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sábado, 23 de abril de 2016

Dia Internacional do Livro e dos Direitos do Autor

Não podia deixar passar o Dia Internacional do Livro e dos Direitos do Autor em branco, certo?

Por isso gostaria de vos convidar a divulgar, aqui e nas redes sociais, quais os vossos autores favoritos de sempre e qual o(s) livro(s) que leram este ano que mais gostaram.

E porque além de autora sou também leitora, deixo uma pequena lista de alguns dos meus autores favoritos (sem ordem de preferência): Markus Zusak, Marissa Meyer, Luís Filipe Silva, Edgar Allan Poe, J.K. Rowling, Carina Portugal, Brandon Sanderson, Vitor Frazão, Robin Mckinley, João Barreiros, Manuel Alves.
E o livro que mais gostei de ler este ano foi: "28 Days Later", uma banda desenhada de Micheal Alan Nelson e Declan Shalvey.

E não se esqueçam de respeitar sempre o trabalho do autor, seja ele escritor, fotógrafo, músico, ilustrador, compositor, escultor ou outro "-or".
Ajudem os autores e lembrem-se de, sempre que usam uma foto linda no vosso mural do facebook ou no blog, mencionar que é o autor (ou caso não saibam referir isso mesmo). Os autores do mundo inteiro agradecem!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

::Conto:: Aos teus olhos

"Aos teus Olhos", de Vitor Frazão (Fantasy & Co - ebook gratuito)

Neste conto o autor introduz-nos a mais um mundo criado de raiz que tem imenso potencial.
Apesar de a narrativa iniciar com um pequeno episódio envolvendo Myr e a sua tia é também aqui que se começa a estabelecer a personagem principal: James Vallen, que será sobre quem o conto realmente se debruçará.
Este primeiro episódio também serve para situar o leitor no mundo e na sua situação social, e está bem conseguido.

De verdade a única coisa errada com este conto é o facto de, em duas ocasiões, o autor debitar informação através de diálogos secos e  forçados, que se vê claramente que foram feitos apenas para servirem como veículo de informação que, a meu ver, poderia ter sido muito mais bem sucedida se entregue de outra forma.
Tirando isso gostei muito do texto e das potencialidades deste mundo e da personagem do James Valllens.

Sinopse:
Carvão alimenta o Império, mas nas ruas de Nova Opida o coração do povo é movido por outro combustível: ódio. Três anos volvidos desde o fim do sangrento e dispendioso conflito a população da Callacia continua incapaz de perdoar os derrotados. Entretanto a tensão acumula…

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Leituras e Compras de Março 2015

Vídeo das leituras e compras literárias do passado mês de Março.


Leituras:
- "Beautiful Ruins (A Bela Americana)", Jess Walter
- "Por Mundos Divergentes", Ana C. Nunes, Nuno Almeida, Pedro G.P. Martins, Ricardo Dias, Sara Farinha
- "Anna Dressed in Blood", Kendare Blake
- "A Trilogia de Nova Iorque", Paul Auster
- "Fairest", Marissa Meyer
- "A Morte de Ivan Ilitch", Lev Tolstoi
- "Gantz - 30 a 37", Hiroya Oku
- "Três Sombras", Cyril Pedrosa
- "Y - The Last Man - 2 a 10", Brian K. Vaughan, Pia Guerra
- "Dança do Corvo", Vitor Frazão
- "Monociclo", Vitor Frazão

Compras:
- "À Lareira - Volume 1", José Viale Moutinho
- "Três Sombras", Cyril Pedrosa
- Dicionário Escolar de Alemão-Português, Português-Alemão

terça-feira, 31 de março de 2015

::Conto:: O monociclo

"O Monociclo", de Vitor Frazão (Fantasy & Co)

Já são poucos os textos que realmente me metem medo mas este foi um deles.
As cenas que o autor descreve hão-de ser vívidas o suficiente (e para alguns até demais) para qualquer leitor. Aquela cena das baratas ... Brrr!
Conselho: Não leiam isto na hora de deitar. Pesadelos garantidos! (Eu bem sei, porque foi isso que fiz.)
Neste conto o imaginário é rico e merece ser revisitado. A prosa é poderosa e os diálogos, como sempre, são fabulosos.
Recomendo!

Sinopse: 
Uma bizarra e aparentemente inofensiva velharia passa de mão em mão graças à ganância, ignorância e curiosidade humana, transportando consigo uma perigosa maldição. Agravando a loucura, o legítimo dono e os seus lacaios querem recuperá-la.

Podem ler esta história gratuitamente Aqui.

::Conto:: Dança do Corvo

"Dança do Corvo", de Vitor Frazão (Fantasy & Co)

Foi bom regressar ao mundo que o autor criou em "A Vingança do Lobo" e ainda melhor foi ler novas aventuras da Eleanora, que foi uma das minhas personagens favoritas no já mencionado romance.
Descobrir um pouco do passado desta personagem foi a parte mais interessante do conto, assim como o vislumbre que temos do imaginário japonês que o autor conseguiu captar bastante bem.
As cenas de batalha são intensas e os diálogos, como sempre, estão muito bons. No entanto certos pormenores impediram-me de realmente adorar este conto: o facto de o autor assumir que o leitor sabe, logo à partida, o que é e que aspecto tem uma naginata ou hakama, e o que são os yokai (embora este seja mais desculpável).
Além disso a própria história não se aprofundou o suficiente. A situação precisava de mais espaço para funcionar melhor.
Contudo é um conto que certamente agradará a quem já conhece a Eleanora (como eu).

Sinopse: 
Muito antes dos eventos de “A Vingança do Lobo”, a vampira Eleanora “Lâmina Sangrenta” Reeve descobriu o seu destino entre os estranhos yokai do País do Sol Nascente. 

Podem ler esta história gratuitamente Aqui ou Aqui.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Conto Fantástico 3

"Conto Fantástico n.º 3", com contos de Álvaro Sousa Holstein, Fernando Lobo Pimentel, Marcelina Gama Leandro e Citor Frazão (organizado pelo Roberto Mendes)

O Conto Fantástico foi uma revista que, primeiro, começou por ser publicada em papel, mas depois passou para digital. Este terceiro número reúne quatro contos de quatro autores portugueses. Todos, como devem imaginar, relacionados com o fantástico (incluindo horror e ficção científica).

