Quatro meses de leituras, uns com muita variedade e outros com pouquíssima. Houve de tudo.
"The Raven King (The Raven Cycle 4)", de Maggie Stiefvater
Este livro vai merecer uma opinião mais detalhada, bem como o seu antecessor. Entretanto posso dizer que a autora soube fechar muito bem a saga e embora eu não concorde com todas as suas decisões, na verdade este foi um livro empolgante, cheio de momentos fortes, crescimento das personagens e a história teve um desfecho merecido. Quando comecei a leitura tive dúvidas que a autora conseguisse atar as pontas todas mas a verdade é que o fez. É uma leitura forte, com algumas cenas bem arrepiantes, mas certamente agradará a quem já leu o resto da série. De verdade que vos tenho de convidar a dar uma oportunidade a esta série pois é mesmo muito boa.
7,5/10
"Teoria Geral do Esquecimento", de José Eduardo Agualusa
Nesta opinião tenho mesmo de citar a
Andreia Ferreira que, no seu
blog d311nhe4, disse sobre este livro: “Que nome tão apropriado!”. Poucos dias depois de ler o livro já pouco me recordava dele. Os traços gerais da história permanecem mas os nomes das personagens e os seus trilhos pelas páginas varreram-se rapidamente. Não foi um livro que marcou.
Por outro lado este livro recordou-me um pouco o “Transparentes” do Ondjaki (
opinião aqui), não só porque grande parte da história se passava num prédio mas por causa dos temas e da própria dinâmica da narrativa.
Gostei do facto de ter várias perspectivas diferentes sobre esta época da história de Luanda mas na verdade as personagens, que eram tantas, não tinham suficiente independência para moverem a narrativa. Eram um pouco estéreis. Uma pena, pois a escrita do autor até me agradou.
6/10
"À Boleia Pela Galáxia (Hitchhiker's Guide to the Galaxy 1)", de Douglas Adams
Depois de já ter visto o filme algumas vezes desde que este saiu, tive muita curiosidade por ler o livro que lhe deu origem. Notam-se várias diferenças mas o livro é também ele muito engraçado. O Marvin era demais! E a prosa é tão séria que torna tudo ainda mais divertido. A imaginação do autor é prodigiosa.
O único senão é que por culpa de já ter visto o filme pouca coisa me surpreendeu. Mas recomendo muito esta leitura. E certamente vou ler o livro seguinte da série.
7,5/10
"Stars Above (The Lunar Chronicles 4,5)", de Marissa Meyer
Já publiquei a minha opinião na íntegra noutro post,
AQUI.
Mas resumindo gostei bastante de revisitar as personagens, saber um pouco mais do seu futuro e especialmente do seu passado. Também a única história que não tinha relação com nenhuma personagem conhecida foi uma boa leitura. No entanto não acho que quem não seja já fã da série vá apreciar esta antologia. É muito dirigida aos fãs.
7,5/10
"O Retrato da Biblioteca (Imtharien 1)", de Carina Portugal
Já por várias vezes falei na
Carina Portugal, por esta ser uma das minhas autoras portuguesas favoritas de fantasia em conto. Por isso tinha muita curiosidade em ler o seu único romance, publicado há alguns anos em ebook. A escrita da autora sobressai mesmo no estilo de romance mas nota-se que entretanto amadureceu bastante. Aqui neste livro a escrita é bela mas sem refreio. Tem floreados que se estendem, por vezes, longe demais. A história tem bastante potencial e certas cenas estão bem conseguidas mas no geral há muitas partes que estão um pouco que a "encher monte". A Liriana não é propriamente uma personagem que me tenha chamado no início mas a sua evolução ao longo do livro, especialmente na segunda metade, foi muito bem conseguida. Personagens como o Leonardo estão muito bem conseguidas, mas por outro lado, tanto a Laura como a Alexis, precisavam de muito mais profundidade, visto que elas são uma parte tão integrante da narrativa. Vê-se que este livro foi escrito com o intuito de ter continuação e eu confesso que não apreciei muito o final.
No entanto vejo o potencial na história e tenho a certeza que se a Carina voltasse a pegar neste projecto agora lhe daria outra vida.
5,5/10
"O Quarto de Jack", de Emma Donoghue
Eu adorei basicamente tudo acerca deste livro mas na verdade não consigo expressar muito bem tudo o que nele gostei e só por isso é que não escrevi uma opinião a solo para ele.
Desde o primeiro parágrafo que fiquei envolvida no livro, coisa que na verdade não esperava. A forma como a autora constrói a narrativa, como nos envolve na vida das personagens e nas sua limitações, a forma como não explica nada e deixa o leitor assimilar a situação ao seu próprio passo, foi a melhor parte. É o tipo de história que me parece absolutamente viável e a carga emocional por detrás desta história é infinita. E a voz do Jack, que é quem narra toda a história, está tão bem conseguida. Pontos máximos para a narração.
Adorei como a saída do Jack para o exterior foi feita, como era nos pequenos detalhes que se via como era difícil para ele mas ao mesmo tempo não era tão difícil como para a sua mãe.
O único senão deste livro é que eu acho que os tempos da acção não são muito realistas, especialmente depois de os dois serem libertos. Tudo aconteceu demasiado rapidamente. A adaptação do Jack foi rápida demais e a admissão da mãe de volta à sociedade também.
