"Fantasias Soltas", de Joel Puga (Createspace)
Joel Puga escreve fantasia e terror já há vários anos, maioritariamente sob a forma de ficção curta. Já li outros trabalhos seus publicados em antologias, fanzines e na internet, por isso quando soube que ia lançar uma antologia de contos só seus, achei que estava mais que tempo de o revisitar.
Todos os contos incluídos neste volume já foram também publicados individualmente em ebook mas esta antologia está também disponível como livro físico, para os que ainda não estão bem ambientados com os ebooks.
Para começar vou falar da antologia como um todo e depois debruçar-me-ei um pouco sobre cada conto individualmente. No geral gostei bastante do ambiente sombrio e do facto de o autor escolher usar o território português ou ultramarino em quase todos.
Em comum, entre a maioria das histórias, há quase que só o facto de serem fantasia, pois não existe um tema central. Isso, contudo, não é um ponto negativo.
Abaixo fica a minha opinião conto a conto:
"O Último"
Neste conto somos apresentados a um conceito muito interessante mas chegamos ao fim e não aconteceu nada de relevante. Os alicerces estão construídos mas pouco mais.
"Sasabonsam"
Uma escrita muito viva e uma história muito interessante. As personagens saltam das páginas e a acção está excelenete. Se não fosse aquele último parágrafo estava tudo óptimo.
"O Castelo"
Uma história que começa de forma amena mas que apanha o passo rapidamente. É bastante perturbante, tanto pelas traições como pelo desfecho.
"Susana"
Este conto teria ganho muito em ser contado e não narrado pós-acontecimentos. A personagem perdeu muito com esta escolha narrativa e apesar da escrita ser bastante boa não teve o ritmo ou o impacto que seria desejável. Mesmo assim acaba por resultar, de certo modo.
"Uma Demanda Literária"
Este conto eu já tinha lido na Fénix 2 (podem ler aqui) e a minha opinião mantem-se semelhante. Achei que as descrições da livrairia mística, em si, poderiam ter sido muito mais envolventes. O leitor não fica com a ideia de que se trata de algo de fenomenal. E mais uma vez o protagonista perde porque o que de interessante parece acontecer na sua vida é contado em tom de memória, e não vivido em primeira mão pelo leitor.
"A Saga de Eu, Justiça Divina"
O autor visita este 'mundo' em 3 contos distintos e vai construindo as suas regras aos bocados. A premissa aqui é muito interessante mas há no texto uma vertente de julgamento social que pode não agradar a todos os leitores. Mas sendo que se trata de uma das características do protagonista e da narrativa, eu acabei por me habituar.
O primeiro não me cativou muito, excepto pelo facto de nos mostrar este 'submundo'.
O segundo tem uma cena muito interessante no cemitério, mas o final é decepcionante porque quem acaba por resolver o problema em questão não é o protagonista e o leitor nem sabe ao certo o que aconteceu.
O terceiro sofre um pouco do mesmo mal, sendo que a acção se passa fora das páginas mas neste conto o protagonista torna-se mais palpável e intrigante. Vale só por isso.
"Um Deus em Humaitá"
Adorei a mística desta história e a acção, a ambiguidade das personagens e como elas são punidas. O que faz com que o final tenha sido mais que apropriado.
"Wendigo"
A acção está soberba, com muito gore à mistura. Se não fosse o facto de título ser um spoiler, eu acho que teria funcionado ainda melhor. Penso que se a origem da figura tivesse permanecido um mistério seria mais interessante.
"A Maldição da Ponte do Arco"
Tal como "O castelo" (também nesta antologia), este conto é perturbante porque explora aquilo que as pessoas são capazes de fazer para protegerem aqueles que amam, mesmo quando isso resulta em algo de impensável. Foi um bom último conto para a a antologia, com uma prosa envolvente.
Sinopse:
Esta coleção reúne todos os contos já publicados de fantasia histórica e contemporânea da autoria de Joel Puga. Criaturas bizarras, espíritos malignos, ruínas fantásticas e cemitérios assustadores são apenas algumas das coisas que encontrarão nestas páginas.
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terça-feira, 23 de maio de 2017
domingo, 8 de maio de 2016
::Conto:: Estilhaços
"Estilhaços", um conto de Carina Portugal (Fantasy & Co)
Opinião:
Este conto está contado num tom bastante assustador, especialmente na cena da bruxa. Essas cenas funcionam muito bem para manter o leitor alerta.
E em pouco tempo as duas personagens ficaram bem definidas.
Contudo achei a introdução desnecessária e o final não me convenceu por completo, devido à falta de informação. Como é que funciona o espelho? De quem eram os corpos nos sacos? Que é feito da bruxa?
Muitas perguntas ficaram sem repostas mas a verdade é que a escrita da autora empolgou-me.
Sinopse:
Ninguém se lembra da última vez que o solar do Outeiro dos Alecrins foi habitado. Ninguém se lembra de algum dia o outeiro ter tido uma flor digna desse nome. Só se escutam os rumores de que o velho casarão está assombrado. Isso é fermento para a imaginação dos mais pequenos e um perigo para os mais ousados.
Opinião:
Este conto está contado num tom bastante assustador, especialmente na cena da bruxa. Essas cenas funcionam muito bem para manter o leitor alerta.
E em pouco tempo as duas personagens ficaram bem definidas.
Contudo achei a introdução desnecessária e o final não me convenceu por completo, devido à falta de informação. Como é que funciona o espelho? De quem eram os corpos nos sacos? Que é feito da bruxa?
Muitas perguntas ficaram sem repostas mas a verdade é que a escrita da autora empolgou-me.
Sinopse:
Ninguém se lembra da última vez que o solar do Outeiro dos Alecrins foi habitado. Ninguém se lembra de algum dia o outeiro ter tido uma flor digna desse nome. Só se escutam os rumores de que o velho casarão está assombrado. Isso é fermento para a imaginação dos mais pequenos e um perigo para os mais ousados.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
O Fim da Inocência
"O Fim da Inocência", de Francisco Salgueiro (Oficina do Livro)
Opinião:
Este livro declara-se como não-ficção, como um relato baseado na vida real de uma adolescente portuguesa do século XXI, e eu não estou aqui a dizer que duvido que o seja, mas ao sê-lo posso dizer que é a vida de uma adolescente mais cliché de sempre, onde a Inês vive tudo o que qualquer pai/mãe alguma vez pode temer que os seus filhos vivessem sem eles saberem. É que não há uma coisa que ela não faça mal. É orgias, drogas à descrição, noitadas sem os pais perceberem, sexo desprotegido e precoce, combinar encontros em casas de estranhos que se conheceram na internet (e a quem decidiram dar todas as informações pessoais), tatuagens em sítios privados, piercings na língua que miraculosamente os pais não vêm (a sério?). Querem mais? Pois há mais!
O livro está escrito num tom quase jornalístico, ou melhor como se fosse uma crónica. Há uma distância sempre formal entre o leitor e as pessoas nele descrito, não só porque são, teoricamente, pessoais reais, mas porque o relato em si cria esse distanciamento, fazendo do leitor um quase voyeur e pessoalmente senti-me enojada durante quase todas as cenas, especialmente porque estavam a ser descritas situações com quase-crianças (dos dez anos aos dezassete), mas afinal o intuito do livro é mesmo esse. Deixar o leitor desconfortável, no sentido de o sensibilizar para uma realidade que pode não ser a norma mas não deixa de acontecer. Nesse ponto acho que conseguiu ter sucesso.
No entanto há que apontar algo que ainda me incomodou mais no livro, que descreve por várias vezes a família da Inês, e as dos seus amigos, como normal. Ora eu cá não acho nada disso. Pais que não dão pela falta da filha todas as noites em casa e não notam que ela está todos os dias ressacada? Uma mãe que quando vê a filha entrar pelo portão da casa de manhã cedo, toda molhada, em mini-saia e roupa da noite acha que ela veio de um passeio matinal? E repito: os piercings de língua; quem é que não vê aquilo? Enfim, de normal esta família não tem nada! Se tivesse, então este país (e o mundo) estava mesmo perdido.
Não há, ao longo do livro, uma ligação muito emocional com as personagens, nem sequer com a Inês que é o centro do relato. A prosa e a própria história não o permitem porque na verdade só nos é contado o que de mais chocante havia na vida dela. Nunca nos é mostrado um semblante de normalidade, de juventude no livro todo, excepto na ingenuidade dos seus actos. E isso não chega. Isso impediu-me de me ligar à Inês e de sentir grande empatia pelas suas vivências. Não que não sejam horríveis e, de certo modo, fascinantes, mas são tão desprovidas de um pilar de normalidade que não há o outro lado da balança e por conseguinte não há equilíbrio. Tirando a parte que é referida a amizade entre a Inês e a Rita, mas é tudo tão superficial e tão enublado pela sexualidade das duas que acaba por não ter qualquer efeito fora da restante trama.
Em suma, o livro dá aquilo que promete à primeira vista: um relato que assustará muitos paizinhos, mas será que reflecte realmente a realidade? Há assim tantas famílias de classe média que não prestam a mínima atenção aos filhos? E se os jovens despertam cada vez mais cedo para a sexualidade (e disso não há dúvida), será que todos eles o fazem mesmo sempre de forma tão descuidada? Com toda a informação que por aí anda? E os pais será que nem sequer sabem pôr controlo parental na internet? Acredito que isto suceda a alguns, tal como já acontecia em gerações anteriores, mas custa-me acreditar que seja a regra e não a excepção. A tentação sempre existiu e sim, este livro pode até ajudar alguns pais e alguns jovens a reflectirem um pouco mais nestas realidades, e por isso já vale a pena. No entanto como trabalho literário não tem grande mérito e perde muito por se focar só no mau, até mesmo no final. Precisaria de bastante mais equilíbrio para ser marcante enquanto texto literário, mas não há dúvida que choca.
Sinopse:
Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
Trailer:
Opinião:
Este livro declara-se como não-ficção, como um relato baseado na vida real de uma adolescente portuguesa do século XXI, e eu não estou aqui a dizer que duvido que o seja, mas ao sê-lo posso dizer que é a vida de uma adolescente mais cliché de sempre, onde a Inês vive tudo o que qualquer pai/mãe alguma vez pode temer que os seus filhos vivessem sem eles saberem. É que não há uma coisa que ela não faça mal. É orgias, drogas à descrição, noitadas sem os pais perceberem, sexo desprotegido e precoce, combinar encontros em casas de estranhos que se conheceram na internet (e a quem decidiram dar todas as informações pessoais), tatuagens em sítios privados, piercings na língua que miraculosamente os pais não vêm (a sério?). Querem mais? Pois há mais!
O livro está escrito num tom quase jornalístico, ou melhor como se fosse uma crónica. Há uma distância sempre formal entre o leitor e as pessoas nele descrito, não só porque são, teoricamente, pessoais reais, mas porque o relato em si cria esse distanciamento, fazendo do leitor um quase voyeur e pessoalmente senti-me enojada durante quase todas as cenas, especialmente porque estavam a ser descritas situações com quase-crianças (dos dez anos aos dezassete), mas afinal o intuito do livro é mesmo esse. Deixar o leitor desconfortável, no sentido de o sensibilizar para uma realidade que pode não ser a norma mas não deixa de acontecer. Nesse ponto acho que conseguiu ter sucesso.
No entanto há que apontar algo que ainda me incomodou mais no livro, que descreve por várias vezes a família da Inês, e as dos seus amigos, como normal. Ora eu cá não acho nada disso. Pais que não dão pela falta da filha todas as noites em casa e não notam que ela está todos os dias ressacada? Uma mãe que quando vê a filha entrar pelo portão da casa de manhã cedo, toda molhada, em mini-saia e roupa da noite acha que ela veio de um passeio matinal? E repito: os piercings de língua; quem é que não vê aquilo? Enfim, de normal esta família não tem nada! Se tivesse, então este país (e o mundo) estava mesmo perdido.