A revista é feita apenas dos contos e de uma pequena introdução. Nada mais! Pura ficção em prosa curta.
E vale bem a pena ser lida. Todas as histórias são muito boas. Dito isto, deixo-vos então com as opiniões individuais:

"A Biblioteca", de Álvaro Holstein 
O protagonista deambula pela cidade do Porto e acaba por entrar numa biblioteca muito especial, onde se cruza com Eça de Queirós, Kafka, e tantos outros, assim como com manifestações físicas de  versos, metáforas, e uma míriade de outras coisas relacionadas com a literatura.
A minha parte favorita foi, sem dúvida quando o narrador dá um murro na metáfora, literalmente.
A única coisa que não gostei neste conto foi a escolha do autor em não descrever nenhum cenário, como quando, por exemplo, se limita a dizer que um edifício é estranho, em vez de mencionar o que o torna estranho. Fora isso, está muito curioso.

"O Hospital", de Fernando Lobo Pimentel
Neste conto seguimos um protagonista que trabalha num hospital e que começa a duvidar do sistema.
Não posso dizer muito mais sem revelar a peça fulcral do enredo, por isso fico-me apenas por referir que adorei o texto e o final. Muito bem conseguido!


"Zona F", de Marcelina Gama Leandro
Mais uma vez a autora não decepciona, com um conto bastante humano, simples mas ao mesmo tempo profundo. A sua escrita cativa, nesta narrativa de uma dia na vida de uma cientista encarregue de testar espécimens que são enviados para zonas aparentemente nocivas para os humanos. Estes espécimens incluem seres vivos (animais) e andróides.
Em poucas páginas temos pistas suficientes para perceber o tipo de mundo em que a protagonista vive, e isso está muito bem feito, Os diálogos também estão muito bons e o final está bem conseguido. Mais um belo exemplo da escrita da Marcelina!
 
"Crónicas Obscuras - A Despedida", de Vitor Frazão
Quando li este título pensei que esta era a despedida do autor ao universo das Crónicas Obscuras. Mas depois de ler julgo que não se trate disso, embora possa estar enganada.
Quem ainda não leu A Vingança do Lobo (o primeiro livro da série) não deve ter qualquer problema em ler este conto. Não e necessário saber nada de antemão. O autor consegue passar toda a informação pertinente no texto, de forma subtil.

Neste conto conhecemos um vampiro que parece ter passado uma noite bem animada com duas mulheres. Uma deles nunca chega a acordar, e a outra acredita que é naquela noite que vai tornar-se uma vampira. Depois o conto vira a página e a coisa acaba por não ser bem o que parecia no início.
Com excelentes diálogos e boas personagens, está aqui um conto bastante rico, que apesar de ser conclusivo, não impede que fique a vontade por mais histórias das Crónicas Obscura.

Podem ler os quatro contos, gratuitamente, AQUI.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Comandante Serralves - Despojos de Guerra

"Comandante Serralves - Despojos de Guerra", de Ana Filipa Ferreira (Ana Ferreira), Carlos Silva, Inês Montenegro, Joel Puga, Rui Leite, Vitor Frazão

Este projecto, mais que uma antologia, é a raíz para algo que os criadores pretendem que seja mais grandioso, mais abrangente. Conhecem o conceito do Projecto Imaginauta? Convido-vos a visitarem o site para pereceberem melhor como nasceu este "Comandante Serralves - Despojos de Guerra" e, quem sabe, a contribuirem para o projecto.

Este antologia reúne várias aventuras do personagem que empresta o nome ao livro e cada uma é bastante independente das restantes, embora exista um centro coeso entre todas. Tudo se passa após uma guerra entre humanos e uns seres extraterrestres de nome Pahoehoentes, mas agora a luta é interna. Serralves e a sua tripulação querem mudar o sistema e nestas aventuras vemos alguns desses esforços intra e extra-planetários.

Como um todo a antologia funciona bem. Os contos não tem ligação imediata, ou sequer cronológica, entre si mas como refernciam os mesmos acontecimentos, os mesmos objectivos e algumas das mesmas personagens, torna-se fácil interligá-los. No entanto também esta falta de ligação imediata deixou alguns espaços mortos que, em certos acontecimentos maos maracantes, forma bastante sentidos, visto que não houve resolução ou consequências que fossem sentidas nos contos seguintes.
Em termos de personagens, por razões óbvias o Serralves é o mais explorado mas, estranhamente, é a Emily que se mostra mais consistente. o Serralves nem sempre age da mesma maneira, o que é um pouco bizarro, mas pode ser explicado or uma maior ou menor maturidade, visto que enm todos os episódios se passam no mesmo espaço temporal. Infelizmente o Serralves toma tão grande parte da história que torna todas as outras personagens esquecíveis e faz com que nenhuma se tenha gravado permanentemente na minha memória (tirando a Emily).

Todas as histórias têm algo de interessante e novo a acrescentar, mas nem todas me marcaram da mesma forma e as favoritas foram: "Métodos de Invasão, "Des Eigentum", e "A Guerra Esquecida".

Fica agora uma opinião mais individualizada de cada um dos contos:

"Métodos de Evasão", de Carlos Silva
Sem dúvida o meu conto favorito da antologia, esta história introduz-nos a este universo com uma bomba (não literal).
Apesar de não ter gostado da pressa do final (nem vemos como ele escapa), tudo o resto foi excelente.
Apresentou-nos o Serralves como um homem confiante, experiente e que é facilmente sobrestimado. Também nos mostra logo o(s) lado(s) inimigo(s) e algumas das motivações deste intrépido explorador do espaço.
A prosa está excelente e os diálogos fluem muito bem. Uma fantástica primeira incursão.

"Sinais", de Vitor Frazão
É neste segundo conto que conhecemos a "Maria" (nave espacial do Serralves) e a sua tripulação. Numa primeira parte cheia de conflito e desenvolviemento, passamos depois para uma segunda parte que prometia muito, mas que não funcionou tão bem como esperava.
Sem dúvida somos fornecidos com muita informação vital nesta história, e esta não nos é debitada de forma incómoda. Flui bem no contexto da aventura, mas em termos de acção (que é uma grande parte da última metade do conto) achei que ficou a faltar-lhe um certo brilho. E apesar de me apresentar uma série de pessoas, nenhuma ficou para a posteridade.
Por outro lado, o conceito da cidade está fabuloso!

