Por Ana Cássia Maturano
A
personagem mais popular das histórias em quadrinhos, em nosso país, vai
completar 50 anos. Várias gerações a acompanharam e presenciaram suas
mudanças: sua aparência é outra, transformou-se em uma bela mulher e se
casou. Com aquele garoto dos cabelos espetados, que passou a infância
tentando roubar seu coelho azul.
Com certeza eles dispensam apresentações. Mônica, Cebolinha, Sansão e
toda a turminha são conhecidos da maioria das pessoas. Até dos
sexagenários, que na época de seu lançamento já tinham seus 10 anos. Fãs
não faltam.
Assim como as críticas. Para muitos a Mônica não passa de uma
feminista, outros torcem o nariz para os produtos associados aos
personagens. Sem contar os que não conseguem enxergar nada em suas
histórias que possa contribuir para a formação dos pequenos.
Assim como qualquer tipo de literatura, os quadrinhos passam uma
visão de mundo e valores. Não é diferente com os dessa turma. No
entanto, eles também trazem conflitos humanos e personagens com as mais
diferentes características. O livro “Fadas no divã: psicanálise nas
histórias infantis”, de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso (Artmed,
2005), aponta algumas características nem sempre vistas, como a questão
infantil da inserção no grupo e saída da família, ou mesmo a fobia
encontrada no personagem Cascão, que morre de medo da água.
Outras críticas recebidas pelas HQs se referem ao seu valor
literário. Geralmente são consideradas de baixa qualidade, sendo
desnecessário as crianças lerem, pois não seria nada mais que um
passatempo. No entanto, seu formato alia texto e imagem, como os livros
ilustrados, facilitando o trabalho do leitor principiante, assim como
sua linguagem mais ágil. Algumas histórias sem texto estimulam o
desenvolvimento da linguagem quando a criança é solicitada a contá-la
com suas palavras. Elas podem ser uma ferramenta importante no processo
de construção da leitura pelos pequenos.
Isso deveria ser mais explorado pelas escolas, sobretudo nos anos
iniciais do ensino fundamental. Muitas vezes, os alunos são obrigados a
trabalhar com textos desinteressantes para a idade, como os
jornalísticos (as escolas adoram pedir-lhes que leiam notícias de jornal
já no primeiro ano).
Nessa época, mais que refinar o interesse e a experiência, é
necessário cultivar o gosto pela leitura. Os gibis costumam fazer isso.
Conheço adultos que leem muito, inclusive livros considerados cultos, e
que começaram lendo esse tipo de publicação. Inclusive, já existem
versões dos gibis da Turma da Mônica em inglês e espanhol, algo que
poderia ser aproveitado por essa disciplinas na escola.
Parabéns à Mônica pelos 50 anos e a toda a turminha. Obrigada pelas
histórias e aventuras. A torcida é para que continuem alegrando as
crianças por muitos e muitos anos.
Fonte: G1