9/10
"A História de Uma Serva", de Margaret Atwood
Esta história é daquelas que sabemos que poderiam vir a ser reais, mesmo não querendo acreditar que a sociedade pudesse chegar a estes pontos. A autora mostrou, aos poucos, como a protagonista chegou aonde está, como o mundo em que ela vive conseguiu descer tanto de nível. E na verdade não está a história do mundo cheia de histórias assim? onde um governo totalitário consegue vergar nações?
A História de Uma Serva dá que pensar, especialmente depois do meio do livro, quando realmente o leitor começa a perceber o que levou a história até aquele ponto. No início estamos meios perdidos mas a forma como a autora distribui a informação é soberba!
O ponto fraco do livro é, por fim, a própria narração, que tem poucas
nuances e soa muitas vezes desinteressada (e não desinteressante). E o epílogo não ajudou muito, na verdade.
No entanto destaco as personagens, a história e a forma como esta nos faz pensar na nossa sociedade moderna, nas que vieram antes de nós e nas que poderão ainda estar para vir.
7/10
"Graceling - O Dom de Katsa (Graceling Realm 1)", de Kristin Cashore
Este livro vai merecer uma opinião separada mas posso já adiantar que o adorei. Katsa é uma protagonista forte e que conduz a história de forma a que o leitor se sinta sempre envolvido, e apesar de a prosa não ser muito rica é bem mais que suficiente para manter o leitor agarrado. O romance é muito bom. Super-fofo! Katsa a Po! E como eu gosto do facto de este livro se levar bem a sério e não se prender nas limitações de outros YA (Romances Young Adult), Tão refrescante! O mundo é também ele fantástico e é sempre refrescante ler high-fantasy onde tanto personagens femininas como masculinas têm um papel predominante e determinante.
8/10
"O Trono de Vidro (Throne of Glass 1)", de Sarah J. Maas
Oh, por onde começar? Tanto
Graceling como
O Trono de Vidro começam com a premissa de uma protagonista que é uma famosa assassina do reino, mas onde
Graceling brilha com uma protagonista forte e independente,
O Trono de Vidro tropeça e cai com estrondoso aparato. Não posso evitar compará-los, se bem que apenas superficialmente, pois depois desta premissa semelhante nada é igual.
Em
O Trono de Vidro a Celaena é uma protagonista fraca, forçosamente feminina e um pouco infantil. De assassina a rapariga não tem nada. Não mata ninguém quase até ao final do livro e no único combate em que ela entra na competição ela leva porrada forte e feio. Não consegui visualizá-la como sequer aprendiz de assassina, quanto mais assassina profissional e de renome por todo o reino.
O romance também é fraquito. Quase não há química nenhuma entre os cantos do triângulo amoroso, excepto ali uma chama pequenita entre a Celaenae o Chaol.
A história não me envolveu, as personagens não me prenderam, e não tenho qualquer intenção de ler as sequelas.
5/10
"O Nome do Vento (The Name of the Wind (Kingkiller Chronicles 1))", de Patrick Rothfuss
Ainda continuo dividida na minha opinião deste livro, mesmo já o tendo lido há quase dois meses. Pois eu adoro o mundo que o autor nos mostra, aos bocadinhos; gosto das personagens, mesmo quando as detesto; adoro a prosa que tornou uma história demasiado extensa em algo que se lê muito bem; e vejo imenso potencial nesta série. Contudo acho que há muita coisa desnecessária na história. Muitos detalhes a mais.
Kvothe, o protagonista, é quase perfeito demais (por vezes irrita) mas depois tem aquelas saídas de estupidez que o tornam mais interessante. E na verdade a história é toda um pouco máscula (não consigo descrevê-la de outra forma), embora a personagem da Denna seja refrescante, especialmente mais perto do fim.
Haveria demasiadas coisas a dizer sobre este livro mas o que eu sei mesmo com certeza é que vou ler o seguinte. E convido-vos a experimentar porque a prosa de Patrick Rothfuss merece ser lida.
6,5/10
"Changeless (Parasol Protectorate 2)", de Gail Carriger
Outro livro que merecerá, sem dúvida, uma opinião à parte. Entretanto posso dizer que foi uma delícia regressar a esta série. A escrita da autora é simplesmente fantástica:
witty e hilariante! A nova personagem (de grande enfoque) foi uma adição espectacular à série e eu adorei a história do início ao fim, embora aquele final me tivesse caído um pouco mal, ou não fosse ele tão brutal. Tive logo de ir a correr ler o livro seguinte! :)
8/10
"The Man in the High Castle", de Philip K. Dick
Mais uma vez Philip K. Dick dá-nos uma premissa fantástica, mostra uma imaginação prodigiosa, mas depois espeta-se na narração. As suas personagens são interessantes mas pensam todas de uma forma muito semelhante, e se uma foge da norma isso acaba por não ser suficiente. O auto filosofou um pouco demais neste livro.
Mas o que realmente me enervou neste livro foi a falta de um final. Com tantas histórias diferentes contadas no livro, apenas uma se pode dizer que teve um final digno do nome.
No entanto não há como negar a genialidade do livro e da história.
5,5/10
E vocês? Quais foram as vossas melhores leituras dos meses recentes?