"Dogson", de Inês Montenegro
Pela primeira vez vemos como funciona o sistema de vida continuada de Serralves e como isso afecta os que outrora se volutariaram para serem recipientes do icónico comandante. E, mais que isso, como lhes é impossível voltar atrás nessa decisão.
Dogson é o nome do desgraçadinho que um dia se lembrou de ser voluntário e que agora não tem grande vontade de dar o seu corpo ao Serralves.
Dito isto, o conceito está excelente e definitivamente funciona bem para mostrar em que consiste esta vida 'eterna' do Serralves. No entanto achei os diálogos fracos e houve pouco tempo para conhecer as personagens e, dessa forma, sentir pena (ou não) pelo desfecho que se seguiu.

"Despojos de Guerra", de Carlos Silva
Conto intenso e interessante, com uma sequência de cenas bem elaborada. Passa-se, maioritariamente, em Vénus, num Mercado Negro onde se pode arranjar de tudo, incluindo tecnologia extra-terrestre. E é isso que leva Serralves e a sua equipa a uma descoberta que pode ser tão promissora como perigosa.
A premissa está excelente, contudo a aventura, a escrita e as personagens não me cativaram tanto como no primeiro conto (também deste autor), apesar de não estarem más.

"Des Eigentum", de Ana Ferreira (Adeselna Davies)
Neste conto podemos ver o outro lado da guerra, entrar na mente de um Pahoehoente e só isso basta para tornar este um dos contos mais interessantes e, ao mesmo tempo, mais distante dos outros.
Gostei muito de como foi narrado de forma crua e directa, sem palavras desnecessárias, deixando lugar para que o leitor tire as suas próprias conclusões. E ainda, por fim, deu-nos um outro olhar sobre as acções do Comandante Serralves.


"A Guerra Esquecida", de Joel Puga
Uma história cheia de adrenalina, muito bem estruturada e que deixa sempre o leitor curioso e a querer mais. As personagens, enfim, estavam um pouco ocas, sacrificadas em detrimento do enredo, o que fez com que nenhuma me marcasse, nem mesmo o Serralves, apesar de eu ter gostado de ver como ele lidou com o novo corpo e com as pessoas que conheciam o dito corpo antes de ele tomar posse dele. No entanto isso me impediu de desfrutar bastante deste texto.

"Statica Falls", de Rui Leite
Entre este e os restantes contos nota-se uma maior diferença, tanto a nível temporal como por ser narrado na perspectiva de uma outra personagem: a Emily. E graças a isso posso dizer que o que mais gostei foi da interacção entre ela a o Serralves. Nota-se um amadurecimento na relação dos dois, em contraste com o segundo conto (Sinais).
Por outro lado, o conceito do povo que vive isolado do resto da humanidade, julgando-se a última colónia sobrevivente, foi bastante interessante, embora a resolução não me tenha enchido bem as medidas.

Nota: Na altura de divulgação do lançamento fiz uma entrevista relacionada com este livro e com o projecto Imaginauta. podem ler tudo AQUI.

Sinopse:
Depois da invasão Pahoehoente, a Aliança Humana trouxe paz e prosperidade ao Sistema Solar. Contudo trouxe também a supressão da cultura, a opressão e a padronização dos povos.
Existe, porém, uma lenda que há várias gerações traz esperança a todas as nações livres. O seu nome é: Comandante Serralves
Suba a bordo da nave Maria e deixe-se levar por um universo de relatos de resistência e luta. Conheça as muitas caras e corpos do Comandante e deixe-se maravilhar pelas comunidades que colonizaram os planetas de Mercúrio a Urano.
Que despojos de guerra contra os Pahoehoentes são esses que ainda hoje trazem perigo às nações livres? Que artefactos se escondem em torno do Sol que podem desiquilibrar o braço de ferro entre Serralves e a Aliança?

terça-feira, 22 de julho de 2014

::Entrevista:: Imaginauta

Hoje trago-vos algo novo: a primeira entrevista aqui do blog Floresta de Livros. Já tive oportunidade de vos falar do Projecto Imaginauta num post anterior (aqui) e agora segue-se uma entrevista exclusiva. Espero que gostem, e deixem os vossos comentários.

Floresta de Livros (FL): Começo então por perguntar: Exactamente em que consiste o Imaginauta? São uma espécie de Liga de autores nacionais? O vosso objectivo é somente partilhar as vossas histórias ou há algo mais?
Imaginauta (IM): Imaginauta é apenas um estandarte em redor do qual queremos unir esforços que até agora têm estado dispersos e trazer a público conteúdos que nos entusiasmam como escritores e leitores. Até agora, cada vez que um de nós começava um projecto tinha de construí-lo praticamente de raiz, com Imaginauta queremos usar o “balanço” gerado por um projecto para dar ritmo a outros, criando um sistema de apoio.

FL: Quantas pessoas fazem parte do projecto, neste momento, e como se dividem as tarefas?
IM: Somos um reduzido núcleo duro macgyveriano, com uma alergia patológica a hierarquias, com apenas uma prioridade: remar na mesma direcção. “Comandante Serralves – Despojos de Guerra” foi feito com Carlos Silva, Ana Ferreira, Rui Leite, Vitor Frazão, Joel Puga e Inês Montenegro, contudo, isso não significa que o próximo conteúdo o seja. Pode ser com apenas alguns deles ou mesmo com um alinhamento completamente novo. Até pode ser com um de vós.

FL: Sendo que todos os autores são conhecidos por escreverem maioritariamente Fantasia e Ficção Científica, será correcto dizer que o Imaginauta se focará nestes dois géneros (e todos os seus subgéneros) ou estender-se-ão por outros?
IM: Não escondemos a paixão por esses dois géneros, contudo, não queremos limitar-nos e estamos sempre dispostos a aceitar propostas/desafio. O Imaginauta não seria lá muito imaginativo se só viajasse por dois universos, não é?