Não há, ao longo do livro, uma ligação muito emocional com as personagens, nem sequer com a Inês que é o centro do relato. A prosa e a própria história não o permitem porque na verdade só nos é contado o que de mais chocante havia na vida dela. Nunca nos é mostrado um semblante de normalidade, de juventude no livro todo, excepto na ingenuidade dos seus actos. E isso não chega. Isso impediu-me de me ligar à Inês e de sentir grande empatia pelas suas vivências. Não que não sejam horríveis e, de certo modo, fascinantes, mas são tão desprovidas de um pilar de normalidade que não há o outro lado da balança e por conseguinte não há equilíbrio. Tirando a parte que é referida a amizade entre a Inês e a Rita, mas é tudo tão superficial e tão enublado pela sexualidade das duas que acaba por não ter qualquer efeito fora da restante trama.
Em suma, o livro dá aquilo que promete à primeira vista: um relato que assustará muitos paizinhos, mas será que reflecte realmente a realidade? Há assim tantas famílias de classe média que não prestam a mínima atenção aos filhos? E se os jovens despertam cada vez mais cedo para a sexualidade (e disso não há dúvida), será que todos eles o fazem mesmo sempre de forma tão descuidada? Com toda a informação que por aí anda? E os pais será que nem sequer sabem pôr controlo parental na internet? Acredito que isto suceda a alguns, tal como já acontecia em gerações anteriores, mas custa-me acreditar que seja a regra e não a excepção. A tentação sempre existiu e sim, este livro pode até ajudar alguns pais e alguns jovens a reflectirem um pouco mais nestas realidades, e por isso já vale a pena. No entanto como trabalho literário não tem grande mérito e perde muito por se focar só no mau, até mesmo no final. Precisaria de bastante mais equilíbrio para ser marcante enquanto texto literário, mas não há dúvida que choca.
Sinopse:
Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
Trailer:
sábado, 1 de agosto de 2015
A Guerra dos Mundos
"A Guerra dos Mundos", de H.G. Wells (publicado por várias editoras em Portugal)
A Guerra dos Mundos é um clássico por boas razões. Apesar de ter sido escrito em finais do século XIX, a verdade é que o livro não está nada datado. Nada mesmo!
Esta opinião vai ser curtinha porque, sinceramente, não tenho quase nada de mal a apontar ao livro e são só coisas boas. :)
A história, como devem saber, retrata uma invasão alienígena, pelos olhos de um homem que presencia tudo desde o início, na primeira pessoa.
A imaginação por detrás desta história é excelente, mesmo agora quando se pode dizer que já vimos de quase tudo. As descrições do autor são muito visuais e é fácil o leitor sentir que está lá, ao lado do narrador. E pode-se dizer que o livro é tanto sobre a guerra e as suas consequências, como sobre um homem que apenas quer reencontrar a família. Há um equilíbrio entre os dois.
As personagens que o protagonista vais conhecendo acabam por perder-se no mar de caos, mas todas têm suficiente 'polpa' para serem mais que figuras perdidas no texto. E o protagonista, claro, é o mais bem explorado de todos e os seus sentimentos pela família são quase palpáveis.
Por seu lado a prosa consegue dar uma imagem muito boa ao leitor e o texto é muito acessível e cheio de energia, mesmo na versão original (que podem ler gratuitamente através do Project Gutenberg). A única falha que tenho a apontar é que, apesar de o livro estar todo contado na 1ª pessoa, e por isso só devermos ter acesso ao que o protagonista vê e sente, existem algumas cenas que o protagonista claramente não presenciou mas que são ainda assim narradas com todos os detalhes. Mesmo que alguém lhe tivesse contado o sucedido, nunca seria com tanto pormenor, e isso distraiu-me um pouco, mas não muito.
Em suma, A Guerra dos Mundos é um clássico rico, acessível e que merece ser lido por todos. Recomendo!
Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1898, essa obra-prima de ficção especulativa de H.G. Wells aterrorizou e divertiu gerações de leitores, gerou inúmeras imitações e serviu de inspiração a mestres como Orson Welles e Steven Spielberg.
Por tempos, os homens foram estudados à distância pelos marcianos, que nos observavam como quem analisa micróbios por um microscópio. No final do século XIX, entretanto, eles partem para a Terra e aterrissam nos arredores de Londres. À primeira vista, os marcianos parecem risíveis: mal conseguem se mover, e não saem da cratera criada pelo pouso de sua espaçonave. Mas, conforme seus corpos começam a se acostumar com a gravidade terrestre, eles revelam também seu verdadeiro poder. Os marcianos são máquinas biomecânicas assassinas com mais de 30 metros de altura, que destroem tudo a sua volta. Aniquilando toda tentativa de retaliação do exército britânico, eles rapidamente eles chegam à capital britânica, que é evacuada às pressas por uma população desesperançada.
A Guerra dos Mundos é um clássico por boas razões. Apesar de ter sido escrito em finais do século XIX, a verdade é que o livro não está nada datado. Nada mesmo!
Esta opinião vai ser curtinha porque, sinceramente, não tenho quase nada de mal a apontar ao livro e são só coisas boas. :)
A história, como devem saber, retrata uma invasão alienígena, pelos olhos de um homem que presencia tudo desde o início, na primeira pessoa.
A imaginação por detrás desta história é excelente, mesmo agora quando se pode dizer que já vimos de quase tudo. As descrições do autor são muito visuais e é fácil o leitor sentir que está lá, ao lado do narrador. E pode-se dizer que o livro é tanto sobre a guerra e as suas consequências, como sobre um homem que apenas quer reencontrar a família. Há um equilíbrio entre os dois.
As personagens que o protagonista vais conhecendo acabam por perder-se no mar de caos, mas todas têm suficiente 'polpa' para serem mais que figuras perdidas no texto. E o protagonista, claro, é o mais bem explorado de todos e os seus sentimentos pela família são quase palpáveis.
Por seu lado a prosa consegue dar uma imagem muito boa ao leitor e o texto é muito acessível e cheio de energia, mesmo na versão original (que podem ler gratuitamente através do Project Gutenberg). A única falha que tenho a apontar é que, apesar de o livro estar todo contado na 1ª pessoa, e por isso só devermos ter acesso ao que o protagonista vê e sente, existem algumas cenas que o protagonista claramente não presenciou mas que são ainda assim narradas com todos os detalhes. Mesmo que alguém lhe tivesse contado o sucedido, nunca seria com tanto pormenor, e isso distraiu-me um pouco, mas não muito.
Em suma, A Guerra dos Mundos é um clássico rico, acessível e que merece ser lido por todos. Recomendo!
Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1898, essa obra-prima de ficção especulativa de H.G. Wells aterrorizou e divertiu gerações de leitores, gerou inúmeras imitações e serviu de inspiração a mestres como Orson Welles e Steven Spielberg.
Por tempos, os homens foram estudados à distância pelos marcianos, que nos observavam como quem analisa micróbios por um microscópio. No final do século XIX, entretanto, eles partem para a Terra e aterrissam nos arredores de Londres. À primeira vista, os marcianos parecem risíveis: mal conseguem se mover, e não saem da cratera criada pelo pouso de sua espaçonave. Mas, conforme seus corpos começam a se acostumar com a gravidade terrestre, eles revelam também seu verdadeiro poder. Os marcianos são máquinas biomecânicas assassinas com mais de 30 metros de altura, que destroem tudo a sua volta. Aniquilando toda tentativa de retaliação do exército britânico, eles rapidamente eles chegam à capital britânica, que é evacuada às pressas por uma população desesperançada.
quinta-feira, 4 de junho de 2015
::Conto:: Aos teus olhos
"Aos teus Olhos", de Vitor Frazão (Fantasy & Co - ebook gratuito)
Neste conto o autor introduz-nos a mais um mundo criado de raiz que tem imenso potencial.
Apesar de a narrativa iniciar com um pequeno episódio envolvendo Myr e a sua tia é também aqui que se começa a estabelecer a personagem principal: James Vallen, que será sobre quem o conto realmente se debruçará.
Este primeiro episódio também serve para situar o leitor no mundo e na sua situação social, e está bem conseguido.
De verdade a única coisa errada com este conto é o facto de, em duas ocasiões, o autor debitar informação através de diálogos secos e forçados, que se vê claramente que foram feitos apenas para servirem como veículo de informação que, a meu ver, poderia ter sido muito mais bem sucedida se entregue de outra forma.
Tirando isso gostei muito do texto e das potencialidades deste mundo e da personagem do James Valllens.
Sinopse:
Carvão alimenta o Império, mas nas ruas de Nova Opida o coração do povo é movido por outro combustível: ódio. Três anos volvidos desde o fim do sangrento e dispendioso conflito a população da Callacia continua incapaz de perdoar os derrotados. Entretanto a tensão acumula…
Neste conto o autor introduz-nos a mais um mundo criado de raiz que tem imenso potencial.
Apesar de a narrativa iniciar com um pequeno episódio envolvendo Myr e a sua tia é também aqui que se começa a estabelecer a personagem principal: James Vallen, que será sobre quem o conto realmente se debruçará.
Este primeiro episódio também serve para situar o leitor no mundo e na sua situação social, e está bem conseguido.
De verdade a única coisa errada com este conto é o facto de, em duas ocasiões, o autor debitar informação através de diálogos secos e forçados, que se vê claramente que foram feitos apenas para servirem como veículo de informação que, a meu ver, poderia ter sido muito mais bem sucedida se entregue de outra forma.
Tirando isso gostei muito do texto e das potencialidades deste mundo e da personagem do James Valllens.
Sinopse:
Carvão alimenta o Império, mas nas ruas de Nova Opida o coração do povo é movido por outro combustível: ódio. Três anos volvidos desde o fim do sangrento e dispendioso conflito a população da Callacia continua incapaz de perdoar os derrotados. Entretanto a tensão acumula…
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Universos Literários
"Universos Literários", antologia com contos de Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Cipriano, Pedro Pereira, Sara Farinha (Fantasy & Co)
Esta antologia, pareceu-me, foi criada com o intuito de mostrar as leitores os universos literários que estes escritores haviam criado para outras obras, mais propriamente romances e sagas em que muitos deles trabalharam e/ou continuam a trabalhar. E, só por isso, Universos Literários chamou-me rapidamente a atenção.
Infelizmente, e talvez por alguns dos escrites estarem tão envolvidos nos mundos que criaram, nem todos os contos funcionaram como tal. Uns pareciam capítulos retirados de uma narrativa maior, e outros pareciam (pior ainda) partes de capítulos, que não funcionavam, de forma alguma, como histórias independentementes.
Ora um conto tem de ser autoo-suficiente, assim como um romance o tem de ser, mesmo que tenha uma sequela. E isso nem sempre aconteceu nesta antologia. Pese embora os que conseguiram tal feito me tenham suscitado bastante interesse.
Dito isto os contos que se destacam são: "A destilação do Absurdo, de Carlos Silva; e "O Canto da Ninfa", de Carina Portugal.
Abaixo ficam as opiniões conto a conto:
"Imtharien - O Canto da Ninfa", de Carina Portugal
Esta primeira história é doce e chega mesmo a surpreender. Gostei muito das personagens, do romance e das descrições.
"Inbicta - Pintar os Franceses de carmim", de Ana Ferreira (Adeselna Davies
A Adosinda é, sem dúvida, uma personagem caricata e super-interessante. Toda a situação representada no conto é engraçada mas infelizmente tudo aconteceu tão depressa, tão fora de cena que me senti um pouco alienada do conto.
Noutra nota, a tradução das frases em inglês e francês são, para mim, uma falha bem notada (embora eu perceba, não quer dizer que todos saibam falar minimamente as línguas).
"Apocalipse - A Queda de Berlim", de Pedro Pereira
Este foi um dos contos que se leu como um capítulo retirado de uma narrativa maior (o que não quer dizer que o seja, literalmente). A história está bastante boa e a sequência de acção também, mas o desfecho é péssimo porque não existe qualquer tipo de resolução. O leitor fica na corda bamba.
"Percepção - Túmulo 62", de Sara Farinha
Uma aventura passada no Egipto, com o ritmo narrativo certo e que está bastante bem escrita. Funciona como um conto embora fiquem muitas perguntas no ar. O único ponto fraco é o facto de não me ter conseguido ligar com a personagem.
"Urbania - A Destilação do Absurdo", de Carlos Silva
Definitivamente o meu conto favorito da antologia. Muito bem escrito, com excelentes descrições e uma história muito intrigante que me deu vontade de pegar no "Urbania" para ler o quanto antes.
