Sinopse:
Edimburgo, 1874. Jack nasce no dia mais frio do mundo, com o coração… congelado. A Dr.ª Madeleine, a parteira (segundo alguns, uma bruxa) que o trouxe ao mundo, consegue salvar-lhe a vida instalando um mecanismo – um relógio de madeira – no seu peito, para ajudar a que o coração funcione. A prótese funciona e Jack sobrevive, mas com uma condição: terá sempre de se proteger das sobrecargas emocionais. Nada de raiva e, sobretudo, nada de amor. A Dr.ª Madeleine, que o adopta e vela pelo seu mecanismo, avisa: «o amor é perigoso para o teu coraçãozinho.» Mas não há mecânica capaz de fazer frente à vida e, um dia, uma pequena cantora de rua arrebata o coração – o mecânico e o verdadeiro – de Jack. Disposto a tudo para a conquistar, Jack parte numa peregrinação sentimental até à Andaluzia, a terra natal da sua amada, onde encontrará as delícias do amor… e a sua crueldade.
Opinião:
Há livros que nos enganam logo à partida.
Quando vi as capas deste livro, imaginei logo que seria, ou uma história meio à la Tim Burton, ou uma história de amor inocente e doce como uma flor. A sinopse reafirmou essa minha ideia inicial, assim como as várias críticas e opiniões que fui lendo ao longo dos meses que se seguiram à publicação.
No entanto, o que recebi, foi um livro sumariamente poético na escrita, belo nas palavras, mas praticamente vazio em desenvolvimento de personagens.
Começo por dizer que adorei a forma como o escritor escreveu esta história. Linda!, não chega para descrever as páginas de beleza literária que se avizinham ao abrir o livro. Só por isso, já vale a pena.
Mas, os pontos bons pouco passam daí.
Confesso que talvez não tenha adorado esta leitura porque esperava algo totalmente diferente, ao invés de um (dois aliás) romance fatídico e obsessivo, um protagonista capaz de um acto de violência algo despropositado (exageros?) e descrições sensuais que apesar da beleza da descrição, chegavam a dar-me voltas ao estômago (e não ajudava que os protagonistas tivessem 15 anos, e sim eu sei que isto não se passa nos dias de hoje).

O desenvolvimento das personagens foi praticamente nulo. Os anos e as experiências nada fizeram para alterar os comportamentos de nenhuma das três personagens principais, e estes foram prova do típico "não aprendas com os teus erros, e volta a fazer tudo igual uma segunda vez". É horrível ver isto acontecer num livro que poderia ter sido muito mais do que foi. E pior, ver o autor a tentar resolver assuntos que não precisavam ser resolvidos (de que serviu toda aquela confusão com os relógios?).
Em suma, uma leitura esplendorosa a nível literário, mas uma decepção a nível narrativo. Ainda assim, vale pelo lirismo da prosa e pela ideia (que tinha muito mais potencial do que o que foi explorado).
Capa
A capa inglesa (e portuguesa na 2ª edição) é absolutamente fabulosa e capaz de apaixonar qualquer um, mas, a meu ver, não transmite fielmente o conceito do livro e pode induzir em erro.
A capa da primeira edição em português (a amarela) é também muito bonita, e extremamente cativante, mas nada tem a ver com o livro. O protagonista nunca toca violino e falta-lhe ali o coração de cuco.
O design da edição que li (inglesa) está simplista, mas eficiente e edição está bastante boa com uma tradução bastante bélica e bem conseguida (o original é francês).