FL: No que respeita à vossa primeira obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra", que segundo a vossa descrição é uma colectânea de várias histórias, sobre a mesma personagem, passadas no mesmo mundo; como foi trabalharem em conjunto? Como coordenaram as histórias de forma a serem um todo coeso e a manterem-se fiéis às personagens e ao cenário?
IM: A história nasceu de um conto que o Carlos Silva decidiu abrir a outros autores, para expandir o world-building, tornando-o mais complexo e fortalecendo-o como outras perspectivas. No centro dessa história estava uma personagem cujo mesmo “extra” que a torna diferente de todos os outros separatistas que lutam contra a Aliança Humana, também permite uma certa flexibilidade no manuseamento por vários autores. O facto do universo literário em questão ser um misto do que existia nesse conto inicial e do que foi criado à medida que novos contributos foram introduzidos, também ajudou a manter a coesão. Desde o princípio tivemos consciência que garantir coesão requereria muitas leituras e muito lapidar de pormenores. Afinal, não queríamos apenas uma simples antologia de contos desconexos que apenas partilhavam o mesmo universo, antes um conjunto de episódios que, mesmo valendo por si mesmo, seguiam uma linha narrativa e complementavam-se uns aos outros. Felizmente ao longo do processo tivemos duas boas surpresas. Em primeiro lugar, o autores entenderam bem o espírito das personagens criadas pelos colegas e, com os seus pontos de vista diferentes, ajudaram a vincá-lo. Em segundo, não se verificou o nosso receio que à medida que os primeiros contos saíssem e o world-building se tornasse mais definido, os outros autores se sentissem criativamente mais limitados. Não só isso não aconteceu, como elementos inseridos nos contos mais novos acabaram por influenciar alterações nos mais antigos, simplesmente porque funcionavam melhor ou levaram a ver o cenário de outro prisma. Verdade seja dita, apesar de existirem pontos assentes, ainda há no world-building muita margem para manobrar e/ou introduzir novos conceitos. Afinal, temos todo um Sistema Solar (e além?) para brincar.

FL: Ainda em relação a esta colaboração, qual foi o maior desafio que enfrentaram?
IM: Todos sabemos que em qualquer grupo com mais de uma pessoa há potencial para conflito. É natural que assim seja. Afinal, as diferentes opiniões, perspectivas e paixões fazem parte do interesse e do valor de trabalhar com outras pessoas. Como estereotipados solitários, os escritores podem ter alguma dificuldade em adaptar-se aos métodos de trabalho uns dos outros. Mas com calma, muitas horas de diálogo, mais uma dose de calma, paciência e, não sei se já disse, calma, acabámos por não só trabalhar bem em conjunto como até alimentar a criatividade uns dos outros.

FL: Fala-se muito da existência, ou inexistência de fantasia e ficção científica com cunho verdadeiramente nacional, ou seja, com algo que a marque como portuguesa e distinga da FC&F anglófona. Como o título da vossa primeira obra é obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra" será correcto assumir que tentaram levar a lusofonia ao espaço? Tentaram criar uma space-opera, uma aventura espacial com cunho nacional?
IM: Serralves é português. Gosta de o ser, foi por isso é que chamou Maria à nave que “pediu emprestada” aos pahoehoentes. Contudo, isso deve-se menos ao nosso desejo de carimbar um cunho nacional ao livro e mais ao mundo em que a aventura espacial se insere. Os separatistas lutam contra uma Aliança Humana que, entre outras coisas, procura activamente eliminar todas as evidências de um tempo em que os povos da Terra e suas colónias espaciais não estavam unidos sob uma égide. Falar em outros idiomas além da língua padrão oficial, comer determinados pratos, seguir determinadas tradições, etc, em suma, viver e mostrar a sua cultura é, por sim só, um acto de desafio perante o poder instituído. Sim, Serralves é português e ao mostrá-lo também está a lutar simbolicamente. Mas outros tripulantes da Maria têm outras nacionalidades e lutam da mesma maneira.

FL: Quando em entrevista no blog “Uma Biblioteca em Construção” dizem, e passo a citar: «(…) desde o início estamos preparados para expandir este universo em vários formatos.», querem dizer que não planeiam ficar-se apenas pela prosa? Podemos esperar trabalhos noutras áreas? Banda Desenhada, Cinema, Teatro, talvez?
IM: Tal como “Comandante Serralves - Despojos de Guerra” nasceu da partilha de um autor, temos todo o interesse em continuar nesse espírito, estando abertos a todo o tipo de colaborações, sejam elas textos em prosa ou outros formatos. Artistas das mais variadas áreas têm revelado algo interesse em contribuir, contudo, foram só conversas informais. Quando tivermos novidades partilharemos. Para já o importante é esclarecer que não é nossa intenção guardar o Serralves só para nós e que estamos sempre abertos a ideias, desafio, contributos, etc. Por isso, se tiverem vontade de aumentar este universo, enviem-nos um email.

FL: Por fim, será que podem desvendar um pouco do que pretendem fazer no futuro próximo no Imaginauta e como tentarão de diferenciar do que já existe no mercado nacional?
IM: É verdade que estamos a trabalhar em algumas coisinhas, mas mais interessante que levantar um pouco o véu seria passar a pergunta aos seguidores do blog. Que lacunas gostavam de ver preenchidas no mercado nacional? Que projectos gostariam de ver surgir? Quem quiser acompanhar o que vamos fazendo AQUI (newsletter)

FL: Deixo os meus mais sinceros agradecimentos pela vossa disponibilidade para esta entrevista. Votos de muito sucesso com este projecto.

Vistem o site IMAGINAUTA para seguirem de perto este projecto. E por fim convido-vos a deixarem os vossos comentários. Gostaram desta entrevista? Gostariam de ver mais do mesmo género ou diferentes? Digam de vossa justiça! :)

sábado, 19 de julho de 2014

Projecto Imaginauta - Divulgação

Já devem ter ouvido falar do novo projecto IMAGINAUTA, que se define desta forma:
Imaginauta é um projecto literário que está prestes a descolar. O seu principal objectivo é trazer à luz do dia boas obras independentes que se destaquem no panorama nacional. Não é uma editora, é uma marca comum a um conjunto de projectos. Juntem-se a ele e conheçam novos e excitantes Mundos, ficção de qualidade e vibrante de imaginação.

A primeira obra lançada é "Comandante Serralves - Despojos de Guerra", um livro escrito a várias mãos.
Aqui fica a sinopse:
Esta é a Era da Aliança Humana. Uma nova ordem Mundial forjada a sangue e fogo pela necessidade de unir os povos da Terra para derrotar uma invasão alienígena.
Não, esta não é a estória dessa guerra. Essa já nos foi contada e recontada pela FC desde os seus primórdios. Esta é a estória do que veio depois.
São tempos de paz, união, desenvolvimento, abundância e colonização do sistema solar. No entanto, tudo tem um preço e nem todos estão dispostos a aceitar o sacrifício da liberdade e da cultura de cada povo em troco deste futuro unido sobre uma única égide. E ninguém se rebela mais que o vulpino, grandíloquo e questionável Comandante Serralves. Armado com umas quantas “prendas” deixadas pelos derrotados invasores e na companhia de um caótico imbróglio de aliados, o perigoso rebelde garantirá que o poder estabelecido nunca tenha uma noite de sono descansada.
Na tradição das clássicas space operas, “Comandante Serralves – Despojos de Guerra” é um universo aberto escrito a seis mãos. O que começou como um modesto conto e um protagonista-conceito simples, floresceu em complexidade e novas perspectivas ao ser expostos aos talentos (e consideráveis neuroses) de um grupo de jovens escritores.
Uma aventura espacial excitante e intrigante que promete apelar a todos os leitores.
Os autores deste primeiro livro são: Ana Ferreira, Carlos Silva, Joel Puga, Inês Montenegro, Rui Leite e Vítor Frazão. Tudo autores que aprecio, por isso o livro promete ser bom!

