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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Tor.com: Selected Original Fiction 2008-2012

"Tor.com: Selected Original Fiction 2008-2012", antologia com contos de Ken Macleod, Sylvia Day, John Scalzi, Charles Stross, Brandon Sanderson, Brit Mandelo, Meghan McCarron, e Rachel Swirsky (ainda não publicado em Portugal)

Opinião:
Já li vários contos disponíveis no site Tor.com, que nos dá a conhecer o trabalho de ficção curta de muitos bons autores da actualidade, bem como o lindíssimo trabalho dos muitos ilustradores que colaboram destas histórias.
Reunidos numa edição audiolivro estão alguns desses contos, de autores bem conhecidos meus, e de outros com quem tive agora o primeiro contacto.
No geral gostei de todos e aconselho-os a lerem estes e a explorarem também as centenas de outros contos que em Tor.com.
Abaixo segue a minha opinião de cada um dos contos nesta antologia:


“Earth Hour” by Ken Macleod
Esta história toca em temas actuais e pertinentes: o clima, o desenvolvimento científico, a dependência digital e a corrupção, entre outros. Temas sobre os quais me interesso bastante e que foram uma das razões porque gostei do conto. No entanto a escrita em si não em agarrou, nem a escolha da sequência de acções. 
Nota: 6,5/10

“Eve of Sin City” by Sylvia Day
Eu queria tanto gostar disto, sendo que a série (Marked) já me tinha chamado a atenção. no entanto, e apesar de a escrita ser cativante e carismática, senti que estava a ler mais do mesmo. A premissa, do Caim e do Abel e dos Marcados, está interessante mas depois caímos no romance habitual com o "bad boy" e ... já não tenho muita paciência para isso. Este conto, por si só, tem alguns pontos de interesse.Ficamos a conhecer relativamente bem as personagens e as suas personalidades, mas a acção em si é mediana.
Nota: 5,5/10

“The President’s Brain is Missing” by John Scalzi
Este conto foi tão divertido! A premissa, por si só, é hilariante, mas a execução ainda mais o é porque as personagens se levam bastante a sério mas as circunstâncias são de rir. O único senão deste conto é mesmo o abuso de "he said/she said" logo após cada trecho de diálogo. Acho que, muitas vezes, era desnecessário. Fora isso, está excelente.
Nota: 8/10

“Overtime” by Charles Stross
Mais um conto que se leva muito a sério mas cujas situações são divertidas demais para isso. Temos um funcionário (público?) que se esqueceu de pedir as férias para a época de Natal e acaba a ter de trabalhar sozinho. O lado burocrático do paranormal, aqui no seu melhor. Adorei o "mundo alternativo" em que se passa esta história e fiquei muito curiosa por ler mais aventuras de "The Laundry Files". O único senão é que o sistema paranormal, ou mágico, não é muito explicado, mas também não o é de tal forma que ficamos sem perceber nada.
Nota: 7/10

“Firstborn” by Brandon Sanderson
Este é o tipo de história que dava um livro. Não que não esteja contado de forma interessante, mesmo no formato conto, mas nota-se que havia muito mais para contar, muito mais para explorar das personagens. Brandon Sanderson consegue manter o leitor interessado mas eu não consegui apreciar realmente esta narrativa porque estava sempre a notar o que faltava. o que move o vilão? Quais os reais laços entre o protagonista e o seu comandante?
Não costumo dizer isto muitas vezes mas esta história não funciona como conto.
Nota: 5,5/10

“Down on the Farm” by Charles Stross
Esta personagem, a mesma de "Overtime" é super-divertida. Gosto do tom destas histórias e tenho muita vontade de ler os livros da série.
Aqui somos apresentados a uma instituição psiquiátrica onde estão internados apenas pessoas que trabalham com o paranormal e cujos conhecimentos poriam em perigo a "segurança nacional" se fossem deixados numa instituição comum.
As personagens são todas super-interessantes e o início da narrativa é muito interessante e as curvas e contra-curvas também. Embora não seja grande fã da conclusão, o divertimento é garantido.
Nota: 6,5/10

“After the Coup” by John Scalzi
A sério, este autor tem uma ideias para contos que são o máximo! Adorei! Um técnico informático que é obrigado a confrontar-se com um alienígena, porque este combate em arena é vantajoso politicamente. É tão engraçado como cheio de acção. Muito bom equilíbrio de personagens espectaculares, história cativante, acção e comédia.
Nota: 8,5/10

“The Finite Canvas” by Brit Mandelo
Focado em duas personagens, este é um conto profundo, que questiona valores, de acordo com as circunstâncias. Uma médica na terra, abordada por uma assassina mafiosa que vem dos espaço (da parte rica da sociedade) mas que esconde mais segredos do que apresenta à primeira vista.
Gostei muito deste contos, pelas personagens e pelas questões morais, embora a narrativa me parecesse lenta, me certos momentos
Nota: 7/10

“Swift, Brutal Retaliation” by Meghan McCarron
Uma história sobre uma família que acabou de perdeu um membro, e como cada um deles lida com isso. Juntem a isto um fantasma raivoso e rancoroso e é este conto que resulta. Adorei as irmãs! Levavam as brincadeiras sempre longe demais mas nada que não seja ate compreensível aos olhos de como a mãe e o pai gerem a família (ou não gerem).
Nota: 7,5/10

“Portrait of Lisane da Patagnia” by Rachel Swirsky
Conceito muito interessante, o de se conseguir passar a essência de algo directamente para a tinta e para uma tela. Muito "Dorian Gray".
Esat não é a história de Lisana, embora ela seja o grande foco e a grande obsessão da vida da nossa protagonista. Esta é uma história rica, com personagens interessantes e um sistema de magia muito curioso. Gostei!
Nota: 7,5/10

domingo, 19 de agosto de 2018

The Best American Short Stories of the Century (parcial)

"The Best American Short Stories of the Century", de Sherwood Anderson, Ann Porter, F. Scott Fitzgerald, James Alan McPherson, Jean Stafford, Bernard Malamud, Cynthia Ozick, Rosellen Brown,  Thom Jones, Gish Jen, Grace Stone Coates, Dorothy Parker, Robert Penn Warren, Eudora Welty, E.B. White, John Updike, Donald Barthelme, Tom O'Brien, Raymond Carver, Lorrie Moore, Carolyn Ferrell, Pam Houston


Opinião:
Antes de mais, acho que devo dizer que esta opinião não abrange todos os contos da antologia original. Li a versão audiolivro que, só mais tarde percebi, não continha todos os contos. Tem cerca de metade. No entanto penso que será igualmente interessante dar a minha opinião sobre os contos que li.


Alguns dos contos que li são verdadeiramente interessantes e percebo porque terão sido considerados de entre "os melhores". No entanto, e isto é tudo uma opinião pessoal, poucos me marcaram de tal forma que possa dizer que ficaram sendo dos meus contos favoritos de todos os tempos. Além disso parece-me impossível não notar que, de todos os contos que li, nenhum era de ficção especulativa (ou pelo menos não o era de forma clara). Por isso seria mais correcto chamar esta uma antologia de ficção geral/normal e não simplesmente uma antologia dos melhores contos americanos, sendo que vários géneros foram deixados de fora (incluindo a não ficção). Será que os contos que não li da antologia abrangem outros géneros que não a ficção geral/história? Se algum de vocês souber digam nos comentários.


Mas deixando de lado estas questões a verdade é que gostei de alguns dos contos e recomendo esses. Não recomendo no entanto a versão áudio deste livro (Isto é raro acontecer!). A versão audiolivro conta com narradores muito variados, alguns dos quais talentoso mas a maioria dos quais parecem amadores sem grande interesse pelo trabalho que estão a fazer ou pelas histórias que estão a narrar. Foi-me, por vezes, realmente difícil abstrair do narrador e forcar na história. E isso é o pior que um narrador de audiolivros pode fazer.


Os meus contos favoritos foram: "The German Refugee", Bernard Malamud; "The Shawl", Cynthia Ozick; "How To Win", Rosellen Brown; "Proper Library", Carolyn Ferrell


Ficam abaixo as minhas opiniões conto a conto, com uma classificação que vai de 0 a 10 pontos.


