, em Blumenau, a 139 quilômetros de Florianópolis, muitas almofadas e edredons forram o chão para deixar o ambiente aconchegante. As estantes baixinhas são um convite irresistível à leitura. A proposta funciona porque a equipe docente tem um projeto para garantir a aprendizagem. "Poderia ser apenas mais um trabalho, mas virou um espaço especial de convivência e conhecimento", conta a diretora, Maria Estela Pitz.
Foto: Marcelo Almeida
HORA DA LEITURA A atividade deve ocorrer diariamente,
durante o tempo em que houver interesse
Toda semana, ela se reúne com os professores para discutir os lançamentos e a função das imagens. A equipe dá atenção à fundamentação teórica sobre a importância da leitura no desenvolvimento humano. Tudo para encontrar os títulos que não tenham lições de moral, personagens estereotipados e diálogos preconceituosos. Em ambas as escolas, as famílias são informadas sobre as histórias selecionadas para que elas acompanhem o desenvolvimento da leitura da garotada. Proporcionar o empréstimo de livros é uma maneira de estabelecer uma convivência saudável entre pais e filhos. "Quem gosta de ler vai além dos momentos planejados. Bom mesmo é ver os pequenos com um livro na mão, seja em casa, seja na escola, e com uma história pronta para ser contada", avalia Márcia Maria, da escola Cavalinho de Pau.
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CONTATOS
CEI Hilca Piazero Schnaider, R. Mariana Bronemann, 353, 89036-080, Blumenau, SC, tel. (47) 3329-0395
CMEI Cavalinho de Pau, R. Antônio Menarim, s/nº, 84172-390, Castro, PR, tel. (42) 3906-2156
Daniela Pannuti
Mariana Senhorini

Fonte: Revista Escola