Podem saber tudo sobre este projecto no site oficial. leiam também a opinião do Artur Coelho (Intergalactic Robot), que já leu o "Comandante Serralves - Despojos de Guerra" e a entrevista no blog Uma Biblioteca em Construção.
Quanto a mim, fiquem atento porque espero em breve trazer mais novidades sobre este projecto. Visitem o SITE.

domingo, 11 de maio de 2014

Antologia 7 Pecados

"7 Pecados", antologia com contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Cipriano, Pedro Pereira, Sara Farinha e Vitor Frazão (ebook)

Sinopse:
Sete escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7  Pecados: Gula, Orgulho, Ira, Luxúria, Preguiça, Inveja e Avareza

Opinião:
Mais uma antologia do projecto Fantasy & Co. Não é a melhor colectânea que li até agora mas tem alguns textos que vale a pena ler. Só é pena que sejam tão curtos, pois alguns deles bem que podiam ser melhores com mais espaço. Adoro contos de todos os tamanhos, mas o texto tem de ser tão grande, ou tão pequeno, quanto seja requerido para que se crie um elo entre o leitor e a história. Pode ser uma frase, ou vinte páginas. Há que encontrar o balanço e, infelizmente, alguns contos aqui não conseguiram alcançar esse objectivo.
Fora isso, os meus favoritos foram: Luxúria e Preguiça.

Gula, de Carina Portugal
Um conto grotesco, por vezes até em demasia. O final é pouco satisfatório por parecer deixar o relato a meio. No entanto gostei, mais uma vez, da escrita da autora e do ritmo da história.

A Cidade Perdida - Um conto acerca do Orgulho, de Liliana Novais
Este pequeno conto romântico não me cativou. Os diálogos eram fracos, especialmente entre o Jobel e a Princesa, e a atracção dos dois não funcionou. Infelizmente acaba por ser uma história igual a tantas outras, apesar de eu ter gostado do setting.

Ira, de Pedro Pereira
Um conto pouco memorável e muito pouco detalhado. O leitor não tem tempo suficiente para criar laços com as personagens.

Luxúria, de Sara Farinha
Excepção feita ao primeiro parágrafo, que está demasiado carregado, a prosa está excelente! Muito luxuriante e ritmada, como a música da discoteca. Gostei muito, especialmente do fim. Sem dúvida o melhor conto que li da Sara Farinha até hoje.

Preguiça, de Carlos Silva
Um belo texto, actual e que fez, para mim, muito sentido, com uma pitada de sarcasmo que cai bem.

Desejos (Inveja), de Vítor Frazão
Gostei bastante do conto até chegar ao último parágrafo! Ficava bem sem ele, mas, ainda assim, a história perece-me imensamente incompleta.

Nada e Tudo (Avareza), de Pedro Cipriano
Texto hipotético, pouco empolgante e demasiado expositório. Não me aliciou.

sábado, 10 de maio de 2014

::Autor:: Vitor Frazão

Biografia (via Fantasy & Co):
Arqueólogo nascido em 1985, gosta de escrever fora da sua área de formação. Autor de “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo” e de vários contos de dark fantasy.

Livros que li do autor:
A Vingança do Lobo - Opinião
Mundos em Mundos (conto in Fénix 2) - Opinião
O Farol (conto) - Opinião
Amor Perfeito (conto in O Legado de Eros) - Opinião
Se uma Árvore cai na Floresta (conto in Antologia Halloween)- Opinião
Desejos (conto in 7 Pecados) - Opinião
Sinais (conto in Comandante Serralves - Despojos de Guerra) - Opinião
Crónicas Obscuras - A despedida (conto in Conto Fantástico 3) - Opinião

Livros editados em Português:
A Vingança do Lobo, Chiado Editora (2009)
NanoZine 2 (2011)
NanoZine 5 (2012)
NanoZine 6 (2012)
Posso Ficar com ele?, Editora Draco (2012)
Dragões, Editora Draco (2013)
NanoZine 8 (2013)
Fénix 2 (2013)
Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia - Volume I (2013)
Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia - Volume II (2013)
Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia - Volume III (2013)
Comandante Serralves - Despojos de Guerra, Imaginauta (2014)

A visitar: Blog do Autor, Goodreads do Autor, Fantasy & Co (projecto de autores de fantasia e FC)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Antologia Halloween

"Halloween", antologia de contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Pereira, Sara Farinha, Vitor Frazão (ebook)

Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram o Halloween, em toda a sua ligação com o fantástico e o desconhecido.

Opinião:
Seguem-se as opinião individuais dos contos e, no fim, uma opinião geral.

A Menina que não Gostava de Doces, de Carina Portugal
Adorei este conto. Não era nada do que parecia a princípio. Divertiu-me mas, ao mesmo tempo, o tema era sério. Bem escrito, mostrou uma excelente protagonista da qual gostaria de ler mais aventuras.

Morte Branca, de Liliana Novais
Nem sei muito bem o que dizer em relação a este texto. Apressado. Sem nexo, E confuso, mas de uma forma desagradável. O final é .. err ... ridículo, mas o conceito em si não é melhor. E já agora, porquê um coelho?

Bruxaria, de Pedro Pereira
Um texto grotesco mas bem escrito. Suponho que essa fosse a ideia.

A Noite de Todas as Sombras, de Sara Farinha
Gostei da prosa mas a história sabe a pouco. É demasiado vaga e eu não gostei do final.

Chehkov's Gun, de Carlos Silva
Um conto intenso, bem escrito e empolgante. O final não podia ser melhor

Se uma Árvore cai na Floresta, de Vítor Frazão
Mais um conto muito grotesco mas, igualmente, muito interessante. Mais uma vez o autor, Vítor Frazão, pegou numa personagem mitológica pouco usual e escreveu-a de forma brilhante. Gostei.

Em suma, uma antologia bem conseguida, com contos muitos interessantes e alguns que definitivamente me ficarão na memória. Os favorios foram: "A Menina que não Gostava de Doces" e "Se uma Árvore cai na Floresta".