"The Other Woman", Sherwood Anderson
Uma ideia simples, sobre um homem que parece ter tudo para ser feliz, mas que mina a sua própria felicidade por razões que nem ele entende. Gostei da auto-negação presente em todo o texto mas a história em si não teve nada de original. 
Nota: 5,5

"Theft", Catherine Ann Porter
A narradora audio deste conto não o favoreceu nada.
Gostei do texto, de todo o visual narrativos e dos diálogos. Aquele final foi tão surreal quanto natural, no contexto do resto da história.
Nota: 6

"Crazy Sunday", F. Scott Fitzgerald
A prosa é lindíssima, bem como o ambiente glamouroso em que as personagens se inserem. no entanto as personagens não me cativaram. Em uma ou outra situação gostei mas no geral achei-as plácidas demais.
Nota: 5

"Gold Coast", James Alan McPherson
No início tive mesmo muita dificuldade em entender o que o narrado estava a dizer. Tem um ... bem ... não sei se é sotaque ou se é mesmo a sua forma de falar, mas parecia que comia sílabas e era muito difícil seguir o que estava a dizer. Depois de me habituar foi fácil mas ... foi um início confuso.
Tirando isso, acho que temos aqui o caso de uma personagem que floresce e prospera no formato conto. Uma história banal que nos narra uma parte da vida de um homem que começa a trabalhar com todo o entusiasmo do mundo e que depois, aos poucos, se vai deixando afectar pelo negativismo dos outros e quando termina pouco resta do seu eu inicial. Temos também aqui umas críticas sociais muito interessantes e dolorosas.
Nota: 6,5

"The Interior Castle", Jean Stafford
Auch! Só de pensar em algumas das descrições desta narrativa já fico com dores no nariz. Este conta-nos a história de uma mulher, que ninguém sabe muito bem quem é, e que sofreu um terrível acidente automobilístico que a desfigurou. Ela não recebe visitas e mostra-se apática durante toda a sua estadia no hospital. E se isso a princípio levava a que muitos tivessem pena dela, cedo isso se alterou. A relação dela com o médico que lhe vai operar o nariz é linda de se ler. Não é que fiquemos a saber muito sobre ela, a acidentada, mas é impossível largar o conto. Gostei!
Nota: 7

"The German Refugee", Bernard Malamud
Um conto envolvente, que nos leva a conhecer um jovem que sobrevive dando explicações linguísticas a recém-chegados aos Estados Unidos da América, e a sua vivência com um refugiado alemão, durante a segunda guerra mundial. O conto não se foca na guerra, mas sim na deterioração do personagem do refugiado, sozinho, longe de tudo o que conhece, e consumido por uma culpa que não é perceptível até quase o final. Adorei a escrita e as personagens.
Nota: 8

"The Shawl", Cynthia Ozick
Uma história que me deixou angustiada, tanto porque, ao longo de todo o texto, realmente não sabemos ao certo onde as personagens estão nem o que realmente se está a passar (podemos pressupor, mas há tantas opções), como pela escrita que sufoca. É muito directa, curta, simples, acutilante. Gostei muito!
Nota: 8

"How To Win", Rosellen Brown
Um dos melhores contos da antologia. Com umas reflexões muito interessantes sobre a parentalidade e o matrimónio, o que realmente faz com este conto se destaque é o facto de, no início parecer que nos vai levar numa direcção (a mãe que não suporta mais o temperamento louco do filho) e no fim ... BAM ... levamos um estalo na cara, tal e qual como ela. Adorei!
Nota: 8,5

"I Want To Live", Thom Jones
As descrições dos processos da doença tocaram-me profundamente, bem como a solidão que a personagem sentia, embora estivesse sempre rodeada de amigos. Há aqui momentos muito intensos e com os quais qualquer pessoa se poderá relacionar, mas também achei que, por vezes, se estendia demasiado numa direcção menos interessante e o final desiludiu-me. Ainda assim, acho que toca o tema do cancro, do seu tratamento e da sua angústia, de uma forma crua e que vale a pena ler.
Nota: 6,5

"Birthmates", Gish Jen
Uma lindíssima história sobre um homem cujo casamento terminou após vários abortos. Um homem que trabalha numa indústria em extinção e que, parece também ele, pronto a extinguir-se. A sequência de acção desta história e a forma como ele vai-se recordando da vida com a esposa, dos momentos da gravidez, e de tudo o que poderia ter feito de diferente, é impossível não sentir uma ligação com ele. Gostei muito!
Nota: 7,5

"Wild Plums", Grace Stone Coates
Nem sei bem o que diga deste conto. Tão depressa começa como acaba e, no fim, fiquei sem perceber se ele tem algo a dizer. É suposto ser uma metáfora a alguma coisa? É que se sim não foi nada perceptível.
Nota: 4

"Here We Are", Dorothy Parker
Neste conto seguimos as primeiras horas (ou minutos) da vida de casados de um homem e uma mulher que não se entendem nem por nada. Ela, a típica mulher que nunca sabe se quer uma coisa ou outra (estereótipo ao extremo), ele o típico homem que concorda com ela só para a calar. Gostei da dinâmica dos diálogos mas não da história nem dos estereótipos. 
Nota: 4

"Christmas Gift", Robert Penn Warren
Há tanto por dizer nesta história! Adorei a escrita, as personagens, e os mistérios que rodeiam a vida do rapaz que foi à vila, a meio da noite, em busca do médico para assistir ao parto da sua "prima". Muito é dito. Muito fica por dizer. E o final é tão aberto mas o mesmo tempo tão acertado para a história, que não sei se fiquei satisfeita ou não.
Nota: 7,5

"The Hitch-Hikers" Eudora Welty
Eu gostei deste conto sobre o encontro entre um condutor que já conhece meio mundo, por viajar tanto, e dois "hitch-hikers" a quem ele dá boleia e sobre quem ele pouco ou nada sabe, o que torna a tragédia que acontece ainda mais intensa.
Nota: 7

"The Second Tree From The Corner", E.B. White
Esta história segue a sequência de pensamentos de um paciente numa (e várias) consultas de psiquiatria. Este conto consegue ter uma prosa interessante, mas a história em si não me agarrou.
Nota: 5


"Gesturing", John Updike
Este conto cativou-me de uma forma estranha. Fala-nos de um homem que se separa da esposa, com quem mantinha um relacionamento liberal que lhe permitia ter amantes e que dava à sua esposa a possibilidade de fazer o mesmo. A forma como os dois encaram esta relação, de forma plácida, quase automática, é o mais estranho de tudo, e por isso mesmo cativante. A obsessão dele com um edifício feito totalmente de espelhos, e a apatia com que segue com a vida, é também fascinante.
Nota: 7,5

"A City Of Churches", Donald Barthelme
Uma história estranha que parece meia ficção científica meia alucinação. É bastante curta mas nem fi pela sua dimensão que não me interessei pelo conto, mas antes porque além do cenário, não havia muito de interessante no texto ou na história.
Nota: 4

"The Things They Carried", Tom O'Brien
Um texto bem diferente, que nos narra histórias de guerra acompanhadas de intensas listas de itens que os soldados carregam consigo e que, em última instância, nos dizem muito sobres esses soldados. Foi uma leitura muito interessante mas, mais uma vez, o final deixou bastante a desejar.
Nota: 6

"Where I'm Calling From", Raymond Carver
Cheio de personagens super-interessantes cujas histórias de vida o protagonista absorve e quase que torna suas. A vida dele confunde-se, ao longo da narrativa, com a dos outros homens internados para tratamento de alcoolismo, muitos deles reincidentes que arruinaram as vidas familiares à custa da bebida, e não só. Gostei muito deste texto, excepto pelo final.
Nota: 7

"You're Ugly Too", Lorrie Moore
Uma história muito estranha, que parece mundana e que segue a linha de pensamento de uma protagonista muito pessimista e que parece não ver nada de bom no mundo, mas que na verdade parece nem ter grandes razões para ser assim. Só parece, a principio, porque depois vamos conhecendo um pouco melhor. No entanto não gostei do tom da história nem dos diálogos que ele teve com outras personagens. Pareceu tudo bizarro demais.
Nota: 5

"Proper Library", Carolyn Ferrell
Esta é uma das melhores histórias deste livros. Começa de uma forma muito estranha e, sinceramente, deixou-me bastante confusa quanto ao género da personagem principal bem até meio do conto (o facto de o narrador audio ser do sexo oposto também não ajudou muito a dissipar as dúvidas). É uma história crua, directa, sem mais palavras, que fala da vida de uma personagem que parece deixar-se levar pela corrente dos acontecimentos, a quem nada parece afectar de verdade, mas que no fundo se deixa afectar por tudo. Em poucas palavras aborda temas como o bullying, o racismo e preconceito e a homossexualidade.
Nota: 8

"The Best Girlfriend You Never", Pam Houston
Este conto foca-se em duas personagens que têm tido, ao longo da vida, experiências de romance e "amor" bastante doentias. A intensidade das memórias da personagem principal é fantástica, especialmente pela calma com ela as transmite, apesar de serem situações muito abusivas, por vezes. Gostei bastante deste conto.
Nota: 7,5

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

The End has Come

“The End has Come (Apocalypse Triptich 3)”, de vários (ainda não  publicado em Portugal)

Estranhamente, neste volume final, quase todos os contos me pareceram muito curtos, especialmente os primeiros. Não que a maioria não tenha sido bom independente do seu tamanho, mas alguns precisavam de mais palavras, mais explicações, mais conclusões. Os meus contos favoritos foram: “Carriers”, de Tananarive Due; Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh; “Prototype”, de Sarah Langan; “Wandering Star”. de Leife Shallcross; “Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry; e "The Happiest Place", de Mira Grant.