"Ahelanae - O primeiro Voo", de Liliana Novais
Este conto não funciona porque não tem fim, nem meio (quase se pode dizer). Parece um excerto de um capítulo sem lógica, e no qual as persoangens não cativam, nem a prosa.
"Era Dourada - A Alvorada", de Pedro Cipriano
Um conto com uma boa prosa e uma linha narrativa muito interessante, mas que peca por não explicar nada do que se está a passar ao leitor. Não sabemos porque os personagens estão ali ou porque o conto teve o final que teve. Ficam demasaidas perguntas no ar.
Esta antologia, pareceu-me, foi criada com o intuito de mostrar as leitores os universos literários que estes escritores haviam criado para outras obras, mais propriamente romances e sagas em que muitos deles trabalharam e/ou continuam a trabalhar. E, só por isso, Universos Literários chamou-me rapidamente a atenção.
Infelizmente, e talvez por alguns dos escrites estarem tão envolvidos nos mundos que criaram, nem todos os contos funcionaram como tal. Uns pareciam capítulos retirados de uma narrativa maior, e outros pareciam (pior ainda) partes de capítulos, que não funcionavam, de forma alguma, como histórias independentementes.
Ora um conto tem de ser autoo-suficiente, assim como um romance o tem de ser, mesmo que tenha uma sequela. E isso nem sempre aconteceu nesta antologia. Pese embora os que conseguiram tal feito me tenham suscitado bastante interesse.
Dito isto os contos que se destacam são: "A destilação do Absurdo, de Carlos Silva; e "O Canto da Ninfa", de Carina Portugal.
Abaixo ficam as opiniões conto a conto:
"Imtharien - O Canto da Ninfa", de Carina Portugal
Esta primeira história é doce e chega mesmo a surpreender. Gostei muito das personagens, do romance e das descrições.
"Inbicta - Pintar os Franceses de carmim", de Ana Ferreira (Adeselna Davies
A Adosinda é, sem dúvida, uma personagem caricata e super-interessante. Toda a situação representada no conto é engraçada mas infelizmente tudo aconteceu tão depressa, tão fora de cena que me senti um pouco alienada do conto.
Noutra nota, a tradução das frases em inglês e francês são, para mim, uma falha bem notada (embora eu perceba, não quer dizer que todos saibam falar minimamente as línguas).
"Apocalipse - A Queda de Berlim", de Pedro Pereira
Este foi um dos contos que se leu como um capítulo retirado de uma narrativa maior (o que não quer dizer que o seja, literalmente). A história está bastante boa e a sequência de acção também, mas o desfecho é péssimo porque não existe qualquer tipo de resolução. O leitor fica na corda bamba.
"Percepção - Túmulo 62", de Sara Farinha
Uma aventura passada no Egipto, com o ritmo narrativo certo e que está bastante bem escrita. Funciona como um conto embora fiquem muitas perguntas no ar. O único ponto fraco é o facto de não me ter conseguido ligar com a personagem.
"Urbania - A Destilação do Absurdo", de Carlos Silva
Definitivamente o meu conto favorito da antologia. Muito bem escrito, com excelentes descrições e uma história muito intrigante que me deu vontade de pegar no "Urbania" para ler o quanto antes.
"Ahelanae - O primeiro Voo", de Liliana Novais
Este conto não funciona porque não tem fim, nem meio (quase se pode dizer). Parece um excerto de um capítulo sem lógica, e no qual as persoangens não cativam, nem a prosa.
"Era Dourada - A Alvorada", de Pedro Cipriano
Um conto com uma boa prosa e uma linha narrativa muito interessante, mas que peca por não explicar nada do que se está a passar ao leitor. Não sabemos porque os personagens estão ali ou porque o conto teve o final que teve. Ficam demasaidas perguntas no ar.
terça-feira, 31 de março de 2015
::Conto:: O monociclo
"O Monociclo", de Vitor Frazão (Fantasy & Co)
Já são poucos os textos que realmente me metem medo mas este foi um deles.
As cenas que o autor descreve hão-de ser vívidas o suficiente (e para alguns até demais) para qualquer leitor. Aquela cena das baratas ... Brrr!
Conselho: Não leiam isto na hora de deitar. Pesadelos garantidos! (Eu bem sei, porque foi isso que fiz.)
Neste conto o imaginário é rico e merece ser revisitado. A prosa é poderosa e os diálogos, como sempre, são fabulosos.
Recomendo!
Sinopse:
Uma bizarra e aparentemente inofensiva velharia passa de mão em mão graças à ganância, ignorância e curiosidade humana, transportando consigo uma perigosa maldição. Agravando a loucura, o legítimo dono e os seus lacaios querem recuperá-la.
Podem ler esta história gratuitamente Aqui.
Já são poucos os textos que realmente me metem medo mas este foi um deles.
As cenas que o autor descreve hão-de ser vívidas o suficiente (e para alguns até demais) para qualquer leitor. Aquela cena das baratas ... Brrr!
Conselho: Não leiam isto na hora de deitar. Pesadelos garantidos! (Eu bem sei, porque foi isso que fiz.)
Neste conto o imaginário é rico e merece ser revisitado. A prosa é poderosa e os diálogos, como sempre, são fabulosos.
Recomendo!
Sinopse:
Uma bizarra e aparentemente inofensiva velharia passa de mão em mão graças à ganância, ignorância e curiosidade humana, transportando consigo uma perigosa maldição. Agravando a loucura, o legítimo dono e os seus lacaios querem recuperá-la.
Podem ler esta história gratuitamente Aqui.
::Conto:: Dança do Corvo
"Dança do Corvo", de Vitor Frazão (Fantasy & Co)
Foi bom regressar ao mundo que o autor criou em "A Vingança do Lobo" e ainda melhor foi ler novas aventuras da Eleanora, que foi uma das minhas personagens favoritas no já mencionado romance.
Descobrir um pouco do passado desta personagem foi a parte mais interessante do conto, assim como o vislumbre que temos do imaginário japonês que o autor conseguiu captar bastante bem.
As cenas de batalha são intensas e os diálogos, como sempre, estão muito bons. No entanto certos pormenores impediram-me de realmente adorar este conto: o facto de o autor assumir que o leitor sabe, logo à partida, o que é e que aspecto tem uma naginata ou hakama, e o que são os yokai (embora este seja mais desculpável).
Além disso a própria história não se aprofundou o suficiente. A situação precisava de mais espaço para funcionar melhor.
Contudo é um conto que certamente agradará a quem já conhece a Eleanora (como eu).
Sinopse:
Muito antes dos eventos de “A Vingança do Lobo”, a vampira Eleanora “Lâmina Sangrenta” Reeve descobriu o seu destino entre os estranhos yokai do País do Sol Nascente.
Podem ler esta história gratuitamente Aqui ou Aqui.
Foi bom regressar ao mundo que o autor criou em "A Vingança do Lobo" e ainda melhor foi ler novas aventuras da Eleanora, que foi uma das minhas personagens favoritas no já mencionado romance.
Descobrir um pouco do passado desta personagem foi a parte mais interessante do conto, assim como o vislumbre que temos do imaginário japonês que o autor conseguiu captar bastante bem.
As cenas de batalha são intensas e os diálogos, como sempre, estão muito bons. No entanto certos pormenores impediram-me de realmente adorar este conto: o facto de o autor assumir que o leitor sabe, logo à partida, o que é e que aspecto tem uma naginata ou hakama, e o que são os yokai (embora este seja mais desculpável).
Além disso a própria história não se aprofundou o suficiente. A situação precisava de mais espaço para funcionar melhor.
Contudo é um conto que certamente agradará a quem já conhece a Eleanora (como eu).
Sinopse:
Muito antes dos eventos de “A Vingança do Lobo”, a vampira Eleanora “Lâmina Sangrenta” Reeve descobriu o seu destino entre os estranhos yokai do País do Sol Nascente.
Podem ler esta história gratuitamente Aqui ou Aqui.
sexta-feira, 27 de março de 2015
A Morte de Ivan Ilitch
"A Morte de Ivan Ilitch (Ivana Ilyicha)", de Lev Tolstoi (Europa-América, Relógio D'Água, BIS Leya, etc.)
Antes de mais, será que posso dizer que a falta de coesão na tradução do nome do autor me dá dores de cabeça? Mas afinal é Liev Tolstói, Léon Tolstói, Leão Tolstoi, Leo Tolstoy ou Lev Tolstói? Decidam-se! Não há consenso! Já para não falar que nem o título desta obra tem tradução coesa- Para uns é "(...) Ivan Ilitch", para outros "(...) Ivan Ilych", ou ainda "(...) Ivan Iliitch)", a par de mais umas quantas variações.
Eu imagino que o russo seja difícil de traduzir mas deveria haver um consenso, pelo menos nos nomes próprios.
Mas falando agora do que interessa: a obra em si.
Este é um livro que eu acredito que tocará todos os leitores de alguma forma. Afinal que tema poderá ser mais universal que a morte e a nossa impotência perante a sua inevitabilidade?
A mim tocou-me por me fazer pensar em pessoas queridas que já partiram, e noutras que ainda estão vá, felizmente, mas que talvez se sintam um pouco como Ivan Ilitch se sentiu nas suas últimas semanas de vida. O vazio, a solidão, a raiva, a incompreensão.
No início esta história parecia uma crítica à sociedade, aos que se fazem de vítimas no funeral dos outros, aos calculistas que estão já a pensar em possíveis promoções, antes mesmo de o funeral acontecer. E acaba por ser isso mesmo, nos primeiros capítulos, e a crítica é tão acutilante como subtil. E funciona, e marca, e cria uma raiva no leitor porque sabemos que sim, existem parasitas na sociedade que são assim.
Mas depois o texto regressa atrás no tempo e mostra-nos a vida de Ivan Ilitch, e a sua espiral descendente para a morte. E aqui a prosa faz aquilo que muitos professores modernos de literatura dizem que não se deve fazer: conta, em vez de mostrar. E será isso relevante?
Pois certamente vos posso dizer que não tira qualquer mérito à obra.
Muitos trechos me tocaram profundamente, apertaram o peito e fizeram reflectir. Na morte, no egocentrismo da situação e consequente repulsa de e para com todas as outras pessoas que não estavam a passar pelo calvário do protagonista. a sua visão possivelmente distorcida das acções dos outros, a sua percepção quase lunática de que ninguém realmente estava preocupado com ele. Seria verdade? Ou seria apenas a sua percepção da realidade?
Em suma, A Morte de Ivan Ilitch é uma obra que merece ser lida, pensada, reflectida. Recomendo sem reservas, pois acredito que terá algo a dizer a todos os tipos de leitores.
Nota: Esta obra encontra-se no domínio público e pode ser lida, de forma gratuita, na língua original (russo) e noutras línguas também, Eu li em ebook, numa versão disponibilizada pelo FeedBooks.
Sinopse:
Os caminhos da solidão ou os caminhos que levam um homem à solidão. Será que a solidão não passa de um estado de alma? Ou os elementos externos à nossa vontade poderão provocar a verdadeira solidão, a mais real e completa, aquela que acontece e se esconde no círculo da família e da sociedade? Neste intenso estudo sobre a alma humana e uma das suas mais assustadoras condições, a solidão, Leão Tolstoi volta a imprimir o seu cunho de mestre como leitor e crítico do ser humano, transformando "A Morte de Ivan Ilitch" numa das mais belas e comoventes obras sobre este tema.
Aclamada como uma das maiores obras-primas sobre a temática da morte, esta é a história de Ivan Iliitch, um juiz respeitado que, apercebendo-se da morte próxima, se interroga sobre as suas escolhas, percurso de vida e a mentira em que vive.
Antes de mais, será que posso dizer que a falta de coesão na tradução do nome do autor me dá dores de cabeça? Mas afinal é Liev Tolstói, Léon Tolstói, Leão Tolstoi, Leo Tolstoy ou Lev Tolstói? Decidam-se! Não há consenso! Já para não falar que nem o título desta obra tem tradução coesa- Para uns é "(...) Ivan Ilitch", para outros "(...) Ivan Ilych", ou ainda "(...) Ivan Iliitch)", a par de mais umas quantas variações.
Eu imagino que o russo seja difícil de traduzir mas deveria haver um consenso, pelo menos nos nomes próprios.
Mas falando agora do que interessa: a obra em si.