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Legado de Eros

"O Legado de Eros", antologia com contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Inês Montenegro, Pedro Cipriano, Sara Farinha e Vitor Frazão (ebook grátis)

Sinopse:
Contos eróticos e românticos, de vários autores do blog Fantasy & Co.

Opinião:
Na sequência do excelente trabalho que o grupo Fantasy & Co tem vindo a fazer, resulta mais uma antologia, que reúne contos de vários autores residentes do projecto. Como é habitual em colectâneas, alguns contos são melhores que outros, mas no geral posso dizer que gostei e que, definitivamente, há romance nestas páginas, e algum erotismo também, se bem que não muito.
Ficam então as apreciações individuais e no fim revelo os favoritos.

"A Presa e o Caçador", de Inês Montenegro
Neste conto a autora parece sair um pouco da sua zona de conforto. A ideia em si é bastante boa e a reviravolta final foi muito bem conseguida, no entanto a escrita romântica/erótica mostra-se crua e insípida, sem qualquer laivo de emoção, já para não falar que a mitologia envolvida não foi bem conseguida. Não fui capaz de me ligar com as personagens, ou de apreciar o que elas sentiam e os que as motivava.

"Rumo a Casa", de Sara Farinha
Uma história emotiva e com um final que marca, que consegue explorar uma das personagens sem necessidade de grandes artefactos. Contudo negligenciou a personagem feminina, o que se fez sentir no texto e deixou uma lacuna indesejável. No geral gostei mas queria algo mais.

"Carta para os Cosmos", de Carlos Silva
Bom conceito, apesar de não ser original, mas com diálogos um pouco fracos e algo lamechas, que peca por um final algo fácil, se bem que adequado. Não é que tenha desgostado, mas não é um trabalho que me fique na memória.

"Amor-Perfeito", de Vitor Frazão
Excelente texto, com bons diálogos, personagens que se gravam na memória do leitor e uma escrita muito coerente. O autor consegue sempre criar personagens marcantes e este conto não é excepção. Só não gostei particularmente da parte final, em que os diálogos tomaram demasiado protagonismo e houve uma lacuna temporal que eu senti que deveria ter sido preenchida. Fora isso, mais um excelente conto do Vitor Frazão.

"A Primavera", de Pedro Cipriano
Para esta história tenho uma opinião dividida. Se por um lado acho que o autor conseguiu retratar bem as personagens e as suas vidas, por outro acho que a ideia já está muito batida e não fiquei fã de algumas transições de acção. Por outro lado não entendo como o autor pode dizer que esta história se passa depois de 2019, quando na verdade em nada difere de um relato que se poderia ter passado na 1ª ou 2ª Guerra Mundial, num conto em que nada indica que estamos no futuro. Bem pelo contrário! E aí também reside uma incoerência, pois este é o único conto da antologia que não tem nada de ficção científica ou fantasia. Pelo menos não que eu tenha percebido.
Fora isso, como já disse, gostei de como está escrito e explorado, mas não trouxe nada de novo.


"Sementes de Fada", de Carina Portugal
Belíssimo conto, com muito boas personagens, uma mitologia bem explorada e cenas muito convincentes. Adorei esta pequena história, embora o fim não me tenha convencido completamente. A escrita da autora está excelente e conseguiu dar vida ás personagens, que acabaram por ser o melhor do conto.

E os meus contos favoritos são: "Amor-Perfeito" do Vitor Frazão, e "Sementes de Fada", da Carina Portugal.
Podem ler esta antologia, gratuitamente, AQUI:

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

::Conto:: O Farol

"O Farol", de Vitor Frazão (conto grátis)

Sinopse:
Um naufrágio trará nova vida às Ilhas Flannan ou apenas mais um cadáver para o indomável Atlântico Norte? A resposta cabe a Alan, sobre o olhar atento de duas estranhas criaturas…

Opinião:
Já sabem que adoro contos, e gosto deles de todos os tamanhos, mas alguns sofrem por ser, ou demasiado grandes, ou demasiado pequenos. O Farol sofreu do último mal.
Gostei da prosa e da forma como o autor escolheu contar a história mas acho que terminou muito antes do que deveria. Fica demasiado por saber e, mesmo que exista uma sequela, para mim este conto não funciona bem sozinho.
Dito isto, se houver sequela, eu serei a primeira a ler. O autor conseguiu captar a minha atenção!


Visitem: Blog do Autor * Autor no Goodreads * Fantasy & Co

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fénix 2

"Fénix, nº 2", fanzine

O terceiro volume da Fanzine portuguesa dedicada à fantasia e ficção-científica, desta feita com o tema "Livros". Inclui contos, artigos, entrevistas, entre outros -- bem como o suplemento humorístico "Pumba".
Organizado, dirigido e editado por Marcelina Gama Leandro.


Opinião:
"A Escuridão", de André Carneiro
Com uma escrita intensa e descritiva o suficiente para que o leitor entre na história, este conto tem momentos sublimes em que o autor consegue transmitir muito bem que as personagens sentem. Ficou a faltar apenas uma explicação para o que ocorreu.

"O Homem de Areia", de Domingo Santos (tradução de Álvaro de Sousa Holstein)
Um enredo intrigante que o leitor vai captando lentamente. Achei o romance bem construído, embora o fim do mesmo não fosse imprevisível. Já o fim do conto foi muito bem conseguido em termos de acção, enquanto as palavras não pareceram acompanhá-lo da melhor forma.

"Esferas e Tormentas", de Carlos Espigueiro
Sinceramente não entendi qual a finalidade deste conto.

"Um dia de Trabalho", de Ricardo Dias
Apesar de um começo fraco, logo o conto fica mais interessante. No entanto, na segunda parte a personagem 'do mal' estava demasiado cliché e só me fez revirar os olhos. Gostei do twist final e gostei do conceito, mas o recurso a diálogos e acções clichés, na parte do demónio, não ajudou nada.

"O Estranho Caso do Livro sem Palavras", de Ana C. Silva
Aqui temos uma personagem feminina decidida e cujas aventuras eu gostaria de continuar a seguir. Num ambiente victoriano, mas passado em Portugal, vislumbramos um mundo complexo, cheio de magia e criaturas interessantes. O enredo central mantém o leitor atento e só achei que a magia podia ser mais bem explicada e que o uso de certos termos devia ser mais contida, ou melhor envolvido na história.
O conto vem acompanhado de uma bela ilustração da autora.