“Bannerless”, de Carrie Vaugh
Num cenário que parece bem mais apaziguador após o colapso da sociedade, encontramos comunidades que lutam por sobreviver com regras estritas. As pessoas tentam ajustar-se às novas regras do mundo mas mesmo quando as coisas parecem correr bem há sempre alguém que não está disposto a seguir as normas. Neste caso temos uma gravidez não autorizada e os investigadores que são chamados a descobrir o que levou a isso. Num tom mais calmo e sereno, acabamos por descobrir que o terror não tem de vir em proporções bíblicas para ser marcante, mesmo depois do apocalipse.

“Like all beautiful places”, de Megan Arkenberg
Tal como nos volumes anteriores, o conto deste/a autor/a não me cativou. Parece que não se passou nada de muito relevante desta vez. Foi só uma mostra do que restou mas não há tensão ou nada que me puxe, embora o conceito de o virtual substituir o real, porque o real é demasiado horrível para ser confrontado directamente, até ser interessante.

“Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh
Eu tenho mesmo de ler um livro deste/a autor/a. Eu gosto mesmo muito da escrita. Consegue criar personagens interessantes em um ou dois parágrafo e isso é obra. Cada um dos seus contos nas outras antologias se focou em pessoas diferentes e eu sempre me interessei por todas. A premissa por si só também é muito envolvente.
Adorei o laço que se criou entre os sobreviventes, mas especialmente adorei a escolha final da protagonista.

“The seventh day of deer camp”, de Scott Siegler
Eu gosto da ideia de que o apocalipse começou e terminou no espaço de pouco mais de 48 horas. É um conceito muito intrigante. Aqui o autor pega nas exactas mesmas personagens e a trama começa mais ou menos onde terminara a anterior. O protagonista vai-nos mostrando as suas motivações há medida que narra os acontecimentos passados, e com isso ficamos a conhecê-lo melhor. Mas mais uma vez o final é demasiado aberto e desta ve-z não foi suficiente para mim.

“Prototype”, de Sarah Langan
Esta história engana-nos de forma subtil logo desde o início. E eu adorei isso.
Neste mundo passaram-se alguns milhares de anos desde o apocalipse e o cenário não é menos aterrorizador do que no auge da mudança.
Gostei muito da escrita calma e das personagens (do cão também) e de toda a construção da sociedade sobrevivente. Um bom conceito, bem executado.

“Acts of Creation”, de Chris Avellone
Esta história fala de sesitivos, seres que são mais do que humanos comuns, armas criads pelo homem e agora temidas. A forma como eles são tratados ao longo de toda a narrativa é cruel, mesmo tendo em conta as suas habilidades. O final não é de todo surpreendente mas o conto, num todo, é bom e o conceito é intrigante e até bastante plausível.
 
“Resistance”, de Seanan McGuire
Passou-se um tempo indeterminado desde as primeiras duas partes desta história e encontramos a protagonista sozinha num mundo de “veludo”. O fungo espalhou-se por toda a parte e ela perdeu tudo.
Este é, sem dúvida, o final certo para esta história. É muito aberto mas não é daqueles que nos deixa insatisfeito. No entanto a escrita em si não me cativou tanto desta vez. Achei um pouco repetitiva demais e menos arrepiante que nos contos anteriores.

“Wandering Star”. De Leife Shallcross
Gostei mesmo muito deste conto. A ideia de que, no futuro, um simples quilt seria minuciosamente analisado para tentar entender a vida de quem o fez, sendo um retrato da devastação que se abateu sobre a terra, é fascinante.
O facto de a narrativa estar entrecortada com pedacinhos/retalhos desse mesmo passado é o que realmente lhe dá riqueza. E não deixa de ser, o seu curto espaço, algo que nos faz pensar (especialmente o fim e o justificado egocentrismo perante o caos).

"Heaven come down", de Ben H. Winters
Neste desfecho datrilogia de contos que começou de forma impressisonante, teve um meio muito bom e que agora termina bastante diferente do que eu tinha imaginado. A protagonista vê-se sozinha e finalmente, depois de treze anos sendo a única no mundo que não conseguia escutar Deus, acaba por conseguir comunicar com ele e aprende que é muito mais do que aquilo que pensava. O desfecho é fantástico. O único senão é que achei a escrita menos cativante, mas fora isso foi muito bom.

“Agent Neutralized”, de David Wellington
A escrita deste autor empresta a esta história ainda mais tensão nas várias cenas. Temos perseguições na estrada, reuniões cobertas de culpabilização, e por fim a redenção desta personagem que já seguimos desde o volume um. Gostei bastante deste desfecho e a  escrita é muito envolvente.

"Goodnight Earth", de Annie Bellet
A forma como este conto está escrito é muito envolvente. As personagens são muito interessantes e, com pequenos vislumbres do seu passado ficamos a saber bastante sobre eles, de tal forma que fiquei com muita vontade deler mais sobre eles. A história é cheia de acção, bem descrita e não mais do que necessária. E no fim há um vislumbre de esperança.

“Carriers”, de Tananarive Due
Uma história emocionante com um final mais feliz do que seria de esperar depois daquilo pelo que as personagens passaram. Uma mulher que foi abusada e usada como cobaia durante anos, não consegue ter uma reforma sossegada, sempre com medo de que os seus tormentos voltem, por isso quando o seu companheiro de sofrimento lhe diz que há algo de bom a retirar de tudo aquilo porque passaram, ela duvida. Mas a esperança é uma semente que cresce depressa.
Adorei.

“In the Valley of the Shadow of the Promised Land”, de Robin Wasserman
As personagens desta história são tão machista! Só os homens é que são de importância. As mulheres quase nem merecem ser mencionadas pelo nome (excepto na segunda parte, volume anterior), mas por um lado nada menos seria de esperar, visto que estas personagens têm como base a Bíblia e … bem … o livro sagrado não é exemplo de igualdade dos sexos. O desfecho de Isaac foi … bem … bíblico; e seguir o raciocínio dele ao longo da vida e no fim dos seus dias abre os olhos ao fanatismo religioso. Quer dizer, quem tratava os filhos como ele tratava e os punha um contra o outro para eles serem os novos Abel e Caím, esperava o quê do seu fim de vida?

“The Uncertainty Machine”, de Jamie Ford
Esta história é muito estranha, mas também as anteriores deste autor o são. E não é que não nos sejam dadas informações suficientes sobre o mundo, o que ele era e naquilo em que se tornou, mas eu não me consegui ligar bem ao cenário. Já as personagens são todas muito cheias de falhas mas este protagonista, em especial, é difícil relacionar-me com ele. Parece tão distante.
E mesmo assim, apesar de tudo o que disse, a história é fascinante. E o declínio dele absorveu-me.

“Margin of Survival”, de Elizabeth Bear
As descrições do ambiente e das próprias personagens fizeram deste um conto muito visual. Era quase como se sentisse a fome da protagonista e o seu receio de ser apanhada.
A história toma mais que uma direcção, especialmente no final e, confesso, fiquei bastante confusa com o desfecho, mas o resto do conto compensa, com uma personagem interessante com quem me pude relacionar facilmente. Lembrou-me um pouco da história de Paolo Bacigallupi: “Water Knife” mas nem sei bem porque fiquei com essa sensação.

“Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry
Um dos meus contos favoritos deste volume, senão mesmo o favorito. O otimismo de Jingo contrastando com o realismo de Hammerman, é fantástico. Mais que isso as introspecções e ponderações sobre aquilo que as pessoas foram forçadas a fazer após o apocalipse zombie, foi, em momentos, bastante refrescante. (isto vindo de quem já viu mais filmes, leu mais BDs e leu mais livros de zombies do que se lembra).
O final (por assim dizer) não foi o mais inesperado mas foi executado de uma forma exemplar. O que fica por dizer não tem mesmo de ser dito.

“The Last Movie ever made”, de Charlie Jane Anders
Estas personagens, ao longo das três antologias, tiveram em mim um efeito meio psicadélico. A escrita do autor e as acções das personagens deixaram-me sempre numa pilha de nervos, mas daquelas que nos puxam para ler mais.
Com decisões, mais uma vez, bem questionáveis, o nosso protagonista faz do mundo caótico em que vive o melhor que pode. Desta vez a anarquia do mundo é enriquecido pelo facto de toda a gente ter ficado surda sem nenhuma explicação plausível.
Vale mesmo a pena ler os três contos.

“The Gray Sunrise”, de Jake Kerr
O que mais gostei neste conto foi o elo entre o pai e o filho, que começa muito ténue e acaba por se fortalecer com a provações porque passam. A descida do pai para a depressão também está muito bem feita e todo o ambiente (especialmente quando se fala das tempestades e de como eles passam por elas no interior do pequeno barco) está bem descrito.

“The Gods have not died in vain”, de Ken Liu
Num futuro onde consciências humanas são transportadas para o mundo digital, e onde essas consciências criaram o caos, quase arrasando a humanidade, é-nos apresentada a nova geração de “deuses”. E será que este é o único possível futuro para a humanidade?
Uma coisa interessante também foi o choque de ideias entre a filha da carne e a filha digital. A relação das duas, em específico. Mesmo assim confesso que a escrita da autora, ou talvez mais o compasso em que conta a história, tal como nos contos anteriores, não me cativou muito.

“The Happiest Place…” , de Mira Grant
Este conto foi uma das maiores surpresas desta antologia. Tanto pelo seu cenário: pós-apocalipse na Disneylândia, como pela força dasua protagonista que, sozinha, tinha de manter tudo a andar, manter a fachada. A revelação final apanhou-me de suspresa, apesar defazer um certo (bizarro) sentido. Gostei muito da escrita, da protagonista e da história. Talvez volte a   dar uma oportunidade a esta escritora, visto que o único outro trabalho que li dela foir o Feed, o qual não gostei.

“In the Woods”, de Hugh Howey
Sendo que o leitor sabe mais do que as personagens no início desta história, a confusão deles passa para nós mas não é tão eficaz. No entanto todo o conto é cheio de adrenalina e tensão e agarrou-me do início ao fim.

“Blessings”, de Nancy Kress
Eu gosto de histórias que são supostas distopias mas cuja solução para os problemas da humanidade e do planeta nos fazem pensar: “será que realmente não seria melhor assim?”. Porque sabemos que, quase sempre, ao solucionar uns problemas arranjamos outros. Em termos de personagens o conto até foi fraquito, mas o conceito é suficientemente bom para o tornar interessante. Lembrou-me um pouco o “Childhood’s End” do Arthur C. Clarke.

domingo, 8 de outubro de 2017

The End is Now


"The End is Now (The Apocalypse Triptych 2)", de John Joseph Adams, Tananarive Due, Scott Sigler, Annie Bellet, Charlie Jane Anders, Seanan McGuire, Sarah Langan, Nancy Kress, David Wellington, Ken Liu, Elizabeth Bear, Ben H. Winters, Megan Arkenberg, Jonathan Maberry, Jake Kerr, Daniel H. Wilson, Will McIntosh, Jamie Ford, Desirina Boskovich, Hugh Howey, Robin Wasserman

Opinião:
Nesta sequela da antologia The End os Nigh, podemos ler algumas continuações para contos anteriormente apresentados, mas também hsitórias isoladas de outros autores.
Aqueles que são continuações, e por consequência terão uma terceira parte na antologia The End has Come, na grande parte das vezes, pareceram-me curtos e incompletos. Fica-se mesmo com a  sensação de que se tem que ler o próximo, o que por lado é bom mas por outro não.

"Herd Immunity", de Tananarive Due
Surpreendentemente, enquanto lia o conto não consegui associá-lo ao anterior "Removal Order", embora agora que o sei até faz algum sentido. Contudo a escrita e a relação que me atraiu na primeira parte desta história está ausente aqui. Não me consegui ligar ao homem que a protagonista encontra na estrada, embora a desolação me tenha imerso no mundo em ruínas. No entanto o fim voltou a surpreender-me. É tipo um murro no estômago que não é totalmente inesperado mas ainda assim nos afecta como se o fosse.

"The Sixth Day of Deer Camp", de Scott Sigler
Como sempre este autor consegue descrever o frio e as condições extremas de uma forma que chega a arrepiar. A neve e o isolamento são coisas que vi em todos os trabalhos do autor que já li e ele passa uma imagem muito viva. Contudo ainda não consigo distinguir os homens que estão neste acampamento. Parecem-me quase todos ter motivações semelhantes. Isto até ao momento em que eles entram na nave alienígena e aí começam as divisões. Gostei muito das cenas que se seguiram e do que pode vir na conclusão.

"Goodnight Stars", de Annie Bellet
Sendo que a primeira parte desta história foi uma das minhas favoritas do volume anterior, eu já contava que também este fosse bom. Aqui conhecemos a família de uma das astronautas e é fácil ligarmo-nos à sua filha e ao seu marido. Uma bela escrita e um conto agradável.

"Rock Manning can't hear you", de Charlie Jane Anders
Desta vez as experiências de vida e escolhas "profissionais" de Rock Manning levam a que comece a duvidar do que escolheu para o seu futuro. E no mesmo passo acelerado e escrita meia condutora da insanidade destas personagens, chegamos a um fim de conto surpreendente e que deixa no ar a promessa de uma sequela.

"Fruiting Bodies", de Seanan McGuiree
Depois de perder a esposa, a protagonista luta por proteger a filha do fungo que tudo consome. A sua obssessão com as limpezas é-lhes vital mas o tempo está contra elas. Adorei ver como mãe e filha se relacionavam e quando a filha lhe desobedeceu ... foi doloroso de ver o desenrolar, mas ao mesmo tempo fascinante. A narativa cativou-me do início ao fim, tal como a protagonista.

"Black Monday" de Sarah Langan
Esta história não é a mais original mas a escrita manteve-me agarrada e graças às personagens, que são bastante normais, o meu interesse manteve-se. A perspectiva científica da decisão final deles é grande. Sobreviverão graças aos cyborgs?

"Angels of the Apocalypse", de Nancy Kress
Passado vários anos desde "Pretty soon four horseman are going to come riding through", do volume anterior, neste encontramos as duas irmãs crescidas e separadas pelas suas visões, num mundo muito mais cruel e dado a extremos. As crianças que nasceram sem malícia, incapazes de violência nem que seja para se defenderem, mantém-se agora, adultas, à margem da sociedade e tentam viver pacificamente mas há sempre quem queira destruir isso.

"Agent Isolated", de David Wellington
O homem por detrás de uma lei-marcial cruel e que condena milhares a algo pior que a morte, vê-se também ele prisioneiro das regras que ajudou a criar, e depois de se juntar a grupo de sobreviventes e fugir a inúmeros perigos, onde julga haver salvação, acaba apenas por descobrir que em condições extremas o mantra "um por todos e todos por um" nem sempre é uma realidade. Adorei o desfecho deste conto. Cruel mas humano.

"The Gods will not be slain", Ken Liu
Na continuação do conto da antologia anterior, este sim mostra-nos eventos brutais da história, embora tudo se passe um pouco longe das personagens principais, que acabam por estar isoladas e protegidas do caos do mundo. Sinceramente não gostei tanto deste conto, embora as reviravoltas fossem muito boas. E aquele final ... não gostei mas só poderei ter uma confirmação mesmo quando ler a terceira parte, na próxima antologia.

