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terça-feira, 19 de abril de 2011

Fénix 0

"Fénix, nº 0", fanzine

Esta é uma fanzine dedicada à divulgação da fantasia, Ficção Científica e do Horror, constituída apenas de contos de variados autores portugueses, com organização de Álvaro de Sousa Holstein.
Começa com um editorial do organizador/coordenador, que relata como tudo começou e como, uma ano depois, a fanzine ganhou forma.

Opinião:
"O satélite de Natal", de João de Mancelos
No início do conto, confesso que fiquei apreensiva, pois a escrita não me cativou (especialmente alguns dos termos usados), no entanto as reviravoltas que o autor subtilmente introduziu na história, foram simplesmente 'deliciosas' (permitam-me o termo). Cheguei ao fim com um sorriso no rosto, pois achei a ideia muito interessante e bem executada, se bem que a nível de escrita poderia ser ainda mais aprimorada (não que esteja mal, mas poderia ser mais intuitiva).

"A gloriosa raça das ratazanas", de Joel Puga
A história está bastante bem pensada e fez-me recordar o "encantador de ratos" dos irmãos Grimm. Imagino que se tenha baseado na fábula, e nesse aspecto conseguiu utilizá-la bem. No entanto, a prosa não me apaixonou, chegando mesmo a roçar o monótono. Pareceu-me que de início tentou contar coisas que não precisavam realmente ser contadas, e a acção do meio e fim perdeu-se um pouco, não por falta dela, mas por falta de convicção das palavras. Contudo, graças à trama, o conto leu-se bem.

"Os pilares", de José Manuel Morais
A escrita maravilhosa do autor, fez com que o tema passasse para segundo plano, ganhando a prosa uma vida própria. Fiquei rendida desde as primeiras frases, mas felizmente também a história conseguiu manter o interesse, embora as palavras fossem a sua verdadeira força. José Manuel Morais é um autor a manter debaixo de olho.

"O velho das terças-feiras", de José Pedro Cunha
Achei este conto extremamente pitoresco e muito bem contado. Pareceu-me quase uma daquelas histórias que nos contam nas aldeias, e a escrita do autor conseguiu captar muito bem esse ritmo narrativo. Noutra nota, é engraçado notar como este conto é tão tipicamente português, nos cenários que descreve.

"O roubo dos figos", de Marcelina Gama Leandro
Mal se inicia a leitura do conto, sente-se também uma presença Lusa que é estranhamente reconfortante. A história é doce e curta, mas o fim deixou-me pouco satisfeita.

"E agora algo completamente diferente", de Regina Catarino
O conto em si não me surpreendeu tanto quanto o título parecia indicar, mas soltei uma gargalhada com a última frase. (Eu sei. Que crueldade!) Imagino que o estilo da narrativa tenha sido propositado e até funciona bem neste caso, mas pouco mostra do que autora poderá ter para dar enquanto escritora.

Crónica de Roberto Mendes
Embora já conhecesse praticamente tudo o que foi relatado na rubrica, não deixou de ser interessante lê-lo pelas palavras do próprio Roberto. Louvo o esforço tem feito e projectos que ele tem desenvolvido, mas também sei o que correu bem e o que ... nem por isso. Vale a pena ler para os que não conhecem.

Suplemento Pumba!, de Banrion
Ri-me com todas as páginas, sem excepção. Posso não conhecer uma ou duas das caras retratadas nesta sátira em forma de ilustrações, mas ainda assim as piadas não se perderam e forma bem retratadas pelo artista. Há que levar estas coisas pela piada.


No geral penso que foi uma fanzine bem conseguida, bem estruturada, e que publicou uma boa dose de contos interessantes. É certamente um projecto a seguir com interesse.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Conto Fantástico 1/2

"Conto Fantástico", revista/jornal com contribuições de vários autores (Antagonista Editora)

Sinopse:
Uma publicação que pretende apostar na divulgação da escrita de fantasia e ficção científica em Portugal, escrita por portugueses.

Opinião:
Este jornal, que mais parece uma revista, inclui os números 1 e 2 da publicação.
E depois de a ler de uma ponta à outra, posso dizer que vale bem a pena comprar e que é um projecto a seguir com interesse. De louvar a decisão de dedicá-lo exclusivamente à literatura fantástica portuguesa.
Seguem opiniões separadas de cada artigo/conto:

"Mutação Final", conto de João Rogaciano
Quando falamos em ficção científica, o que vem logo à cabeça da maioria das pessoas é: Viagens espaciais.
Achei que o conto tinha potencial, a história teve uma reviravolta interessante, embora não totalmente inesperada. O problema foi a forma como o conto foi mostrado. A narrativa não era aborrecida, e os pormenores, na sua maioria, não estavam despropositados, mas a sequência de acções estava mal aplicada e não houve lugar para o frenesim que um conto desta natureza poderia gerar no leitor.

