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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A leitura do próximo

Almyr Gajardoni é jornalista, tem 74 anos e vive na cidade de São Paulo. Já inês oliveira, bem mais novinha, ainda não tem profissão: com 11 anos, estuda em uma escola de ensino fundamental em vitória (eS). Com idades tão díspares e vivendo em estados diferentes, resta a pergunta: por que ambos figuram lado a lado nesta matéria? Simples. Porque tanto almyr quanto inês estão, há alguns meses, compartilhando suas estantes virtuais em o livreiro (http://www.olivreiro.com.br/) – rede social de leitores em língua portuguesa. os dois somam-se aos mais de dez mil usuários que participam do site, uma espécie de orkut para os admiradores da leitura. as estantes, claro, são bem diferentes. almyr, como ele próprio se define, “não é muito comunicativo na internet”, ainda está colocando os primeiros livros sobre a prateleira virtual. Títulos do escritor argentino-canadense alberto manguel dividem espaço com os do astrônomo Carl Sagan e com o próprio almyr – que, em 2002, publicou Idiotas e demagogos: Pequeno manual de instruções da democracia. Como bom explorador em começo de expedição, ainda está em busca de ferramentas no site: “não há como dar opinião”. inês não iria concordar com o companheiro da biblioteca virtual. Quem visita seu perfil logo percebe uma grande movimentação da menina em comunidades. entre elas, a do bruxinho Harry Potter, personagem do livro que está lendo. inês usa a rede para encontrar pessoas de sua idade que cultivam o mesmo gosto pela leitura. “minha escola tenta incentivar, mandando uns livros para ler e discutir, mas as pessoas só leem esses e acabou”, lamenta. Compartilhar leituras e opiniões. Buscar outros entendimentos sobre a obra que está lendo. essas são algumas oportunidades que estão se abrindo com as redes sociais especializadas em livros. o fenômeno é recente. em janeiro, surgiu o Skoob (http://www.skoob.com.br/) e, durante a Festa literária de Paraty (Flip), realizada em julho, foi lançada a rede o livreiro, ambos ainda em versão beta, ou seja, em experiência ários para aprimoramento.

Mesmo dando os primeiros passos, esses novos sites de relacionamento já são considerados uma boa oportunidade para fazer os brasileiros lerem mais. Para raquel recuero, professora da universidade Católica de Pelotas (RS) e especialista em redes sociais, o mecanismo pode ajudar a fortelecer uma cultura de escrita e leitura no país. Primeiro, “porque o próprio suporte da internet exige essas duas habilidades o tempo todo”. Segundo, “porque os usuários dessas redes criam uma dinâmica de valorização dos livros quando começam a indicar o que estão lendo e a emitir opinião sobre autores e obras”.

Além de o livreiro e do Skoob, os leitores poderão, a partir deste mês, experimentar o veja meus livros, aplicativo da editora abril que funciona em paralelo a redes sociais existentes, como o orkut e o mySpace. a ideia é a mesma: criar bibliotecas virtuais compartilhando com outros interessados as leituras feitas e aquelas que estão em andamento. a vantagem é que, por funcionar junto a outras redes, não é preciso criar uma nova conta para ter o veja meus livros. ele ficará disponível na lista de aplicativos que os sites oferecem e poderá ser adicionado ao perfil individual (mais informações http://www.veja.com.br/). “estamos montando uma equipe que, além de expor a sua própria estante virtual, comentará as novidades do mercado editorial, para quem quiser consultar”, antecipa o diretor-executivo da revista Veja, Carlos graieb. o livreiro já prevê mudanças: “em breve, a ideia é que, quando o usuário atualizar alguma coisa, isso apareça nas demais redes das quais ele faz parte”, conta a idealizadora de o livreiro, Joyce Jane Corrêa meyer. ao mesmo tempo em que estas novidades tecnológicas são preparadas para os amantes da leitura que já as frequentam, as redes sociais estão funcionando como um efeito boca a boca e atraindo novos leitores. afinal, quem resiste a dar uma espiadinha no que anda lendo o próximo?

Matéria publicada em Outubro/2009