"You've never seen everything", de Elizabeth Bear
Este conto, que narra a longa viagem de uma mulher de volta à sua família, após o surto de uma febre que mata grande parte da população, ambienta-nos bem naquilo em que a sociedade se tornou depois de uma doença debilitante isolar grande parte da sociedade. A protagonista passa quase todo o tempo sozinha e isso dá-lhe tempo para pensar em muita coisa. O final foi algo surpreendente e funcionou muito bem para o mundo e a personagem. No entanto penso que fez falta um pouco mais de tensão.

"Bring them Down", de Ben H. Winters
Após a morte voluntária de todos os habitantes do mundo, restam apenas dois e um deles ainda escuta as palavras de Deus, que vão envenenando-o aos poucos.
À medida que as personagens vão explorando o seu mundo, eu conseguia visualizá-lo de forma muito clara. A escrita cativa.

"Twilight of the Music Machines", de Megan Arkenberg
Há um ar de mistério em algumas das personagens e a tensão do mundo em colapso sente-se em cada uma das suas acções e dos seus diálogos. Muitos escolhem alienar-se dos acontecimentos, inebriando-se e afogando-se em drigas, outros escondem-se dos seus erros.
As personagens são a melhor parte desta história. Ricas e vulneráveis.

"Sunset Hollow", de Jonathan Maberry
Uma história envolvente e comovente de dois irmãos que têm de fugir de casa, do seu pai tomado pela loucura. Um deles é um adolescente e o outro ainda um bebé e têm de se escapar dos loucos que estão por todo o lado. É uma história frenética e intensa. Gostei muito!

"Penance", de Jake Kerr
Aqui vemos o outro lado da lotaria feita para ecolher quem iria ser transportado para zonas mais seguras, o lado de quem tinha de dar as más notícias a quem não era escolhido. E como isso afecta essas mesmas pessoas, tanto ou mais do que aqueles que não foram escolhidos para serem salvos.

"Avtomat", de Daniel H. Wilson
Este conto é um pouco diferente dos outros, não só porque se passa na Rússia, mas também porque não é bem um relato dos acontecimentos do apocalipse, mas antes do que o antecedeu. Sinto que teria feito muito mais sentido este conto estar no volume anterior.
Fora isso gostei do ambiente e da ideia de, no tempo dos czares russos, a alquimia ter sido usada para criar algo para além de humano. No entanto não me consegui relacionar com as persoangens nem com as suas motivações, tanto no caso dos humanos como dos avtomates.

"Dancicing with Batgirl in the land f Nod", de Will McIntosh
O antecessor deste conto havia sido um dos meus favoritos da antologia anterior, e este não desiludiu. Narra a história de persongens diferentes mas no fundo trata os mesmos temas: o afastamento humano perante uma catástrofe para a qual ninguém estava preparado, e como por vezes encontrar a pessoa certa pode mudar essa atitude.

"By the hair of the Moon", de Jamie Ford
Esta foi uma das premissas que mais me marcaram. O mundo sabia que o fim estava  a chegar à muito tempo e dessa forma a sociedade mutou-se para pior, para a degradação humana, onde o esclavagismo reina e as drogas tomam conta das ruas. pelo menos destas ruas. A protagonista deste conto teve uma vida difícil mas é forte e luta para sobreviver. E consegue, mas o que a espera depois pode ser bem pior.
A descrição da destruição está muito viva.

"To Wrestle not against Flesh and blood", de Desirina Boskovich
A protagonista assume o papel de mãe dos seus irmãos quando o mundo não acaba como estava prometido. O afastamento do seu pai e a descida da sociedade para o conflito interno, leva-a a ter de tomar decisões difícieis para manter a família unida e viva.
Gostei muito da prosa.

"In the Mountain", de Hugh Howey
Um grupo de pessoas que sabia que o fim estava a chegar, preparou-s epara sobreviver, tendo de mentir à família e aos amigos para também os conseguir salvar. E quando o pior parece já ter passado e eles só tem que esperar pelo momento certo para regressar, descobrem que afinal não tinham toda a informação necessária e que o seu regresso à "terra" não será tão célere quanto anteciparam. Como poderão assegurar a sua sobrevivência?
A história e o conceito estão excelentes, embora a protagonista não seja a mais interessante, o relacionamento dela com a família acaba por dar vida ao enredo.

"Dear John", de Robin Wasserman
Através de uma série de cartas a ex-amantes, vamos conhecendo uma personagem feminina numa seita dominada por um homem ainda criança. A escrita é rica e dá vida a esta protagonista e à suas experiências. Sentimos a sua dor, a sua angústia e resognação. Muito bom!

Sinopse (inglês):
Famine. Death. War. Pestilence. These are the harbingers of the biblical apocalypse, of the End of the World. In science fiction, the end is triggered by less figurative means: nuclear holocaust, biological warfare/pandemic, ecological disaster, or cosmological cataclysm.
But before any catastrophe, there are people who see it coming. During, there are heroes who fight against it. And after, there are the survivors who persevere and try to rebuild.
THE APOCALYPSE TRIPTYCH will tell their stories.
Edited by acclaimed anthologist John Joseph Adams and bestselling author Hugh Howey, The Apocalypse Triptych is a series of three anthologies of apocalyptic fiction. THE END IS NIGH focuses on life before the apocalypse. THE END IS NOW turns its attention to life during the apocalypse. And THE END HAS COME explores life after the apocalypse.
THE END IS NIGH is about the match. THE END HAS COME is about what will rise from the ashes. THE END IS NOW is about the conflagration. 

domingo, 27 de agosto de 2017

Mulheres Perigosas - divulgação

A Saída de Emergência prepara-se para lançar a antologia "Mulheres Perigosas", que eu já li em inglês (Dangerous Women). Podem ler a minha opinião sobre cada um dos contos AQUI.


Mas posso já dizer que recomendo a leitura. A antologia tem vários contos fabulosos, que merecem ser lidos, e é uma boa forma de conhecerem novos autores e revisitar outros.

Os meus contos favoritos foram os dos seguintes autores: Megan Abbot, Joe R. Lansdale, Brandon Sanderson e Caroline Spector.

Visitem o site da editora para fazer a pré-encomenda (tem oferta de outro livro).

Aviso: Para quem está a ler a série Dresden Files, aconselho-vos a terem cuidado porque o conto do autor nesta antologia tem mega-spoilers para os volumes mais recentes da série. 

terça-feira, 23 de maio de 2017

Fantasias Soltas

"Fantasias Soltas", de Joel Puga (Createspace)

Joel Puga escreve fantasia e terror já há vários anos, maioritariamente sob a forma de ficção curta. Já li outros trabalhos seus publicados em antologias, fanzines e na internet, por isso quando soube que ia lançar uma antologia de contos só seus, achei que estava mais que tempo de o revisitar.
Todos os contos incluídos neste volume já foram também publicados individualmente em ebook mas esta antologia está também disponível como livro físico, para os que ainda não estão bem ambientados com os ebooks.

Para começar vou falar da antologia como um todo e depois debruçar-me-ei um pouco sobre cada conto individualmente. No geral gostei bastante do ambiente sombrio e do facto de o autor escolher usar o território português ou ultramarino em quase todos. Em comum, entre a maioria das histórias, há quase que só o facto de serem fantasia, pois não existe um tema central. Isso, contudo, não é um ponto negativo.

Abaixo fica a minha opinião conto a conto:
"O Último"
Neste conto somos apresentados a um conceito muito interessante mas chegamos ao fim e não aconteceu nada de relevante. Os alicerces estão construídos mas pouco mais.

"Sasabonsam
 Uma escrita muito viva e uma história muito interessante. As personagens saltam das páginas e a acção está excelenete. Se não fosse aquele último parágrafo estava tudo óptimo.

"O Castelo"
Uma história que começa de forma amena mas que apanha o passo rapidamente. É bastante perturbante, tanto pelas traições como pelo desfecho.

"Susana"
 Este conto teria ganho muito em ser contado e não narrado pós-acontecimentos. A personagem perdeu muito com esta escolha narrativa e apesar da escrita ser bastante boa não teve o ritmo ou o impacto que seria desejável. Mesmo assim acaba por resultar, de certo modo.

"Uma Demanda Literária
Este conto eu já tinha lido na Fénix 2 (podem ler aqui) e a minha opinião mantem-se semelhante. Achei que as descrições da livrairia mística, em si, poderiam ter sido muito mais envolventes. O leitor não fica com a ideia de que se trata de algo de fenomenal. E mais uma vez o protagonista perde porque o que de interessante parece acontecer na sua vida é contado em tom de memória, e não vivido em primeira mão pelo leitor.