"Despertar", BD de Rui Ramos
Uma banda desenhada curiosa, com boa transição de cenas mas que deixa quase tudo por explicar.

"A Passagem Secreta", de Sara Farinha
Apesar de a ideia ser muito boa achei que a narrativa não estava suficientemente envolvida nos acontecimentos, criando uma separação entre o leitor e a história. Mas aquele final esteve mesmo bem!

"Fismoth - O Último Inquilino", de Manuel Mendonça
Não me ficou na memória e foi demasiado fugaz, ao mesmo tempo que ficou disperso.

"Mundos em Mundos", de Vitor Frazão
Excelente diálogo e premissa intrigante ao ponto de deixar o leitor com vontade de saber mais mas, ao mesmo tempo, esclarecedor o suficiente para se aguentar como um micro-conto.

"Livros do Tempo", de Carlos Coelho de Faria
Um conceito curioso e suficientemente bem escrito para satisfazer o leitor e o deixar a pensar sobre como a protagonista terá adquirido o livro. A ideia, estranhamente, fez-me pensar no manga "Death Note".

"Pulsação", de Inês Montenegro
O melhor micro-conto da fanzine. Emotivo, evocativo e algo com que todos os leitores se conseguirão relacionar.

"Uma Demanda Literária", de Joel Puga
Fiquei com uma opinião ambígua sobre este conto. Por um lado gostei da ideia e da acção, mas por outro aquele final não me deixou completamente satisfeita ou esclarecida, embora eu assuma saber o que o autor sugere.

"A Dança das letras", de Ana C. Nunes
Remeto-me ao silêncio sobre este, ou não fosse eu a sua autora. :)  

"O Rosto Vivo", de Marcelina Gama Leandro
Não é certamente o melhor conto da autora mas é curioso chegar ao fim desta fanzine e ler este conto.

Depois de opinar sobre os contos, há que deixar umas palavras sobre o resto da revista. Gostei particularmente da entrevista a André Carneiro, uma autor que ainda não conhecia bem. No artigo sobre videojogos sentia-se que tinha sido escrito por alguém apaixonado pelo assunto e foi uma leitura interessante. A secção da Correspondência foi uma excelente adição à fanzine, dando mais uma vez a conhecer um pouco de Romeu de Melo. Também não posso deixar de mencionar o suplemento Pumba!, com um humor muito direccionado a quem anda a par do que se passa na FC&F em Portugal, mas que não deixa de ter muita graça, em certos momentos.
Fica também uma nota ao excelente design, maculado apenas por uma ou outra gafe que terá escapado à edição e que não incomoda por aí além. E, claro, não podia deixar de mencionar a belíssima capa da autoria da A.C. Silva.

Em suma, este segundo número da fanzine Fénix tem uma selecção bastante curiosa de contos, sendo que os que mais gostei foram: "A Escuridão" de André Carneiro, "O Estranho Caso do Livro sem Palavras" de A.C. Silva, "Mundos em Mundos de Vitor Frazão e  "Pulsação" de Inês Montenegro".

Podem comprar esta fanzine AQUI.
E no seguimento desta, foi lançada a Antologia Fénix de Ficção Cíentifica e Fantasia - Volume 1, que está disponível gratuitamente AQUI.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Vingança do Lobo

"A Vingança do Lobo (Crónicas Obscuras 1), de Vitor Frazão (Chiado Editora)

Sinopse:
No Parque Nacional de Olympic, sobre um crepúsculo enublado, dois campistas são atacados. Dias depois, em pleno Parque Central de Nova York, três corpos aparecem mutilados, alimentando a imaginação dos media. O que eles não sabem é que ambos os crimes são mais do que aparentam. Dez anos após ter desertado do seu clã, Lance "Meia-Raça" Fenrison, um lobisomem híbrido, volta à cidade Nova York para se vingar do homem que lhe matou a mulher e a filha. No outro lado do espectro está Isabel Martínez, uma agente da polícia, que ao encontrar-se acidental com Lance é atirada de cabeça para uma realidade que nem sonhara existir, levando-a a duvidar da própria sanidade. O mero regresso de Lance à Grande Maçã acaba por ter mais repercussões do que este poderia imaginar e, sem dar por isso, o licantropo vê-se alvo não só dos Obliteradores, uma sociedade dedicada ao extermínio de todas as criaturas paranormais, como do seu próprio clã. Vale-lhe uma inesperada e invulgar aliada, Eleanora "Lâmina Sangrenta" Reeve, uma vampira atípica, que tem uma única e ambiciosa missão: unir todas as divergentes espécies de Ocultos, o nome colectivo dados aos seres sobrenaturais, contra os Obliteradores que insistem em caçá-los. Uma obra com sentimentos profundos, quem sabe apaixonante para quem lê. Palavras de Amor são um capítulo de uma vida... Obliteradores obcecados e inflexíveis; lobisomens belicosos e tribalistas; vampiros inteligentes e intriguistas; feiticeiros poderosos e vulgares humanos que vivem as suas vidas, ignorando que em plena Nova York do século XXI o sobrenatural continua tão forte como em qualquer supersticioso e atrasado canto do mundo medieval.

Opinião:
Demorei quase um mês a ler este livro, mas não porque ele seja chato ou moroso, bem pelo contrário. O problema foi mesmo a falta de tempo para ler e o facto de que quando lia estava cansada demais para conseguir ver mais que dois capítulos.
Mas falando no livro, este primeiro volume, do que promete ser uma saga, apresenta-nos um mundo onde os Ocultos (seres sobrenaturais) vivem entre os humanos sem que estes saibam da sua existência, e são caçados, como animais, pelos Obliteradores.

A nível de enredo, temos uma história bem encadeada, com várias tramas paralelas que acabam por convergir. O livro tem muita acção, o que certamente agradará a alguns. Pessoalmente não desgostei, até porque o autor tem queda para escrever cenas de acção, sem se estender demasiado. No entanto a trama em si é bastante previsível, muito por culpa do estilo narrativo do autor, que não deixa nada por dizer o que faz com que o leitor consiga ver o que está para vir muito antes do momento crucial. Isto não me agradou especialmente, pois gosto de ser surpreendida e que o autor assuma que o leitor é esperto e não precisa que lhe digam tudo para perceber.
Por outro lado o autor apresenta-nos um mundo pensado ao pormenor. A nível de world-build (construção do mundo) está excelente e o leitor consegue realmente compreender como funcionam as coisas para os Ocultos. Só faltava um pouco mais de conhecimento sobre a comunidade dos Obliteradores.
No entanto muita informação foi mal entregue acerca do 'mundo', quase como info-dump (despejo de informação) sob a forma de monólogo de algumas personagens. Não aconteceu muitas vezes, mas das que aconteceu, sentiu-se.

