Estado é um dos primeiros do país a ganhar um espaço de leitura voltado para primeira infância, período que vai de zero a seis anos
Mirella Marques
Quando a educadora Lílian Veiga começou a ler historinhas para sua primeira filha, Sofia, chamou a atenção dos familiares. Afinal, Sosô, como é chamada, era apenas uma recém-nascida. Hoje, aos oito meses de idade, basta olhá-la para perceber o quanto a pequena gosta dos livros. A mãe não poupa esforços e, além de entonação diferenciada, sempre utiliza bonecos ou musiquinhas nas contações. É um momento de relax, lazer e também de estímulo. Achou estranho? Pois Pernambuco é um dos primeiros estados brasileiros a ganhar uma biblioteca da primeira infância (período que vai de zero a seis anos de idade). A experiência, iniciada na comunidade de Vasco da Gama, Zona Norte do Recife, vem dando certo, de acordo com o Instituto Brasil Leitor, responsável pela unidade. Contar historinhas, segundo os especialistas em educação, estimula o desenvolvimento do gosto pela leitura. Mesmo em quem ainda nem sabe falar.
Antes de sair correndo atrás de um livro para o seu bebê de trêsmeses, saiba que eles não vão compreender toda a história. Óbvio. Mas saiba que a entonação diferenciada usada para a leitura vai colocá-lo em contato, desde cedo, com o mundo dos livros. Por mais inocente que pareça, sentar com a criança de colo e ler faz com que ela desenvolva a oralidade/linguagem, a concentração e a atenção, a percepção e a criação do saudável hábito da leitura. E nem precisa ter sempre um livro à mão. Inventar historinhas desde que o bebê esteja focado no assunto também é uma boa, ensinam as pedagogas. Basta prestar atenção a algumas regrinhas.
Sofia, hoje com oito meses, escuta histórias desde recém-nascida.
Sua mãe, Lílian Veiga, que é educadora, diz que a pequena gosta de livros
Foto: Juliana Leitão/DP DA Press
"Os pais devem caprichar na entonação, utilizar encenações com fantoches ou músicas e escolher histórias curtas. Além disso, devem ter prioridade os livros grandes, de borracha, com figuras ou bonecos que a criança possa ver e interagir com eles", explicou a coordenadora pedagógica do ensino infantil da Escola Primeiro Passo, Mariana de Carvalho. Os pais da pequena Manuela Maranhão, de dois anos, seguiram à risca as dicas. Hoje o presente que elamais gosta de ganhar são livros. Ela adora historinhas e já virou fã da Chapeuzinho Vermelho.
De acordo com Mariana de Carvalho, é desde bebê que se forma o leitor. Na escola onde trabalha, localizada no bairro de Setúbal, a turma ninho, destinada aos alunos de um ano, frequenta a biblioteca uma vez por semana. Isso mesmo. "Na biblioteca, além de livrinhos e revistas, eles também podem brincar com fantoches e outros bonecos. O lúdico deve caminhar com a aprendizagem nessa faixa-etária", disse.
Mas não é preciso estar matriculado em colégio particular para ter acesso à leitura. Na comunidade de Vasco da Gama, na Zona Norte do Recife, está localizada a Biblioteca para Primeira Infância Clélio Queiroga. A unidade realiza contação de histórias com 150 crianças de até seis anos. O espaço é público, oferece um acervo de 720 livros e funciona das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira.
"Desde o momento em que o bebê nasce e abre o olho é capaz de ler. Primeiro, ele faz a leitura do mundo por meio das expressões faciais e da voz da mãe. É importante fazer, além da leitura, conexões com brinquedos, já que nos primeiros meses de vida a criança vive num mundo muito concreto. Os pais ou educadores podem deixar, inclusive, que o bebê coloque o livro na boca, por exemplo", afirmou a diretora do Instituto Brasil Leitor, responsável pela biblioteca pernambucana, Ivani Nacked. A Biblioteca da Primeira Infância fica na Rua Alto do Eucalipto, número 20, Vasco da Gama.
Matéria publicada e 25/04/2010
Fonte: Diário de Pernambuco