"A Saga de Eu, Justiça Divina"
O autor visita este 'mundo' em 3 contos distintos e vai construindo as suas regras aos bocados. A premissa aqui é muito interessante mas há no texto uma vertente de julgamento social que pode não agradar a todos os leitores. Mas sendo que se trata de uma das características do protagonista e da narrativa, eu acabei por me habituar.
O primeiro não me cativou muito, excepto pelo facto de nos mostrar este 'submundo'.
O segundo tem uma cena muito interessante no cemitério, mas o final é decepcionante porque quem acaba por resolver o problema em questão não é o protagonista e o leitor nem sabe ao certo o que aconteceu. 
O terceiro sofre um pouco do mesmo mal, sendo que a acção se passa fora das páginas mas neste conto o protagonista torna-se mais palpável e intrigante. Vale só por isso.

"Um Deus em Humaitá"
Adorei a mística desta história e a acção, a ambiguidade das personagens e como elas são punidas. O que faz com que o final tenha sido mais que apropriado. 

"Wendigo
A acção está soberba, com muito gore à mistura. Se não fosse o facto de título ser um spoiler, eu acho que teria funcionado ainda melhor. Penso que se a origem da figura tivesse permanecido um mistério seria mais interessante. 

"A Maldição da Ponte do Arco
Tal como "O castelo" (também nesta antologia), este conto é perturbante porque explora aquilo que as pessoas são capazes de fazer para protegerem aqueles que amam, mesmo quando isso resulta em algo de impensável. Foi um bom último conto para a a antologia, com uma prosa envolvente.

Sinopse:
Esta coleção reúne todos os contos já publicados de fantasia histórica e contemporânea da autoria de Joel Puga. Criaturas bizarras, espíritos malignos, ruínas fantásticas e cemitérios assustadores são apenas algumas das coisas que encontrarão nestas páginas.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

The End is Nigh

"The End is Nigh (The Apocalypse Triptych 1), de John Joseph Adams, Hugh Howey , Ben H. Winters, Annie Bellet, Will McIntosh, Megan Arkenberg, Scott Sigler, Jack McDevitt, Nancy Kress, Seanan McGuire, Jonathan Maberry, David Wellington, Robin Wasserman, Matthew Mather, Paolo Bacigalupi, Sarah Langan, Desirina Boskovich, Charlie Jane Anders, Ken Liu, Jake Kerr, Tananarive Due, Tobias S. Buckell, e Jamie Ford (ainda não publicado em Portugal)

Opinião:
Nunca tinha ouvido falar de uma trilogia de antologias mas gosto do conceito!
The End is Nigh é o primeiro livro, e fala dos acontecimentos que antecedem o fim do mundo, pela mão de vários autores, alguns famosos e outros que descobri pela primeira vez neste livro.
Temos fins religioso, vírus, extra-terrestres, e muito mais. Há histórias para todos os gostos e de vários tamanhos.
Gostei bastante de vários dos contos e por isso conto ler a sequela muito em breve.
Fiquem com a opinião conto a conto:

"The Balm and the Wound", de Robin Wasserman
A história tem um início muito interessante visto que fala de um culto religioso e entra logo na mente do seu líder que nada mais quer do que ganhar uns trocos. Mas tudo muda quando o fim do mundo que ele previu realmente acontece. O senão deste conto é que realmente achei as outras personagens muito plásticas.

"Heaven is a Place on Planet X", de Desirina Boskovich
Este conto recordou-me um pouco o "Childhood's End" do Arthur C. Clarke, na medida em que tudo se despoleta quando uma raça alienígena decide liderar a raça humana para um futuro melhor. A diferença é que neste conto o período de transição é relativamente curto.
Gostei das personagens mas não gostei de o facto de não sabermos realmente o que acontece aos seres humanos que são considerados culpados dos crimes. Só nos dizem que são "enforced" e o leitor imagina que seja pena de morte mas nunca sabe ao certo.

"Break! Break! Break!", de Charlie Jane Anders
Adorei o ritomo da prosa. As personagens eram meias psicadélicas e a sua busca por adrenalina não fazia muito sentido no início, mas aos poucos as coisas foram-se desvendandado e tudo fez sentido. A brutalidade deste mundo, mesmo antes do seu fim, é cruamente descrita.
Gostei deste conto e só gostava que o final tivesse sido melhor.

"The Gods Will Not Be Chained", de Ken Liu
A construção da narrativa neste conto é calma mas resulta bem. A relação familiar que se vai desenrolando, bem como a ideia do rapto de mentes brilhantes e seu imprisionamento para uso corporativo, é na verdade bastante verossímil.

"Wedding Day", de Jake Kerr
Este conto tem muito sentimento. Trata de um casal de mulheres, que pensavam há anos casar-se mas que nunca tiveram oportunidade (porque era ilegal). A legalização do seu casamento é logo acompanhado pelo fim do mundo e o que se segue acaba por ser bastante previsível mas isso não é um problema porque, na verdade, aqui é o que elas sentem uma pela outra que importa. Gostei bastante.

"Removal Order", de Tananarive Due
Este conto fala de uma jovem mulher que fica com a sua avó eferma mesmo depois de toda a população ser evacuada. Adorei a forma como se focou na responsabilidade que ela sentia para com a avó e tudo o que fez por ela, sendo que a idosa está acamada e tem de ser a neta a fazer tudo por ela. A própria ideia por detrás do apocalipse, embora pouco clara, é suficientemente interessante e está sempre lá, como um manto em tudo o que acontece. O final surepreendeu-me e a prosa envolveu-me mesmo muito.

"System Reset", de Tobias S. Buckell
As personagens são o ponto forte deste conto, pelos seus valores e pela sua personalidade que se mostra logo nos primeiros parágrafos. A história podia ter fluído um pouco melhor no início, mas no fim a acção estava no passo certo. Espero que tenha continuação.

"This Unkempt World is Falling to Pieces", de Jamie Ford
Num passado que poderia ser nosso, a história começa de forma um pouco estranha. Não nos são dadas suficientes informações para sabermos onde estamos e quais as regras deste mundo mas aos poucos vamos percebendo o que se passa. Os detalhes são realmente fantásticos.Contudo não me consegui ligar muito às personagens nem ao romance.

"Bring her to me", de Ben H. Winters
Logo no início sabemos o que está em jogo e eu gostei muito disso. As personagens estão muito bem construídas e a sequência de acção é brilhante. Gostei mesmo muito deste conto que fala de um futuro onde todas as pessoas conseguem ouvir a voz de um homem que assumem ser Deus. O final está excelente e fiquei com vontade de ler mais.

"In the Air", de Hugh Howey
A acção deste conto não é sequencial e desta vez não acho que isso tenha funcionado a favor do conto. Aliás, acho que grande parte dos flashbacks nem fizeram grande diferença. Metade deles são desnecessários. No entanto o protagonista é bem explorado e ficamos a saber o que o move e como as suas decisões não só afectaram a sua família como também o resto do mundo.
No fim mal sabemos realmente qual o mal que se abateu sobre o mundo mas sabemos o suficiente.

"Goodnight Moon", de Annie Bellet
Este é um conto bastante curto (quase todos nesta antologia o são, mas este pareceu ainda mais pequeno) mas eu gostei do ambiente entre as personagens e de como as ficamos a conhecer relativamente bem em poucas linhas. Fala-nos de um grupo de astronautas que descobre , tarde de mais, que vão morrer e a vida na Terra nunca mais será amesma. No entanto pareceu-me que resolveram o seu dilema (de quem seria salvo) com um pouco de facilidade a mais. Será que seriam mesmo todos assim tão altruístas?
Mas fora isso o final foi muito bem escrito.

"Dancing with Death in the Land of Nod", de Will McIntosh
Um dos meus contos favoritos da antologia! Gostei mesmo muito da relação que se gerou entre os dois protagonistas, especialmente porque além de falar de algo pré-apocaliptico também tocou em assuntos como Alzheimer, o abandono dos idosos e dos efermos, um pouco como o conto "Removal Order" (também nesta antologia).
O final não foi inesperado mas ainda assim foi muito bem executado.