Este é um livro que eu acredito que tocará todos os leitores de alguma forma. Afinal que tema poderá ser mais universal que a morte e a nossa impotência perante a sua inevitabilidade?
A mim tocou-me por me fazer pensar em pessoas queridas que já partiram, e noutras que ainda estão vá, felizmente, mas que talvez se sintam um pouco como Ivan Ilitch se sentiu nas suas últimas semanas de vida. O vazio, a solidão, a raiva, a incompreensão.
No início esta história parecia uma crítica à sociedade, aos que se fazem de vítimas no funeral dos outros, aos calculistas que estão já a pensar em possíveis promoções, antes mesmo de o funeral acontecer. E acaba por ser isso mesmo, nos primeiros capítulos, e a crítica é tão acutilante como subtil. E funciona, e marca, e cria uma raiva no leitor porque sabemos que sim, existem parasitas na sociedade que são assim.
Mas depois o texto regressa atrás no tempo e mostra-nos a vida de Ivan Ilitch, e a sua espiral descendente para a morte. E aqui a prosa faz aquilo que muitos professores modernos de literatura dizem que não se deve fazer: conta, em vez de mostrar. E será isso relevante?
Pois certamente vos posso dizer que não tira qualquer mérito à obra.
Muitos trechos me tocaram profundamente, apertaram o peito e fizeram reflectir. Na morte, no egocentrismo da situação e consequente repulsa de e para com todas as outras pessoas que não estavam a passar pelo calvário do protagonista. a sua visão possivelmente distorcida das acções dos outros, a sua percepção quase lunática de que ninguém realmente estava preocupado com ele. Seria verdade? Ou seria apenas a sua percepção da realidade?
Em suma, A Morte de Ivan Ilitch é uma obra que merece ser lida, pensada, reflectida. Recomendo sem reservas, pois acredito que terá algo a dizer a todos os tipos de leitores.
Nota: Esta obra encontra-se no domínio público e pode ser lida, de forma gratuita, na língua original (russo) e noutras línguas também, Eu li em ebook, numa versão disponibilizada pelo FeedBooks.
Sinopse:
Os caminhos da solidão ou os caminhos que levam um homem à solidão. Será que a solidão não passa de um estado de alma? Ou os elementos externos à nossa vontade poderão provocar a verdadeira solidão, a mais real e completa, aquela que acontece e se esconde no círculo da família e da sociedade? Neste intenso estudo sobre a alma humana e uma das suas mais assustadoras condições, a solidão, Leão Tolstoi volta a imprimir o seu cunho de mestre como leitor e crítico do ser humano, transformando "A Morte de Ivan Ilitch" numa das mais belas e comoventes obras sobre este tema.
Aclamada como uma das maiores obras-primas sobre a temática da morte, esta é a história de Ivan Iliitch, um juiz respeitado que, apercebendo-se da morte próxima, se interroga sobre as suas escolhas, percurso de vida e a mentira em que vive.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Two Moons of Sera - Omnibus
"Two Moons of Sera - Omnibus", Parvati K. Tyler (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse (inglês):
In a world where water and earth teem with life, Serafay is an anomaly. The result of genetic experiments on her mother's water-borne line Serafay will have to face the very people responsible to discover who she really is. But is she the only one?
Opinião (ebook):
Two Moons of Sera foi originalmente dividido em 4 partes que, posteriormente, a autora reuniu num volume único. E a verdade é que cada uma das 4 partes pouco mais é que uma pequena noveleta, por isso faz todo o sentido reuní-las.
Eu já tinha lido a 1ª (opinião) e a 2ª (opinião) quando comprei este Omnibus. As primeiras foram oferta da autora, o que eu agradeço.
Deste modo esta opinião recairá sobre as 3ª e 4ª partes, assim como na obra como um todo. Vamos a isso!
O mundo criado pela autora é bastante imaginativo e rico, embora só no final da 4ª parte se perceba melhor de onde surgiram as 3 raças: Sualwet (seres aquáticos), Erdlander (seres terrestres) e A'aihea (seres do fogo). De todas, a mais explorada foi, sem dúvida, a Erdlander, o que não deixa de ser estranho, tendo em conta que a Sera é meia-Sualwet e o Tor é A'aihea; e eles são os personagens principais. Esta foi, para mim, uma grande falha, já que os Sualwet, em especial, são muito negligenciados na narrativa e o que sabemos deles é muito limitado. Contudo os Erdlanders transpareceram quase exclusivamente como uma raça egoísta e intolerante; excepções feitas a algumas pessoas que a Sera encontrou pelo caminhos.
A história em si é bastante complexa mas grande parte desta complexidade só surge quase no final da 3ª parte e, como temi desde cedo, o tempo foi insuficiente para trazer uma conclusão completamente satisfatória. Existem muitas perguntas por responder, ou melhor, as perguntas iniciais estão quase todas respondidas mas apenas conseguem levantar mais questões. Senti que o final foi apressado! Se bem que, de um modo geral gostei da resolução por dar esperança de um futuro melhor. Contudo não gostei do epílogo, em que a autora enfiou quase à pressão uma cena fofinha que nada tinha a ver com o Tor ou a Sera. Esses sim queria eu ver!
E por falar em romance: este é uma grande parte de Two Moons of Sera e, confesso, achei que a Serafay (Sera) e o Torkek (Tor) ficavam muito bem juntos, o que só fez com que me enfurecesse quando na última parte o Tor some e não nos são dadas razões válidas para isso (eu pelo menos não as achei justificáveis). Acho que isso apenas aconteceu para criar fricção mas acabou por arruinar o romance na parte final, onde este devia ser mais forte.
A nível de personagens, sem dúvida que Tor e Sera são os mais bem explorados, mas a autora sabe criar personagens muito interessantes e fazer com que o leitor se preocupe com o destino deles. As minhas favoritas foram o Tor, a Sera e o Elgon (o cão selvagem XD).
A prosa é bastante directa, algo romantizada. Não é excepcional mas funciona bem neste tipo de narrativa. Só gostava que tivesse-se debruçado mais nas diferentes culturas e que o final não tivesse sido tão apressado.
Em suma, Two Moons of Sera (1 a 4) é uma história interessante, por vezes intensa, com boas personagens, um romance fofo e um mundo com muito potencial. Não conseguiu explorar tudo o que eu gostaria de ter visto e o final foi apressado mas isso não o torna uma leitura menos boa. Recomendo!
Visitem o site da autora.
Booktrailer:
Sinopse (inglês):
In a world where water and earth teem with life, Serafay is an anomaly. The result of genetic experiments on her mother's water-borne line Serafay will have to face the very people responsible to discover who she really is. But is she the only one?
Opinião (ebook):
Two Moons of Sera foi originalmente dividido em 4 partes que, posteriormente, a autora reuniu num volume único. E a verdade é que cada uma das 4 partes pouco mais é que uma pequena noveleta, por isso faz todo o sentido reuní-las.
Eu já tinha lido a 1ª (opinião) e a 2ª (opinião) quando comprei este Omnibus. As primeiras foram oferta da autora, o que eu agradeço.
Deste modo esta opinião recairá sobre as 3ª e 4ª partes, assim como na obra como um todo. Vamos a isso!
O mundo criado pela autora é bastante imaginativo e rico, embora só no final da 4ª parte se perceba melhor de onde surgiram as 3 raças: Sualwet (seres aquáticos), Erdlander (seres terrestres) e A'aihea (seres do fogo). De todas, a mais explorada foi, sem dúvida, a Erdlander, o que não deixa de ser estranho, tendo em conta que a Sera é meia-Sualwet e o Tor é A'aihea; e eles são os personagens principais. Esta foi, para mim, uma grande falha, já que os Sualwet, em especial, são muito negligenciados na narrativa e o que sabemos deles é muito limitado. Contudo os Erdlanders transpareceram quase exclusivamente como uma raça egoísta e intolerante; excepções feitas a algumas pessoas que a Sera encontrou pelo caminhos.
A história em si é bastante complexa mas grande parte desta complexidade só surge quase no final da 3ª parte e, como temi desde cedo, o tempo foi insuficiente para trazer uma conclusão completamente satisfatória. Existem muitas perguntas por responder, ou melhor, as perguntas iniciais estão quase todas respondidas mas apenas conseguem levantar mais questões. Senti que o final foi apressado! Se bem que, de um modo geral gostei da resolução por dar esperança de um futuro melhor. Contudo não gostei do epílogo, em que a autora enfiou quase à pressão uma cena fofinha que nada tinha a ver com o Tor ou a Sera. Esses sim queria eu ver!
E por falar em romance: este é uma grande parte de Two Moons of Sera e, confesso, achei que a Serafay (Sera) e o Torkek (Tor) ficavam muito bem juntos, o que só fez com que me enfurecesse quando na última parte o Tor some e não nos são dadas razões válidas para isso (eu pelo menos não as achei justificáveis). Acho que isso apenas aconteceu para criar fricção mas acabou por arruinar o romance na parte final, onde este devia ser mais forte.
A nível de personagens, sem dúvida que Tor e Sera são os mais bem explorados, mas a autora sabe criar personagens muito interessantes e fazer com que o leitor se preocupe com o destino deles. As minhas favoritas foram o Tor, a Sera e o Elgon (o cão selvagem XD).
A prosa é bastante directa, algo romantizada. Não é excepcional mas funciona bem neste tipo de narrativa. Só gostava que tivesse-se debruçado mais nas diferentes culturas e que o final não tivesse sido tão apressado.
Em suma, Two Moons of Sera (1 a 4) é uma história interessante, por vezes intensa, com boas personagens, um romance fofo e um mundo com muito potencial. Não conseguiu explorar tudo o que eu gostaria de ter visto e o final foi apressado mas isso não o torna uma leitura menos boa. Recomendo!
Visitem o site da autora.
Booktrailer:
domingo, 11 de maio de 2014
Antologia 7 Pecados
"7 Pecados", antologia com contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Cipriano, Pedro Pereira, Sara Farinha e Vitor Frazão (ebook)
Sinopse:
Sete escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Pecados: Gula, Orgulho, Ira, Luxúria, Preguiça, Inveja e Avareza
Opinião:
Mais uma antologia do projecto Fantasy & Co. Não é a melhor colectânea que li até agora mas tem alguns textos que vale a pena ler. Só é pena que sejam tão curtos, pois alguns deles bem que podiam ser melhores com mais espaço. Adoro contos de todos os tamanhos, mas o texto tem de ser tão grande, ou tão pequeno, quanto seja requerido para que se crie um elo entre o leitor e a história. Pode ser uma frase, ou vinte páginas. Há que encontrar o balanço e, infelizmente, alguns contos aqui não conseguiram alcançar esse objectivo.
Fora isso, os meus favoritos foram: Luxúria e Preguiça.
Gula, de Carina Portugal
Um conto grotesco, por vezes até em demasia. O final é pouco satisfatório por parecer deixar o relato a meio. No entanto gostei, mais uma vez, da escrita da autora e do ritmo da história.
A Cidade Perdida - Um conto acerca do Orgulho, de Liliana Novais
Este pequeno conto romântico não me cativou. Os diálogos eram fracos, especialmente entre o Jobel e a Princesa, e a atracção dos dois não funcionou. Infelizmente acaba por ser uma história igual a tantas outras, apesar de eu ter gostado do setting.
Ira, de Pedro Pereira
Um conto pouco memorável e muito pouco detalhado. O leitor não tem tempo suficiente para criar laços com as personagens.
Luxúria, de Sara Farinha
Excepção feita ao primeiro parágrafo, que está demasiado carregado, a prosa está excelente! Muito luxuriante e ritmada, como a música da discoteca. Gostei muito, especialmente do fim. Sem dúvida o melhor conto que li da Sara Farinha até hoje.
Preguiça, de Carlos Silva
Um belo texto, actual e que fez, para mim, muito sentido, com uma pitada de sarcasmo que cai bem.
Desejos (Inveja), de Vítor Frazão
Gostei bastante do conto até chegar ao último parágrafo! Ficava bem sem ele, mas, ainda assim, a história perece-me imensamente incompleta.
Nada e Tudo (Avareza), de Pedro Cipriano
Texto hipotético, pouco empolgante e demasiado expositório. Não me aliciou.