"Memórias da Ficção Científica", coluna de Álvaro de Sousa Holstein
Foi bem divertido ler sobre como se faziam fanzines há uns anos atrás (A Nebulosa é mais velha que eu dois meses). E pensava eu que os anos 80 e 90 tinham sido bons anos para a ficção científica, mas parece que nem tanto. Realmente, temos a vida muito facilitada com as novas tecnologias (acho que se elas desaparecessem amanhã, me dava um "treco").

"Thalormis Zeta", conto de Carla Ribeiro
Numa escrita cativante, com pormenores que não aborrecem e numa narrativa que incita o leitor a continuar. este conto conseguiu ser mais que satisfatório, dando-nos um final, mas um final que deixa no ar a ideia de que há mais (não necessariamente noutro conto, mas não dá um fim definitivo, que é sempre bom).

"Space Oddity", conto de Regina Catarino
Curto! Muito curto mesmo, mas ainda assim conseguiu transmitir algo. Não é extremamente original, e sinceramente a menção ao David Bowie pareceu-me algo irrelevante pois duvido que quando as viagens no espaço se tornarem tão comuns as pessoas ainda oiçam David Bowie, mas bem, até isso pode ser perdoado.
A verdade é que este conto funcionou bem, sem no entanto poder ser algo mais que uma leitura agradável.

Entrevista a João Barreiros
Tendo já lido dois contos do autor, posso dizer que gosto do estilo dele. Ao ler esta entrevista, até me senti um pouco mal por não conhecer metade dos nomes mencionados. Mas eu sou apologista de que os "clássicos" não são tudo, o que não quer dizer que não goste de ler de tudo um pouco, porque gosto.
Gostei da entrevista, embora tivesse achado que falou pouco do autor, e muito mais do panorama português no campo da fantasia, e especialmente da ficção científica (que todos sabem estar pela hora da morte).

"Memórias da Ficção Científica", coluna sem autor (não é mencionado no artigo)
Nunca tinha ouvido falar do escritor Romeu de Melo, mas neste artigo ficamos a saber um resumo da vida daquele que é, na voz do colunista, o "pai" da ficção científica em Portugal.
Fiquei com vontade de saber mais sobre o autor, e não vale de muito meter o nome no google, pois segundo o artigo, nada de relevante surge. O esquecimento é muito penoso!

"Cometas Extintos", conto de Pedro Pedroso
Por alguma razão este conto recordou-me um certo jogo que o meu irmão muito adora, mas à parte disso, gostei da prosa (a escrita do autor é bastante boa) e das personagens: soldados que só pensam na missão e que se vêm perdidos sem a tecnologia a que tanto estão habituados.
O final ficou muito bem na história, chegando até a ser algo inesperado no entanto pareceu-me que faltou "algo" à história. Algo mais significativo e cativante. Não é um mau conto, de todo, mas também não conseguiu ficar na memória.

"Aleninan", conto de Marcelina Gama
A história não está nada mal, fazendo lembrar-me as ruelas mais negras das cidades futuristas. Gostei da prosa da autora e os diálogos estavam convincentes, mas aquele final estragou-me a festa toda. É como se cortasse a festa a meio.
Há finais em aberto que me deixam satisfeita, mas este não é um deles. Fica-se com uma sensação de vazio, de "onde está o resto?", que não é bom. Fiquei frustrada!
Outra coisa que não achei lógica foi a acção dos "polícias". Numa situação "normal" eles nunca deixariam a Aleninan ir sozinha.Não faz sentido e pareceu apenas um engendro para que ela ficasse só. Esta parte não convenceu.

Entrevista a Afonso Cruz
Soube a pouco, esta entrevista, mas foi mais focalizada que a anterior e conseguiu falar mais do multi-facetado autor e da sua obra.

Capa e Edição:
Para um "suposto" jornal, isto mais parece uma revista. Com papel de excelente qualidade e encadernação no patamar das boas revistas, justifica-se o preço (3,50€), se bem que  como era um jornal, bem poderiam ter feito no formato comum, que ninguém levaria a mal e ficaria, com certeza, muito mais em conta.
Ainda assim, dou o dinheiro por bem empregue e tenho de dar os meus parabéns ao projecto.

Notas: O "Conto Fantástico" irá ser fundido com a "Dagon", a partir do próximo número. Podem ler tudo aqui.
Vistem o site oficial da revista/jornal Conto Fantástico.

*actualização 2012/01/24
O nº 1/2 do Jornal Conto Fantástica está disponível para download AQUI.

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