"Houses Without Air", de Megan Arkenberg
Não entendi este conto. Há histórias assim, que lemos mas realmente nada faz clique. Este foi um desses. É muito detalhado nas suas descrições mas o mundo é confuso e a única coisa que é certa é que o problema está no ar.

"The Fifth Day of Deer Camp", de Scott Sigler
Gostei de como este conto começou mesmo de forma muito banal. Parecia o prelúdio de um daqueles filmes de terror estilo Cabin in the Woods (não o filme com esse nome, que é bem diferente e muito fixe). No entanto achei que as personagens pareciam-se todas muito umas com as outras. Não as consegui individualizar. Mas fica a curiosidade por saber o que se vai passar a seguir.

"Enjoy the Moment", de Jack McDevitt
A protagonista neste conto é tão normal que é muito fácil relacionarm-nos com ela. O facto de que algo que ela econtrou, ao acaso, e que achou não ser nada des especial acabar por ter um desfecho tão negro, dá-lhe muita profundidade.

"Pretty Soon the Four Horsemen are Going to Come Riding Through", de Nancy Kress
Este conto fala de bullying e do próximo passo na evolução humana. Foi estranho mas muito interessante ver como a sociedade exilava e maltratava as crianças que eram diferentes e de como o seu lado mais animalesco sobresaía nos momentos mais estranhos. Fez-me reflectir.

"Spores", de Seanan McGuire
Este conto arrepiou-me toda, isto porque o conceito em si arrepia-me. Não sei porquê mas tenho mais nojo de fungos na pele do que sangue. Estranho? Sim mas eu sou assim.
Mas mesmo assim adorei! A prosa é muito boa e as personagens são realistas. Uma família normal, com uma mulher com um distúrbio obsessivo com o qual lidam bem, um casamento homossexual tratado com normalidade, e o vírus tão estranho e que se entranha lentamente no leitor.

"She’s Got a Ticket to Ride", de Jonathan Maberry
Este conto fala mesmo do que está por detrás de uma conspiração para manter o público ignorante de uma ameaça que os apelidados de lunáticos tentam avisar todos que está a chegar.
Como se foca no todo, acaba por negligenciar as personagens que são quase que irrelvantes. O que importa é a história.

"Agent Unknown", de David Wellington
O protagonista é um agente que está encarregue de suprimir uma doença virulenta que aparece aos poucos um pouco por toda a américa. Trabalha sozinho e através dele conhecemos a doença e o estado das coisas, até que ele percebe que nem ele está a par de tudo. Muito bom!

"Enlightenment", de Matthew Mather
Este conto é bastante arrepiante, pelo seu conceito e pelo encadeamento dos acontecimentos. Nele uma vegan com problemas de relacionamento vê-se envolvida com um culto com um estilo de vida mais que bizarro. Muito estranho! O que não foi óbvio foi o apocalipse em si. Como é que as acções deste culto levarão ao fim do mundo?

"Shooting the Apocalypse", de Paolo Bacigalupi
Este conto é, definitivamente, uma prequela para o "The Water Knife", que eu li no ano passado. Perecebi isto logo desde o início e, na verdade, foi bom regressar a este mundo imperdoável, e ao início de tudo. As personagens estão excelentes, a forma como interagem e dictutem e se movem funciona muito bem. Vale a pena, quer seja porque leram o romance ou porque querem conhecer o trabalho do autor.

"Love Perverts", de Sarah Langan
Este é um conto que fala do que as pessoas seriam capazes de fazer se soubessem que o fime stava próximo e não podiam mais ser salvas. O extremo das decisões e acções dos jovens protagonistas, do professor que trai a confiança deles, e de todos os outros com quem se cruzam. Nenhuma personagem é boa, nenhuma tem perdão, mas num mundo à beira do abismo, quem cometeu os priores crimes. Gostei da ambiguidade e da cruza deste conto.


Sinopse (inglês):
Famine. Death. War. Pestilence. These are the harbingers of the biblical apocalypse, of the End of the World. In science fiction, the end is triggered by less figurative means: nuclear holocaust, biological warfare/pandemic, ecological disaster, or cosmological cataclysm.
But before any catastrophe, there are people who see it coming. During, there are heroes who fight against it. And after, there are the survivors who persevere and try to rebuild. THE APOCALYPSE TRIPTYCH will tell their stories.
Edited by acclaimed anthologist John Joseph Adams and bestselling author Hugh Howey, THE APOCALYPSE TRIPTYCH is a series of three anthologies of apocalyptic fiction. THE END IS NIGH focuses on life before the apocalypse. THE END IS NOW turns its attention to life during the apocalypse. And THE END HAS COME focuses on life after the apocalypse.
THE END IS NIGH features all-new, never-before-published works by Hugh Howey, Paolo Bacigalupi, Jamie Ford, Seanan McGuire, Tananarive Due, Jonathan Maberry, Robin Wasserman, Nancy Kress, Charlie Jane Anders, Ken Liu, and many others.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Stars Above

“Stars Above (The Lunar Chronicles 4,5)”, de Marissa Meyer (ainda não publicado em Portugal)

Opinião:
Esta antologia de contos foi lançada já depois do volume final da série The Lunar Chronicles e traz ao leitor histórias que se passam antes do primeiro, ao mesmo tempo que os livros da série e até mesmo depois do último. Com personagens conhecidas dos fãs da série e outras completamente novas. Há de tudo para todos os gostos.
No geral esta antologia tem contos interessantes que dão aos fãs uma visão mais abrangente do passado de quase todas as personagens e, embora nenhum conto me tenha arrebatado, adorei revisitar estas personagens e estes locais.
No entanto julgo que quem não seja já fã da série não será aliciado por este conjunto de contos. Só funciona mesmo com quem já gosta de The Lunar Chronicles.
Fica agora a minha opinião conto a conto:

“The Keeper”
Neste contos ficamos a conhecer melhor a Michelle Benoit, a avó da Scarlet e a pessoa que tomou conta da Cinder enquanto ela recuperava da tentativa de assassinato da sua tia, antes de ser adoptada por Lin Garren. Gostei bastante de conhecer um pouco melhor a personagem da Michelle, da qual sabíamos um pouco desde o segundo livro (Scarlet) mas cujo passado era um grande mistério.
A relação entre a Scarlet e a Michelle é a melhor parte deste conto. O amor entre avó e neta transparece nas cenas e diálogos que partilham. Infelizmente o mesmo não se pode dizer das cenas entre a Michelle e o Logan que pecaram pela falta de garra e de alguma atracção. Afinal os dois tinham uma história em conjunto, por mais breve que esta fosse. E sendo que os dois se envolveram e que vêm de passados tão distintos, havia potencial para situações mais intensas.
Dito isto, gostei deste pequeno conto mas ficou a vontade de ler algo mais.

“Glitches”
Já tinha lido este conto individualmente mas decidi voltar a escutá-lo para ver se da segunda vez era diferente e, realmente, foi um pouco, embora eu continue a achar que, tendo em conta o tipo de situação que ocorre no final, a emoção foi pouca. A tragédia não me comoveu.
No entanto este conto consegue dar-nos uma visão ainda melhor da Aubrey e das suas duas filhas, com a introdução do Garren. E permite-nos perceber um pouco melhor a animosidade da Aubrey para com a Cinder.

“The Queen’s Army”
O passado e origens do Wolf tinha sido referido várias vezes em Winter (o último livro da série) e este conto veio complementar tudo isso.
Gostei do facto de termos começado num tempo em que o Wolf ainda vivia com a família e depois termos lido sobre algumas das situações mais marcantes na sua vida no exército da rainha mas exactamente por só termos visto esses momentos mais fortes achei que faltou alguma ‘polpa’. E a cena com a rainha Levana também poderia ter sido mais bem descrita, mais empolgante.
No entanto acho que foi uma boa forma de nos mostrar as origens do Wolf e da sua personalidade e dos seus medos.

“Carswell’s Guide to Being Lucky”
Também já tinha lido este conto mas não tinha deixado opinião aqui no blog.
Esta segunda leitura foi ainda melhor. Vemos apenas uns dias da vida do Carswell mas é o suficiente para ficarmos a perceber um pouco melhor a sua personalidade e as suas origens. Achei a interacção com os seus pais especialmente revigorante.