Sinopse:
Sete escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Pecados: Gula, Orgulho, Ira, Luxúria, Preguiça, Inveja e Avareza
Opinião:
Mais uma antologia do projecto Fantasy & Co. Não é a melhor colectânea que li até agora mas tem alguns textos que vale a pena ler. Só é pena que sejam tão curtos, pois alguns deles bem que podiam ser melhores com mais espaço. Adoro contos de todos os tamanhos, mas o texto tem de ser tão grande, ou tão pequeno, quanto seja requerido para que se crie um elo entre o leitor e a história. Pode ser uma frase, ou vinte páginas. Há que encontrar o balanço e, infelizmente, alguns contos aqui não conseguiram alcançar esse objectivo.
Fora isso, os meus favoritos foram: Luxúria e Preguiça.
Gula, de Carina Portugal
Um conto grotesco, por vezes até em demasia. O final é pouco satisfatório por parecer deixar o relato a meio. No entanto gostei, mais uma vez, da escrita da autora e do ritmo da história.
A Cidade Perdida - Um conto acerca do Orgulho, de Liliana Novais
Este pequeno conto romântico não me cativou. Os diálogos eram fracos, especialmente entre o Jobel e a Princesa, e a atracção dos dois não funcionou. Infelizmente acaba por ser uma história igual a tantas outras, apesar de eu ter gostado do setting.
Ira, de Pedro Pereira
Um conto pouco memorável e muito pouco detalhado. O leitor não tem tempo suficiente para criar laços com as personagens.
Luxúria, de Sara Farinha
Excepção feita ao primeiro parágrafo, que está demasiado carregado, a prosa está excelente! Muito luxuriante e ritmada, como a música da discoteca. Gostei muito, especialmente do fim. Sem dúvida o melhor conto que li da Sara Farinha até hoje.
Preguiça, de Carlos Silva
Um belo texto, actual e que fez, para mim, muito sentido, com uma pitada de sarcasmo que cai bem.
Desejos (Inveja), de Vítor Frazão
Gostei bastante do conto até chegar ao último parágrafo! Ficava bem sem ele, mas, ainda assim, a história perece-me imensamente incompleta.
Nada e Tudo (Avareza), de Pedro Cipriano
Texto hipotético, pouco empolgante e demasiado expositório. Não me aliciou.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Antologia Halloween
"Halloween", antologia de contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Pereira, Sara Farinha, Vitor Frazão (ebook)
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram o Halloween, em toda a sua ligação com o fantástico e o desconhecido.
Opinião:
Seguem-se as opinião individuais dos contos e, no fim, uma opinião geral.
A Menina que não Gostava de Doces, de Carina Portugal
Adorei este conto. Não era nada do que parecia a princípio. Divertiu-me mas, ao mesmo tempo, o tema era sério. Bem escrito, mostrou uma excelente protagonista da qual gostaria de ler mais aventuras.
Morte Branca, de Liliana Novais
Nem sei muito bem o que dizer em relação a este texto. Apressado. Sem nexo, E confuso, mas de uma forma desagradável. O final é .. err ... ridículo, mas o conceito em si não é melhor. E já agora, porquê um coelho?
Bruxaria, de Pedro Pereira
Um texto grotesco mas bem escrito. Suponho que essa fosse a ideia.
A Noite de Todas as Sombras, de Sara Farinha
Gostei da prosa mas a história sabe a pouco. É demasiado vaga e eu não gostei do final.
Chehkov's Gun, de Carlos Silva
Um conto intenso, bem escrito e empolgante. O final não podia ser melhor
Se uma Árvore cai na Floresta, de Vítor Frazão
Mais um conto muito grotesco mas, igualmente, muito interessante. Mais uma vez o autor, Vítor Frazão, pegou numa personagem mitológica pouco usual e escreveu-a de forma brilhante. Gostei.
Em suma, uma antologia bem conseguida, com contos muitos interessantes e alguns que definitivamente me ficarão na memória. Os favorios foram: "A Menina que não Gostava de Doces" e "Se uma Árvore cai na Floresta".
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram o Halloween, em toda a sua ligação com o fantástico e o desconhecido.
Opinião:
Seguem-se as opinião individuais dos contos e, no fim, uma opinião geral.
A Menina que não Gostava de Doces, de Carina Portugal
Adorei este conto. Não era nada do que parecia a princípio. Divertiu-me mas, ao mesmo tempo, o tema era sério. Bem escrito, mostrou uma excelente protagonista da qual gostaria de ler mais aventuras.
Morte Branca, de Liliana Novais
Nem sei muito bem o que dizer em relação a este texto. Apressado. Sem nexo, E confuso, mas de uma forma desagradável. O final é .. err ... ridículo, mas o conceito em si não é melhor. E já agora, porquê um coelho?
Bruxaria, de Pedro Pereira
Um texto grotesco mas bem escrito. Suponho que essa fosse a ideia.
A Noite de Todas as Sombras, de Sara Farinha
Gostei da prosa mas a história sabe a pouco. É demasiado vaga e eu não gostei do final.
Chehkov's Gun, de Carlos Silva
Um conto intenso, bem escrito e empolgante. O final não podia ser melhor
Se uma Árvore cai na Floresta, de Vítor Frazão
Mais um conto muito grotesco mas, igualmente, muito interessante. Mais uma vez o autor, Vítor Frazão, pegou numa personagem mitológica pouco usual e escreveu-a de forma brilhante. Gostei.
Em suma, uma antologia bem conseguida, com contos muitos interessantes e alguns que definitivamente me ficarão na memória. Os favorios foram: "A Menina que não Gostava de Doces" e "Se uma Árvore cai na Floresta".
domingo, 13 de abril de 2014
Antologia 7 Virtudes
"7 Virtudes", de Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Pedro Cipriano, Pedro Pereira e Sara Farinha (ebook)
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e Humildade
Opinião:
Mais uma antologia do grupo Fantasy & Co. Como já é costume, deixo opiniões individuais e, no final uma opinião geral.
Castidade, de Sara Farinha
Um conto bem escrito, passado num mundo curioso e com personagens interessantes mas ... que raio de final é aquele? Parece que ficamos a meio da história, sem a promessa de haver continuação. Onde está o resto?
O Protótipo (Generosidade), de Pedro Cipriano
O conto em si está bem escrito e a ideia é interessante mas não chegamos a perceber as motivações do protagonista e por isso o fim não impressiona. A prosa pouco dinâmica também não ajuda.
O que não Cura, Satisfaz (Temperança), de Ana Ferreira
Sensual e pouco convencional. Um conto interessante que gostei de ler, apesar de que gostaria de ter sabido algo mais sobre a restante vida da protagonista.
Diligência, de Carlos Silva
Passado num mundo promissor (ferradentes = gostei), tem também uma história eficaz. No entanto foi um conto que não me marcou.
O Paciente é o mais Forte (Paciência), de Pedro Pereira
Este conto parece uma daquelas histórias de auto-ajuda (tipo Paulo Coelho, ou coisa parecida; não que tenha algo contra). Contudo este texto não me tocou, nem marcou.
Corpo, Alma e Coração (Caridade), de Carina Portugal
Uma história muito estranha, que pouco tem a ver com a virtude em questão (Caridade). Um texto muito estranho, com boa escrita mas que, no fim, é tão somente bizarro.
O Documento (Humildade), de Ana Ferreira
Talvez por conhecer a autora e o seu trabalho, este conto me pareceu mais um sermão, um desabafo, do que propriamente ficção. Além do mais não tem nada de fantasia. Não me tocou, no entanto fez bem o trabalho de representar a virtude em questão (Humildade).
Em suma, está aqui mais uma antologia interessante deste grupo de escritores. Nem todos estão ao mesmo nível mas existem aqui trabalhos dignos de nota, especialmente "Castidade" e "O que não Cura, Satisfaz".
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e Humildade
Opinião:
Mais uma antologia do grupo Fantasy & Co. Como já é costume, deixo opiniões individuais e, no final uma opinião geral.
Castidade, de Sara Farinha
Um conto bem escrito, passado num mundo curioso e com personagens interessantes mas ... que raio de final é aquele? Parece que ficamos a meio da história, sem a promessa de haver continuação. Onde está o resto?
O Protótipo (Generosidade), de Pedro Cipriano
O conto em si está bem escrito e a ideia é interessante mas não chegamos a perceber as motivações do protagonista e por isso o fim não impressiona. A prosa pouco dinâmica também não ajuda.
O que não Cura, Satisfaz (Temperança), de Ana Ferreira
Sensual e pouco convencional. Um conto interessante que gostei de ler, apesar de que gostaria de ter sabido algo mais sobre a restante vida da protagonista.
Diligência, de Carlos Silva
Passado num mundo promissor (ferradentes = gostei), tem também uma história eficaz. No entanto foi um conto que não me marcou.
O Paciente é o mais Forte (Paciência), de Pedro Pereira
Este conto parece uma daquelas histórias de auto-ajuda (tipo Paulo Coelho, ou coisa parecida; não que tenha algo contra). Contudo este texto não me tocou, nem marcou.
Corpo, Alma e Coração (Caridade), de Carina Portugal
Uma história muito estranha, que pouco tem a ver com a virtude em questão (Caridade). Um texto muito estranho, com boa escrita mas que, no fim, é tão somente bizarro.
O Documento (Humildade), de Ana Ferreira
Talvez por conhecer a autora e o seu trabalho, este conto me pareceu mais um sermão, um desabafo, do que propriamente ficção. Além do mais não tem nada de fantasia. Não me tocou, no entanto fez bem o trabalho de representar a virtude em questão (Humildade).
Em suma, está aqui mais uma antologia interessante deste grupo de escritores. Nem todos estão ao mesmo nível mas existem aqui trabalhos dignos de nota, especialmente "Castidade" e "O que não Cura, Satisfaz".
terça-feira, 18 de março de 2014
Two Moons of Sera - Volume 2
"Two Moons of Sera - Volume 2", de Parvati K. Tyler (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
Volume Two in the Two Moons of Sera series. Continue to follow the adventure of Tor and Sera!
In a world where water and earth teem with life, Serafay is an anomaly. The result of genetic experiments on her mother's water-borne line Serafay will have to face the very people responsible to discover who she really is. But is she the only one?
All the Fun of YA written for Adults
Opinião:
Estes livros foram feitos para serem lidos de seguida, pois não há qualquer elo de ligação, nenhuma introdução para situar o leitor no início deste segundo volume.
Esta segunda parte (de quatro) conseguiu ser mais consistente que a primeira, no entanto faltou-lhe alguma da magia do anterior. Este foi mais terra-a-terra, menos fantástico, mas também melhor para o desenvolvimento de personagens.
A história adensa-se, mas ainda existem demasiadas incógnitas em relação ao conflito entre povos. Também há demasiadas facilidades, como por exemplo: o facto de ninguém questionar a legitimidade da cidadania do Tor e da Sera; o quão facilmente a Sera consegue falar normalmente para os Erdlanders e usar expressões que lhes são familiares, tendo em conta que ela nunca conviveu com eles; entre outras coisas.
O misterioso terceiro povo, do qual só tomamos conhecimento no fim deste volume, parece prestes a complicar este mundo, o que me leva a duvidar que esta série possa terminar em apenas 4 volumes (já só faltam 2). Pelo menos custa-me a crer que o consigam fazer de forma convincente, mas espero estar errada.
Por isso a nível de enredo encontro-me dividida. por um lado estou interessada na trama, no mundo e nas suas potencialidades, mas por outro acho que a autora está a criar demasiadas equações e a providenciar poucas soluções. Se conseguir atar as pontas soltas, de forma satisfatória, nos próximos dois volumes, terei de lhe dar os meus parabéns.
As personagens foram as mais beneficiadas nesta segunda parte. Tanto a Sera como o Tor cresceram bastante e mostraram mais de si. Assim também o relacionamento dos dois amadurecei e acabei por torcer pelos dois. pena foi que a Sera, por vezes, era um bocado imbecil (sempre a lembrar o Tor do seu poder, nos momentos mais inoportunos), mas isso é desculpável como sendo parte da sua personalidade.
O restante elenco também se mostrou interessante, embora poucos se tenham destacado e, em certos momentos, cheguei mesmo a misturar as personagens.