Neste livro são-nos apresentadas dezenas de personagens e todas parecem relevantes, pois partilham do mesmo foco. Se por um lado isto é excelente pois temos oportunidade de conhecer diferentes personalidades, também acontece de nenhuma se sobressair. Não que isto seja mau, até porque as personagens são sem dúvida o ponto forte do livro. Temos-las para todos os gostos, de todos os feitios.
Os meus favoritos acabaram por ser a Eleanora Reeve e o Vik Fenrissky, mas como disse, vários foram os que tiveram um destaque igual.
Não temos personagens perfeitas, o que é excelente para as tornar mais credíveis, no entanto no lado dos vilões foi-nos apresentada uma personagem completamente maléfica, o que a tornou uni-dimensional em relação às restantes. Refiro-me ao Logan (e também ao Wendigo, em parte). Nesse aspecto acabou por não ter tanto impacto como, por exemplo, o Paul (que apesar de ser uma besta mostrava outra faceta com o melhor amigo, Green). Fora esses, achei que a nível de personagens temos "pano para mangas".

Em relação à prosa do autor, devo dizer que é bastante efectiva, especialmente nas cenas de acção, mas também nos diálogos. Contudo, houveram duas coisas que me incomodaram ao longo de todo o livro: 1) A não linearidade do tempo narrativo (na mesma frase usava o presente e o passado); 2) O uso de tanto o nome próprio como o sobrenome e ainda alcunhas em quase todas as personagens. Em diálogo é normal que diferentes pessoas tratem a mesma personagem de diferentes formas, mas na narrativa o autor deve usar sempre o mesmo nome, especialmente quando tem tantas personagens, para não alienar o leitor.
Por vezes também aconteceu de achar que o autor usava muito o "tell"(diz) e pouco o "show"(mostra), ou seja, em vez de mostrar emoções, dizia-as, o que dificultava a assimilação. Não foi algo que acontecesse constantemente, mas em determinadas situações isso impunha-se.

Em suma, foi um primeiro livro bastante competente a nível narrativo, com excelentes personagens e um 'mundo' muito bem pensado e apresentado. No entanto há também muito a melhorar e não é possível terminar sem dizer que, uma revisão mais atenta e cuidada, assim como um par de bons beta-readers teriam feito maravilhas a este livro, fazendo-o talvez suplantar-se ao pouco mais de mediano que acabou por ser.
Fica ainda a vontade de ler a sequela, agora que tantas personagens interessantes me foram apresentadas.

Capa (Rui Gaiola), Design e Edição:
Gosto muito da capa. Apesar de genérica é bastante apelativa e transmite bem o tema do livro.
A nível de design interior, nada a apontar contra. Trabalho limpo e eficaz.
O grande senão deste livro está na edição. Mais concretamente na falta dela! Não houve, claramente, editor algum a rever este texto. Isto porque, qualquer leitor (praticado ou não) poderia apontar os muitos erros que mancham as páginas deste livro. Mesmo sabendo à partida que o livro tinha muitos erros, e dessa forma estando já mentalizada para os ignorar, foi de todo impossível fazê-lo. Erros esses que seriam facilmente corrigidos por um editor que se prestasse a ler o texto. Maioritariamente palavras separadas por hífen que nunca deveriam ter um hífen e claro, o problema acima mencionado sobre os tempos verbais incongruente ao longo do texto. Não há desculpa possível para a quantidade de erros ortográficos que a editora (mas antes disso, também o autor) deixou passar para a impressão. O leitor quando lê um livro quer focar-se na história e nas personagens, não nos erros. E como disse, qualquer leitor poderia ter apontado os erros. Porque foi então um editor deixar isso passar em branco?

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Nota: Este livro foi-me enviado pelo autor, Vitor Frazão.
Nota 2: Amanhã (13-02-2012) vou publicar no meu blog Asas da Mente alguns desenhos que fiz de personagens deste livro. Passem por lá!

Booktrailer:

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Vingança do Lobo - Divulgação

Título: A Vingança do Lobo (Crónicas Obscuras 1)
Autor: Vitor Frazão
Editora: Chiado Editora
Edição: Julho de 2009

Sinopse: No Parque Nacional de Olympic, sobre um crepúsculo enublado, dois campistas são atacados.
Dias depois, em pleno Parque Central de Nova York, três corpos aparecem mutilados, alimentando a imaginação dos media. O que eles não sabem é que ambos os crimes são mais do que aparentam.
Dez anos após ter desertado do seu clã, Lance "Meia-Raça" Fenrison, um lobisomem híbrido, volta à cidade Nova York para se vingar do homem que lhe matou a mulher e a filha. No outro lado do espectro está Isabel Martínez, uma agente da polícia, que ao encontrar-se acidental com Lance é atirada de cabeça para uma realidade que nem sonhara existir, levando-a a duvidar da própria sanidade. O mero regresso de Lance à Grande Maçã acaba por ter mais repercussões do que este poderia imaginar e, sem dar por isso, o licantropo vê-se alvo não só dos Obliteradores, uma sociedade dedicada ao extermínio de todas as criaturas paranormais, como do seu próprio clã. Vale-lhe uma inesperada e invulgar aliada, Eleanora "Lâmina Sangrenta" Reeve, uma vampira atípica, que tem uma única e ambiciosa missão: unir todas as divergentes espécies de Ocultos, o nome colectivo dados aos seres sobrenaturais, contra os Obliteradores que insistem em caçá-los.
Uma obra com sentimentos profundos, quem sabe apaixonante para quem lê. Palavras de Amor são um capítulo de uma vida...
Obliteradores obcecados e inflexíveis; lobisomens belicosos e tribalistas; vampiros inteligentes e intriguistas; feiticeiros poderosos e vulgares humanos que vivem as suas vidas, ignorando que em plena Nova York do século XXI o sobrenatural continua tão forte como em qualquer supersticioso e atrasado canto do mundo medieval.

Preço: (desde) 25,23€
Onde é que o livro pode ser adquirido?  No site da editora, Livraria Apolo, FNAC (indisponível de momento), Bulhosa, Bertrand, ou consultem a lista feita pelo autor.

Visitem o blog das Crónicas Obscuras, que o autor actualiza com regularidade.
E, abaixo, assistam ao booktrailer:

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