“After Sunshine Passes By”
Ao contrário do que aconteceu com o conto do Wolf (The Queen’s Army) aqui não temos oportunidade de ver ou saber quase nada sobre a vida dos Shells. Isso para mim foi o que falhou. Este conto na verdade não traz nada de novo ao que já sabemos das personagens nele incluídas: Cress e Sybill. Mostra-nos apenas quando a Cress foi levada para o seu satélite mas não há nada que marque o leitor ou que fortaleça as personagens, excepto talvez o final e a solidão da Cress, mas depois ficamos como que pendurados, sem saber realmente a essência do que ela sentiu.

“The Princess and the Guard”
Um dos melhores contos da antologia, foca-se na vida de Winter enquanto criança e nos momentos que mais a marcaram até à adolescência. Sinto que se tivesse lido este conto antes de ler Winter teria tido ainda mais afinidade pelo casal Jacin+Winter porque, aqui sim, a relação dos dois floresce. As cenas estão todas bem escritas e são envolventes, além de vermos como cada momento marcou a Winter e o Jacin e a Levana. Gostei de todo o conto. Foi dos meus favoritos da antologia.

“The Little Android”
Este é o único conto da antologia que não se foca numa personagem existente na série. Aqui conhecemos um andróide que ganha afecto por um humano e que, depois de o salvar, tenta desesperadamente aproximar-se mais dele.
Gostei muito de como o andróide foi retratado, e da subtileza do uso da humanização do mesmo. Além de que a personagem seguiu por um caminho que eu não contava e é sempre bom ser surpreendida.

“The Mechanic”
Para mim o facto de este conto ser, basicamente, um recontar do início de Cinder mas desta vez na perspectiva do Kai até foi interessante. Como já não me recordava de tudo ao pormenor foi bom de rever o momento em que se conheceram, mas talvez para quem tenha lido recentemente o primeiro livro da série este conto já não seja tão interessante.
De qualquer forma é sempre uma boa maneira de saber um pouco mais sobre o Kai e o que o motiva.

“Something New, Something Old”
Foi bom ler algo passado depois de Winter, visto que todos os outros contos desta antologia aconteceram antes dos livros da série. Revisitar a quinta da Scarlet, e rever todas as personagens foi fantástico, especialmente pelo facto de que houve uma boda e esta foi tão diferente (embora menos não fosse de esperar, tendo em conta quem se estava a casar).
Achei, contudo, que o conto foi um pouco inocente. As barreiras do YA toldaram algumas cenas mais românticas entre a Cinder e o Kai com modéstia a mais.Faltou ali algo. Não que esteja a dizer que deviam ter existido cenas picantes porque nem se enquadraria com o resto da série, mas um pouco mais de chama seria uma mais valia para este conto. Apesar disso a relação entre o Wolf e a Scarlet esteve no seu melhor, assim como a interacção de amizade entre os personagens. A surpresa que eles preparam para a noiva foi muito boa.
Além disso o conto termina de forma muito amorosa e, certamente, fará as delicias dos fãs da série.

Sinopse (inglês):
The enchantment continues....
The universe of the Lunar Chronicles holds stories—and secrets—that are wondrous, vicious, and romantic. How did Cinder first arrive in New Beijing? How did the brooding soldier Wolf transform from young man to killer? When did Princess Winter and the palace guard Jacin realize their destinies?
With nine stories—five of which have never before been published—and an exclusive never-before-seen excerpt from Marissa Meyer’s upcoming novel, Heartless, about the Queen of Hearts from Alice in Wonderland, Stars Above is essential for fans of the bestselling and beloved Lunar Chronicles.
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The Little Android: A retelling of Hans Christian Andersen’s “The Little Mermaid,” set in the world of The Lunar Chronicles.
Glitches: In this prequel to Cinder, we see the results of the plague play out, and the emotional toll it takes on Cinder. Something that may, or may not, be a glitch….
The Queen’s Army: In this prequel to Scarlet, we’re introduced to the army Queen Levana is building, and one soldier in particular who will do anything to keep from becoming the monster they want him to be.
Carswell’s Guide to Being Lucky: Thirteen-year-old Carswell Thorne has big plans involving a Rampion spaceship and a no-return trip out of Los Angeles.
The Keeper: A prequel to the Lunar Chronicles, showing a young Scarlet and how Princess Selene came into the care of Michelle Benoit.
After Sunshine Passes By: In this prequel to Cress, we see how a nine-year-old Cress ended up alone on a satellite, spying on Earth for Luna.
The Princess and the Guard: In this prequel to Winter, we see a game called The Princess
The Mechanic: In this prequel to Cinder, we see Kai and Cinder’s first meeting from Kai’s perspective.
Something Old, Something New: In this epilogue to Winter, friends gather for the wedding of the century...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Vestido Novo



“O Vestido Novo”, de Virginia Woolf (Europa-América)

Opinião:
Este pequeníssimo livro tem 3 pequeníssimos contos que foram o meu primeiro contacto com a afamada autora.
De um modo geral gostei da prosa mas não da execução dos contos. Nenhum deles me marcou e, apesar de do seu diminuto tamanho, chegaram mesmo a aborrecer-me. Gostei da escrita no estilo linha-de-pensamento onde nunca se sabia do que se ia falar a seguir porque o narrador entrava nos devaneios típicos da mente, ora pensando em vestidos e logo divagando sobre moscas. No entanto a autora usava bastantes repetições e em contos tão pequenos qualquer duplicacção é em demasia. Contudo devo dizer que as personagens transparecem muito bem em poucas palavras, sendo que a prosa as define bem e de forma quase imperceptível. Tenham elas um papel grande ou pequeno a desempenhar.
Quanto aos contos individuais: “O Vestido Novo” cansa pela repetição e pelo facto de todo aquele monólogo interior ocorrer no espaço de uns minutos e nada de relevante acontecer até às últimas linhas. Coisa que, aliás, acontece também nos outros dois contos. No entanto este primeiro conto ganha pontos pela protagonista e a sua paranóia ou auto-depreciação.
O segundo conto, "A Dama do Espelho" trouxe um conceito muito interessante: uma história contada do ponto de vista de um espelho que idolatra a sua senhora a uma sempre grande distância. Foi um texto muito curioso de ler, apesar das repetições. O final, contudo, não me agradou de sobremaneira.
Por fim a antologia conclui com "Momentos de Plenitude" que só por aquele final já valeu a pena, embora não deixe de ser estranho.

Em suma, não posso dizer que fiquei fã de Virgina Woolf mas possivelmente darei outra oportunidade à autora de me surpreender. Este pequeno livro não fica, infelizmente, na memória.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Receitas Fantásticas

"", de Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Sara Farinha e Mogu-Mogu chan (Fantasy & Co - ebook gratuito)

Li recentemente mais uma antologia de contos do grupo de escritores portugueses: Fantasy & Co. Desta vez a ideia era cada escritor escrever um conto que envolvesse uma receita culinária com ingredientes ou bases fantásticas.
Vamos então falar dos contos um a um:

"Pão do Caminho", de Mogu-Mogu chan
Este é o texto que menos gostei porque não se lê como um conto e não tem nada de especial. O tom engraçado da autora até é divertido mas não é prosa e não se encaixa no resto da antologia. Além do mais em vez de usar algo seu decidiu antes usar uma receita para algo que é muito usado no "Senhor dos Anéis" (J.R.R. Tolkien), o que não demonstra grande imaginação, embora pudesse ter funcionado se fosse apresentado de outra forma mais fantástica.

"Biscoitos da Vida Eterna", de Carina Portugal
A Carina não decepcionou, mais uma vez. Uma receita super-divertida, bem escrita e que dá gosto ler (embora a vontade de a fazer possa não ser grande, visto o trabalho que dá. Ehehehe!)

"Estufado de Miolos", de Ana Ferreira
Uma receita feita à medida dos zombies com o palato mais refinado. Este é mais um conto bem engraçado que poderia ter sido espectacular se não fosse por incluir ali um cérebro de criança que a mim me deu mais nojo e cortou o tom de comédia do resto.

"Túbaros de Troll Estufados", de Sara Farinha
Exactamente o que eu esperaria de uma receita do outro mundo, no entanto falta-lhe algo extra: um flare, um ZING! O texto está bom mas podia ser ainda melhor com alguns ajustes.

"Receita: Bolo de Chocolate", de Carlos Silva
Este fez-me mesmo rir. Uma receita à preguicite, onde a tecnologia de ponta está no centro das atenções e que é uma clara 'homenagem' às Bimbys e afins. E a referência aos supermercados Cascata Doce ... muito bom!

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