A escrita da autora funciona bem neste tipo de história e só tenho mesmo a apontar o facto de achar que ela poderia e deveria ter sido mais descritiva no ambiente envolvente. A sua prosa é muito bonita em momentos românticos e sabe escrever bem diálogos, mas em termos de descrição envolvente é muito simplista. Outra coisa que me deixa um pouco zangada é a forma como a autora escolhe terminar os volumes. Sou a favor de cliffhangers, mas os desta série são demais. Fora isso, não tenho nada a apontar.
Em suma, Two Moons of Sera 2 é uma sequela muito competente, com bom desenvolvimento de personagens e da trama, deixando o leitor curioso por saber o que se segue. Gostei, mas reservo a minha opinião para quando terminar a série
Sinopse:
Volume Two in the Two Moons of Sera series. Continue to follow the adventure of Tor and Sera!
In a world where water and earth teem with life, Serafay is an anomaly. The result of genetic experiments on her mother's water-borne line Serafay will have to face the very people responsible to discover who she really is. But is she the only one?
All the Fun of YA written for Adults
Opinião:
Estes livros foram feitos para serem lidos de seguida, pois não há qualquer elo de ligação, nenhuma introdução para situar o leitor no início deste segundo volume.
Esta segunda parte (de quatro) conseguiu ser mais consistente que a primeira, no entanto faltou-lhe alguma da magia do anterior. Este foi mais terra-a-terra, menos fantástico, mas também melhor para o desenvolvimento de personagens.
A história adensa-se, mas ainda existem demasiadas incógnitas em relação ao conflito entre povos. Também há demasiadas facilidades, como por exemplo: o facto de ninguém questionar a legitimidade da cidadania do Tor e da Sera; o quão facilmente a Sera consegue falar normalmente para os Erdlanders e usar expressões que lhes são familiares, tendo em conta que ela nunca conviveu com eles; entre outras coisas.
O misterioso terceiro povo, do qual só tomamos conhecimento no fim deste volume, parece prestes a complicar este mundo, o que me leva a duvidar que esta série possa terminar em apenas 4 volumes (já só faltam 2). Pelo menos custa-me a crer que o consigam fazer de forma convincente, mas espero estar errada.
Por isso a nível de enredo encontro-me dividida. por um lado estou interessada na trama, no mundo e nas suas potencialidades, mas por outro acho que a autora está a criar demasiadas equações e a providenciar poucas soluções. Se conseguir atar as pontas soltas, de forma satisfatória, nos próximos dois volumes, terei de lhe dar os meus parabéns.
As personagens foram as mais beneficiadas nesta segunda parte. Tanto a Sera como o Tor cresceram bastante e mostraram mais de si. Assim também o relacionamento dos dois amadurecei e acabei por torcer pelos dois. pena foi que a Sera, por vezes, era um bocado imbecil (sempre a lembrar o Tor do seu poder, nos momentos mais inoportunos), mas isso é desculpável como sendo parte da sua personalidade.
O restante elenco também se mostrou interessante, embora poucos se tenham destacado e, em certos momentos, cheguei mesmo a misturar as personagens.
A escrita da autora funciona bem neste tipo de história e só tenho mesmo a apontar o facto de achar que ela poderia e deveria ter sido mais descritiva no ambiente envolvente. A sua prosa é muito bonita em momentos românticos e sabe escrever bem diálogos, mas em termos de descrição envolvente é muito simplista. Outra coisa que me deixa um pouco zangada é a forma como a autora escolhe terminar os volumes. Sou a favor de cliffhangers, mas os desta série são demais. Fora isso, não tenho nada a apontar.
Em suma, Two Moons of Sera 2 é uma sequela muito competente, com bom desenvolvimento de personagens e da trama, deixando o leitor curioso por saber o que se segue. Gostei, mas reservo a minha opinião para quando terminar a série
segunda-feira, 17 de março de 2014
Um Outro Mundo
"Um Outro Mundo", de David Sobral (ebook)
Sinopse:
Antologia de contos premiados para amantes de ficção e ficção científica/fantástica, sobre o nosso e muitos outros mundos.
Inclui: O Homem que decidiu ser Deus, A mulher que não corria riscos, O sabor amargo das vitórias, O Diário de VX-4010-dh (I), Rumo a SD-GS2056: a Era dos Descobrimentos Espaciais e GR - Gerador de Realidades, entre muitos outros.
Opinião:
Desconhecia totalmente o trabalho deste escritor e cientista mas descobri o seu trabalho na Amazon e, tratando-se de ficção científica em formato conto, despertou-me a curiosidade.
Como vem sendo hábito nas opiniões de antologias, ficam primeiro algumas palavras sobre cada conto individual e no fim deixarei uma opinião geral.
"A Cega Busca por Liberdade"
Um conceito interessante que não foi aproveitado ao seu máximo potencial. O autor utiliza algumas frases bonitas mas isso não é suficiente. Há aqui lugar a muito despejo de informação, o autor diz muito mas não mostra tanto quanto deveria. Para mais o desenvolvimento não faz grande sentido e cheguei ao fim com um sentimento de que nada batia certo. Afinal como foram construídas as bombas?
"Depois do Fim"
Há aqui um sentimento de solidãp e o autor tentou mostrar um certo patriotismo neste conto. No entanto não consegui deixar de notar como foi pelos caminhos fáceis, como decidiu não descrever os locais em qualquer nível de detalhe, escolhendo antes fiar-se na memória do leitor, dando-lhe nomes, tomando atalhos que tiraram intensidade ao texto.
"A Mulher que não corria riscos"
Este foi um texto que me tocou, pela sua mensagem, pela forma como o autor escolheu contá-la, crua e sem rodeios, sem grandes pormenores mas dando informação suficiente para ser interessante. Neste caso o estilo funciona.
"O homem que decidiu ser Deus"
Uma história que começou interessante, chegou a um crescendo que prometia grades coisas e que depois ... caiu. Houve ali um corte do fluxo narrativo que foi como um murro no estômago e aquele monólogo final foi a gota de água.
"O destruidor de Mundos"
Um conceito intrigante que ficou perdido num conto pequeno e sem grande profundidade.
"A guardadora do Mundo"
Um conto que não me disse nada. Foi esta a impressão final com que fiquei.
"O povo das Estrelas"
Mais uma história com muito potencial mas que mirrou pela falta de detalhes e porque o autor escolheu atalhos. No fim o leitor não sabe nada sobre o que o autor tão eloquentemente quis criar. Nada!
"O Oceano Europa"
Belíssimo local de partida, excelente ideia e muito potencial que, mais uma vez, foi completamente desperdiçado. Quando um autor descreve o que o personagem vê como: «... repleto de formas de vida de quase todos os tamanhos e feitos.» eu, enquanto leitora, fico completamente decepcionada!
"Modo de Optimização: On"
Um conto com uma boa ideia e que funciona, mas que não explica como o personagem supostamente chegou a esta sociedade utópica.
"Da janela vê-se o mundo"
Diálogos interessantes (que até aqui o autor havia explorado pouco) e um enredo interessante; mas este conto tem um final que não funcionada, de todo!
"Há vida para além de nós"
Muito suspense, muitas palavras culminaram num final insatisfatório que, mais uma vez, falha em trazer quaisquer respostas ao leitor. Afinal que experiência é essa que prova a existência de vida para além da nossa?
"A estranha magia do Litoral Alentejano"
Julgo que este seja o maior conto da antologia e, potencialmente o mais bem desenvolvido. Temos uma personagem bem exposta (que me parece ligeiramente auto-biográfica), um bom enredo e um conceito muito interessante. Pena foi a sequência final, que não foi tão bem conseguida. No entanto gostei da última frase. Compôs bem o conto.
"O riso da Morte"
Parece-me que o autor quis dissimular uma crítica às corporações e à sociedade capitalista neste texto, mas não foi bem sucedido. É demasiado óbvio e acaba por não funcionar como um conto, apesar de tocar num assunto sensível.
"O sabor amargo das Vitórias"
Uma boa história contada em boas palavras. Gostei!
"Especulação Nocturna"
Um ensaio interessante que pouco ou nada tem de ficção. Mas gostei do conceito porque me deu que pensar.
"Carta a quem quer que sejas"
Um conto escrito na forma de carta e que por isso se torna interessante, na medida em que dá a sensação de que poderia ter sido escrita por uma criança. No entanto perde alguma força por estar só e não ter seguimento; por não haver mais.
"O escritor pecador"
Apesar de apresentar um protagonista com profundidade, este é outro conto que não levou a lado nenhum.
"O diário VX-4010-dh"
Nesta altura comecei a achar que o autor tinha por hábito cortar os contos exactamente no momento em que estes se tornavam interessantes. E isso deixou-me irritada com os textos. Fiquei sem respostas, mais uma vez.
"Rumo a SD-GS2056: A Era dos Descobrimentos Espaciais"
Ideia interessante e bem executada, excepto pelo número de diários de bordo que não fazem qualquer sentido. Oito diários em sabe-se lá quantos meses? Muito pouco provável. E, mais uma vez, o autor explicou muito pouco, o que tornou a história menos credível.
Mesmo assim gostei deste,
"GR - Gerador de Realidades"
Mais um conceito interessante que se perde numa espécie de ensaio, uma mera sinopse.
"Um Futuro Temível"
Excelente tema e prosa bem executada. Gostei porque me fez lembrar uma história que tinha escrito algum tempo antes, e porque fala de algo que nos toca a todos.
"Mais alto é impossível"
Não compreendi este texto. Ou melhor, não compreendi o seu propósito pois pareceu-me apenas ser um ensaio amoroso sobre Newton. Será?
"O outro Mundo"
Bom conceito, boas reviravoltas e filosofias interessantes. Podia era parecer-se menos com um ensaio.
"Alquimia XXI"
Uma história curiosa que acaba por não ter grande impacto pelo facto de eu não ter criado qualquer ligação com as personagens e, daí, não ter sentido grande coisa com o seu desfecho. Contudo foi um final interessante para a a antologia.
Em suma, Um Outro Mundo é uma antologia coesa, mas cujo trabalho integrante é mais um ensaio do que uma reunião de contos. Como antologia de ficção o livro é fraco, a prosa é ineficiente, sem vida e pouco interactiva com o leitor. Não me cativou, de todo, para grande parte das histórias. As personagens não têm grande personalidade e são mais acessórias às ideias, do que outra coisa.
Como ensaio este livro/ebook tem os seus méritos e algumas das ideias são excelentes. Se o autor tivesse explorado mais estas ideias no ramo da ficção, se a prosa fosse mais madura, mais prosaica e menos sumariada, talvez tivesse gostado mais. Desta forma, a antologia não tem grande qualidade como trabalho de ficção.
Sinopse:
Antologia de contos premiados para amantes de ficção e ficção científica/fantástica, sobre o nosso e muitos outros mundos.
Inclui: O Homem que decidiu ser Deus, A mulher que não corria riscos, O sabor amargo das vitórias, O Diário de VX-4010-dh (I), Rumo a SD-GS2056: a Era dos Descobrimentos Espaciais e GR - Gerador de Realidades, entre muitos outros.
Opinião:
Desconhecia totalmente o trabalho deste escritor e cientista mas descobri o seu trabalho na Amazon e, tratando-se de ficção científica em formato conto, despertou-me a curiosidade.
Como vem sendo hábito nas opiniões de antologias, ficam primeiro algumas palavras sobre cada conto individual e no fim deixarei uma opinião geral.
"A Cega Busca por Liberdade"
Um conceito interessante que não foi aproveitado ao seu máximo potencial. O autor utiliza algumas frases bonitas mas isso não é suficiente. Há aqui lugar a muito despejo de informação, o autor diz muito mas não mostra tanto quanto deveria. Para mais o desenvolvimento não faz grande sentido e cheguei ao fim com um sentimento de que nada batia certo. Afinal como foram construídas as bombas?
"Depois do Fim"
Há aqui um sentimento de solidãp e o autor tentou mostrar um certo patriotismo neste conto. No entanto não consegui deixar de notar como foi pelos caminhos fáceis, como decidiu não descrever os locais em qualquer nível de detalhe, escolhendo antes fiar-se na memória do leitor, dando-lhe nomes, tomando atalhos que tiraram intensidade ao texto.
"A Mulher que não corria riscos"
Este foi um texto que me tocou, pela sua mensagem, pela forma como o autor escolheu contá-la, crua e sem rodeios, sem grandes pormenores mas dando informação suficiente para ser interessante. Neste caso o estilo funciona.
"O homem que decidiu ser Deus"
Uma história que começou interessante, chegou a um crescendo que prometia grades coisas e que depois ... caiu. Houve ali um corte do fluxo narrativo que foi como um murro no estômago e aquele monólogo final foi a gota de água.
"O destruidor de Mundos"
Um conceito intrigante que ficou perdido num conto pequeno e sem grande profundidade.
"A guardadora do Mundo"
Um conto que não me disse nada. Foi esta a impressão final com que fiquei.
"O povo das Estrelas"
Mais uma história com muito potencial mas que mirrou pela falta de detalhes e porque o autor escolheu atalhos. No fim o leitor não sabe nada sobre o que o autor tão eloquentemente quis criar. Nada!
"O Oceano Europa"
Belíssimo local de partida, excelente ideia e muito potencial que, mais uma vez, foi completamente desperdiçado. Quando um autor descreve o que o personagem vê como: «... repleto de formas de vida de quase todos os tamanhos e feitos.» eu, enquanto leitora, fico completamente decepcionada!
"Modo de Optimização: On"
Um conto com uma boa ideia e que funciona, mas que não explica como o personagem supostamente chegou a esta sociedade utópica.
"Da janela vê-se o mundo"
Diálogos interessantes (que até aqui o autor havia explorado pouco) e um enredo interessante; mas este conto tem um final que não funcionada, de todo!
"Há vida para além de nós"
Muito suspense, muitas palavras culminaram num final insatisfatório que, mais uma vez, falha em trazer quaisquer respostas ao leitor. Afinal que experiência é essa que prova a existência de vida para além da nossa?
"A estranha magia do Litoral Alentejano"
Julgo que este seja o maior conto da antologia e, potencialmente o mais bem desenvolvido. Temos uma personagem bem exposta (que me parece ligeiramente auto-biográfica), um bom enredo e um conceito muito interessante. Pena foi a sequência final, que não foi tão bem conseguida. No entanto gostei da última frase. Compôs bem o conto.
"O riso da Morte"
Parece-me que o autor quis dissimular uma crítica às corporações e à sociedade capitalista neste texto, mas não foi bem sucedido. É demasiado óbvio e acaba por não funcionar como um conto, apesar de tocar num assunto sensível.
"O sabor amargo das Vitórias"
Uma boa história contada em boas palavras. Gostei!
"Especulação Nocturna"
Um ensaio interessante que pouco ou nada tem de ficção. Mas gostei do conceito porque me deu que pensar.
"Carta a quem quer que sejas"
Um conto escrito na forma de carta e que por isso se torna interessante, na medida em que dá a sensação de que poderia ter sido escrita por uma criança. No entanto perde alguma força por estar só e não ter seguimento; por não haver mais.
"O escritor pecador"
Apesar de apresentar um protagonista com profundidade, este é outro conto que não levou a lado nenhum.
"O diário VX-4010-dh"
Nesta altura comecei a achar que o autor tinha por hábito cortar os contos exactamente no momento em que estes se tornavam interessantes. E isso deixou-me irritada com os textos. Fiquei sem respostas, mais uma vez.
"Rumo a SD-GS2056: A Era dos Descobrimentos Espaciais"
Ideia interessante e bem executada, excepto pelo número de diários de bordo que não fazem qualquer sentido. Oito diários em sabe-se lá quantos meses? Muito pouco provável. E, mais uma vez, o autor explicou muito pouco, o que tornou a história menos credível.
Mesmo assim gostei deste,
"GR - Gerador de Realidades"
Mais um conceito interessante que se perde numa espécie de ensaio, uma mera sinopse.
"Um Futuro Temível"
Excelente tema e prosa bem executada. Gostei porque me fez lembrar uma história que tinha escrito algum tempo antes, e porque fala de algo que nos toca a todos.
"Mais alto é impossível"
Não compreendi este texto. Ou melhor, não compreendi o seu propósito pois pareceu-me apenas ser um ensaio amoroso sobre Newton. Será?
"O outro Mundo"
Bom conceito, boas reviravoltas e filosofias interessantes. Podia era parecer-se menos com um ensaio.
"Alquimia XXI"
Uma história curiosa que acaba por não ter grande impacto pelo facto de eu não ter criado qualquer ligação com as personagens e, daí, não ter sentido grande coisa com o seu desfecho. Contudo foi um final interessante para a a antologia.
Em suma, Um Outro Mundo é uma antologia coesa, mas cujo trabalho integrante é mais um ensaio do que uma reunião de contos. Como antologia de ficção o livro é fraco, a prosa é ineficiente, sem vida e pouco interactiva com o leitor. Não me cativou, de todo, para grande parte das histórias. As personagens não têm grande personalidade e são mais acessórias às ideias, do que outra coisa.
Como ensaio este livro/ebook tem os seus méritos e algumas das ideias são excelentes. Se o autor tivesse explorado mais estas ideias no ramo da ficção, se a prosa fosse mais madura, mais prosaica e menos sumariada, talvez tivesse gostado mais. Desta forma, a antologia não tem grande qualidade como trabalho de ficção.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
::Conto:: Na Estrada de Mértola
"Na Estrada de Mértola", de Olinda P. Gil (ebook grátis)
Sinopse:
Durante uma viagem nocturna uma jovem tem uma surpresa desagradável
Opinião:
Este conto fez lembrar-me os muitos filmes de terror e thriller que via há uns anos atrás. A fórmula é bastante usual: pessoa sozinha, numa estrada remota, durante a noite, sem forma de contactar ninguém, é apanhada numa doentia perseguição que raramente termina bem.
Dito isto, em termos de enredo a surpresa foi quase nula, mas ainda assim a autora conseguiu criar bem o ambiente, dar-nos a conhecer a protagonista e fazer com que o leitor se sentisse na pele da mesma. Gostei dos pequenos pormenores que fizeram este conto mais português, no entanto tenho que dizer que esperava que os vilões fossem mais bem explorados.
Também o final esperava mais, pois achei que se passou num compasso completamente diferente do resto do conto, algo apressado, talvez.
Da voz da autora, gostei, mas faltou algo à história, algo que lhe garantisse um lugar na memória do leitor.
Visitem: Site da Autora * Na Estrada de Mértola na Smashwords (grátis) * Na Estrada de Mértola no Goodreads
Sinopse:
Durante uma viagem nocturna uma jovem tem uma surpresa desagradável
Opinião:
Este conto fez lembrar-me os muitos filmes de terror e thriller que via há uns anos atrás. A fórmula é bastante usual: pessoa sozinha, numa estrada remota, durante a noite, sem forma de contactar ninguém, é apanhada numa doentia perseguição que raramente termina bem.
Dito isto, em termos de enredo a surpresa foi quase nula, mas ainda assim a autora conseguiu criar bem o ambiente, dar-nos a conhecer a protagonista e fazer com que o leitor se sentisse na pele da mesma. Gostei dos pequenos pormenores que fizeram este conto mais português, no entanto tenho que dizer que esperava que os vilões fossem mais bem explorados.
Também o final esperava mais, pois achei que se passou num compasso completamente diferente do resto do conto, algo apressado, talvez.
Da voz da autora, gostei, mas faltou algo à história, algo que lhe garantisse um lugar na memória do leitor.
Visitem: Site da Autora * Na Estrada de Mértola na Smashwords (grátis) * Na Estrada de Mértola no Goodreads
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
O Legado de Eros
"O Legado de Eros", antologia com contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Inês Montenegro, Pedro Cipriano, Sara Farinha e Vitor Frazão (ebook grátis)
Sinopse:
Contos eróticos e românticos, de vários autores do blog Fantasy & Co.
Opinião:
Na sequência do excelente trabalho que o grupo Fantasy & Co tem vindo a fazer, resulta mais uma antologia, que reúne contos de vários autores residentes do projecto. Como é habitual em colectâneas, alguns contos são melhores que outros, mas no geral posso dizer que gostei e que, definitivamente, há romance nestas páginas, e algum erotismo também, se bem que não muito.
Ficam então as apreciações individuais e no fim revelo os favoritos.
"A Presa e o Caçador", de Inês Montenegro
Neste conto a autora parece sair um pouco da sua zona de conforto. A ideia em si é bastante boa e a reviravolta final foi muito bem conseguida, no entanto a escrita romântica/erótica mostra-se crua e insípida, sem qualquer laivo de emoção, já para não falar que a mitologia envolvida não foi bem conseguida. Não fui capaz de me ligar com as personagens, ou de apreciar o que elas sentiam e os que as motivava.
"Rumo a Casa", de Sara Farinha
Uma história emotiva e com um final que marca, que consegue explorar uma das personagens sem necessidade de grandes artefactos. Contudo negligenciou a personagem feminina, o que se fez sentir no texto e deixou uma lacuna indesejável. No geral gostei mas queria algo mais.
"Carta para os Cosmos", de Carlos Silva
Bom conceito, apesar de não ser original, mas com diálogos um pouco fracos e algo lamechas, que peca por um final algo fácil, se bem que adequado. Não é que tenha desgostado, mas não é um trabalho que me fique na memória.
"Amor-Perfeito", de Vitor Frazão
Excelente texto, com bons diálogos, personagens que se gravam na memória do leitor e uma escrita muito coerente. O autor consegue sempre criar personagens marcantes e este conto não é excepção. Só não gostei particularmente da parte final, em que os diálogos tomaram demasiado protagonismo e houve uma lacuna temporal que eu senti que deveria ter sido preenchida. Fora isso, mais um excelente conto do Vitor Frazão.
"A Primavera", de Pedro Cipriano
Para esta história tenho uma opinião dividida. Se por um lado acho que o autor conseguiu retratar bem as personagens e as suas vidas, por outro acho que a ideia já está muito batida e não fiquei fã de algumas transições de acção. Por outro lado não entendo como o autor pode dizer que esta história se passa depois de 2019, quando na verdade em nada difere de um relato que se poderia ter passado na 1ª ou 2ª Guerra Mundial, num conto em que nada indica que estamos no futuro. Bem pelo contrário! E aí também reside uma incoerência, pois este é o único conto da antologia que não tem nada de ficção científica ou fantasia. Pelo menos não que eu tenha percebido.
Fora isso, como já disse, gostei de como está escrito e explorado, mas não trouxe nada de novo.
"Sementes de Fada", de Carina Portugal
Belíssimo conto, com muito boas personagens, uma mitologia bem explorada e cenas muito convincentes. Adorei esta pequena história, embora o fim não me tenha convencido completamente. A escrita da autora está excelente e conseguiu dar vida ás personagens, que acabaram por ser o melhor do conto.
E os meus contos favoritos são: "Amor-Perfeito" do Vitor Frazão, e "Sementes de Fada", da Carina Portugal.
Podem ler esta antologia, gratuitamente, AQUI:
Sinopse:
Contos eróticos e românticos, de vários autores do blog Fantasy & Co.
Opinião:
Na sequência do excelente trabalho que o grupo Fantasy & Co tem vindo a fazer, resulta mais uma antologia, que reúne contos de vários autores residentes do projecto. Como é habitual em colectâneas, alguns contos são melhores que outros, mas no geral posso dizer que gostei e que, definitivamente, há romance nestas páginas, e algum erotismo também, se bem que não muito.
Ficam então as apreciações individuais e no fim revelo os favoritos.
"A Presa e o Caçador", de Inês Montenegro
Neste conto a autora parece sair um pouco da sua zona de conforto. A ideia em si é bastante boa e a reviravolta final foi muito bem conseguida, no entanto a escrita romântica/erótica mostra-se crua e insípida, sem qualquer laivo de emoção, já para não falar que a mitologia envolvida não foi bem conseguida. Não fui capaz de me ligar com as personagens, ou de apreciar o que elas sentiam e os que as motivava.
"Rumo a Casa", de Sara Farinha
Uma história emotiva e com um final que marca, que consegue explorar uma das personagens sem necessidade de grandes artefactos. Contudo negligenciou a personagem feminina, o que se fez sentir no texto e deixou uma lacuna indesejável. No geral gostei mas queria algo mais.
"Carta para os Cosmos", de Carlos Silva
Bom conceito, apesar de não ser original, mas com diálogos um pouco fracos e algo lamechas, que peca por um final algo fácil, se bem que adequado. Não é que tenha desgostado, mas não é um trabalho que me fique na memória.
"Amor-Perfeito", de Vitor Frazão
Excelente texto, com bons diálogos, personagens que se gravam na memória do leitor e uma escrita muito coerente. O autor consegue sempre criar personagens marcantes e este conto não é excepção. Só não gostei particularmente da parte final, em que os diálogos tomaram demasiado protagonismo e houve uma lacuna temporal que eu senti que deveria ter sido preenchida. Fora isso, mais um excelente conto do Vitor Frazão.
"A Primavera", de Pedro Cipriano
Para esta história tenho uma opinião dividida. Se por um lado acho que o autor conseguiu retratar bem as personagens e as suas vidas, por outro acho que a ideia já está muito batida e não fiquei fã de algumas transições de acção. Por outro lado não entendo como o autor pode dizer que esta história se passa depois de 2019, quando na verdade em nada difere de um relato que se poderia ter passado na 1ª ou 2ª Guerra Mundial, num conto em que nada indica que estamos no futuro. Bem pelo contrário! E aí também reside uma incoerência, pois este é o único conto da antologia que não tem nada de ficção científica ou fantasia. Pelo menos não que eu tenha percebido.
Fora isso, como já disse, gostei de como está escrito e explorado, mas não trouxe nada de novo.
"Sementes de Fada", de Carina Portugal
Belíssimo conto, com muito boas personagens, uma mitologia bem explorada e cenas muito convincentes. Adorei esta pequena história, embora o fim não me tenha convencido completamente. A escrita da autora está excelente e conseguiu dar vida ás personagens, que acabaram por ser o melhor do conto.
E os meus contos favoritos são: "Amor-Perfeito" do Vitor Frazão, e "Sementes de Fada", da Carina Portugal.
Podem ler esta antologia, gratuitamente, AQUI:
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
::Conto:: Trial Version
"Trial Version", de Carlos Silva (conto grátis)
Sinopse:
Uma vida preenchida, uma morte feliz, uma conta bancária a zeros…Também, quem precisa de dinheiro quando se tem a vida perfeita?
Opinião:
Uma boa ideia, com um final bem conseguido e inteligente, mas que pecou por um início um pouco fraco e muito expositivo, sem dar nada de palpável ao leitor.
No geral, gostei.
Visitem: Site do Autor * Autor no Goodreads * Fantasy & Co
Sinopse:
Uma vida preenchida, uma morte feliz, uma conta bancária a zeros…Também, quem precisa de dinheiro quando se tem a vida perfeita?
Opinião:
Uma boa ideia, com um final bem conseguido e inteligente, mas que pecou por um início um pouco fraco e muito expositivo, sem dar nada de palpável ao leitor.
No geral, gostei.
Visitem: Site do Autor * Autor no Goodreads * Fantasy & Co
::Conto:: História de um Mal
"História de um Mal", de Inês Montenegro (conto grátis)
Sinopse:
Um bichanou a outro, que cochichou a outro, que segredou a outro. “Já sabes?” E um mal nasceu.
Opinião:
Um conceito interessante mas que não foi explorado da melhor forma. Foi muito "contado" e não houve lugar a nenhuma ligação ou dinâmica entre o leitor ou com as personagens.
Infelizmente isso faz desta uma história muito pouco marcante, ao contrário do que normalmente a autora consegue fazer.
Visitem: Blog da Autora * Autor no Goodreads * Fantasy & Co
Sinopse:
Um bichanou a outro, que cochichou a outro, que segredou a outro. “Já sabes?” E um mal nasceu.
Opinião:
Um conceito interessante mas que não foi explorado da melhor forma. Foi muito "contado" e não houve lugar a nenhuma ligação ou dinâmica entre o leitor ou com as personagens.
Infelizmente isso faz desta uma história muito pouco marcante, ao contrário do que normalmente a autora consegue fazer.
Visitem: Blog da Autora * Autor no Goodreads * Fantasy & Co
domingo, 27 de outubro de 2013
Tecendo Nós
"Tecendo Nós", antologia organizada por Ana Costa, Cristina Delgado e Renata Silva; com contos de Ana C. Nunes, Andreia Silva, Carla Ribeiro, Carlos Silva, Érica Bombardi, Fernando Évora, Manuel Alves, Pedro Pinto, Olinda P. Gil e Victor Eustáquio (ebook)
Sinopse:
Tecendo Nós é uma pequena antologia de contos criados para a assinalar o primeiro aniversário do Clube de Leitores em Português, um grupo criado no Goodreads.
Todos os contos encontram-se subordinados ao tema Imaginação vs Realidade.
Opinião:
Tratando-se de uma antologia e, como de costume, vou primeiro comentar o contos, um a um.
"Lili", de Manuel Alves
A minha opinião sobre este conto está AQUI, já que o conto também está disponível sozinho, com ilustrações do autor, que vale a pena serem vistas.
"Vivo, Morto X", de Érica Bombardi
Neste conto a prosa funcionou bem e o protagonista também, mas a trama não me convenceu, apesar de ter achado a intriga envolvente, simplesmente senti que faltava mais pano de fundo, mais informação sobre o que os levara àquela situação. Havendo dito isto, esta foi uma história que me manteve agarrada ao kindle do início ao fim.
"Sede de Ser", de Victor Eustáquio
As descrições contidas neste conto são bastante vivas e evocam sentimentos e emoções fortes no leitor; o autor tem jeito com as palavras. No entanto o desfecho deixou algo a desejar.
"Uma Demanda de Bertolameu, Frei de Portugal", de Fernando Évora
Gostei deste conto e da forma como está escrito. Apesar de longo, nunca chegou a aborrecer. A prosa é limpa e evoca bem as situações, personagens e emoções, no entanto acabou por se arrastar demasiado tempo e o final pecou pela falta de detalhe e de uma verdadeira resolução.
"Por Detrás de uma Leitura", de Olinda P. Gil
Com um conceito interessante, cuja reviravolta se mostrou imprevista, confesso que ainda assim o tom narrativo não me manteve ligada à história. Existiu um distanciamento que não consegui ultrapassar e que fez com que o conto não me ficasse muito tempo na memória.
"Uma Miragem na Chuva", de Ana C. Nunes
Sendo eu a autora, abstenho-me de comentar, mas agradeço a vossa opinião, se o lerem. :)
"Ensina-me a Amar", de Pedro Pinto
Esta é uma história romântica que, a meu ver, foi a que menos se enquadrou no tema da antologia (realidade vs imaginação). Não que isso tenha sido razão suficiente para prejudicar o conto.
A história em si tem potencial e as personagens são interessantes mas, a forma como o autor se arrastou na descrição da vida das personagens, das situações que elas viveram, na intensidade de um suposto amor que não atravessou a barreira das palavras até ao leitor. Infelizmente este conto não me produziu qualquer faísca em mim, apesar de simpatizar com as personagens, achei que a história, que era tão simples, foi esmiuçada até à exaustão, e por isso perdeu o seu brilho.
"As Últimas Horas do Rei Cego", de Carla Ribeiro
Um conto que peca apenas por ser demasiado curto. Não houve tempo para uma ligação mais profunda com o protagonista, mas foi o suficiente para que se percebesse a sua situação. Gostei da claustrofobia incutida no texto, e da ideia.
"Conversas Sobre Carris", de Andreia Silva
Este conto tem um conceito muito interessante e é emocionante visitar a mente do protagonista, especialmente quando chega o final, no entanto a prosa pareceu-me algo pesada para o tema e não funcionou a seu favor.
"Problemas que Não Existem", de Carlos Silva
Um tema muito imaginativo, que me relembrou um pouco do Lili (do Manuel Alves) mas que acabou por não ter o mesmo impacto. Apesar de o conceito ser bastante refrescante e ter gostado de alguns trechos, o final foi demasiado básico, faltando-lhe uma faísca do fantástico que permeou outras partes do pequeno conto.
No geral, esta é uma antologia bastante coerente, com autores que mostram talento e histórias bastante diversificadas. Alguns contos foram mais satisfatórios que outros (como sempre acontece com antologias de vários autores), mas nenhum foi particularmente mau. Ficou a vontade de ler mais trabalhos de vários dos autores presentes na colectânea.
Visitem: Tecendo Nós na Smashwords (grátis) * Tecendo Nós no Goodreads * Clube de Leitores em Português
Sinopse:
Tecendo Nós é uma pequena antologia de contos criados para a assinalar o primeiro aniversário do Clube de Leitores em Português, um grupo criado no Goodreads.
Todos os contos encontram-se subordinados ao tema Imaginação vs Realidade.
Opinião:
Tratando-se de uma antologia e, como de costume, vou primeiro comentar o contos, um a um.
"Lili", de Manuel Alves
A minha opinião sobre este conto está AQUI, já que o conto também está disponível sozinho, com ilustrações do autor, que vale a pena serem vistas.
"Vivo, Morto X", de Érica Bombardi
Neste conto a prosa funcionou bem e o protagonista também, mas a trama não me convenceu, apesar de ter achado a intriga envolvente, simplesmente senti que faltava mais pano de fundo, mais informação sobre o que os levara àquela situação. Havendo dito isto, esta foi uma história que me manteve agarrada ao kindle do início ao fim.
"Sede de Ser", de Victor Eustáquio
As descrições contidas neste conto são bastante vivas e evocam sentimentos e emoções fortes no leitor; o autor tem jeito com as palavras. No entanto o desfecho deixou algo a desejar.
"Uma Demanda de Bertolameu, Frei de Portugal", de Fernando Évora
Gostei deste conto e da forma como está escrito. Apesar de longo, nunca chegou a aborrecer. A prosa é limpa e evoca bem as situações, personagens e emoções, no entanto acabou por se arrastar demasiado tempo e o final pecou pela falta de detalhe e de uma verdadeira resolução.
"Por Detrás de uma Leitura", de Olinda P. Gil
Com um conceito interessante, cuja reviravolta se mostrou imprevista, confesso que ainda assim o tom narrativo não me manteve ligada à história. Existiu um distanciamento que não consegui ultrapassar e que fez com que o conto não me ficasse muito tempo na memória.
"Uma Miragem na Chuva", de Ana C. Nunes
Sendo eu a autora, abstenho-me de comentar, mas agradeço a vossa opinião, se o lerem. :)
"Ensina-me a Amar", de Pedro Pinto
Esta é uma história romântica que, a meu ver, foi a que menos se enquadrou no tema da antologia (realidade vs imaginação). Não que isso tenha sido razão suficiente para prejudicar o conto.
A história em si tem potencial e as personagens são interessantes mas, a forma como o autor se arrastou na descrição da vida das personagens, das situações que elas viveram, na intensidade de um suposto amor que não atravessou a barreira das palavras até ao leitor. Infelizmente este conto não me produziu qualquer faísca em mim, apesar de simpatizar com as personagens, achei que a história, que era tão simples, foi esmiuçada até à exaustão, e por isso perdeu o seu brilho.
"As Últimas Horas do Rei Cego", de Carla Ribeiro
Um conto que peca apenas por ser demasiado curto. Não houve tempo para uma ligação mais profunda com o protagonista, mas foi o suficiente para que se percebesse a sua situação. Gostei da claustrofobia incutida no texto, e da ideia.
"Conversas Sobre Carris", de Andreia Silva
Este conto tem um conceito muito interessante e é emocionante visitar a mente do protagonista, especialmente quando chega o final, no entanto a prosa pareceu-me algo pesada para o tema e não funcionou a seu favor.
"Problemas que Não Existem", de Carlos Silva
Um tema muito imaginativo, que me relembrou um pouco do Lili (do Manuel Alves) mas que acabou por não ter o mesmo impacto. Apesar de o conceito ser bastante refrescante e ter gostado de alguns trechos, o final foi demasiado básico, faltando-lhe uma faísca do fantástico que permeou outras partes do pequeno conto.
No geral, esta é uma antologia bastante coerente, com autores que mostram talento e histórias bastante diversificadas. Alguns contos foram mais satisfatórios que outros (como sempre acontece com antologias de vários autores), mas nenhum foi particularmente mau. Ficou a vontade de ler mais trabalhos de vários dos autores presentes na colectânea.
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